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1 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real CURSO DE QUÍMICA AMBIENTAL Recursos Atmosféricos Profa. Márcia Valle Real 2 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Objetivo Fornecer uma ampla visão da química da atmosfera, apresentando a composição e a dinâmica atmosférica, os padrões de qualidade do ar, os principais poluentes e seus impactos no âmbito local, regional e global. 3 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Tópicos - Camadas da atmosfera, composição química e dinâmica atmosférica; - Dinâmica da contaminação dos sistemas terrestres; - Poluição: caracterização dos poluentes (primários e secundários), níveis de concentração, padrões de qualidade do ar; padrões de emissão, - Principais fontes de poluição e poluentes regulamentados; - Deposição ácida: problemas de poluição regional 4 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Poluição Atmosférica – Segmentação do problema Escala Local Indústrias e Termelétricas Escala Nacional ou Regional Deposição Ácida Escala Global Camada de Ozônio Efeito Estufa Transporte POPs Urbano Industrial Rural Agricultura 5 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Poluição - Impactos Ambientais “Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: • a saúde, a segurança e o bem estar da população; • as atividades sociais e econômicas; • a biota; • as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; • a qualidade dos recursos ambientais.” Art.1o. Resolução CONAMA no.001, de janeiro de 1986 6 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real CONTROLE DA POLUIÇÃO OBJETIVO: - Agir sobre os elementos que geram a poluição, ou seja, sobre as fontes de poluição, a fim de reduzir suas emissões e /ou os seus impactos. ATUAÇÃO: • Políticas • Administrativas • Tecnológicas & Técnicas Governos & Empresas 7 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real POLÍTICA AMBIENTAL • Política: Conjunto de objetivos que dá forma a um programa de ação e que condiciona a sua execução. • Programas de Ação Ambientais: Governamentais, Empresariais e Individuais • Foco: Preservação Ambiental • Execução: Instrumentos ou Mecanismos. 8 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Políticas para combater o problema ESTRATÉGIAS VOLUNTÁRIASMANDATÓRIAS Menos Restritivas Mais Restritivas Regulação Econômicos Parcerias Instrumentos de Controle 9 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Instrumentos utilizados - Governos Legislação Padrões/ Limites Regulação Impostos/ Taxas Multas Econômicos • Regulamentação CONAMA • Regulamentação PROCONVE Leis de Crimes Ambientais Educação Divulgação Marketing Parcerias • Programas de Auto Gestão; • Campanhas de divulgação/ esclarecimento; • Marketing Verde. 10 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (PNMA) Lei no. 6938, 31 de agosto de 1981 • Objetivos: – Preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, para assegurar, no País, condições de desenvolvimento sócio econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. • Estrutura: Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA: – Integrantes: Órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. – Principais órgãos federais componentes: IBAMA e o CONAMA 11 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente Órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA que mediante a publicação de RESOLUÇÕES, estabelece diretrizes ambientais, de caráter normativo, cuja finalidade é servir de base para a elaboração de normas de caráter geral pelos Estados e Municípios. IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais É o órgão executivo do SISNAMA, cuja função é coordenar, executar e fazer executar, as políticas e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, e também é responsável pela preservação, conservação, fiscalização, controle e o uso racional dos recursos ambientais. 12 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real GESTÃO AMBIENTAL RECURSOS ATMOSFÉRICOS Envolve a definição de áreas físicas no território, dentro das quais poderão haver políticas diferenciadas de controle da qualidade do ar, em função das peculiaridades geográficas, climáticas e de geração de poluentes atmosféricos, visando à manutenção da integridade da atmosfera. Desta forma, os padrões de emissão são diferenciados e regulamentados pelos órgãos ambientais locais - estaduais e municipais. 13 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Zoneamento Ambiental para Recursos Atmosféricos Bacias Aéreas: Divisão da atmosfera em espaços não estanques com afinidades climáticas e geográficas. Padrão de Qualidade do Ar: Limite de Aceitabilidade que garanta a proteção da saúde e o bem estar das pessoas. Saturação do Ar da Bacia Aérea ⇒ Alterações nos Padrões de Emissão Padrões de Emissão = Limites de Emissão EMPREENDIMENTOS Padrões de Qualidade do ar AMBIENTE LOCAL 14 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Padrões de Qualidade do Ar • Os padrões de qualidade do ar são baseados em estudos científicos dos efeitos produzidos por poluentes específicos e são fixados em níveis que possam propiciar uma margem de segurança adequada. •Um padrão de qualidade do ar define legalmente o limite máximo para a concentração de um componente atmosférico que garanta a proteção da saúde e do bem estar das pessoas. •Normalmente, são estabelecidos padrões primários e secundários: 15 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Padrões de Qualidade do Ar Padrões primários são as concentrações de poluentes que se ultrapassadas poderão afetar a saúde da população. Podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos e que exigem a implementação de medidas a curto e médio prazo. Os padrões secundários são as concentrações de poluentes abaixo das quais se prevê efeitos adversos mínimos sobre o bem estar da população, bem como danos mínimos à fauna, à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral. Podem ser entendidos como sendo os níveis desejados de concentração de poluentes, para os quais podem ser estabelecidas metas a longo prazo. 16 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Objetivos dos Padrões Secundários • Servem para criar bases para o estabelecimento de políticas para prevenir a degradação da qualidade do ar; • Devem ser aplicados em áreas de preservação ambiental, como por exemplo em parques nacionais, cidades históricas, estâncias turísticas, etc.). Os problemas da poluição local Ambiente mais crítico: Grandes centros urbanos; Maior contribuinte para a poluição: veículos rodoviários Principais poluentes: Material particulado, NOx, SOx, CO, VOCs, O3 17 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Impactos dos poluentes na atmosfera LOCAL : NOx, SOx CO, MP, HCNM Poluentes NOx, SOxREGIONAL : Depleção do Ozônio GLOBAL : CO2, CH4 GASES DE EFEITO ESTUFA (GEE) HFCs, Organoclorados 18 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Características dos Principais Poluentes Locais Poluente Características Efeitos Gerais Sobre a Saúde Partículas Totais em Suspensão (PTS) Partículas de material sólido ou líquido que ficam suspensos no ar, na forma de poeira, neblina, aerossol, fumaça, fuligem, etc. Faixa de Tamanho < 100 micra. Quanto menor o tamanho da partícula, maior o efeito à saúde. Causam efeitos significativos em pessoas com doença pulmonar, asma e bronquite. Partículas Inaláveis (MP 10) e Fumaça Partículas de material sólido ou líquido que ficam suspensos no ar, na forma de poeira, neblina, aerossol, fumaça, fuligem, etc. Faixa de tamanho < 10 micra. Aumento de atendimentos hospitalarese mortes prematuras. Óxidos de Enxofre (SOx) Gás incolor, com forte odor, semelhante ao gás produzido na queima de palitos de fósforo. Pode ser transformado a SO3, que na presença de vapor de água, passa rapidamente a H2SO4. É um importante precursor dos sulfatos, um dos principais componentes das partículas inaláveis. Desconforto na respiração, doenças respiratórias, agravamento de doenças respiratórias e cardiovasculares já existentes. Pessoas com asma. Doenças crônicas do coração e pulmão são mais sensíveis ao SO2. Óxidos de Nitrogênio (NOx) Gás marrom avermelhado, com odor forte e muito irritante. Pode levar a formação de ácido nítrico, nitratos (o qual contribui para o aumento das partículas inaláveis na atmosfera) e compostos orgânicos tóxicos. Aumento da sensibilidade à asma e à bronquite, abaixar a resistência às infecções respiratórias. Monóxido de Carbono (CO) Gás incolor, inodoro e insípido. Altos níveis de CO estão associados a prejuízo dos reflexos, da capacidade de estimar intervalos de tempo, no aprendizado, de trabalho e visual. Aldeídos (R-COH) São compostos orgânicos que possuem o radical aldeído, ou seja –HC=O. Causa irritação dos olhos, nariz e garganta. É agente carcinogênico. Ozônio (O3) Gás incolor, inodoro nas concentrações ambientais e o principal componente da névoa fotoquímica. Irritação nos olhos e vias respiratórias, diminuição da capacidade pulmonar. Exposições a altas concentrações pode resultar em sensações de aperto no peito, tosse chiado na respiração. O O3 tem sido associado ao aumento de admissões hospitalares Hidrocarbonetos (HC) São compostos orgânicos formados por átomos de carbono e hidrogênio. Considerados carcinogênicos e mutagênicos. Provocam irritação nos olhos, nariz, pele e aparelho respiratório. Fonte: Cetesb, 2000 19 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Níveis máximos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (1995) Fonte: Cetesb, 2000 20 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Padrões Nacionais de Qualidade do Ar Resolução CONAMA no3 de 06/90 Fonte: Cetesb, 2000 21 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Fonte: Cetesb, 2000 Padrões de Qualidade do Ar nos EUA Agência de Proteção Ambiental (EPA) 22 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Concentrações do Ar Industrial X Concentrações do Ar Ambiental •As concentrações permitidas nos ambientes industriais são geralmente muito maiores que as concentrações permitidas no ar em ambientes comuns. •Esta diferença reflete dois fatos: –Nós estamos expostos ao ar ambiente 168 horas por semana, sendo que no trabalho somente 40 horas por semana. –A população trabalhadora não inclui as pessoas mais sensíveis (crianças, asmáticos e idosos). 23 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Comparação dos Padrões de Qualidade do Ar Fonte: National Air Quality Standards Substância Concentração do Ar em Ambientes Comuns Permitida Concentração Industrial Permitida Dióxido de Enxofre 0,03 ppm (média anual) 0,14 ppm (24 horas) 2 ppm (média de 8 horas) 5 ppm (média de 15 min) Ozônio 0,12 ppm (média 1 hora) 0,1 ppm (média de 8 horas) 0,3 ppm (média de 15 min) Dióxido de Nitrogênio 0,053 ppm (média anual) 2 ppm (média de 8 horas) 5 ppm (média de 15 min) Monóxido de Carbono 9 ppm (média de 8 horas) 35 ppm (média de 1 hora) 50 ppm (média de 8 horas) 400 ppm (média de 15 min) 24 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real • 1,6 bilhões de pessoas vivem em locais com má qualidade do ar; • 70 a 80% das 105 cidades européias médias (mais de 500 mil habitantes) apresentam níveis superiores àqueles recomendados pela OMS em pelo menos um poluente ; • As cidades mais densamente povoadas do mundo estão em sua maioria no hemisfério Sul, em países em desenvolvimento. Parando para pensar Londres: 4.000 pessoas/km2 Chicago: 2.500 pessoas/km2 Buenos Aires: 15.000 pessoas/km2 México: 34.000 pessoas/km2 Calcutá: 88.000 pessoas/km2 25 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Parando para pensar Concentração (ppm) Período Efeito 0,03 - 0,5 Contínuo Condições de pacientes com bronquite é piorada 0,3 - 1 20 segundos Atividade dos brônquios é alterada 0,5 - 1,4 1 minuto Odor é perceptível 0,3 - 1,5 15 minutos Sensibilidade dos olhos aumenta 1 - 5 30 minutos Resistência das vias aéreas é aumentada, perda do olfato 1,6 - 5 > 6 horas Constrição vias nasais e dos pulmões 5 - 20 > 6 horas Danos irreversíveis aos pulmões, mesmo suspendendo a exposição > 20 > 6 horas Acumulação de água nos pulmões e tecidos, eventualmente levando a paralisia e morte. • Uma criança de até 3 anos inala 2 vezes mais ar que um adulto (7 a 14 l/min, dependendo do peso da pessoa) e seus pulmões ainda não estão maduros. •Alguns Efeitos do SO2 em humanos (Welburn, 1994): 26 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Índice de Qualidade do Ar •O índice de qualidade do ar é usado para simplificar a divulgação dos dados sobre a qualidade do ar. •Sua estrutura contempla, conforme Resolução CONAMA n.º 3 de 06/90, os seguintes parâmetros: SO2, PTS, MP-10, fumaça, CO, O3 e NO2. •O índice é obtido através de uma função linear segmentada, onde os pontos de inflexão são os padrões de qualidade do ar. •Desta função, que relaciona a concentração do poluente com o valor índice, resulta um número adimensional referido a uma escala com base em padrões de qualidade do ar. •Para cada poluente medido é calculado um índice. Para efeito de divulgação é utilizado o índice mais elevado, isto é, a qualidade do ar de uma estação é determinada pelo pior caso. 27 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Estrutura do Índice de Qualidade do Ar PQAR- Padrão de Qualidade do Ar Unidades: µg/m3 Fonte: Cetesb, 2000 Índice Qualificação Boa (0-50) Regular (51-100) Inadequada (101-199) Má (200-299) Péssima (300-399) Crítica (>400) Inadequada (101-199) Inadequada (101-199) Nível Qualidade Ar 50% PQAR PQAR Atenção Alerta Emergência Crítico SO2 Média 24 h PTS Média 24 h Fumaça Média 24 h O 3 Média 24 h NO2 Média 24 h 80 80 60 80 100 365 240 150 160 320 800 375 250 200 1130 1600 625 420 800 2260 21000 875 500 1000 3000 2620 1000 600 1200 3750 28 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Índices de Qualidade do Ar - Efeitos sobre a Saúde Índice de Qualidade do Ar Inadequada (101-199) Má (200-299) Péssima (300-399) Crítica ( > 400) Descrição dos Efeitos na Saúde Leve agravamento de sintomas em pessoas suscetíveis e sintomas de irritação na população sadia. Decréscimo da resistência física e significativo agravamento dos sintomas em pessoas com enfermidades cardio-respiratórias. Aparecimento prematuro de certas doenças, além de significativo agravamento de sintomas em pessoas saudáveis. Morte prematura de de pessoas doentes e idosas. Pessoas saudáveis podem acusar sintomas adversos que afetam sua saúde. 29 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Estágios de alerta de poluição atmosférica Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Aviso Intermediário Emergência Níveis Crescentes de Poluição Saúde de algumas pessoas é afetada MEDIDAS VOLUNTÁRIAS Saúde de todas as pessoas é afetada MEDIDAS MANDATÓRIAS 30 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Critérios para episódios agudos de poluição do ar no Brasil (Resolução nº3 CONAMA 06/90) Fonte: Cetesb, 2000 31 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Níveis de alerta nacionais para poluentes selecionados País e Poluente Estágio 1: Atenção Estágio 2: Alerta Estágio 3: Emergência Monóxido de Carbono (ppm) Alemanha 26 (3h) 39 (3h) 52 (3h) Grécia 13 (8h) 21 (8h) 30 (8h) Hungria 17 (3h) 26 (3h) 34 (3h) EUA 15 (8h) 30 (8h) 40 (8h) Dióxido de Nitrogênio (ppb) Alemanha 313 (3h) 523 (3h) 732 (3h) Grécia 105 (1h) 262 (1h) 366 (1h) Hungria 183 (3h) 314 (3h) 418 (3h) EUA 590 (1h) 1182 (1h) 1569 (1h) Ozônio (ppb) Grécia 100 (1h) 150 (1h) 250 (1h) Hungria 100 (3h) 150 (3h) 200(3h) EUA 200 (1h) 400 (1h) 500 (1h) EUA (Los Angeles) 200 (1h) 350 (1h) 500 (1h) Dióxido de Enxofre (ppb) Alemanha 225 (3h) 450 (3h) 675 (3h) Grécia 75 (24h) 150 (24h) 188 (24h) Hungria 150 (3h) 225 (3h) 300 (3h) EUA 300 (24h) 600 (24h) 790 (24h) 32 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Efeitos da Poluição na Visibilidade •A maior parte dos efeitos visíveis da poluição do ar são provocados pela interação da luz com as partículas em suspensão. •Os poluentes atmosféricos mais comuns são transparentes, com exceção do NO2, que é marrom. •Algumas fumaças urbanas (“smog”) são amarronsadas devido ao NO2 que derivada da queima de combustíveis fósseis, principalmente do óleo diesel nos motores dos veículos. 33 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Deposição ácida O termo chuva ácida é específico para a precipitação pluviométrica, o correto seria deposição ácida. Deposição ácida engloba a precipitação de poluentes ácidos, não apenas pela chuva, mas também pela neve, neblina, umidade (sereno). Ela também pode incluir a deposição seca de poluentes ácidos gasosos e particulados. A chuva ácida refere-se a um dos tipos de deposição úmida de alguns ácidos presentes na atmosfera, que se dissolvem na umidade do ar para formar uma solução com pH inferior a 5,6. A água da chuva é naturalmente ácida. O dióxido de carbono (CO2) dissolve-se nas nuvens e na chuva para formar um ácido fraco: o ácido carbônico (H2CO3). CO2 (g) + H2O (vapor) ↔ H2CO3 34 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Deposição ácida • Os gases formadores da chuva ácida podem ser transportados até cerca de 3.000 km de distância. A distância percorrida dependerá das condições meteorológicas no local das emissões, principalmente dos ventos, da freqüência de chuvas e das condições da atmosfera. • Nos EUA, 44% dos óxidos de nitrogênio vem dos meios de transportes entre eles carros, ônibus, motocicletas, caminhões, navios, aviões e outras formas de transportes que usam combustíveis fósseis. No Canadá essa contribuição é ainda maior, da ordem de 61%. 35 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Deposição ácida A deposição ácida (pH < 5,6) também pode ser natural, quando : Provocada por emissões de atividades geotérmicas de vulcões e fontes termais, queima de biomassa (incêndios naturais) e processos metabólicos em algas e plantas presentes em ambientes costeiros. Deposição ácida derivada da poluição Figura: Principais reações químicas da Chuva Ácida. Fonte: Sariego, 1994. 36 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real SO2 – dióxido de enxofre Principal fonte: Queima de combustíveis fósseis (derivados de petróleo e carvão) que contém enxofre (1 a 4 %); Com ar limpo e seco, a conversão de SO2 para SO3 é de apenas 1% e lenta. No entanto, na presença de poeira ou fumaça, que atuam como catalisadores, a conversão varia de 5 - 10 %, e é rápida. O SO3, ao reagir com o vapor de água disperso no ar, forma ácido sulfúrico, H2SO4 : 2 SO2 + O2 → 2 SO3 SO3 (g) + H2O → H2SO4 37 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real NOx – óxidos de nitrogênio Principal fonte: Queima de combustíveis fósseis Durante a combustão, principalmente e temperaturas > 1300 oC, ocorre as seguintes reações: N2 (ar) + O2 → 2 NO 2 NO + O2 → 2 NO2 São vários os óxidos de nitrogênio (ver a seguir), mas dos mais críticos é o NO2 , pois contribui para a poluição local, regional e global: Local – formação do O3 troposférico Regional – deposição ácida Global – intensifica o efeito estufa 38 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Óxidos de Nitrogênio (NOx) NOx - Família de 7 compostos: • N2O - Óxido nitroso •N2O2 - Dióxido de dinitrogênio •NO - Óxido nítrico •N2O3 - Trióxido de dinitrogênio •NO2 - Dióxido de nitrogênio •N2O4 - Tetróxido de dinitrogênio • N2O5 - Pentóxido de dinitrogênio gás incolor, solúvel em água gás incolor, ligeiramente solúvel em água sólido negro, decompõe -se e é solúvel em água gás castanho avermelhado, que se decompõe e é muito solúvel em água sólido branco, decompõe -se e é muito solúvel em água Precussor do ozônio troposférico (smog) e, assim como os óxidos de enxofre (SOx), forma a chuva ácida. 39 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Origem das Emissões de NOx • Fontes móveis - 50 % (veículos a diesel) • Geração de Energia - 20 % (usinas termo-elétricas) •Atividades Industriais - 30 % (fornos, caldeiras, turbinas a gás, produção de ácido nítrico) Emissões de NOx Combustão Condições favoráveis para a formação de NOx na combustão - NOx Térmico - Combustão a temperaturas > 1300 oC; - NOx do Combustível - Presença de compostos nitrogenados no combustível; - NOx Ativo (prompt) - Combustão em condições de mistura-rica em combustível. 40 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Um problema de poluição regional: A deposição ácida Breve Histórico Século XVII – Descoberta do fenômeno na Inglaterra; Século XX (1960-70): • Problema da chuva ácida se tornou público, quando várias espécies de peixes nos lagos dos EUA, Escandinávia e Escócia, começaram a desaparecer. • Várias árvores na Floresta Negra, localizadas na Alemanha, começaram a morrer, provocando sérios prejuízos a fauna. Vários insetos começaram a se espalhar provocando doenças. Florestas localizadas em grandes altitudes são as mais afetadas. 41 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real " O ciclo de N2 está sendo alterado mais rapidamente que do que qualquer outro em todo o planeta. Hoje, 64 % das costas e rios e baías dos Estados Unidos estão degradadas de forma moderada para severa.... A amônia (NH3) tem sido o principal contribuinte para a acidificação de terras e águas de superfície. Embora seja uma base, uma vez em contacto com a terra e água, ela é rapidamente oxidada a nitrato, o que libera dois [H]+, de tal forma que, a amônia na verdade tem o dobro do poder de acidificação do que o ácido nítrico. As taxas de deposição de amônia aumentaram muito na última década, de forma que isto agora provavelmente excede ácido de nítrico em termos de importância global no EUA. As emissões de amônia são praticamente não-regulamentadas, e inclusive, algumas tecnologias para o controle das emissões de NOx acabam emitindo NH3..... Esse mecanismo só foi descoberto recentemente.” Robert Howarth, Environmental Defense/Cornell University Impactos da deposição ácida nos EUA 42 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Efeitos da deposição ácida sobre o solo e a vegetação Nos últimos 20 anos, ocorreu um maior desenvolvimento na compreensão dos processos que ocorrem no solo e como eles estão interligados com as mudanças que ocorrem nas águas de superfície. A chuva ácida produz 3 mudanças básicas no solo: • Depleção do cálcio – O cálçio é um elemento fundamental para a formação da madeira nas árvores, e as árvores têm muita exigência por Cálcio. Além disso, o cálcio no solo favorece a neutralização da acidez. • Mobilização do alumínio inorgânico – O alumínio pode ser deslocado por ácidos orgânicos formando ácidos orgânicos de alumínio, o que geralmente não é tóxico para a biota aquática e não impede o crescimento de árvores. No entanto, a medida que o pH do solo decresce, o alumínio inorgânico se dissolve no solo. Quando a relação alumínio/cálcio é maior do que 1 (um), o desenvolvimento das árvores fica severamente comprometido. • Acumulação de enxofre e nitrogênio - 43 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Efeitos da deposição ácida em ecossistemas aquáticos • Aparência das águas ácidas: limpa e cristalina, mas não contém vida. Os seres vivos são afetados não só pela acidez da água em si, que interfere em seus processos fisiológicos, mas também pela solubilização e mobilização de metais tóxicos à vida aquática. • pH ~ 6,0 ⇒ algumas espécies de crustáceos, insetos e plânctons começama desaparecer. • pH ~ 5,0 ⇒ espécies de musgos e plânctons começam a proliferar e inicia-se uma progressiva perda de algumas populações de peixes menos tolerantes à acidez. • pH < 5,0 ⇒ a água se torna desprovida de peixes; - o fundo do lago é recoberto com detritos orgânicos, pois as bactérias têm suas funções prejudicadas o que provoca uma redução na taxa de decomposição da matéria orgânica e conseqüente aumento de detritos na água. 44 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Efeitos da deposição ácida sobre construções Acelera a corrosão da maioria dos materiais de construção: de edifícios, pontes, represas, equipamentos industriais, redes de canalização de água, depósitos de armazenamento subterrâneos, turbinas hidrelétricas e cabos elétricos e de telecomunicações. Desgasta e descolore monumentos antigos, prédios históricos, esculturas, ornamentos e outros objetos culturais importantes. A pintura dos automóveis, o concreto e o vidro das edificações também se deterioram rapidamente com a acidez da chuva. Praticamente todos os materiais expostos à chuva e ao vento durante muito tempo degradam-se gradualmente. A chuva ácida vai acelerar esse processo, destruindo estátuas, prédios ou monumentos. 45 Curso de Química Ambiental Profa. Márcia Real Efeitos da deposição ácida em seres humanos A chuva ácida tem o mesmo aspecto e gosto que a água normal. Os danos causados às pessoas através da chuva ácida não são diretos. Caminhar na chuva ácida ou mesmo tomar banho num lago acidificado, não é muito perigoso. Suspeita-se da existência de riscos indiretos para a saúde humana, causados por metais como chumbo, cobre, zinco, cádmio e mercúrio, liberados dos solos e sedimentos por causa do aumento da acidez. Esses metais podem atingir as águas subterrâneas, rios, lagos e correntes usadas para o fornecimento de água potável e ser introduzidos nas cadeias alimentares que chegam ao homem. O homem pode apresentar sérios problemas neurológicos após anos de ingestão de água de chuva não tratada ou através do peixe contaminado por metais pesados. Objetivo POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (PNMA)