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Farmacologia Curso Profissionalizante Atendente de Farmácia Autor André de Faria Thomáz Indaial – 2022 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2022 Elaboração: André de Faria Thomáz Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Apresentação Olá, caro aluno! Damos início a um grande momento de sua vida profissional, no qual iremos abordar a importância e a aplicabilidade dos fármacos e suas impli- cações nas atividades de saúde, com foco em empresas farmacêuticas. Na Unidade 1, abordaremos a importância da farmacologia nas rotinas de um profissional da área farmacêutica. A farmacologia nos ajuda a interpretar os efeitos químicos dos fármacos dentro do metabolismo e suas ações no organismo. Abordaremos, ainda, os reflexos da farmacologia na epidemiologia. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos o controle da Toxicologia dentro das atividades e metabolismo humano, com foco na apresentação dos fármacos. Iremos abordar os tipos de toxicologia que são apresentados, de acordo com as funções de cada um destes, como, por exemplo, a toxicologia ambiental e sua importância dentro das atividades do dia a dia. Outro ponto importante que iremos abordar é o controle e apresentação das classes medicamentosas e suas aplicações. Por fim, na Unidade 3, aprenderemos sobre a toxicologia social e sua aplica- ção para o desenvolvimento de programas de melhorias, não somente no âmbito da saúde, mas em torno da sociedade em geral, como o uso da toxicologia ocupacio- nal e suas funções. Por fim, iremos abordar o controle das atividades em torno da toxicologia dos gases, plantas, fungos e animais peçonhentos, e os cuidados que devemos ter no social e nos ambientes domésticos. Bons estudos! Prof. André de Faria Thomáz SUMÁRIO UNIDADE 1 FARMACOLOGIA .......................................................................11 TÓPICO 1 FARMACOLOGIA INTRODUTÓRIA .......................................................13 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................13 2 APLICABILIDADE DA FARMACOLOGIA .....................................................13 2.1 PRINCIPAIS CONCEITOS ............................................................................15 3 FORMAS FARMACÊUTICAS E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ....................16 3.1 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ENTERAL E PARENTERAL ....................... 17 3.1.1 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ENTERAL .................................................. 18 3.1.2 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO PARENTERAL ..........................................19 RESUMO DO TÓPICO 1 ..............................................................................................21 AUTOATIVIDADE .......................................................................................................22 TÓPICO 2 APLICABILIDADE DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA ................................................................................................25 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................25 2 FARMACOCINÉTICA ......................................................................................25 2.1 ABSORÇÃO DOS FÁRMACOS ...................................................................26 2.1.1 FARMACOLOGIA NA EPIDEMIOLOGIA ..................................................29 2.2 DISTRIBUIÇÃO DOS FÁRMACOS ............................................................34 2.3 METABOLIZAÇÃO DOS FÁRMACOS ......................................................35 2.3.1 EXCREÇÃO DOS FÁRMACOS ................................................................ 37 3 FARMACODINÂMICA .....................................................................................38 3.1 MECANISMO DE AÇÃO DOS FÁRMACOS E CLASSES MEDICAMENTOSAS ..........................................................................................39 3.2 RELAÇÃO ENTRE ESTRUTURA E ATIVIDADE DOS FÁRMACOS .....42 3.3 AGONISTAS E ANTAGONISTAS ...............................................................42 RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................45 AUTOATIVIDADE .......................................................................................................46 TÓPICO 3 FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO ................49 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................49 2 A FARMACOLOGIA APLICADA AO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO 49 2.1 COMPOSTOS AGONISTAS E ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS .........51 2.2 ESTRUTURA E FUNÇÃO DOS RECEPTORES COLINÉRGICOS MUSCARÍNICOS ..................................................................................................51 2.3 EFEITOS FARMACOLÓGICOS DA ACETILCOLINA ..............................52 3 AGONISTAS MUSCARÍNICOS E SUAS APLICAÇÕES CLÍNICAS ..........54 3.1 COMPOSTOS BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES .....................55 RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................59 AUTOATIVIDADE .......................................................................................................60 REFERÊNCIAS ...........................................................................................................62 UNIDADE 2 INTRODUÇÃO A TOXICOLOGIA E MEDICAMENTOS ........... 63 TÓPICO 1 TOXICOCINÉTICA E TOXICODINÂMICA ..............................................65 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................65 2 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS .....................................................................65 2.1 AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE E DO RISCO ............................................. 67 2.1.1 TOXICODINÂMICA ..................................................................................... 70 2.1.2 TOXICOCINÉTICA ..................................................................................... 74 2.2 PRINCÍPIOS DA MANIPULAÇÃO E MEDICAMENTOS ......................... 77 2.2.1 CLASSES DE MEDICAMENTOS E APLICABILIDADE ...................... 79 RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................. 81 AUTOATIVIDADE .......................................................................................................82 TÓPICO 2 MÉTODOS DE ANÁLISES TOXICOLÓGICAS .....................................85 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................85 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES TOXICOLÓGICAS .............................85 2.1 FUNDAMENTOS CROMATOGRÁFICOS ...................................................89 2.1.1 CROMATOGRAFIA GASOSA ....................................................................90 3 FATORES GERENCIAIS ................................................................................92 RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................95 AUTOATIVIDADE .......................................................................................................96 TÓPICO 3 TOXICOLOGIA AMBIENTAL ..................................................................99 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................99 2 METAIS (ARSÊNIO, CÁDMIO, CHUMBO E CROMO) .................................99 2.1 ARSÊNIO ......................................................................................................100 2.2 CÁDMIO ........................................................................................................101 2.3 CHUMBO .....................................................................................................102 2.3 CROMO ........................................................................................................104 3 OUTROS METAIS .......................................................................................... 105 4 HIDROCARBONETOS .................................................................................. 107 RESUMO DO TÓPICO 3 ...........................................................................................118 AUTOATIVIDADE ......................................................................................................119 REFERÊNCIAS ..........................................................................................................121 UNIDADE 3 INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA E MEDICAMENTOS ..........123 TÓPICO 1 TOXICOLOGIA SOCIAL ......................................................................... 125 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 125 2 APLICABILIDADES ..................................................................................... 125 2.1 DEPENDÊNCIA QUÍMICA .......................................................................... 125 2.1.1 DEPENDÊNCIA BIOLÓGICA ....................................................................127 2.2 ASPECTOS NEUROBIOLÓGICOS ........................................................... 128 2.3 DEPRESSORES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) .............130 2.3.1 ETANOL ....................................................................................................130 2.3.2 INALANTES OU SOLVENTES ............................................................... 131 2.3.3 ÁCIDO GAMA-HIDROXIBUTIRATO (GHB) ......................................... 133 2.3.4 OPIOIDES ................................................................................................ 133 2.4 FUNÇÕES ...................................................................................................134 2.4.1 ANFETAMINAS ........................................................................................ 135 2.4.2 CAFEÍNA.................................................................................................. 136 2.4.3 COCAÍNA ................................................................................................. 137 2.4.4.ECSTASY (MDMA) ................................................................................. 139 2.5 PROPRIEDADES ........................................................................................140 2.5.1 ALUCINÓGENOS ....................................................................................140 2.5.2 ÁCIDO LISÉRGICO (LSD) ......................................................................140 2.5.3 CETAMINA................................................................................................141 2.5.4 MACONHA (THC) ................................................................................... 142 RESUMO DO TÓPICO 1 ...........................................................................................144 AUTOATIVIDADE .....................................................................................................145 TÓPICO 2 TOXICOLOGIA DOS GASES, PLANTAS, FUNGOS E ANIMAIS PEÇONHENTOS .......................................................................................147 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................147 2 GASES TÓXICOS ..........................................................................................147 2.1 AMÔNIA ........................................................................................................148 2.2 DIÓXIDO DE CARBONO ........................................................................... 149 2.3 FORMALDEÍDO .......................................................................................... 149 2.4 HIDROCARBONETOS CLORADOS ....................................................... 149 2.5 COMPOSTOS ASFIXIANTES .................................................................. 150 2.5.1 AZIDA SÓDICA ......................................................................................... 151 2.5.2 CIANETO ................................................................................................... 151 2.5.3 MONÓXIDO DE CARBONO .................................................................. 152 2.4.5 SULFETO DE HIDROGÊNIO ................................................................154 3 PLANTAS E FUNGOS ..................................................................................154 4 ANIMAIS PEÇONHENTOS ..........................................................................157 4.1 ESCORPIÕES ...............................................................................................157 4.2 ARANHAS ...................................................................................................157 4.3 LAGARTAS E ABELHAS ......................................................................... 159 4.4 SERPENTES ............................................................................................... 159 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................... 161 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................... 162 TÓPICO 3 TOXICOLOGIA ANALÍTICA E OCUPACIONAL ................................ 165 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 165 2 TIPOS DE AMOSTRAS ................................................................................. 165 2.1 SANGUE ...................................................................................................... 166 2.2 URINA ..........................................................................................................168 2.3 SALIVA E ÁCIDO GÁSTRICO ................................................................. 169 2.4 CABELO, UNHA E HUMOR VÍTREO ...................................................... 170 3 PREPARO DAS AMOSTRAS ........................................................................172 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................... 182 AUTOATIVIDADE .....................................................................................................183 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 185 UNIDADE 1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender os conceitos iniciais de Farmacologia; • aplicar a Farmacologia nas rotinas; • assimilar a Farmacocinética e Farmacodinâmica; • demonstrar a aplicabilidade da Farmacologia no Sistema Nervoso Autônomo. PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – FARMACOLOGIA INTRODUTÓRIA TÓPICO 2 – APLICABILIDADE DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA TÓPICO 3 – FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO FARMACOLOGIA 13 1 INTRODUÇÃO No Tópico 1 veremos que a Farmacologia é uma área crescente e que nos encanta gradativamente. Esta ciência acompanha muitas outras na caminhada pela descoberta de novos fármacos. Nessa busca, as áreas de etnobotânica, far- macognosia, síntese e química medicinal desenvolvem um trabalho cooperativo com a farmacologia, na tentativa de identificar, isolar e caracterizar moléculas de interesse terapêutico. Quando essas moléculas são estabelecidas, é realizada uma série de estudos farmacológicos. Os estudos farmacodinâmicos são necessários para a determinação do me- canismo de ação farmacológica das moléculas. Já os estudos farmacocinéticos são necessários para estabelecer os mecanismosde absorção, distribuição, meta- bolização e excreção no organismo humano. Após esses estudos, são aprofundados os conhecimentos sobre a eficácia da molécula para tratar determinada doença e busca-se avaliar sua segurança, o que é realizado a partir de estudos toxicológicos, incluindo efeitos adversos. Os avanços da ciência impulsionam o desenvolvimento de novos fármacos. Estes, aliados a ocorrências de desastres terapêuticos, tornam imprescindíveis o estudo e a atualização constante dos profissionais de saúde que acompanham o uso de tais compostos. 2 APLICABILIDADE DA FARMACOLOGIA Nosso contato com os medicamentos inicia-se antes mesmo do nosso nas- cimento, no ventre de nossa mãe, que, eventualmente, durante a gestação, ne- cessitou de medicamentos para enjoo, pressão alta, possíveis infecções, analgesia ou anestesia ao parto. Esse contato continua por toda a nossa vida, sendo intensificado em épo- cas específicas, de acordo com a necessidade. Para alguns momentos, temos até mesmo a nossa “farmacinha”, também conhecida como Farmácia Caseira, que nos “salva” inúmeras vezes. TÓPICO 1 FARMACOLOGIA INTRODUTÓRIA 14 FIGURA 1 – IMPORTÂNCIA DA FARMACOLOGIA FONTE: <https://bit.ly/3wJbAoC>. Acesso em: 2 maio 2022. Se precisarmos de um medicamento, como esses que temos em casa na nossa Farmácia Caseira, qual forma farmacêutica é melhor para que a melhora de nossos sintomas seja mais rápida? Por qual motivo? Por exemplo, no caso de uma dor de cabeça, ou um mal-estar causado por alimentos, um analgésico ou antiácidos podem ser indicados para combater a patologia naquele momento. É importante ressaltar aqui que o atendente de uma farmácia, em hipótese alguma, poderá indicar ou sugerir o uso de medicamentos, somente com recei- tuário ou intervenção do farmacêutico. Percebe-se, claramente, que as interações farmacológicas serão observadas de diferentes formas e maneiras, de acordo com o organismo que as recebe no momento de sua aplicação. Quando falamos de farmacologia, estamos falando do estudo dos fármacos. Esse estudo é dividido em três grandes fases ou interações farmacológicas. São elas: • Fase Farmacêutica: trata-se dos estudos das formas farmacêuticas e as vias de administração das drogas. Aqui também há a preocupação de como essas formas irão se desintegrar, liberando e dissolvendo o fármaco de modo que ele esteja disponível para a absorção. • Fase Farmacocinética: fase que engloba o estudo do movimento do fármaco no organismo. Vai desde a absorção, passando pela distribui- ção e biotransformação até a excreção. https://bit.ly/3wJbAoC 15 • Fase Farmacodinâmica: é o estudo da ação dos fármacos no organis- mo, ou seja, como os fármacos interferem nas atividades fisiológicas. Nessa fase, podemos, inclusive, dividir em classes terapêuticas para melhor entender como ela funciona. Um exemplo é o efeito atrativo en- tre o heteroátomo e o carbono dentro das atividades que envolvem essa fase; outro, de interação do tipo dipolo-dipolo, é o empilhamento π que acontece entre compostos aromáticos para elaboração dos fármacos. Essas fases coexistem de forma integrada e dependente uma da outra. Caso uma não ocorra de forma adequada, as outras podem ser comprometidas. 2.1 PRINCIPAIS CONCEITOS A farmacologia possui relação direta com a formação do profissional que atua em farmácias, para uma atuação segura, caso opte por essa habilitação. Os principais conceitos associados à farmacologia são: • Droga: definida como uma substância química de estrutura conhecida à função fisiológica de um organismo, com ou sem intenção benéfica. • Fármaco: definido como uma substância química que, assim como a droga, tem a capacidade de modificar a função fisiológica de um orga- nismo, mas com intenção benéfica, o que em farmacologia podemos chamar de efeito terapêutico. • Medicamento: composto químico que contribui para construir melhorias dentro das atividades do metabolismo, um fármaco que pas- sa pelo processo de industrialização ou manipulação e tem uma forma farmacêutica definida. • Princípio ativo: substância responsável pelo efeito farmacológico, po- dendo ser considerada sinônimo de fármaco. • Excipiente: são todas as substâncias, exceto o princípio ativo, que compõem um medicamento. Servem para dar forma, sabor e cor (den- tre outras características) a um medicamento. Podem também modifi- car as características de liberação e solubilização do princípio ativo. É importante ressaltar que os excipientes não podem apresentar nenhu- ma atividade farmacológica. • Forma farmacêutica: definida como a forma com que o medicamen- to se apresenta, podendo ser dividida em sólida, como comprimidos e cápsulas; semissólida, como cremes e géis; líquida, como gotas e xaro- pe; e gasosa, como os inalantes; dentre outras. 16 • Remédio: toda substância, ação ou atividade que tem capacidade de promover bem-estar. Além do medicamento, podemos citar um chá quente em um dia frio e um banho relaxante após um dia estressante como exemplos clássicos de remédio. • Biodisponibilidade: termo utilizado para determinar a extensão e a velocidade com que a porção ativa (fármaco ou metabólito) atinge a circulação sistêmica, ficando disponível sua ação farmacológica. FIGURA 2 – APLICABILIDADE DA FARMACOLOGIA FONTE: <https://bit.ly/38lmBV4>. Acesso em: 2 maio 2022. 3 FORMAS FARMACÊUTICAS E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO Quando falamos de um medicamento, devemos pensar quais são as melho- res formas farmacêuticas e vias de administração para que consigamos, de fato, garantir a melhor ação farmacológica possível. Por isso, a indústria farmacêutica investe cada vez mais em estudos sobre novas formas farmacêuticas e a otimiza- ção das vias de administração, sempre observando o perfil cultural e a praticidade exigida pelo usuário. Mas, o que são as formas farmacêuticas e qual a importância delas no nosso dia a dia? De acordo com Soares (2017), a forma farmacêutica é determinante em re- lação a qual via de administração deve ser utilizada, podendo ser por via oral, retal, intravenosa, tópica, vaginal, nasal, dentre outras. São exemplos de formas farma- cêuticas sólidas as cápsulas, os comprimido, a drágea, a pastilha, o supositório; e de semissólidas, temos, essencialmente, pomada, pasta, creme e gel. https://bit.ly/38lmBV4 17 FIGURA 3 – INOVAÇÃO NA FARMACOLOGIA FONTE: <https://bit.ly/3LKtkFB>. Acesso em: 2 maio 2022. Na ação dos fármacos, temos as forças eletrostáticas. Elas decorrem da atração de moléculas de dipolos ou íons de cargas opostas, gerando interações íon-dipolo, quando há interação com uma molécula ionizada e outra molécula com porção carregada positiva ou negativamente; ou dipolo-dipolo, interação entre mo- léculas neutras e polarizáveis que têm diferença de eletronegatividade. 3.1 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ENTERAL E PARENTERAL A via de administração de um fármaco pode ser definida como o meio por onde o fármaco entra no organismo. Ela é dividida, essencialmente, em vias enterais e parenterais. As enterais passam pelo intestino ou alguma porção do trato gastrointesti- nal, iniciando na boca e terminando no reto; por exemplo, a via oral. Já as parente- rais não têm contato com o trato gastrointestinal, como exemplo a via endovenosa. Para complementar seus estudos, assista ao vídeo “Introdução à Farmacolo- gia – Farmacologia rápida e fácil”. Disponível em: https://bit.ly/3yVlfLy. DICA https://bit.ly/3LKtkFB https://bit.ly/3yVlfLy 18 Na via parenteral, os medicamentos são introduzidos diretamente nos tecidos, com o auxílio, por exemplo, de seringas, agulhas e cateteres. Essa via é indicada, principalmente, para a administração de medicamentos a pacien- tes inconscientes e/ou que tenham distúrbios gastrointestinais e naqueles com impossibilidade de deglutir. 3.1.1 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ENTERAL Soares (2017) descreve que, para a escolha da via de administração a ser utilizada, devemos levar em consideração vários critérios. Entreeles, podemos citar: • velocidade de ação e natureza do fármaco; • intenção do efeito (sistêmico ou local); • forma farmacêutica utilizada; • idade e condição do paciente; • conveniência e duração do tratamento. FIGURA 4 – ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR VIA ORAL FONTE: <https://bit.ly/3GmMArB>. Acesso em: 24 maio 2022. As vias de administração enteral são a via oral, retal e sublingual. Cabe res- saltar que existem outras vias – como a bucal, por exemplo – mas, para fins de aprofundamento vamos nos ater às três principais: • Via oral: a absorção quando o medicamento é administrado por essa via é essencialmente intestinal, mais especificamente, na porção duodenal. A maioria dos medicamentos são administrados por essa via. Até que a droga entre no intestino delgado, há pouca absorção, embora algumas drogas não polares, aplicadas à mucosa ou sob a língua, são absorvidas diretamente. Como exemplo podemos citar o uso de comprimidos ou de cápsulas na forma sólida ou líquida, de acordo com a patologia. https://bit.ly/3GmMArB 19 • Via retal: a administração retal é usada para medicamentos que te- nham o intuito de produzir um efeito local, por exemplo os anti-inflama- tório e os medicamentos para uso em colite ulcerativa. Porém, alguns medicamentos administrados por essa via podem apresentar um efeito sistêmico. A absorção após administração retal é, muitas vezes, irregu- lar. No entanto, essa rota pode ser útil em pacientes que estão vomitan- do ou que são incapazes de tomar medicação oralmente, como idosos ou pacientes inconscientes, quando a via parenteral não é uma opção. • Via sublingual: a absorção ocorre diretamente embaixo da língua, fa- vorecendo, especialmente, o tempo para início de efeito. A forma far- macêutica deve ser colocada embaixo da língua, deixando-a dissolver e, consequentemente, ser absorvida. Neste caso, podemos citar o exemplo do uso de um sublingual, por ter efeitos mais rápidos e absorção mais eficiente, como no caso de pessoas com hipertensão (pressão alta). 3.1.2 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO PARENTERAL Essa via é indicada, principalmente, para a administração de medicamentos em pacientes inconscientes e/ou que tenham distúrbios gastrointestinais e naque- les com impossibilidade de deglutir. Além disso, a distribuição da droga é controlada e alcançada com elevada precisão e rapidez nesse tipo de administração. O fator limitante na absorção a partir do local de injeção são a difusão através do tecido e a remoção do fármaco por meio da circulação sanguínea local. FIGURA 5 – ADMINISTRAÇÃO FARMACOLÓGICA INTRAVENOSA FONTE: <https://bit.ly/3wNBwj4>. Acesso em: 24 maio 2022. https://bit.ly/3wNBwj4 20 Na visão de Ribas (2020), a via parenteral é subdividida em: • Intradérmica: aplicação rente à pele, entre derme e epiderme, que só absorve pequenos volumes. Um exemplo clássico é a vacina intradérmica BCG. • Subcutânea: administrada no tecido subcutâneo. É uma via co- nhecida por ter absorção lenta e contínua. Um grande exemplo é a administração de insulina. • Intramuscular: administração diretamente no músculo. Essa via per- mite a administração de medicamentos em solução aquosa e oleosa. É a via de escolha para soluções irritantes, devido à menor sensibilidade da região em comparação com a pele, por exemplo. É conhecida por sua absorção rápida, exceto em casos de medicamentos de depósito. • Intravenosa: efetuada introduzindo o medicamento diretamente na corrente sanguínea, não necessitando atravessar membranas. Em ca- sos de administração intravenosa, a biodisponibilidade é de 100%, visto que não ocorre absorção e a perda sofrida pela passagem pela mem- brana. No caso de uma absorção, a biodisponibilidade é nula. 21 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • As interações farmacológicas podem ocorrer por diferentes mecanismos e ser subdivididas em farmacocinéticas, farmacodinâmicas e interações com- binadas. Algumas interações farmacológicas podem, ainda, ser resultantes de dois ou mais mecanismos. • As interações farmacológicas consistem em eventos em que a atividade farma- cológica de determinado fármaco sofre alteração pela administração concomi- tante de outro fármaco. Entre as interações farmacológicas, as farmacocinéti- cas permitem ser as mais simples dentro destes sistemas, induzindo ou inibindo o metabolismo de fármacos, retardando sua eliminação, dentre outros. • Via enteral é um termo genérico e abrange medicações que podem ser ad- ministradas pela boca, de forma sublingual, via sonda nasoenteral ou pela via retal. Junto à via parenteral, são as vias mais utilizadas na assistência ao paciente de uma forma geral. • A via parenteral é, ainda, indicada quando se espera um início de ação rápida do fármaco – exceto naqueles medicamentos que fazem depósito para retardar e prolongar a absorção, como os anticoncepcionais injetáveis – e naqueles que se tornam ineficientes em contato com o suco digestivo – por exemplo, a insulina. 22 1. Interações medicamentosas ocorrem a todo instante. Elas podem ser classificadas como de origem farmacocinética ou de origem farmaco- dinâmica e podem ocorrer na presença de outro fármaco. Essa última, em geral, envolve o efeito atrativo entre o heteroátomo e o carbono. Ou- tro exemplo de interação do tipo dipolo-dipolo é o empilhamento π, que acontece entre compostos aromáticos, dependendo da sua orientação. Sobre a fase que estamos descrevendo, assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) Farmacocinética. b. ( ) Metabolização. c. ( ) Biotransformação. d. ( ) Distribuição. 2. A distribuição de certos fármacos pode ser afetada por interações re- lacionadas à competição pelo sítio de ligação às proteínas plasmáticas, bem como pelo deslocamento desses sítios nos tecidos e alterações nas barreiras. Analise as afirmativas a seguir sobre como as vias de adminis- tração de fármacos podem ocorrer: I. No contato com o organismo por meio de outro fármaco. II. Pelo trato gastrointestinal, via oral. III. Por ser mais rápido via sublingual. Assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) As sentenças I e II estão corretas. b. ( ) Somente a sentença II está correta. c. ( ) As sentenças I e III estão corretas. d. ( ) Somente a sentença III está correta. AUTOATIVIDADE 23 3. A absorção quando o medicamento é administrado por essa via é essen- cialmente intestinal, mais especificamente, na porção duodenal. A maio- ria dos medicamentos é administrada por essa via. Até que a droga entre no intestino delgado, há pouca absorção, embora algumas drogas não polares, aplicadas à mucosa ou sob a língua, são absorvidas diretamente. Este acontece na: ( ) Via oral. ( ) Via retal. ( ) Via sublingual. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a. ( ) V – F – F. b. ( ) V – F – V. c. ( ) F – V – F. d. ( ) F – F – V. 4. A via de administração de um fármaco pode ser definida como o meio por onde o fármaco entra no organismo. Ela é dividida, essencialmente em vias enterais, que passam pelo intestino ou por alguma porção do trato gastrointestinal, iniciando na boca e terminando no reto, por exemplo, a via oral; e parenterais, que não têm contato com o trato gastrointestinal, como exemplo a via endovenosa. Considerando essa informação, disser- te sobre as vias de administração de um fármaco. 5. Na via parenteral, os medicamentos são introduzidos diretamente nos te- cidos, com o auxílio, por exemplo, de seringas, agulhas e cateteres. Além disso, a distribuição da droga é controlada e alcançada com elevada pre- cisão e rapidez nesse tipo de administração. O fator limitante na absorção a partir do local de injeção são a difusão através do tecido e a remoção do fármaco por meio da circulação sanguínea local. Nesse contexto, disserte sobre a via parenteral. 25 1 INTRODUÇÃO No Tópico 2 estudaremos que a farmacologia se subdivide em duas grandes áreas. Uma delas, a farmacocinética, estuda opercurso do fármaco no organismo do paciente por meio do processo de absorção, distribuição, metabolização e ex- creção. Ela está diretamente relacionada com a intensidade e duração de ação do fármaco no organismo. Os fármacos com estruturas inespecíficas exercem sua atividade por in- termédio de ligações ou de reações químicas. Portanto, dependem de algumas características moleculares de interação, como lipofilicidade, basicidade, acidez, solubilidade, dentre outras que veremos mais adiante. Já os fármacos estrutural- mente específicos, para exercer sua atividade terapêutica, devem se ligar a uma molécula-alvo, ou seja, a um receptor. Para que essa ligação seja possível, o fárma- co em questão deve ter uma estrutura química específica que tenha afinidade com o receptor. Geralmente, essas interações entre o sítio receptor e o fármaco ocorrem em virtude da atração ou repulsão entre eles e/ou com o meio biológico, sem que, necessariamente, haja a quebra ou a formação de novas ligações químicas. Essas interações podem apresentar variações de intensidade, de acordo com a polarida- de, a eletronegatividade e o estado de ionização das moléculas envolvidas. 2 FARMACOCINÉTICA A farmacocinética é caracterizada pelos estudos do movimento do fármaco dentro do organismo, que agrega o processo de absorção, distribuição, biotransfor- mação e excreção. É nessa fase que conseguimos quantidades efetivas do fárma- co para que, de fato, ele inicie sua ação. APLICABILIDADE DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA TÓPICO 2 26 Dentro da farmacocinética, fica claramente descrito que a interação entre os fármacos e os organismos, e, assim, as especificidades da fase farma- cocinética, vem ganhando cada vez mais estruturas. Será sempre após a administração da droga que existirá a liberação do princípio ativo, da forma farmacêutica e da absorção. INTERESSANTE Nesse momento, ela poderá, a partir da distribuição, chegar nos reservató- rios teciduais e ir para o sítio de ação – para iniciar a fase farmacodinâmica –, ser biotransformada ou ser retirada do organismo por meio da excreção do princípio ativo intacto ou dos metabólitos dele. 2.1 ABSORÇÃO DOS FÁRMACOS É importante ressaltar que todo esse processo acontece dentro da corrente sanguínea. Os fármacos que são injetados via intravenosa não sofrem absorção, já que atingem diretamente o destino da absorção na própria administração. FIGURA 6 – ABSORÇÃO DE FÁRMACOS NA CORRENTE SANGUÍNEA FONTE: <https://bit.ly/3GhnOJv>. Acesso em: 24 maio 2022. A velocidade e a eficiência da absorção dependem, principalmente, da sua via de administração. A seguir, estão listados os principais fatores que podem afe- tar tanto a absorção dos fármacos quanto a velocidade de absorção. https://bit.ly/3GhnOJv 27 Indicadores que movimentam os fármacos: • Concentração: quanto maior a concentração, maior a biodisponibili- dade e potencialmente maior a absorção. • Forma farmacêutica: regula a disponibilidade para a absorção. Quan- to mais disponível estiver um fármaco, maior será sua absorção. • Área absortiva: quanto maior a área, maior o potencial de absorção de uma dada substância. • Circulação local: quanto maior a circulação, maior o potencial de absorção. • Condições patológicas: algumas patologias podem interferir na ab- sorção. Em um processo inflamatório, por exemplo, a vasodilatação faz com que ocorra um aumento da absorção. Fatores que afetam a velocidade de absorção: • Tempo de esvaziamento gástrico: o aumento do tempo para esva- ziamento gástrico pode contribuir de forma negativa na velocidade de absorção, levando a um tempo maior para que o fármaco chegue ao local de absorção, no caso, o duodeno. • Motilidade intestinal: aumento ou redução na motilidade irão in- fluenciar o tempo de contato do fármaco com a área de absorção, podendo alterar, dependendo do caso, para mais ou para menos a velocidade de absorção. • Presença de alimento: a presença de alimentos, na maioria dos casos, está associada a uma redução da absorção. Porém, existem molécu- las que podem ser mais bem absorvidas na presença de alimentos e algumas que não sofrem interferência, por exemplo, frutas, geleias de frutas, tapioca e pão branco. • Fatores de formulação (solubilizantes etc.): pode tanto promover quanto retardar a absorção. Como exemplo, podemos citar o uso do iodo. Além desses fatores, outros podem atuar alterando o processo de absorção. Entre eles, podemos citar: • Permeabilidade: quanto menor o peso molecular do fármaco, maior será sua permeabilidade. Além disso, quanto maior sua liposso- lubilidade, maior sua capacidade de atravessar membranas e, portanto, maior sua permeabilidade. 28 • pH: é diferente em diversos compartimentos do organismo. Pequenas alterações no pH podem variar bastante o grau de ionização do fárma- co. Um ácido fraco estará na sua forma de íon em compartimentos com pH alto (básico) e vice-versa, para manter o equilíbrio eletrolítico. De acordo com Oga, Camargo e Batistuzzo (2014), quando esses fármacos estão em pH diferentes, por exemplo fármacos ácidos em meio alcalino e fármacos básicos em meio ácido, eles estarão preferencialmente na sua forma ionizada e, portanto, polares e mais hidrossolúveis. • pKa: é a constante de dissociação do fármaco e pode ser calculada da seguinte forma: FIGURA 7 – PESQUISA FONTE: <https://bit.ly/3NEdyO6>. Acesso em: 24 maio 2022. ATENÇÃO Como uma máxima da farmacologia, fármacos ácidos fracos em meio ácido estão, preferencialmente, como não ionizados (forma molecular) e, portanto, apolares e mais lipossolúveis, o que favorece a absorção. https://bit.ly/3NEdyO6 29 Fármacos bases fracas em meio alcalino estão preferencialmente como não ionizados (forma molecular) e, portanto, apolares e mais lipossolúveis, o que favorece a absorção. A forma molecular, por não ser ionizada, é uma molécula muito mais lipos- solúvel. Assim, dizemos que para um fármaco atravessar membranas, ou seja, ser absorvido, ele precisa estar na forma molecular. Fármacos na forma ionizada não têm a capacidade de atravessar membranas. Se o pKa for, por exemplo, de 4.4, significa que em um pH de 4.4 essa molécula se encontrará 50% na sua for- ma molecular e 50% na sua forma iônica. Podemos usar esse mesmo raciocínio quando falamos em aprisionamento iônico. FIGURA 8 – COMPONENTES QUÍMICOS DOS MEDICAMENTOS FONTE: <https://bit.ly/3zfnREn>. Acesso em: 24 maio 2022. Um ácido fraco em ambiente ácido terá uma maior proporção de molécu- las na forma molecular do que na forma ionizada, porque o meio ácido desloca o equilíbrio para a esquerda. Um exemplo é quando os vasodilatadores ditos de ação direta, como a hidralazina, são aplicados em hipertensos: eles alteram a pressão arterial sistólica e diastólica, aumentando a resistência vascular periférica. Aprisionamento iônico é quando um fármaco é aprisionado na sua forma iôni- ca dentro de um compartimento de pH contrário ao seu. Como exemplo, a cloroquina – utilizada no tratamento da malária – é básico e entra no vacúolo digestivo do pa- rasita – meio ácido –, fazendo com que seja aprisionado e aumentando sua eficácia. 2.1.1 FARMACOLOGIA NA EPIDEMIOLOGIA Dentro da farmacologia, e de acordo com a Organização Mundial de Saú- de (OMS), saúde não significa apenas ausência de doença. A promoção de saú- de envolve a prevenção que a doença se desenvolva. Percebe-se, portanto, que esse conceito contempla um estado ideal, mas que não permite definir nem mensurar o bem-estar. https://bit.ly/3zfnREn 30 Se é difícil atingir o estado de saúde, é pelo menos desejável que as po- pulações possam usufruir de condições que as permitam ter uma vida social e economicamente produtiva. E com esse objetivo, a Assembleia Mundial de Saúde estabeleceu, em 1977, a meta de que todas as pessoas dos países membros da OMS alcançassem, até o ano 2000, o compromisso de “Saúde para todos”, que foi renovado em 1998 e em 2003 (FRANCO; KRIEGER, 2016). É importantedescrever o uso da farmacologia dentro de epidemiologia. Nela, as definições dos estados de saúde são mais simples e mensuráveis, com o objetivo de obter dados que permitam aplicação profilática. São verificadas as variáveis “pre- sença de doença” ou “ausência de doença”, seguindo alguns critérios para definição de “normalidade” e “anormalidade”, nem sempre fáceis de serem estabelecidas. Os critérios para diagnosticar as doenças podem se basear em resultados de exames e testes, na presença de sinais e sintomas e na história clínica. En- quanto algumas doenças são mais fáceis de serem diagnosticadas, há aquelas que necessitam de um conjunto de condições e, às vezes, nem assim é possível fechar o diagnóstico definitivo. Seguem alguns exemplos de doenças e seus diagnósticos: • Sífilis, toxoplasmose, infecção pelo HIV e hepatites virais: anticorpos reagentes no sangue. • Asbestose: alterações pulmonares, fibrose pulmonar ou espessamen- to da pleura. Comprovada por raio X e história de exposição ao asbesto. A observação que as doenças não surgem por acaso, mas resultam de uma série de condições que favorecem que a saúde ceda espaço para elas, é muito antiga. O estudo sistematizado dessas condições é o fundamento principal da epi- demiologia, e os resultados dessas pesquisas subsidiam a elaboração de práticas profiláticas para promover a saúde coletiva. Muitas doenças que acometem o homem obedecem a alguns padrões de distribuição, ou seja, acometem pessoas que vivem em determinadas regiões geo- gráficas ou estão relacionadas a alguns comportamentos, à idade, ao gênero, a vias de transmissão e a outros fatores. Assim, é possível associar os padrões que favorecem a ocorrência de determinadas doenças e propor ações que dificultem sua ocorrência, ou, ao menos, que minimizem os agravos. A epidemiologia é a ciência que estuda a distribuição de doenças ou en- fermidades, assim como seus determinantes e fatores de risco, que podem ser definidos como a probabilidade de um evento indesejado (a doença) ocorrer duran- te um período específico. Os resultados obtidos pelas pesquisas epidemiológicas subsidiam o planejamento, a administração e a avaliação das ações para a imple- mentação de medidas de prevenção, controle ou erradicação de doenças. 31 A epidemiologia se desenvolveu muito no século XX e gerou conhecimentos que motivaram mudanças de hábitos e comportamentos no dia a dia das pessoas que desejam ter mais saúde. A associação dos fatores de risco à ocorrência das doenças pôde facilitar campanhas de divulgação e o desenvolvimento de outras estratégias para combatê-las, pois os indivíduos só podem atuar ativamente para ter saúde quando conhecem os fatores de risco que favorecem as doenças. Por exemplo, os estudos epidemiológicos comprovaram a associação das doenças cardiovasculares a hábitos alimentares inadequados, sobrepeso, obesida- de, tabagismo e hábitos sedentários. Esses resultados impulsionaram a divulgação, pelos profissionais da saúde e da educação, de dietas mais apropriadas e do incen- tivo às práticas de atividades físicas, informando e sensibilizando as pessoas para a adoção de comportamentos que favorecem a saúde. O período de pré-patogênese – ou pré-patogênico – envolve os fatores con- dicionantes sociais e ambientais, incluindo a presença do agente etiológico e do indi- víduo suscetível. A alteração em qualquer componente repercutirá em alteração nos demais em busca do equilíbrio. Isso poderá repercutir no caráter endêmico ou epi- dêmico de doenças de maior ou menor incidência. Nesse período, o indivíduo é sau- dável e, por isso mesmo, é suscetível ao adoecimento. Há variação de exposição ao risco, do mínimo ao máximo, existindo alguns fatores que interferem nessa questão: • Fatores sociais: fatores socioeconômicos, sociopolíticos, sociocul- turais e psicossociais. A pobreza, o comportamento humano favorável ao acontecimento das doenças e a falta de educação e escolaridade, associados à má gestão pública, favorecem a ocorrência de doenças. • Fatores ambientais: referem-se a fatores físicos – decorrentes da si- tuação geográfica, solo, poluição ambiental –, químicos e ambientais – agentes habitualmente presentes no ambiente, agentes pouco comuns que passaram a ser perceptíveis no ambiente e agentes resultantes de catástrofes. A ação antrópica, seja pela industrialização, constru- ção de usinas, rodovias, urbanização e favelização, modifica os fatores ambientais e favorece o aparecimento de doenças. O uso de medica- mentos e o surgimento de doenças decorrentes deles estão incluídos entre os fatores ambientais do período pré-patogênico. Por exemplo, o uso de talidomida no início da gestação provocou aumento do número de casos de focomelia, como ficou demonstrado em um estudo com 46 mães, das quais 41 tinham feito uso do medicamento nos primeiros meses de gestação. Igualmente importante é a interação entre solo, re- cursos hídricos, clima e presença de vetores de doenças infecciosas. A implantação da esquistossomose mansônica no Brasil e sua dispersão por várias regiões, por exemplo, está associada à imigração dos africa- 32 nos, que trouxeram consigo várias espécies de Schistosoma. Contudo, apenas a S. mansoni encontrou as condições para se desenvolver no território brasileiro, onde há hospedeiros intermediários adequados ao desenvolvimento das formas larvárias. • Fatores genéticos: os fatores genéticos determinam maior ou menor suscetibilidade ao adoecimento. • Multifatoriedade: são os fatores que atuam sinergicamente na produção da doença dentro de um mesmo grupo, seja social, cultural ou econômico. A transmissão e a manutenção das doenças infecciosas na população são dependentes da interação entre a presença do agente biológico e do hos- pedeiro humano com o meio ambiente, formando uma tríade. Em algumas situa- ções, há também um agente vetor, que faz o papel de transmitir o agente de um hospedeiro para o outro. Assim, o período de pré-patogênese compreende o período entre as primei- ras ações que os agentes patogênicos exercem sobre o indivíduo, evoluindo para as perturbações bioquímicas em nível celular até conduzir à morte, sequelas, cro- nificação ou cura. Esse período é subdividido em 3 etapas: subclínica, prodrômica e clínica. Para Ribas (2020), essas etapas passam por quatro níveis de evolução: 1) interação estímulo-suscetível; 2) alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas; 3) sinais e sintomas; e 4) cronicidade. Entende-se, sob o ponto de vista epidemio- lógico, que as doenças são decorrentes da ação de: • Seres vivos causadores de doenças, isto é, príons, vírus – embora não sejam considerados seres vivos, príons e vírus incluem-se nessa cate- goria, uma vez que são transmissíveis –, bactérias, protozoários, fungos e helmintos. As doenças por eles provocadas são chamadas de doen- ças infecciosas, como hepatites virais, coqueluche, toxoplasmose, can- didíase, fasciolíase e sarna. • Elementos nutritivos associados aos excessos de consumo de coleste- rol e deficiências de vitaminas e proteínas. As doenças desencadeadas por essas condições são chamadas de doenças não infecciosas, como diabetes, bócio endêmico e depressão. Esta última é multifatorial. Entende-se por agravos produzidos pelo homem, ou agravos de ação antró- pica, aqueles decorrentes da modernização, como, por exemplo, alcoolismo, taba- gismo, uso de drogas ilícitas – crack, cocaína etc. –, suicídios, acidentes de trânsito, os vários tipos de violências etc. 33 A transição epidemiológica representa as mudanças nos padrões de morta- lidade e de morbidade de uma população. Ela resulta das mudanças dos padrões de doença, saúde, mortalidade, fecundidade e idade. Ainda, a transição epidemiológi- ca revela os determinantes econômicos, ecológicos e o estilo de vida e suas con- sequências para a população. As populações de países que apresentam elevados índices de desenvolvimento exibem menor taxa de mortalidade em decorrência dedoenças infecciosas e parasitárias, sobretudo durante a infância, e têm maior taxa de mortalidade por doenças não transmissíveis. Os estudos de transição epidemiológica permitem compreender o cenário da saúde da população de um país por revelarem a carga de doença, o que é muito útil para o planejamento das estratégias para prevenção e tratamento. É possível prever as doenças de acordo com a transição epidemiológica de uma população utilizando indicadores como ferramentas. Além disso, é possível estabelecer as prioridades de investigação em saúde para determinar as desigualdades, para, então, tomar provi- dências no sentido de superar as diferenças encontradas (SOARES, 2017). As variáveis pessoais fornecem informações a respeito da condição de in- teresse e podem determinar quem tem mais risco ou probabilidade de um even- to ocorrer, de apresentar um determinado problema de saúde. Entre as variáveis pessoais, podemos citar: • Idade: podemos citar, por exemplo, a incidência de doenças neuro- degenerativas, mais especificamente a demência. Segundo Ribas (2020), a prevalência média de demência aumenta conforme o avanço da idade, sendo os valores mais altos observados para a faixa etária acima de 80 anos. • Sexo: determinadas doenças ou condições podem acometer mais mu- lheres do que homens e vice-versa. Por exemplo, ao apresentarem um estudo do perfil epidemiológico da morbimortalidade masculina, Oga, Camargo e Batistuzzo (2014) mostram que os homens têm uma taxa de mortalidade maior e uma menor expectativa de vida que as mulheres. • Raça e etnia: raça é um termo que abrange um grupo de pessoas que apresentam as mesmas características morfológicas. O IBGE estabelece para o Brasil cinco opções para cor ou raça: branca, preta, amarela, parda e índia. Já a etnia se relaciona a aspectos culturais, ou seja, é uma co- munidade que divide as mesmas afinidades linguísticas, culturais e, além disso, possui características genéticas semelhantes. A doença falciforme é um exemplo, sendo uma doença em que as hemácias, em condição de hipóxia, apresentam forma semelhante a uma foice, o que pode levar ao fechamento de capilares. Ela provoca lesões nos tecidos, geralmente acompanhadas por dor, sendo essa uma condição que se manifesta pre- dominantemente entre pardos e negros (FRANCO; KRIEGER, 2016). 34 A análise dos dados das variáveis temporais pode ser usada para indicar os riscos aos quais as pessoas estão expostas, monitorar a saúde das pessoas, prever a ocorrência de eventos, auxiliar na explicação das causas das doenças e no planejamento das ações da área da saúde, assim como avaliar os impactos das medidas tomadas. 2.2 DISTRIBUIÇÃO DOS FÁRMACOS Após o processo de absorção, quando o fármaco entra na corrente sanguí- nea, tem início o processo de distribuição. Apesar de dividirmos em partes, é preciso ter a consciência de que todos esses eventos ocorrem concomitantemente e simul- taneamente. Por isso, nesse caso, não há necessidade de terminar o processo de absorção, já que o organismo por si só já realiza essa atividade de maneira natural. O processo de distribuição ocorre quando o fármaco é transportado a partir de proteínas plasmáticas, em especial a albumina, para as mais variadas partes do organismo. Além da albumina, os fármacos também podem se ligar e serem trans- portados pelas lipoproteínas plasmáticas, como a VLDL e LDL. Cabe salientar que o fármaco está inativo enquanto está ligado à proteína, ou seja, está sendo transportado, mas naquele momento não exibe nenhuma ação biológica. Sendo assim, somente quando o fármaco está livre ele adqui- re a capacidade de ação ou de ser biotransformado ou excretado. IMPORTANTE A relação entre o fármaco ligado e o desligado da proteína plasmática é de equilíbrio. Por exemplo, com a eliminação da fração livre, vai ocorrendo a liberação da fração ligada, visando o equilíbrio entre as duas formas do fármaco. Ademais, os sítios de ligação da albumina ligam-se a vários fármacos diferentes, levando à competição entre eles. A administração de um segundo fármaco, portanto, pode reduzir a ligação da albumina no primeiro, aumentando a concentração do fármaco na sua forma livre. Isso pode aumentar a sua ação. 35 FIGURA 9 – MEDICAMENTOS FONTE: <https://bit.ly/3yYpINq>. Acesso em: 2 maio 2022. Um exemplo é a varfarina – anticoagulante oral – associada ao ácido ace- tilsalicílico, anti-inflamatório, que tem maior afinidade pelos sítios da albumina. Portanto, o ácido acetilsalicílico terá preferência de ligação, podendo deslocar a varfarina e levando a um aumento da fração livre deste fármaco e a um potencial aumento em sua atividade, predispondo o surgimento de hemorragia. 2.3 METABOLIZAÇÃO DOS FÁRMACOS De acordo com Oga, Camargo e Batistuzzo (2014), a metabolização ou bio- transformação são os mecanismos enzimáticos complexos, que tem por objetivo inativar compostos endógenos ativos – hormônios, enzimas, neurotransmissores – e eliminar substâncias estranhas ao organismo – xenobióticos. O metabolismo leva, principalmente, à inativação, mas pode levar também à potencialização ou ativação de fármacos. Cabe salientar que a metabolização dos fármacos administrados pela via oral, e em menor proporção pela via retal, pode acontecer antes do fármaco atingir a circulação sistêmica. Este efeito é chamado de metabolismo de primeira passagem ou eliminação pré-sistêmica e pode diminuir a biodisponibilidade de um fármaco. Alguns exemplos são: • Inativação do fármaco, de forma completa ou parcial. Ex.: morfina e propranolol. https://bit.ly/3yYpINq 36 • Formação de metabólitos ativos a partir de drogas já ativas. Ex.: Codeína → Morfina; Digitoxina → Digoxina; Imipramina → Desipramina. • Ativação de droga inativa (pró-fármacos): só assume a forma ativa após a metabolização; confere maior estabilidade e biodisponibilidade e menos efeitos adversos e toxicidade. Ex.: Levodopa → Dopamina; Cortisona → Hidrocortisona. • Ausência de metabolismo: os fármacos são secretados de forma inalterada. Ex.: penicilina e anestésicos gerais inalatórios. FIGURA 10 – PESQUISA DOS FÁRMACOS FONTE: <https://bit.ly/3zfnZUn>. Acesso em: 24 maio 2022. O metabolismo de fármacos é dividido em duas fases. A Fase I não é sinté- tica ou catabólica. Inclui transformações químicas – oxidação, redução e hidrólise –, que levam a alterações na estrutura do fármaco. O CYP450 é o principal respon- sável pelo metabolismo da Fase I, principalmente as isoformas das famílias CYP1, CYP2 e CYP3. O polimorfismo genético das enzimas CYP em cada indivíduo é um dos principais responsáveis pela diferença de metabolismo em diferentes pessoas. Geralmente, essas reações produzem metabólitos mais reativos do que as suas moléculas de origem. https://bit.ly/3zfnZUn 37 Já a Fase II é biossintética ou anabólica. Envolve biossíntese de moléculas endógenas e a conjugação delas, com o fármaco metabólito resultante da Fase I. Ela é caracterizada pela conjugação dos fármacos com substâncias endógenas, a fim de formar ácidos orgânicos polares altamente hidrossolúveis, facilmente excre- táveis pela bile ou na urina. Outra característica é que essas reações de conjugação inativam o metabólito mais reativo produzido na Fase I. Para complementar nossos estudos, segue a indicação do livro Fisiologia Humana, organizado por Alice Gonçalves Lima. DICA Metabolismo de 1ª passagem é a metabolização e consequente eliminação na primeira passagem do fármaco pelo fígado, logo após a absorção e antes mes- mo de chegar em níveis sistêmicos. Para contornar tal feito, é necessária uma dose muito maior do fármaco pela via oral, diferente da via parenteral. 2.3.1 EXCREÇÃO DOS FÁRMACOS O metabolismo ou biotransformação dos fármacos pode ser induzido ou ini- bido por uso concomitante de outro fármaco, podendo resultar em efeitos significa- tivos para o tratamento. Nesse sentido, barbitúricos, carbamazepina, efavirenz, feni- toína e rifampicina atuam como indutoresdas enzimas do citocromo P450, enquanto o omeprazol, verapamil, fluconazol e fluoxetina atuam como inibidores enzimáticos. FIGURA 11 – PESQUISA X DESENVOLVIMENTO FONTE: <https://bit.ly/3LKLFT6>. Acesso em: 24 maio 2022. https://bit.ly/3LKLFT6 38 Os efeitos máximos decorrentes de uma indução enzimática geralmen- te aparecem após sete a dez dias de tratamento, sendo necessário, no mínimo, o mesmo tempo para voltar ao normal após a interrupção do fármaco. A rifampicina é uma exceção, pois poucas doses desse fármaco são necessárias para produzir indução enzimática. Quanto à inibição do metabolismo, os efeitos são observados mais rapidamente assim que o inibidor atinge concentração tecidual suficiente. A excreção renal de fármacos, uma importante via de eliminação, pode ser afetada por interações farmacológicas que viabilizam a inibição de transportadores envolvidos na secreção ativa de certos fármacos nos túbulos renais. Dessa forma, alguns fármacos inibem a glicoproteína P, transportadoras de ânions e/ou cátions orgânicos, o que pode aumentar a concentração sérica do outro fármaco. Entre os inibidores da glicoproteína P, pode-se citar amiodarona, claritromicina, eritromicina, cetoconazol, ritonavir e quinidina. 3 FARMACODINÂMICA A farmacodinâmica estuda como os fármacos atuam no organismo. Essa atuação depende de fatores como a própria estrutura química do fármaco. Os receptores associados à proteína G na superfície das células, por exemplo, de- sencadeiam um processo de transdução de sinal com ativação em cascata de diversos sistemas enzimáticos. FIGURA 12 – COMPOSIÇÃO DOS FÁRMACOS FONTE: <https://bit.ly/38NhnBC>. Acesso em: 24 maio 2022. De acordo com sua ação geral, os fármacos podem ser divididos em espe- cíficos e inespecíficos. Conforme Ribas (2020), os fármacos específicos possuem relação estrutura-atividade, ou seja, a sua estrutura e componentes químicos irão determinar sua ação. Comumente, essa ação é determinada pela sua associação com os receptores. Já os fármacos inespecíficos não possuem essa relação estru- tura-atividade e, normalmente, não agem por intermédio de receptores, e sim por processos químicos como a neutralização do suco gástrico, que ocorre ao ingerir- mos antiácidos. Contudo, o que de fato são esses receptores? https://bit.ly/38NhnBC 39 Os receptores são agentes sensores que têm como grande objetivo, ao se- rem estimulados, a geração de uma alteração celular e a amplificação do efeito, por exemplo, por meio da geração de segundos mensageiros. Cabe salientar que esses receptores podem ser ativados inclusive por substâncias endógenas, além dos fármacos que podem atuar sobre esses receptores. 3.1 MECANISMO DE AÇÃO DOS FÁRMACOS E CLASSES MEDICAMENTOSAS Os receptores são proteínas que, quando ativadas por ligantes, são ca- pazes de produzir tanto respostas muito rápidas, por meio, por exemplo, da transmissão sináptica; quanto respostas lentas; como ativações endócrinas, com hormônios que podem induzir efeitos dentro de horas ou até mesmo dias. Os receptores são divididos em: • Receptores de canais iônicos controlados por ligantes (chamados de receptores ionotrópicos). Eles podem aumentar a permeabilidade de Na+ e K+, levando à despolarização e geração de potencial de ação, ou podem aumentar a permeabilidade ao Cl-, levando à hiperpolarização e inibindo o potencial de ação. Ex.: receptores nicotínicos da acetilcolina, na junção neuromuscular; e o GABA, no Sistema Nervoso Central (SNC). FIGURA 13 – CONTROLE DAS ATIVIDADES FONTE: <https://bit.ly/3sVwdwG>. Acesso em: 2 maio 2022. https://bit.ly/3sVwdwG 40 • Receptores acoplados à proteína G, chamados de receptores metabo- trópicos. Essa proteína tem três subunidades (α, β e γ), que, quando ativadas, se dissociam. A subunidade α se dissocia e fica livre para ativar um alvo efetor – enzima de membrana ou canal iônico. De acordo com Soares (2017), quando um receptor acoplado à proteína G é ativado por uma molécula, ocorre uma mudança conformacional envolvendo o do- mínio citoplasmático do receptor, que faz com que ele adquira uma alta afinidade pela proteína G. A ativação do efetor termina quando ocorre hidrólise da molécula GTP ligada, o que permite que a subunidade α se recombine com β e γ. Ex.: receptor muscarínico da acetilcolina, adrenoreceptores, receptores de neuropeptídeos e de quimiocinas, receptores ativados por protease. • Gαs: ação estimulatória. Estimula a adenilil ciclase, aumentando a for- mação de AMPc. • Gαi: ação inibitória. Inibe a adenilil ciclase, diminuindo a formação de AMPc. • Gα0: seus efeitos devem-se mais à subunidade βγ. • Gαq: ativa fosfolipase C, aumentando a produção dos segundos men- sageiros inositol trifosfato e diacilglicerol. • βγ: ativam canais de potássio e inibem canais de cálcio controlados por voltagem. FIGURA 14 – COMPOSIÇÕES DE INIBIDORES FONTE: <https://bit.ly/3wMh82V>. Acesso em: 2 maio 2022. https://bit.ly/3wMh82V 41 Todos os processos que determinam a farmacocinética – absorção, dis- tribuição, metabolismo/biotransformação e excreção – podem ser afetados por fármacos. Quando um receptor é introduzido em grande volume em pequenas áreas de células, por parte do corpo humano, os fármacos atuam como forma de proteção, gerando os receptores que podem produzir efeitos graves ou, por exemplo, as toxicidades. Neste sentido, eles criam efeitos variados e múltiplos no organismo. Como exemplo, temos a interação medicamentosa dentro do meta- bolismo, que cria sinais de lipídicos e hormonais, modulando a transcrição gênica através dos receptores. Do ponto de vista clínico, essas interações podem ser vantajosas ou des- vantajosas, podendo inclusive ser fatais. Na prática odontológica, alguns fármacos podem provocar interações perigosas, sendo necessário que o cirurgião-dentista siga um caminho terapêutico alternativo. Considerando essa questão, o antago- nismo metabólico é o exemplo clássico de antagonismo, no qual o fármaco e o substrato (metabólito) competem pelos mesmos receptores por serem análogos estruturais, também chamados de antimetabólitos. Dessa forma, o fármaco impe- de que o substrato se ligue à enzima por competição. Na indústria farmacêutica, especialmente no que diz respeito à indústria de medicamentos e na produção, é de extrema importância a presença de um farmacêutico. Nas rotinas diárias das farmácias, os farmacêuticos e os atenden- tes de farmácia precisam estar atentos sobre a divisão dos medicamentos, co- nhecidos também como classes medicamentosas, por serem considerados de grande valia para as patologias. Verificamos que há algumas classificações para identificar os medicamentos, como, por exemplo: os analgésicos, os anticoagulantes, a classe dos antide- pressivos, os anticancerosos; para alguns grupos patológicos específicos, os antiepilépticos, os antipsicóticos, os antivirais e os antibióticos. Estes dois últimos são os mais conhecidos. IMPORTANTE Profissionais da saúde devem estar atentos a todos os procedimentos que envolvam riscos, seguindo rigorosamente as normas de biossegurança em relação à classe dos medicamentos. Seja no preparo de medicamentos citotóxicos ou na comercialização deles, necessita de cuidados especiais, visando sempre a segu- rança do profissional e de seus consumidores. 42 3.2 RELAÇÃO ENTRE ESTRUTURA E ATIVIDADE DOS FÁRMACOS Tanto a afinidade de um fármaco por seu receptor quanto sua atividade intrínseca são determinadas por sua estrutura química. A estrutura química de uma droga também contribui para a sua especificidade. Um fármaco que interage com um único tipo de receptor expresso apenas em um número limitado de células exibirá alta especificidade. 3.3 AGONISTAS E ANTAGONISTAS A ocupação de um receptor por um ligante pode ou não resultar na ativa- ção do receptor. Um agonista é uma molécula que tem a capacidade de se ligar ao seu receptor e induzir uma reação biológica, ativando-o. A atividade mediada pelos agonistas,em especial o agonista pleno ou total, é oposta às desenvolvidas pelo antagonista. Ou seja, o antagonista, quando ligado ao seu receptor, inibe a resposta biológica induzida pelo agonista sem ativá-lo. Na opinião de Oga, Camargo e Batistuzzo (2014), a ligação e ativação repre- sentam duas etapas distintas na geração de resposta mediada por um agonista. A ativação implica que o receptor afetado pela molécula ligada tem seu comporta- mento alterado, induzindo uma resposta tecidual. Quando um agonista ocupa um receptor, ocorrem mudanças conformacionais na proteína receptora, que repre- sentam a base fundamental da ativação do receptor e a primeira das muitas etapas necessárias para produzir uma resposta farmacológica. FIGURA 15 – COMPOSIÇÕES × PESQUISAS FONTE: <https://bit.ly/3lIBjbD>. Acesso em: 2 maio 2022. https://bit.ly/3lIBjbD 43 Um agonista total é um fármaco capaz de produzir a resposta máxima que aquele tecido é capaz de expressar por meio da atividade plena do receptor. O ago- nista parcial, por sua vez, mesmo tendo afinidade e ocupando a proteína receptora, consegue levar a mudanças conformacionais, mas de forma inferior à que o ago- nista pleno faria, tendo, então, uma resposta submáxima. Se uma droga se liga ao receptor sem induzir sua ativação e, assim, impede que o agonista se ligue, esse fármaco é denominado um antagonista. Os fármacos antagonistas são divididos em duas classes: antagonistas reversíveis e antagonistas irreversíveis. Soares (2017) descreve que os antagonistas reversíveis, dependendo se agem competitivamente ou não em relação a um agonista presente ao mesmo tempo, são classificados como antagonistas competitivos ou não competitivos. • Antagonista competitivo: é um fármaco que, quando na presença de uma concentração fixa de agonista, inibe progressivamente a resposta do agonista. Ele é classificado como competitivo, pois tanto o agonista endógeno quanto o antagonista exógeno competem pelo mesmo sítio de ligação do receptor. Altas concentrações desse antagonista impe- dem a resposta do agonista completamente. Como o antagonismo é competitivo, se aumentarmos a concentração do agonista podemos ter um grau de resposta e, assim, a curva de concentração-efeito do ago- nista é deslocada para a direita. Como exemplo, temos naloxona que é superado pelo uso da morfina. • Antagonista não competitivo (ou irreversível): as ações de um antagonista não competitivo são diferentes, porque uma vez que esse fármaco se liga a um receptor, os agonistas não podem superar esse efeito inibitório, independentemente de sua concentração. Nesse caso, o antagonista se liga a um sítio diferente do agonista, não competin- do pelo mesmo local de ligação, mas impedindo a ligação no agonista. Como exemplo, temos verapamil e a nifedipina, que impedem os íons de cálcio através da membrana celular. • Antagonistas irreversíveis: nesses casos, existe a ligação irreversí- vel com o sítio de ligação do receptor ou mesmo de uma proteína re- ceptora. Nesse caso, faz-se necessário que o organismo sintetize um novo receptor, para que ele venha a ter algum efeito. Usualmente essa ligação se dá por ligação covalente e, portanto, irreversível. Os exem- plos clássicos são o ácido acetilsalicílico, que inibe irreversivelmente a cicloxigenase; e o omeprazol, que inibe irreversivelmente a bomba de prótons no estômago. Dependendo da relação entre fármacos dife- rentes, a ação de um pode interferir na ação do outro, e um resultado possível dessa interação medicamentosa é o antagonismo, que pode ocorrer por diversas maneiras. 44 • Antagonismo químico: esse antagonista é uma substância que se liga quimicamente a outra (ao agonista), inativando-a e não a deixando cau- sar seu efeito sobre o receptor e a resposta do organismo. Ex.: agentes quelantes, que reduzem a toxicidade de metais pesados. • Antagonismo farmacocinético: um antagonista que reduz a con- centração do fármaco que irá chegar no sítio de ação, por meio do au- mento da velocidade de degradação metabólica ou da redução da velo- cidade de absorção do fármaco. Ex.: fenobarbital acelera o metabolismo hepático da varfarina. • Bloqueio da relação receptor-ligante: é um bloqueio da resposta do agonista por meio da inibição de algum efetuador na cadeia de eventos ativada pelo agonista. Essa ação leva à diminuição da eficácia e até da potência. Como exemplo, há a insulina. • Antagonismo fisiológico: dois agentes que produzem efeitos fisio- lógicos opostos, quando administrados concomitantemente, acabam tendo seus efeitos anulados um pelo outro. Ex.: a histamina estimula a secreção gástrica e o omeprazol bloqueia esse efeito. Há, também, o sinergismo, caracterizado quando associamos duas subs- tâncias, A e B, por exemplo, em que a substância B aumenta o efeito da substân- cia A. Nesses casos, administra-se doses menores da substância A, obtendo-se o efeito de intensidade padrão, mas reduzindo-se os efeitos colaterais. 45 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Os fármacos são substâncias químicas que, quando aplicadas a um sistema fi- siológico, afetam seu funcionamento de um modo específico. No entanto, para isso acontecer, é necessário que o fármaco passe pela fase farmacêutica, quan- do ocorre a desintegração e dissolução; pela fase farmacocinética, composta pela absorção, distribuição, metabolização e excreção; e pela fase farmacodinâ- mica, que é a fase da ação dos medicamentos. • O processo de desintegração e dissolução da forma farmacêutica é um dos pontos chaves da fase farmacêutica e, consequentemente, da fase farmaco- cinética e farmacodinâmica. Sem desintegração e dissolução adequada, não temos absorção e, se não absorvermos, além de não termos distribuição, me- tabolização e excreção, não temos biodisponibilidade adequada para a ação terapêutica necessária. • Ainda nesse contexto, temos os agonistas inversos, ou seja, os receptores GABA. Seu uso gera um efeito sedativo e são fármacos com capacidade de ligar-se aos receptores constitutivamente ligados, gerando a ativação para o “desligamento”. Nesse caso, esses fármacos possuem afinidade, mas são caracterizados como eficácia negativa. O maior exemplo são os anti-histamínicos, que exercem sua ação como agonistas inversos. • Se, no entanto, um receptor é expresso em alta quantidade numa variedade de células por todo o corpo, os fármacos que atuam neste receptor amplamente expresso exibirão efeitos generalizados. Poderão também produzir efeitos se- cundários graves ou toxicidades, se o receptor desempenhar funções importan- tes e diferentes em múltiplos tecidos. RESUMO DO TÓPICO 2 46 1. A farmacodinâmica cria e define estruturas para os receptores com foco no controle do metabolismo. Acerca do exposto, assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) Grupo de receptores ligados diretamente a proteína G. b. ( ) Os agonistas podem ser reversíveis ou irreversíveis c. ( ) Relação da fração entre os receptores. d. ( ) Os receptores apenas possuem complementaridade química com substâncias endógenas. 2. Diante da suspeita de ocorrência de interação medicamentosa não in- tencional e potencialmente danosa ao paciente, deve-se suspender os fármacos envolvidos. Analise as sentenças a seguir sobre receptores: I. Podem detectar sinais lipídicos e hormonais, modulando a transcrição gênica. II. A ativação desses receptores está principalmente envolvida em eventos que controlam o crescimento e a diferenciação celular, e atuam indiretamente por regulação da transcrição gênica. III. Receptor muscarínico da acetilcolina e receptores de neuropeptí- deos e de quimiocinas são exemplos desse receptor. Assinale a alternativa CORRETA: a. ( ) As sentenças I e II estão corretas. b. ( ) Somente a sentença I está correta. c. ( ) As sentenças I e III estão corretas. d. ( ) Somente a sentença III está correta. AUTOATIVIDADE 47 3. Existe a ligação irreversível com o sítio de ligação do receptor oumesmo de uma proteína receptora. Nesse caso, é necessário que o organismo sintetize um novo receptor para que ele venha a ter algum efeito. Usual- mente, essa ligação se dá por ligação covalente e, portanto, irreversível. Os exemplos clássicos são o ácido acetilsalicílico, que inibe irreversivel- mente a cicloxigenase, e o omeprazol, que inibe irreversivelmente a bom- ba de prótons no estômago. Classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Antagonistas irreversíveis. ( ) Antagonistas não competitivos. ( ) Antagonistas competitivos. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a. ( ) V – F – F. b. ( ) V – F – V. c. ( ) F – V – F. d. ( ) F – F – V. 4. A administração simultânea de dois ou mais fármacos, comum em toda a sociedade, sobretudo na população idosa, que geralmente re- quer tratamento para mais de uma morbidade, pode alterar a respos- ta esperada a determinado tratamento farmacológico. Disserte sobre a importância desta administração. 5. As interações farmacológicas consistem em eventos em que a atividade farmacológica de determinado fármaco sofre alteração pela administra- ção concomitante de outro fármaco. Entre as interações farmacológicas, as interações farmacocinéticas são as mais comuns e podem ocorrer em qualquer etapa da farmacocinética, induzindo ou inibindo o metabolismo de fármacos, retardando sua eliminação, dentre outros. Neste contexto, disserte sobre antagonismo competitivo. 49 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos que vivemos em equilíbrio com o nosso Sistema Nervoso Autônomo (SNA), em sua divisão simpática e em sua divisão parassimpática. No entanto, quando uma dessas subdivisões está exacerbada, como, por exemplo, a simpática, podemos exibir sintomas claros de estresse, taquicardia, au- mento da pressão arterial, dentre outros. Isso pode ser passageiro, mas pode, em alguns casos, se tornar patológico e levar a comprometimentos do sistema. Em contrapartida, a exacerbação do parassimpático também pode ser igualmente danosa, levando a sintomas como suor e salivação excessivos, fascicu- lação muscular – evoluindo para paralisia flácida –, além de depressão e sintomas como diarreia, bradicardia e broncoconstrição. De qualquer forma, podemos controlar esses sintomas ou a exacerbação deles por meio do uso de medicamentos que atuam nesse sistema. Nesse cenário, surge um questionamento: quais são esses fármacos e como eles podem auxiliar na melhoria da qualidade de vida de pacientes que exibem sin- tomas relacionados ao Sistema Nervoso Autônomo (SNA)? 2 A FARMACOLOGIA APLICADA AO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO De acordo com Oga, Camargo e Batistuzzo (2014, p. 65), [...] um exemplo é o relaxamento da musculatura lisa vascular, diminui- ção da geração de força miocárdica, diminuição da frequência cardíaca e diminuição da velocidade de condução no coração, que atua no pa- pel anti-hipertensor dos bloqueadores de canais de cálcio. Por exemplo, quando as propriedades farmacológicas e aplicações terapêuticas da heparina e seus derivados são aplicadas, reagem a uma ligação Hepa- rina – Antitrombina produz uma alteração conformacional, reduzindo a ligação e inativação de antitrombina dos fatores de coagulação, benefi- ciando a ação pró-coagulante. FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO TÓPICO 3 50 ATENÇÃO Um grande número de compostos pode causar toxicidade no sistema ner- voso por meio de mecanismos de estruturas diferentes, como o neurônio, o axônio, a célula mielinizada ou o sistema neurotransmissor. Os agentes vasodilatadores podem induzir aumento da frequência cardíaca. Por esse motivo, a associação de outras classes, como os β-bloqueadores, pode evitar a reação adversa. Os toxicantes que afetam os neurônios resultam em neuropatias tóxicas. Em geral, essas substâncias causam a diminuição permanente dos neurônios por meio de mecanismos de morte celular, como apoptose e necrose. A doxorrubi- cina (adriamicina) é um fármaco que pode lesar os neurônios do Sistema Nervo- so Periférico (SNP), devido à sua capacidade de intercalar as moléculas de DNA, interferindo na sua transcrição. Ambos agem em seus receptores específicos, conhecidos como nicotínico e muscarínicos na subdivisão parassimpática; e alfa e beta na subdivisão simpática. FIGURA 16 – APLICABILIDADE NO SISTEMA NERVOSO FONTE: <https://bit.ly/3NzLY4u>. Acesso em: 2 maio 2022. https://bit.ly/3NzLY4u 51 2.1 COMPOSTOS AGONISTAS E ANTAGONISTAS MUSCARÍNICOS O neurotransmissor acetilcolina (ACh) atua em diferentes tipos de recep- tores: nicotínicos e muscarínicos. Esses receptores são diferenciados quanto ao tipo de neurônio envolvido, quanto à localização do receptor nos tecidos e quanto ao mecanismo de ação. Na periferia, os receptores muscarínicos mediam as ações muscarínicas clássicas da ACh em órgãos e tecidos inervados pelos nervos pa- rassimpáticos. A ativação desses receptores promove a modulação das funções cardíacas e a constrição das vias respiratórias (brônquios e bronquíolos). 2.2 ESTRUTURA E FUNÇÃO DOS RECEPTORES COLINÉRGICOS MUSCARÍNICOS Geneticamente, são diferenciados em cinco subtipos de receptores musca- rínicos: M1, M2, M3, M4 e M5. No entanto, apenas os receptores M1, M2 e M3 foram funcionalmente caracterizados. Na visão de Soares (2017), os subtipos M1, M3 e M5 são acoplados à proteína Gq/G11 e estimulam a enzima fosfolipase C (PLC), que, ao ser hidrolisada, terá como produto final o inositol trifosfato (IP3) e o diacilglicerol (DAG). O IP3 irá promover a liberação de Ca+2 do retículo endoplasmático e o DAG ativará a proteína cinase C (PKC), consequentemente levando à ativação de substratos celulares sensíveis ao Ca+2 e a PKC. A ativação de M1, M3 e M5 também pode causar a ativação da enzima fosfolipase A2 (PLA2), promovendo a liberação de ácido araquidônico e, consequentemente, a síntese de eicosanoides envolvidos no processo inflamatório. Esses efeitos geralmente são secundários ao aumento de Ca+2 intracelular. Por exemplo, os receptores M2 e M4 são acoplados à proteína Gi inibitória e G0, resultando na inibição da enzima adenilato ciclase, na consequente redu- ção de AMPc intracelular, na ativação de canais de K+ e na inibição de canais de Ca+2 dependentes de voltagem. Isso causa hiperpolarização da membrana e as consequências dessa hiperpolarização são os efeitos cronotrópicos e ionotrópicos negativos da ACh no miocárdio. 52 FIGURA 17 – ATUAÇÃO NO SISTEMA NERVOSO FONTE: <https://bit.ly/3wNRcmm>. Acesso em: 2 maio 2022. Os cinco subtipos são expressos nos neurônios, no entanto, também estão lo- calizados em diferentes tecidos. Receptores M1 são encontrados nas células parietais gástricas e nervos entéricos; M2, nas células cardíacas e nos músculos lisos; M3, na bexiga, nas glândulas exócrinas e no músculo liso; e M4 e M5, principalmente no SNC. 2.3 EFEITOS FARMACOLÓGICOS DA ACETILCOLINA Os efeitos fisiológicos da ACh são resultados da sua liberação dos terminais nervosos pré-sinápticos e da ligação aos receptores colinérgicos. Os receptores M1 localizados no Sistema Nervoso Central (SNC) são expressos no córtex cere- bral, hipocampo e estriado, e promovem aumento da função cognitiva (aprendi- zado e memória) e da atividade convulsiva e redução da liberação de dopamina e da locomoção. São relevantes terapeuticamente para o tratamento da doença de Alzheimer, de esquizofrenia e de disfunções cognitivas. Receptores localizados na mucosa gástrica estão envolvidos na secreção ácida do estômago. Os receptores M2 estão, em grande quantidade, no músculo cardíaco e nas terminações pré-sinápticas de neurônios centrais e periféricos. Exercem efeito ne- gativo sobre as funções cardíacas, reduzindo a frequência e a força de contração. Esses receptores também são expressos na musculatura lisa, promovendo aumen- to da contração. A nível central, estão localizados principalmente no córtex, no hi- pocampo, no estriado e no tálamo, sendo a inibição neural