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Recurso Inominado em Juizado Especial

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RELATÓRIO
Aluno: Matheus Batista Miranda
Processo nº: 1577/08 (recurso inominado).
Recorrente: Edilson Ferreira Nunes
Advogado: Dr. Orlando Dias de Arruda e outros.
Recorrido: Bradesco seguros S/A
Advogado: Dr. Jacó Carlos Silva Coelho e outros.
O recurso ora descrito foi autuado em 30 de maio de 2008, na secretaria da 1ª turma recursal do Estado de Tocantins, possuindo como objeto a ação de indenização por invalidez do seguro DPVAT, autuado em 13 de abril de 2007, possuindo como valor da causa R$ 15.200,00, sob o argumento de que o requerente sofreu acidente automobilístico que acarretou deformidade permanente na perna esquerda e que, embora tenha realizado diversos gastos, só consegue fazer prova do valor de R$ 182,60.
O ora requerente usou como argumento que a legislação não delineia contornos objetivos dos critérios de pagamento da indenização, em caso de invalidez. 
Todavia, requereu o valor de equivalente a 40 salários mínimos devido a gravidade dos resultados do acidente já que não poderá retornar ao trabalho.
Como uma das provas, foi juntado o extrato de ocorrência do acidente, confeccionado pela polícia militar, bem como o relatório do exame de corpo de delito, o qual concluiu pela existência de cicatrizes deformantes de joelho esquerdo e terço superior de perna esquerda decorrentes de trauma por instrumento contundente.
Em abril de 2007 foi marcada audiência UNA para tentativa de conciliação usando-se como base a lei 9.099/95 a qual não logrou êxito. No dia 03 de maio de 2007 houve audiência de instrução, na qual buscou-se novamente a conciliação, que, todavia, não mostrou-se possível. 
Na referida audiência, a parte passiva alegou insuficiência de provas, bem como prescrição do pedido (mesmos argumentos traídos em contestação). O juiz optou por apreciar, a posteriori, a alegação de prescrição. 
O autor reafirmou que sofrera acidente do qual resultou em rompimento do ligamento do joelho e que, embora realize atividades cotidianas, não consegue executar atividades que exijam força. 
Os autos retornaram conclusos para sentença e em 06 de março de 2007 o juiz julgou limprocedentes os pedidos, sob o argumento de que não existem provas suficientes de que há uma invalidez e determinou o pagamento, acrescidos de juros e mora, dos valores comprovadamente gastos.
Da sentença foi apresentado recurso inominado buscando-se reforma parcial da sentença sob o argumento de que o autor sofrera acidente e foi lesionado e ficado definitivamente invalido, mas que, o juízo a que apenas determinou o pagamento das despesas médicas, por não reconhecer a comprovação de invalidez, mesmo que haja um laudo pericial nesse sentido.
Em contrarrazões, foi requerido que a decisão de 1º grau fosse mantida. 
Houve remessa dos autos para a segunda turma recursal em 19 de maio de 2008, sendo o feito distribuído para o Relator José Ribamar Mendes Junior.
Em voto, foi exposto que a sentença monocrática devia ser mantida porque o laudo do exame de corpo delito demonstra, inequivocamente, que as lesões não causaram debilidade, perda ou inutilização de membro e nem incapacidade para o trabalho, sendo, então, o recurso conhecido, mas negado provimento e que a parte recorrente arque com 20% do valor da condenação.
Em 07/11/2008 foi protocolado pedido de cumprimento de sentença, valor esse que fora depositado em 26/11/2008. 
Os autos foram arquivados, porém as contas da Ré ficaram bloqueadas e, 2009 foram requeridos o desbloqueio das mesmas, sendo, em 2010, a execução declarada extinta e determinada o desbloqueio das referidas contas.
ANÁLISE
O recurso inominado é um tipo de recurso reservado aos juizados especiais de todas as instâncias: estadual e federal, sendo, assim, o recurso interposto contra sentença proferida por juizado especial. 
A denominação dada a esse recurso deve-se ao fato de o legislador não ter dado um nome específico nem no novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015) nem na lei específica do juizado especial. 
Os artigos 41 a 43 da Lei 9.099/1995 estabelecem as regras para o recurso contra as decisões dos juízes do Juizado Especial na Área Cível, que define as funções do Juizado Especial.
Vale ressalvar que, o artigo 76 da Lei nº 9.099/95 dispõe que cabe recurso contra sentença que aplique pena restritiva de direito ou multa. Portanto, neste ponto, as diferenças relativas aos processos cíveis especiais são consideradas diversas.
Nos termos do artigo 42 da Lei 9.099/1995, os recursos inominados devem ser interpostos mediante petições escritas contra a sentença do Tribunal Extraordinário. 
Além disso, o artigo 42 da Lei dos Juizados Especiais estabelece que o prazo para o interessado interpor recurso anônimo é de 10 dias, contados da data em que a parte conhece a sentença.
Nesse contexto, resta evidente que no caso descrito, o recurso inominado foi perfeitamente cabível, embora tenha sido interposto fora do prazo legal.
Seguindo, tem-se que, o objeto da ação, foi a indenização a ser paga mediante o seguro DPVAT, que, por sua vez, refere-se ao ressarcimento de lesões corporais a vítimas de acidentes de trânsito que ocorram entre o primeiro e o último dia do ano, podendo, ainda, ser pago, em caso de morte ou invalidez permanente, sendo, os valores máximos, analisados por uma tabela. 
Ademais se tem o valor da causa é o valor económico atribuível ao litígio. Como tal, representa o potencial benefício financeiro do caso, que, em última análise, reverte para as partes do processo. 
Vale expor que, o valor atribuído ao processo deve corresponder à soma das reivindicações, ainda que o valor do dano moral seja uma estimativa e não vinculativo para o magistrado (artigo 259, inciso II do Código de Processo Civil).
	No caso analisado, as despesas médicas comprovadas foram devidamente pagas, todavia, o valor que seria válido no caso de invalidez permanente não foi pago sob o argumento de que não foi comprovada a lesão permanente.
	A defesa, para argumentar o pedido, fez uso da conclusão do laudo de corpo de delito que afirmou a “existência de cicatrizes deformantes de joelho esquerdo e terço superior de perna esquerda decorrentes de trauma por instrumento contundente.”.
	Sobre esse quesito, há concordância na decisão do juízo. 
O laudo não especifica a existência de lesões definitivas, sendo, então, evidenciado que a defesa falou quando da produção de provas, já que, conforme ensina o art. 373,I do CPC, ônus da parte autora comprovar seu direito, conforme também dispõe a jurisprudência: 03004400220188240016.

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