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História 2o bimestre ‒ Aula 10 Ensino Fundamental: Anos Finais Resistências ao colonialismo na África ● O colonialismo na África e as suas consequências; ● Nacionalismos africanos. ● Compreender o advento dos nacionalismos na África e suas consequências para entender questões contemporâneas. A. Observando os mapas da África, de 1880 e de 1913, é possível perceber diferenças entre eles? Por que o mapa de 1913 está mais colorido? Para verificar se vocês compreenderam o que foi trabalhado na aula anterior, a partir do questionamento proposto, virem e conversem com seus colegas: A. Observando os mapas da África, de 1880 e de 1913, é possível perceber diferenças entre eles? Por que o mapa de 1913 está mais colorido? Resposta esperada: Em 1880, a maior parte da África ainda não havia sido colonizada por potências europeias. Por isso, o mapa da época mostra apenas as fronteiras de alguns domínios litorâneos europeus, possessões do Império Otomano, e reinos, impérios e nações africanas. Com a partilha estabelecida na Conferência de Berlim, outras regiões do continente africano passaram a ser colonizadas pelos europeus. Em 1913, a maioria dos territórios africanos estava sob o domínio colonial, e o mapa desse período mostra as diferentes áreas de controle das potências coloniais. Correção Para entender melhor esse processo histórico, vamos assistir ao trecho de um vídeo em que as professoras e pesquisadoras de História da África Kelly Cristina de Oliveira Araújo, Sylvia Xavier e Leila Leite Hernandez comentam os impactos desse período para os africanos. A partilha da África Trecho de "A Partilha da África" - EJA Mundo do Trabalho https://youtu.be/81aC26rtO38 https://youtu.be/81aC26rtO38 Após ter analisado o que foi falado no vídeo, de surpresa, seu professor escolherá representantes para responder aos seguintes questionamentos sobre as consequências da partilha da África: A. A chamada partilha da África foi um processo pacífico ou houve resistência dos povos africanos? B. Quais foram as consequências históricas desse processo para os africanos? De surpresa! A. A chamada partilha da África foi um processo pacífico ou houve resistência dos povos africanos? Resposta esperada: A partilha da África não foi um processo pacífico. Houve resistência sistemática por parte dos povos africanos contra os processos de colonização europeia. Isso se manifestou por meio de revoltas e de conflitos armados contra as forças coloniais. Correção B. Quais foram as consequências históricas desse processo para os africanos? Resposta esperada: As consequências históricas da partilha da África foram vastas e duradouras. Elas incluem a exploração econômica dos recursos naturais africanos pelas potências capitalistas, até hoje, a imposição de sistemas políticos e sociais estrangeiros, que desconsideraram a História e as culturas locais, a fragmentação de identidades étnicas e culturais, a supressão de línguas e de práticas tradicionais, além do legado de desigualdades e de instabilidade política que persiste atualmente. Correção Resistência • Na metade final do século XIX, os europeus se apossaram de grandes porções da África e subjugaram seus povos. A dominação europeia nesse continente caracterizou-se pelo uso da violência; • Foram comuns práticas como o confisco de terras, a cobrança de impostos abusivos e os atos racistas, oprimindo os africanos em sua própria terra. • A ocupação europeia na África encontrou resistência por parte das sociedades africanas. Esses movimentos de resistência eram sistemáticos e organizados; • Embora os europeus tenham conseguido conquistar diversos territórios, devido ao uso de suas tecnologias bélicas e de comunicação, a resistência desses povos permeou essa série de conflitos que tentou impedir o processo de colonização europeu. * ALGUNS MOVIMENTOS DE RESISTÊNCIA AFRICANOS: Egito Sudão Líbia Liderado pelo coronel Ahmad Urabi, teve início na década de 1880. O governo estava alinhado aos interesses do Império Otomano. Representantes do exército encabeçaram um movimento em busca da libertação do Egito. O Mahdiyya foi uma revolta liderada por Muhammad Ahmad, no Sudão, entre 1881 e 1899. O movimento era visto como uma jihad (guerra santa) contra a dominação egípcia e britânica na região. Em 1911, a Itália invadiu a Líbia, que na época estava sob o domínio do Império Otomano. Os italianos encontraram uma resistência local significativa. O período marcou o início do domínio colonial italiano sobre a Líbia, que durou até o fim da Segunda Guerra Mundial, Costa do Ouro (atual Gana) Madagascar África Oriental Alemã (atual Tanzânia) A Rebelião Ashanti ocorreu entre 1900 e 1901, em resposta à tentativa de expansão britânica. Os Ashanti resistiram aos esforços britânicos de subjugar seu reino e impor o domínio colonial. Madagascar perdeu sua soberania para a França, a partir de 1883. Houve uma série de levantes e de atos de resistência contra a colonização francesa por parte dos malgaxes, que durou cerca de dez anos. A Revolta de Maji-Maji ocorreu entre 1905 e 1907, na região sob o domínio do Império Alemão. Comandada por Kinjikitile Ngwale, líder da religião bantu, a revolta envolveu várias etnias locais, em resposta às políticas opressivas de exploração. O nome da revolta se deve à crença de que fontes de água sagradas (Maji) tornariam os rebeldes invulneráveis. • Nos trinta anos que se seguiram após o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, grande parte dos territórios africanos sob influência colonial europeia conseguiu sua independência; • Diferentes movimentos nacionalistas enfrentaram desafios particulares em seus processos de independência, tendo sofrido resistência das potências coloniais, que não queriam perder o controle sobre seus territórios e recursos; • Os processos de independência envolveram negociações e lutas. Neste contexto, alguns movimentos tiveram que recorrer à resistência armada. Descolonização • Protestos e mobilizações internas acarretaram a perda de poder e de prestígio dos países europeus; • Os principais fatores que motivaram as mobilizações pela independência dos povos africanos foram: • a resistência sistemática dos africanos pela independência de seus países; • o enfraquecimento das potências colonialistas europeias, devido às perdas sofridas durante as duas grandes guerras, pois os europeus passaram a canalizar seus esforços para a reconstrução de seus países; • a influência de movimentos como o pan-africanismo e a negritude. * Alguns líderes dos processos de descolonização Kwame Nkrumah Gana Foi uma figura essencial para a história de Gana. Kwame Nkrumah foi o primeiro presidente do país, depois que Gana conquistou sua independência da Grã-Bretanha, em 1957. Ele foi influenciado pelos ideais do pan-africanismo, e lutou para que seu país se desenvolvesse e se tornasse um exemplo para outras nações africanas. Patrice Lumumba Selo postal soviético de 1961, com retrato de LumumbaCongo Foi uma figura crucial na luta pela independência do Congo, tornando-se primeiro-ministro após a independência, em 1960. Ele defendeu a unidade nacional e a proteção dos recursos do país, mas foi tragicamente assassinado devido a conflitos internos. Amílcar Cabral Guiné-Bissau e Cabo Verde Amílcar Cabral liderou a luta pela independência de Guiné-Bissau e de Cabo Verde, durante a década de 1960. Cabral defendia a luta armada como meio de alcançar a liberdade e a dignidade de seu povo, e suas ideias influenciaram movimentos de libertação em toda a África. Ele foi assassinado em 1973, antes de testemunhar a independência total de Guiné-Bissau e de Cabo Verde, que foi alcançadaem 1974, após uma longa guerra. • Foi um movimento político-ideológico, surgido entre o final do século XIX e o início do século XX, que visava transformar a situação dos africanos e de seus descendentes; • Intelectuais negros reinterpretaram o conceito de raça, ao formular o projeto político e cultural pan-africanista. Para eles, a raça seria um fator que uniria e que faria parte da identidade dos povos africanos; • Dentre os princípios fundamentais do pan-africanismo, destaca-se a defesa da unidade, da justiça, da igualdade, da solidariedade e do direito de autodeterminação dos africanos. Pan-africanismo • Um dos principais nomes associados ao início do pan-africanismo é Henry Sylvester Williams, um advogado e ativista que organizou o Primeiro Congresso Pan-africano, em 1900; Solo silencioso • Outro nome que merece destaque é o do ganês Kwame Nkrumah. Nkrumah contribuiu com o surgimento da Organização da Unidade Africana (OUA), em 1963, que mais tarde se transformaria na União Africana (UA). “O pan-africanismo é uma teoria libertária que procura a unidade e a autonomia dos povos africanos e afrodescendentes e o combate à desumanização imposta pelos sistemas coloniais e escravistas às populações negras do mundo, compreendendo a população negra como parte de uma identidade cultural, política, econômica e social de povos que vivem ou são originários do continente africano.” SILVA, R. A.; JÚNIOR, H.C. Mandela, líder maior de uma geração de Panafricanismo Libertário. p. 58 e 59. “Durante séculos, os europeus dominaram o continente africano, o homem branco se arrogou o direito de governar e ser obedecido pelos não brancos; sua missão, dizia ele, era "civilizar" a África. Sob esse manto, os europeus roubaram o continente de vastas riquezas e infligiram sofrimentos inimagináveis ao povo africano”. NKRUMAH, K. Eu falo da liberdade: uma declaração de ideologia africana. Apud: MANOEL, J.; LANDI,G. (orgs.). Revolução Africana: uma antologia do pensamento marxista. p. 108. • Foi um movimento político-literário, nascido nos anos 1930, que contribuiu com ideias que alimentaram a insurgência de movimentos nacionalistas na África; • Defendia a valorização da cultura dos povos africanos e rejeitava radicalmente a dominação colonialista; Negritude • A ideia central do movimento era de que os africanos e seus descendentes tinham um patrimônio cultural comum, e deveriam estabelecer trocas culturais. • Entre seus principais representantes, é possível citar o senegalês Léopold Senghor, que se tornou o primeiro presidente do Senegal, em 1960, e Aimé Césaire da Martinica, ambos escritores e poetas. Vamos assistir a um vídeo sobre a vida de Léopold Senghor. DW - Léopold Senghor: o primeiro Presidente do Senegal https://youtu.be/U7l2ALU_3f0?si=FtPClOwvJSn6w6jI https://youtu.be/U7l2ALU_3f0?si=FtPClOwvJSn6w6jI Dividam-se em grupo de até cinco pessoas! Nos grupos, identifiquem as principais ideias dos movimentos pan- africanismo e negritude. Após a discussão, elaborem uma frase concisa que resuma essas ideias. Cada grupo deverá compartilhar sua frase com a turma, explicando o raciocínio por trás dela. A arte da frase! ● Entendemos que a chamada partilha da África foi um processo marcado por resistência dos povos africanos contra a colonização europeia; ● Aprendemos que os movimentos político-ideológicos pan-africanismo e negritude buscavam a unidade, a autonomia e a valorização das identidades africanas. HOBSBAWM, E. J. A era dos impérios. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. HERNANDEZ, L. L. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005. LEMOV, D. Aula nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Porto Alegre: Penso, 2023. MANOEL, J.; LANDI, G. (orgs.) Revolução africana: uma antologia do pensamento marxista. São Paulo: Autonomia Literária, 2019. SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo em Ação, 2023. 9o ano – Ensino Fundamental: Anos Finais, v. 1. SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo Paulista, 2019. SILVA, R. A.; JÚNIOR, H.C. Mandela líder maior de uma geração de pan-africanismo libertário. In: Ciência e luta de classes digital, ano I, v. 1, n. 1. Lista de imagens e vídeos Slide 3 ‒ Wikimedia Commons. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Scramble-for- Africa-1880-1913.png. Acesso em: 18 mar. 2024. Slide 5 ‒ MATERIAL DIGITAL _HISTÓRIA. Trecho de "A Partilha da África" - EJA Mundo do Trabalho. Disponível em: https://youtu.be/81aC26rtO38. Acesso em: 18 mar. 2024. Slide 9 ‒ Wikimedia Commons. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Leopoldo_II_da_B%C3%A9lgica#/media/Ficheiro:Punch_congo_rubber_ca rtoon.jpg. Acesso em: 18 mar. 2024. Slide 10 ‒ Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Maji_Maji_Rebellion?uselang=de#/media/File:Maji_Maji_ Warriors.jpg. Acesso em: 18 mar. 2024. Slide 15 ‒ Wikimedia Commons. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4a/African_nations_order_of_independence_1950- 1993.gif. Acesso em: 18 mar. 2024. https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Scramble-for-Africa-1880-1913.png https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Scramble-for-Africa-1880-1913.png https://youtu.be/81aC26rtO38 https://pt.wikipedia.org/wiki/Leopoldo_II_da_B%C3%A9lgica#/media/Ficheiro:Punch_congo_rubber_cartoon.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/Leopoldo_II_da_B%C3%A9lgica#/media/Ficheiro:Punch_congo_rubber_cartoon.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Maji_Maji_Rebellion?uselang=de#/media/File:Maji_Maji_Warriors.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Maji_Maji_Rebellion?uselang=de#/media/File:Maji_Maji_Warriors.jpg https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4a/African_nations_order_of_independence_1950-1993.gif https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4a/African_nations_order_of_independence_1950-1993.gif Lista de imagens e vídeos Slide 16 ‒ Wikimedia Commons. Disponível em: https://de.wikipedia.org/wiki/Kwame_Nkrumah#/media/Datei:The_National_Archives_UK_-_CO_1069- 50-1.jpg. Acesso em: 18 mar. 2024. Slide 17 ‒ Wikimedia Commons. Disponível em: https://de.wikipedia.org/wiki/Patrice_Lumumba#/media/Datei:The_Soviet_Union_1961_CPA_2576_sta mp_(The_Struggle_for_the_Liberation_of_Africa._Lumumba_(_1925-1961_),_premier_of_Congo).jpg. Acesso em: 18 mar. 2023. Slide 18 ‒ Wikimedia Commons. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Am%C3%ADlcar_Cabral#/media/File:Cabral_2.png. Acesso em: 19 mar. 2024. Slide 19 ‒ Wikimedia Commons. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Associa%C3%A7%C3%A3o_Universal_para_o_Progresso_Negro#/media/ Ficheiro:Flag_of_the_UNIA.svg. Acesso em: 18 mar. 2024. https://de.wikipedia.org/wiki/Kwame_Nkrumah#/media/Datei:The_National_Archives_UK_-_CO_1069-50-1.jpg https://de.wikipedia.org/wiki/Kwame_Nkrumah#/media/Datei:The_National_Archives_UK_-_CO_1069-50-1.jpg https://de.wikipedia.org/wiki/Patrice_Lumumba/media/Datei:The_Soviet_Union_1961_CPA_2576_stamp_(The_Struggle_for_the_Liberation_of_Africa._Lumumba_(_1925-1961_),_premier_of_Congo).jpg https://de.wikipedia.org/wiki/Patrice_Lumumba/media/Datei:The_Soviet_Union_1961_CPA_2576_stamp_(The_Struggle_for_the_Liberation_of_Africa._Lumumba_(_1925-1961_),_premier_of_Congo).jpg https://en.wikipedia.org/wiki/Am%C3%ADlcar_Cabral#/media/File:Cabral_2.png https://pt.wikipedia.org/wiki/Associa%C3%A7%C3%A3o_Universal_para_o_Progresso_Negro#/media/Ficheiro:Flag_of_the_UNIA.svg Lista de imagens e vídeos Slide 22 ‒ Wikimedia Commons. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/af/L%27Etudiant_noir_issue_01.png. Acesso em: 18 mar. 2023. Slide 23 ‒ DW PORTUGUÊS PARA ÁFRICA. Léopold Senghor: o primeiro Presidente do Senegal. Disponível em: https://youtu.be/U7l2ALU_3f0?si=FtPClOwvJSn6w6jI. Acesso em: 18 mar. 2024. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/af/L%27Etudiant_noir_issue_01.pnghttps://youtu.be/U7l2ALU_3f0?si=FtPClOwvJSn6w6jI Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4: Correção Slide 5: A partilha da África Slide 6 Slide 7: Correção Slide 8: Correção Slide 9: Resistência Slide 10 Slide 11: * ALGUNS MOVIMENTOS DE RESISTÊNCIA AFRICANOS: Slide 12 Slide 13: Descolonização Slide 14 Slide 15 Slide 16: * Alguns líderes dos processos de descolonização Slide 17 Slide 18 Slide 19: Pan-africanismo Slide 20 Slide 21 Slide 22: Negritude Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30