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Geografia Médica: Saúde e Meio Ambiente

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Referencia Bibliográfica
 OMBE, Zacarias & FENHANE, João. Geografia Medica, MICOA e autores 2003
Geografia Medica
- Saúde
Nesta obra os autores pretendem estabelecer uma estreita ligação entre a saúde e o meio ambiente.
É pelo conhecimento da relação entre a geografia e a medicina que eles decidem expor suas ideias naquela obra, segundo Ombe e Fenhane a geografia é sem duvida a disciplina ideal para esclarecer os fluxos de doença pelo mundo , a probabilidade de propagação de determinadas doenças em função das condições do meio ambiente ou de outros factores relacionados a ela como os casos de fluxos de populacionais, estrutura e rede de transportes, actividades económicas, e outos.
Importa salientar que apesar da geográfica ter dois ramos: a geografia física e económica, os geógrafos Ombe e Fenhane restringem-se apenas na relação da Medicina e a geografia física.
“Desde tempos remotos que os homens constataram existirem regiões não favoráveis a saúde. No seculo XIX exploradores descobriram e descreveram muitos destes sítios. Entretanto, os médicos também chegaram a conclusão, a partir de uma determinada altura, que para prevenir certas doenças não bastava apenas a sua descrição mas que era preciso saber em que partes do globo terrestre apareceram e desenvolveram-se determinados tipos de doenças e porquê.” (Ombe & Fenhane: p.7)
Ora à partir deste pequeno exemplo podemos concluir que a geografia e a medicina estão meramente ligadas, pois a geografia fornece a medicina conhecimentos que os mesmos podem ser usados para solucionar certos problemas ou seja ajuda-lhes a entender como é que os fenómenos geográficos regem a acçao do homem.
Os autores dizem ainda que os problemas territoriais da saúde publica estão ligados a distribuição racional da rede sanitária, ao saneamento do meio do meio, ao reconhecimento de focos naturais de doenças e a epidemiologia, e que num território vasto como Moçambique as tarefas ou a necessidade da geografia medica é fundamental.
“Condições físico-geográficas ou condições naturais constituem um conjunto de fenómenos característicos e forcas da natureza que exercem influência de maneira favorável ou desfavorável sobre a vida económica, social e cultural da população”. (Ombe & Fenhane: p.8)
Apesar de grande parte da informação das relações doença/ambiente provir de indivíduos que não são geógrafos, a sua contribuição é extremamente importante para o estudo das relações espaço/saúde. 
Ombe e Fenhane recorrem ainda a HIPOCRATES, para enfatizar mais o seu ponto de vista:
“Quem desejar investigar devidamente a medicina devera proceder desta maneira (...) Quando chegar a uma cidade desconhecida examinara a sua situação geográfica, como se orienta o vento, e averiguara a água que consomem os seus habitantes (…) Se se inteira destes detalhes, saberá com segurança quais as enfermidades peculiares do lugar.” Pág. 9.
A ligação entre o espaço geográfico e as doenças é bem notória. Por exemplo a malária é uma doença tropical também conhecida por febre palustre. 
Os autores dizem que o objecto de estudo da geografia moderna são as condições do meio geográfico que directa ou indirectamente influencia na saúde do homem. Entre tais objectos podemos destacar o clima, as aguas e a sua drenagem, os solos, os seres vivos, as condições socioeconómicas, socio culturais e socio-políticas do homem, os resultados da acçao do homem e as formas de gestão do ambiente. 
A geografia médica estuda as características do meio que são tradicionais na geografia e na medicina dos quais se destacam o método de observação directa e indirecta, o método cartográfico, o método estatístico e laboratorial.
E com a existência de ciências ou disciplinas medicas especificas tais como a epidemiologia, a higiene social, tornou-se necessária a comparação de tais conhecimentos aos métodos geográficos e a zonagem geográfica.
Segundo Ombe e Fenhane, utilizando a cartografia medica é possível por exemplo estabelecer uma ligação entre a geografia e a medicina e fazer prognósticos de ocorrências de problemas de saúde no futuro através da extrapolação de dados obtidos de territórios semelhantes ao estudado. Assim, é possível elaborar cartas de previsão das dificuldades de adaptação das pessoas a novos meios e prevenir o leque de doenças características de cada região.
“Utilizando métodos médicos e geográficos foi possível por exemplo, descobrir que o linfossarcoma de Burkit situa-se entre os paralelos 15º ambos os lados do equador no continente africano e para a parte oriental da Nova Guine ) (Ombe & Fenhane op.cit. TCHUKLIN, 1986).
Segundo TCHUKLIN, 1986 considera-se que as condições optimas para a vida encontram-se nas temperaturas de 18ºC a 21ºC e 40 a 60% de humidade relativa do ar. 
E sabendo que a temperatura normal de um individuo é de 36-37ºC, importa salientar que algumas pessoas têm organismos frágeis a determinados tipos de climas ou temperatura, isso em função da localização do mesmo, logo podemos dizer que a geografia é fundamental para explicar certas enfermidades. Por exemplo o estado de tempo pode causar ou influenciar nas doenças psíquicas podendo as crises coincidir com as mudanças fortes de estado de tempo. O tempo chuvoso e fortemente nublado pode provocar depressões emocionais. As informações sobre o estado de tempo são importantes para a planificação da efectuação de intervenções cirúrgicos. Cada tipo de clima possui um leque característico de enfermidades. Nas zonas desérticas são frequentes as alucinações, fraquezas ligadas ao ar quente e seco e elevada luminosidade, enquanto que em regiões régios quentes e húmidas as elevadas temperaturas e humidade podem provocar estados de fadiga e a apatia.
Constatou-se ainda que algumas doenças como a malaria atingem o seu pico durante a estacão quente e húmida com o aumento da reprodução dos mosquitos, vectores os potenciais agentes desta doença.
Os autores destacam a agua também como remedio de algumas doenças dando exemplos das aguas termominerais existentes na Beira, Chimoio, Tete, Zambezia Nampula e Niassa, a influencia orográfica na saúde. Eles falam ainda da relação entre a geografia medica e o turismo, afirmando que as condições naturais favoráveis ao turismo e recreação são geralmente saudáveis.
“…Nos climas quentes por exemplo os turistas são atraídos pelos micro climas onde as temperaturas são moderadas como na faixa costeira e nas regiões de altitudes pronunciadas. Mesmo em regiões frias, o mar possui sempre um clima mais moderado e são do as regiões inferiores.” (Ombe & Fenhane, p.37)
 Nas regiões de muitas florestas podem ser regiões óptimas para a habitação - “As florestas por exemplo quando sobre elas se tomarem certas precauções, podem se transformar em sítios importantes para o descanso .São isoladoras do calor e muitas arvores exalam substancias que contribuem para a morte dos organismos e microrganismos patogénicos (Ombe & Fenhane opcit. TCHUKLIN, 1986). A questão da continentalidade também deve ser levada muito a serio pois o contacto com o mar é benéfico, não só devido a acção das próprias aguas na eliminação de microrganismos patogénicos mas também porque os mares não poluídos estão livres de muitos dos microrganismos nocivos que na agua doce.
Referencias Bibliográficas
1. FENHANE, J. B. H. (1999), A Problemática da agua e a mortalidade infanto-juvenil na cidade da Beira (Trabalho de Diploma, ISP, Maputo, 62p.
2. LOBAN, K. Palozok, R. (1989), o paludismo, editora Mir, Moscovo, 227p.
3. FERNANDES, A. M., (1975) Riqueza hidrológica de Moçambique, Centro de Informaçao e Turismo de Moçambique, Lourenço Marques, 15p.
4. Holmberg, J. (1991), Poverty, environment and development Proposits for actions, SIDA, London 58p.
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