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DIREITO AMBIENTAL E ECONÔMICO

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UNIDADE
4
DIREITO AMBIENTAL 
E ECONÔMICO
CAPÍTULO
7
DESENVOLVIMENTO 
ECONÔMICO SUSTENTÁVEL 
E O DIREITO AMBIENTAL 
ECONÔMICO
–DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO SUSTENTÁVEL–
146
O conceito de desenvolvimento econômico faz surgir 
a necessidade do direito do desenvolvimento sustentável, 
ou direito econômico ambiental, que regulamenta políticas 
de compatibilização da atividade econômica integradas ao 
uso das potencialidades humanas e do meio ambiente sem 
o seu exaurimento.
O termo sustentabilidade, conceitualmente, derivou-se 
da expressão “desenvolvimento sustentável” que foi objeto de 
tema discutido na Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente 
e Desenvolvimento, na ONU, cujo relatório final foi apresen-
tado ao mundo em 1987, citado no Relatório Brundtland.
Nesse relatório, ficou assentado que uma série de medi-
das deveria ser adotada pelos países para a promoção de um 
desenvolvimento sustentável, como por exemplo, garantia de 
recursos básicos em longo prazo (água, alimentos, energia), 
preservação da biodiversidade e dos ecossistemas, limitação 
do crescimento populacional.
Em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas so-
bre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a ECO-92, foram 
elaborados alguns documentos importantes que reforçavam 
a necessidade de um desenvolvimento mais sustentável para 
o planeta.
Dentre eles, destacam-se a Declaração do Rio sobre 
Meio Ambiente e Desenvolvimento e a Agenda 21. O primeiro 
é composto por 27 princípios e expõe que “busca estabelecer 
um novo modelo de desenvolvimento, fundado na utilização 
sustentável dos recursos ambientais, no respeito à capacidade 
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do Planeta [...] e na valorização da qualidade ambiental como 
requisito imprescindível à qualidade de vida [...].
Juntamente com o segundo documento, a Agenda 21, 
o termo Desenvolvimento Sustentável foi definitivamente 
popularizado pela ampla cobertura da mídia à Conferência. 
No entanto, naquela época, o uso indiscriminado deste termo 
era criticado, sobretudo nos discursos governamentais e nos 
projetos de desenvolvimento.
Percebe-se, pois, que o termo desenvolvimento sus-
tentável tem como característica semântica o substantivo 
desenvolvimento e como adjetivação o termo sustentável. 
Vale notar, a tentativa do legislador não foi a de coibir o 
desenvolvimento econômico, mas buscar a conscientização 
das pessoas de que a exploração da atividade econômica deve 
ser feita com observância dos preceitos e princípios gerais 
que preservam o meio ambiente como um todo.
A própria economia, fundamentada pela livre iniciativa e 
pelo valor do trabalho humano, traz como um dos seus princí-
pios, a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento 
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e 
serviços e de seus processos de elaboração e prestação (con-
forme “caput” do art. 170 e inciso VI, Constituição Federal).
Em capítulo exclusivo, a Carta Federal de 1988 também 
trouxe, em seu artigo 225, a imposição de ordem pública 
de que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, considerando como bem de uso comum do povo 
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo 
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para as presentes e futuras gerações. Esse capítulo demonstra 
a preocupação do legislador constituinte com o desenvolvi-
mento sustentável que vincula a atividade econômica com 
a precaução que se deve ter com relação ao meio ambiente.
A precaução tem a conotação de prevenir e proteger 
a interação do homem ou sua atividade exploratória com o 
meio ambiente. As normas de preservação e precaução da 
atividade natural ou exploratória preveem a responsabilidade 
das condutas de cada participante no evento danoso.
A ação natural do homem ou a exploração feita por ati-
vidade empresarial devem pautar-se pelos princípios consti-
tucionais e também pelas leis ambientais, pois as condutas e 
atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão 
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar 
os danos causados (conforme previsão ínsita no art. 225, § 
3º, da Constituição Federal).
A atividade empresarial pode desenvolver-se de maneira 
sustentável, ou seja, respeitando os princípios de prevenção 
que estão inseridos no ordenamento jurídico. Buscou-se, den-
tro dos elos normativos, estancar os efeitos nocivos causados 
ao meio ambiente pela ação do homem ou pela atividade 
empresarial.
Os riscos da atividade empresarial são graduados por 
meio de relatórios emitidos pelo Instituto Brasileiro do Meio 
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). As 
empresas são obrigadas a relatar e entregar ao Ministério do 
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Meio Ambiente, Relatório Anual de Atividades Potencialmente 
Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais (RAPP).
7.1 Dimensões da Sustentabilidade
Dentro das dimensões da sustentabilidade, a ambiental 
é aquela em que se observa a importância da proteção do meio 
ambiente e, consequentemente do Direito Ambiental, tendo 
este, como finalidade precípua, garantir a sobrevivência do 
planeta mediante a preservação e a melhora dos elementos 
físicos e químicos que a fazem possível, tudo em função de 
uma melhor qualidade de vida.
A dimensão social2 da sustentabilidade é conhecida 
como o capital humano; e consiste no aspecto social relacio-
nado às qualidades dos seres humanos. Essa dimensão está 
baseada num processo de melhoria da qualidade de vida da 
sociedade, pela redução das discrepâncias entre a opulência 
e a miséria, como nivelamento de padrão de renda, acesso à 
educação, moradia, alimentação, ou seja, da garantia mínima 
dos direitos sociais previstos na Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988.
Assim, para garantia dessa dimensão social, deve ser 
garantido o ‘mínimo existencial’, que deve ser identificado 
como o núcleo sindicável da dignidade humana, podendo 
ser exigido em suas duas dimensões: a) o direito de não ser 
privado do que se considera essencial à conservação de uma 
existência minimamente digna; e b) o direito de exigir do 
Estado prestações que traduzam esse mínimo.
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A terceira dimensão é a econômica, sobre a qual será 
feito o enfoque principal deste artigo científico, que tem a pre-
tensão de apresentar alguns instrumentos importantes para o 
alcance dessa dimensão. Com a crise ambiental, a economia 
se vê obrigada a assumir sua responsabilidade na crescente 
degradação ecológica e na escassez de recursos naturais.
Importa considerar, portanto, que a dimensão econômi-
ca está preocupada com o desenvolvimento de uma economia 
que tenha por finalidade gerar uma melhor qualidade de 
vida para as pessoas, com padrões que contenham o menor 
impacto ambiental possível.
Essa dimensão passou a ser considerada no contexto da 
sustentabilidade, primeiro porque não há como retroceder nas 
conquistas econômicas (de desenvolvimento) alcançadas pela 
sociedade mundial; e segundo, porque o desenvolvimento eco-
nômico é necessário para a diminuição da pobreza alarmante.
7.2 Políticas
A inércia das políticas é o principal entrave para os 
governos atuais no cumprimento das leis e execução dos 
planejamentos de desenvolvimento sustentável. Existem 
ações nacionais e internacionais, que foram bem-sucedidas, 
dentre elas, podemos citar, algumas punições no ano de 2008, 
contra crimes de desmatamento, biopirataria, e exploração 
indiscriminada de recursos da fauna.
As cidades crescem indiscriminadamente sem qualquer 
planejamento urbano, favorecendo a formação de favelas, ocu-
pação descontrolada das áreas de preservação, que ocasionam 
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em grandes catástrofes, como os desmoronamentos de morros, 
alagamentos, enchentes e poluição de rios e nascentes.
A falta deaplicação e acompanhamento das políticas 
ambientais e habitacionais proporciona para nossas grandes 
cidades uma perda de qualidade de vida e um desequilíbrio 
social e sustentável.
Para que uma sociedade seja sustentável, é necessário 
haver a integração do desenvolvimento com a conservação 
ambiental. A política econômica pode ser um eficaz instru-
mento para a sustentação dos ecossistemas e dos recursos 
naturais. Na falta de incentivos econômicos adequados, as 
políticas e as legislações que visam a proteção do meio am-
biente e a conservação de recursos serão desconsideradas.
Os sistemas convencionais costumam lidar com o meio 
ambiente e suas funções como sendo ilimitados ou gratuitos, 
desta forma, incentivam a exaustão dos recursos e a degra-
dação dos ecossistemas.
Todas as economias dependem do meio ambiente como 
fonte de serviços de sustentação da vida e de matérias-primas, 
portanto, os mercados e as economias planejadas deverão se 
conscientizar do valor desses bens e serviços, ou dos custos 
que a sociedade terá, caso os recursos ambientais sejam 
reduzidos ou os serviços, prejudicados.
Até a Conferência das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) a ECO-92, o 
pensamento brasileiro considerava o lixo um problema mu-
nicipal, de responsabilidade das prefeituras.
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Hoje, a questão do lixo no Brasil é pauta urgente para 
o poder público, empresas privadas e para a própria socie-
dade civil organizada. No bojo dos números do IBGE, se 
escondem algumas iniciativas que pretendem transformar a 
natureza humana através da filosofia dos três “Rs”: Reduzir/
Reciclar/Reutilizar.
A redução é uma forma de reduzir o consumo exagera-
do e quando for consumir, fazer de maneira mais eficiente. 
A reciclagem é um termo utilizado para quando o material 
pode ser refeito por indústrias especializadas, tornando um 
produto novo que já foi utilizado e descartado, bom para uso. 
A reciclagem promove economia de recursos naturais, dimi-
nuição nos gastos com limpeza pública, nos tratamentos das 
doenças, no controle da poluição e na construção de aterros, 
além de diminuir o acúmulo de dejetos. Poupa também a 
natureza da extração inesgotável de seus recursos.
A reutilização é uma forma de evitar o desperdício, que 
é o meio irracional de se utilizar recursos e produtos, que po-
dem ser reutilizados antes de serem jogados fora. Segundo o 
Instituto Ethos no artigo Mostra de Tecnologias Sustentáveis 
2009, há que se pensar em tecnologias economicamente 
corretas e que não depredem o meio ambiente, as chamadas 
tecnologias sustentáveis que compreendem metodologias, 
técnicas, sistemas, equipamentos ou processos economica-
mente viáveis e passíveis de serem reproduzidos e aplicados, 
de forma a minimizar os impactos negativos e a promover 
impactos positivos no meio ambiente, na qualidade de vida 
das pessoas e na sustentabilidade da sociedade.
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Por sua vez os governos têm grande responsabilida-
de no que diz respeito ao destino do lixo, a ele compete: 
Conscientizar a população sobre o lixo e estimular mudanças 
de atitude; fazer e usar os instrumentos que incentivem a re-
dução; usar seu poder de compra e adquirir matérias primas 
recicladas ou componentes reciclados; valorizar e apoiar os 
catadores e cooperativas de coleta de lixo e reciclagem; respon-
sabilizar os produtores que não coletam devidamente o lixo 
que produzem; realizar serviços eficientes de limpeza pública.
Para isso, faz-se necessário promover a consciência 
ambiental através do desenvolvimento sustentável, consu-
mindo com menos desperdício, reutilizando e reciclando seus 
recursos. A conscientização e a prevenção são essenciais para 
garantir o desenvolvimento sustentável e diminuir o impacto 
causado ao meio ambiente e a todas as formas de vida. Mas 
o grande desafio é que o ser humano só vai dar o tratamento 
adequado ao lixo que produz, quando reciclar seu modo de 
viver, produzir e consumir.

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