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Curso preparatória para OAB 2ª Fase Civil 
Professora Maitê Damé Teixeira Lemos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO 
DIREITO DAS SUCESSÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
maitelemos@ceisc.com.br 
mailto:maitelemos@ceisc.com.br
 
2 
 
SUMÁRIO 
1. SUCESSÃO EM GERAL ..............................................................................................................4 
1.1 Abertura da sucessão ...................................................................................................................4 
1.2 Momento da transmissão da Herança - Comoriência (Art. 8º CC) ............................................ 10 
1.3 Transmissão da Herança - Princípio da Saisine ........................................................................ 12 
1.4 Lugar em que se abre a sucessão ............................................................................................. 14 
1.5 Espécies de sucessão................................................................................................................ 16 
1.6 Espécies de sucessores ............................................................................................................ 17 
1.7 Herança e espólio ...................................................................................................................... 21 
1.8 Herança como um todo unitário e indivisível ............................................................................. 21 
1.9 Cessão de direitos hereditários .................................................................................................. 23 
1.10 Responsabilidade dos herdeiros .............................................................................................. 26 
1.11 Abertura do Inventário – art. 1.796 .......................................................................................... 26 
1.12 Administração provisória da Herança ...................................................................................... 27 
1.13 Vocação hereditária - Capacidade para suceder - Art. 1.787 .................................................. 28 
1.14 Aceitação da herança .............................................................................................................. 34 
1.15 Renúncia da herança – Art. 1.806, CC .................................................................................... 38 
1.16 Excluídos da sucessão – art. 1.814 a 1.818, CC ..................................................................... 46 
1.16.1 Indignidade – ART. 1.814 ..................................................................................................... 47 
 AÇÃO DE INDIGNIDADE ..................................................................................................... 55 
1.16.2 Deserdação ........................................................................................................................... 58 
 AÇÃO DE DESERDAÇÃO – ART. 1.965............................................................................. 62 
1.17 Herança jacente e herança vacante - Art. 1.819 a 1.823 ........................................................ 66 
1.18 Petição de herança - art. 1.824 a 1.828, CC ........................................................................... 69 
 AÇÃO DE PETIÇÃO DE HERANÇA ....................................................................................... 75 
2. SUCESSÃO LEGÍTIMA ........................................................................................................... 79 
2.1 Ordem da vocação hereditária - arts. 1.829 a 1.850 ................................................................. 79 
2.2 Herdeiros necessários................................................................................................................ 93 
2.3 Direito de representação ............................................................................................................ 96 
3. SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA ............................................................................................. 103 
3.1 Conceito ................................................................................................................................... 103 
3.2 Características ......................................................................................................................... 104 
3.3 Capacidade para testar - art. 1.860 ........................................................................................ 105 
3.4 Incapacidade para testar (art. 1.860) ....................................................................................... 106 
3.5 Formas ordinárias de testamento ............................................................................................ 108 
3.6 Formas especiais de testamento ............................................................................................. 115 
3.7 Disposições testamentárias em geral - Art. 1.897/1.911 ......................................................... 118 
3.8 Invalidade das disposições testamentárias ............................................................................. 121 
3.9 Rompimento do testamento ..................................................................................................... 121 
3.10 Revogação do testamento ..................................................................................................... 122 
3.11 Legados – art. 1.912 e seguintes, CC.................................................................................... 125 
3.12 Direito de acrescer entre herdeiros e legatários – art. 1.941 CC .......................................... 126 
3.13 Substituições testamentárias ................................................................................................. 130 
3.14 Redução das disposições testamentárias ............................................................................. 133 
3.15 Testamenteiro ........................................................................................................................ 134 
4. INVENTÁRIO E PARTILHA .................................................................................................... 139 
4.1 Inventário .................................................................................................................................. 139 
4.2 Inventário negativo ................................................................................................................... 139 
4.3 Inventário conjunto ................................................................................................................... 139 
4.4 Dispensa de Inventário............................................................................................................. 140 
4.5 Inventário Judicial ..................................................................................................................... 140 
 ABERTURA DE INVENTÁRIO ................................................................................................ 146 
 PRIMEIRAS DECLARAÇÕES ................................................................................................ 149 
 INVENTÁRIO PELO RITO DO ARROLAMENTO SUMÁRIO ................................................. 153 
 INVENTÁRIO PELO RITO DO ARROLAMENTO ................................................................... 158 
4.6 Inventário administrativo .......................................................................................................... 162 
 
3 
 
4.7 Sonegados ............................................................................................................................... 163 
4.8 Do pagamento das dívidas ...................................................................................................... 164 
 HABILITAÇÃO DE CRÉDITO .................................................................................................166 
4.9 Colação .................................................................................................................................... 169 
4.10 Partilha ................................................................................................................................... 173 
 ESBOÇO DE PARTILHA....................................................................................................... 175 
 SOBREPARTILHA ................................................................................................................ 179 
4.11 Garantia dos quinhões ........................................................................................................... 181 
4.12 Anulação da partilha............................................................................................................... 181 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
1. SUCESSÃO EM GERAL 
 
1.1 Abertura da sucessão 
A sucessão se abre com o óbito. No exato momento da morte há a abertura 
da sucessão e a transmissão da herança (bens, dívidas, créditos e obrigações) 
deixada pelo falecido aos herdeiros (princípio da saisine) – art. 1.784. 
Não há herança de pessoa viva, embora possa ocorrer a sucessão do 
ausente. 
 
 
 
 
 
Se o autor da herança estiver vivo, não há sucessão. Assim, só se abre a 
sucessão havendo óbito real ou presumido. 
Em termos de morte civil, existem três modalidades: a) morte real; b) morte 
presumida sem declaração de ausência; c) morte presumida com declaração de 
ausência. 
 
a) Morte real 
Aquela que se dá com corpo presente, ou seja, existe a materialidade (morte 
natural, por atropelamento, por um tiro, cerebral...). Neste caso, necessário um laudo 
médico, atestando a morte, para a elaboração do registro do óbito. 
 
b) Morte presumida sem declaração de ausência 
Via de regra é preciso que haja a apresentação do atestado de óbito para que 
possa ser considerada aberta a sucessão. Contudo, há casos em que a morte é 
presumida, quando, por exemplo, o corpo do de cujus não é encontrado em razão 
de, por exemplo, ter desaparecido em um naufrágio ou incêndio, de forma a 
impossibilitar a constatação da morte via atestado de óbito: 
01 
 
5 
 
- Desaparecimento do corpo da pessoa, sendo extremamente provável a 
morte de quem estava em perigo de vida; 
- Desaparecimento de pessoa envolvida em campanha militar ou feito 
prisioneiro, não sendo encontrado até dois anos após o término da guerra. 
 
Art. 7. Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for 
encontrado até dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente 
poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, 
devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. 
 
Nestes casos, após buscas e averiguações poderá ser requerida a declaração 
judicial da morte presumida, quando, na sentença, deverá constar a data provável 
do falecimento1. 
 
c) Morte presumida com declaração de ausência 
Ao lado da morte natural, o legislador previu a morte presumida do ausente 
(art. 6.º). Considera-se ausente aquele que desaparece de seu domicílio sem dar 
notícias, sem deixar representante ou procurador para administrar-lhe o patrimônio, 
conforme art. 22: 
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver 
notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba 
administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou 
do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. 
 
Considerando que há uma presunção da morte do ausente, podem os 
herdeiros darem abertura ao processo sucessório. A lei prevê três fases2: curadoria 
dos bens do ausente, sucessão provisória e sucessão definitiva. 
Na fase de curadoria dos bens do ausente, em ação que deve ser proposta 
pelo MP ou pelo interessado (qualquer sucessor), será nomeado um curador para 
guardar os bens do ausente (art. 744, CPC/2015). 
 
 
1 TARTUCE, Flávio. Direito civil: direito das sucessões. V. 6. 9.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 
13. 
2 TARTUCE, Flávio. Direito civil: direito das sucessões. V. 6. 9.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 
14-20. 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uma vez que tenham sido arrecadados os bens do ausente, o art. 745, 
CPC/2015 determina que seja publicado edital na internet, no site do Tribunal de 
Justiça e na plataforma de editais do CNJ, onde deverá permanecer por 1 ano. Não 
havendo site, a publicação deve ocorrer, de dois em dois meses, no órgão oficial e 
na imprensa da Comarca. 
Passado 1 ano da arrecadação dos bens do ausente e da nomeação do 
curador, a sucessão provisória poderá ser aberta pelos herdeiros. Se o ausente tiver 
deixado representante, o prazo para abertura da sucessão provisória é de 3 anos 
após a arrecadação. Essa é a previsão do art. 26, CC: 
 
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele 
deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os 
interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente 
a sucessão. 
 
O CPC/2015, contudo, traz a previsão, no § 1.º do art. 745, que o edital fará a 
previsão de prazo e, no final deste prazo, é que poderá ser requerida a abertura da 
sucessão provisória. 
 
§ 1o Findo o prazo previsto no edital, poderão os interessados requerer a 
abertura da sucessão provisória, observando-se o disposto em lei. 
 
A doutrina tem entendido que se aplica a disposição do CPC e não do CC 
(que prevê a contagem de 1 ano a partir da arrecadação). 
Poderão requerer a abertura da sucessão provisória: 
 
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram 
interessados: 
 
7 
 
I - o cônjuge não separado judicialmente; 
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua 
morte; 
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas. 
 
A sentença de abertura da sucessão provisória só produz efeitos após 180 
dias da sua publicação na imprensa, ou seja, o trânsito em julgado desta sentença 
possui prazo especial e diferente do geral (art. 28, CC). 
 
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só 
produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; 
mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, 
se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse 
falecido. 
§ 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na 
sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo 
competente. 
§ 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário 
até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a 
sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente 
pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823. 
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a 
conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em 
imóveis ou em títulos garantidos pela União. 
 
Após este prazo é possível a abertura de eventual testamento e do inventário 
para partilha dos bens. Para que os herdeiros ingressem na posse dos bens do 
ausente, deverão dar garantia, através de penhor ou hipoteca dos seus bens (art. 
30). Os que não puderem dar as garantias não receberão o patrimônio, que ficará 
sob a administração do curador. Contudo, o cônjuge, os descendentes e 
ascendentes poderão ingressar na posse, independentemente da garantia. 
 
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão 
garantias da restituição deles, mediante penhoresou hipotecas equivalentes 
aos quinhões respectivos. 
§ 1º Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a 
garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe 
deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro 
designado pelo juiz, e que preste essa garantia. 
§ 2º Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua 
qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na 
posse dos bens do ausente. 
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por 
desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a 
ruína. 
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão 
representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles 
correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas. 
 
8 
 
 
Os herdeiros têm direito a percepção dos frutos dos bens. Se descendente, 
ascendente ou cônjuge, percebem todos os frutos. Os demais sucessores, somente 
a metade. 
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório 
do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este 
couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses 
frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o 
representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz 
competente. 
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi 
voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos 
frutos e rendimentos. 
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, 
justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos 
rendimentos do quinhão que lhe tocaria. 
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do 
falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em 
favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. 
 
Se o ausente reaparecer durante a sucessão provisória, o patrimônio lhe é 
devolvido. 
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de 
estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos 
sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas 
assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. 
 
 Se depois de passados 10 anos da abertura dessa sucessão provisória 
(sentença) o ausente não tenha retornado ou não tenha sido confirmada sua morte, 
os herdeiros poderão requerer a sucessão definitiva (art. 37 a 39). A sucessão 
definitiva também pode ser requerida se restar comprovado que o ausente conta 
com mais de 80 anos e que não há notícias dele há mais de 5 anos. 
 
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a 
abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a 
sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. 
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o 
ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas 
notícias dele. 
 
Se o ausente retornar nos 10 anos seguintes à abertura da sucessão 
definitiva, terá direito aos bens no estado em que se encontram, os sub-rogados em 
seu lugar ou o preço que os herdeiros tiverem recebido pelos bens alienados. O § 
 
9 
 
4.º do art. 745, CPC/2015 determina que no retorno do ausente deverão os 
sucessores provisórios ou definitivos serem citados para contestar: 
 
§ 4º Regressando o ausente ou algum de seus descendentes ou 
ascendentes para requerer ao juiz a entrega de bens, serão citados para 
contestar o pedido os sucessores provisórios ou definitivos, o Ministério 
Público e o representante da Fazenda Pública, seguindo-se o procedimento 
comum. 
 
Se o ausente não retornar dentro do prazo de 10 anos, os bens serão 
definitivamente dos herdeiros. 
 
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da 
sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, 
aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se 
acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e 
demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois 
daquele tempo. 
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente 
não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os 
bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, 
se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio 
da União, quando situados em território federal. 
 
Trata-se de uma exceção do sistema sucessório, “tendo em vista que se 
admite a abertura de sua sucessão simplesmente em razão de seu 
desaparecimento, sem que se tenha certeza de seu falecimento”3. 
 
V EXAME OAB - QUESTÃO PRÁTICA 1 
 
Cristina dos Santos desapareceu após uma enchente provocada por uma forte tempestade que 
assolou a cidade onde morava. Considerando estar provada a sua presença no local do acidente e 
não ser possível encontrar o corpo de Cristina para exame, responda aos itens a seguir, empregando 
os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Trata-se de hipótese de morte presumida? (Valor: 0,65) 
b) Qual é o procedimento para realização do assento de óbito de Cristina? (Valor: 0,60) 
 
PADRÃO DE RESPOSTA: 
 
a) Sim. Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência, se for extremamente 
provável a morte de quem estava em perigo de vida. Nesse caso, a declaração de morte presumida 
 
3 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito das sucessões. 6.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2012, p. 34. 
 
10 
 
poderá ser requerida após esgotadas as buscas e averiguações. (Artigo 7º, I, e parágrafo único, do 
CC) 
b) O artigo 88 da Lei de Registros Públicos consagra um procedimento de justificação, nos termos 
dos artigos 861 a 866 do CPC, para a finalidade de proceder ao assento de óbito nos casos de 
desastre ou calamidade, no qual não tenha sido possível realizar exame médico no cadáver. 
 
IX EXAME OAB - QUESTÃO PRÁTICA 1 
 
Maria de Sousa, casada com Pedro de Sousa, desapareceu de seu domicílio, localizado na cidade de 
Florianópolis, sem dar notícias e não deixando representante ou procurador para administrar seus 
bens. Passados dez anos do trânsito em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória dos 
bens deixados por Maria, seu marido requereu a sucessão definitiva. 
Considerando o caso relatado, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação 
legal pertinente ao caso, responda aos itens a seguir. 
A) Em qual momento haverá a presunção de morte de Maria? (Valor: 0,60) 
B) A presunção de morte de Maria tem o condão de dissolver o casamento entre ela e Pedro? (Valor: 
0,65) 
 
 
PADRÃO DE RESPOSTA: 
 
A) Após a abertura da sucessão definitiva. O Art. 6º, do CC, admite a morte presumida, quanto aos 
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva. (Art. 6º c/c Art. 37, do 
Código Civil). 
B) Sim. O inciso I e o § 1º do Art. 1571 estabelecem que a sociedade conjugal termina com a morte 
de um dos cônjuges, aplicando-se a presunção estabelecida pelo Código Civil quanto ao ausente. 
 
1.2 Momento da transmissão da Herança - Comoriência (Art. 8º CC) 
Com a morte, como visto, transmite-se a herança, desde logo, aos herdeiros 
legítimos e testamentários (art. 1.784), conforme a ordem da vocação hereditária 
(art. 1.829) ou, a sua falta, a herança será recolhida pelo Município, Distrito Federal 
ou União (art. 1.844). 
A transmissão da herança ocorre no exato momento da morte do de cujus, 
havendo a necessidade que os herdeiros posteriormente aceitem a herança, vindo a 
tornar definitiva a transmissão que já havia ocorrido, conforme disposto no art. 1.784. 
Como se verificou, é preciso que o herdeiro sobreviva ao autor da herança 
(GONÇALVES, 2012, p. 36). Contudo, existem casos em que ambos falecemem 
 
11 
 
condições que não há como se precisar qual faleceu primeiro (em um acidente de 
carro com morte instantânea, por exemplo). 
A isso se dá o nome de comoriência, questão que se encontra prevista no 
art. 8.º do Código Civil: 
 
Art. 8. Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se 
podendo precisar quem precedeu aos demais, presumir-se-ão 
simultaneamente mortos. 
 
A importância da comoriência é regular os casos em que se torna impossível 
reconhecer quem faleceu primeiro, para fins de transmissibilidade dos direitos 
hereditários. Roberto Gonçalves (2012, p. 36) afirma que quando 
 
[...] duas pessoas morrem em determinado acidente, somente interessa 
saber qual delas morreu primeiro se uma herdeira ou beneficiária da outra. 
Do contrário, inexiste qualquer interesse jurídico nessa pesquisa. O principal 
efeito da presunção da morte simultânea é que, não tendo havido tempo 
ou oportunidade para a transferência de bens entre os comorientes, 
um não herda do outro. 
 
No caso de comoriência a sucessão de cada um deve ser regulada como se o 
comoriente jamais houvesse existido. Nenhuma das pessoas atingidas sucederá a 
outra: por ficção jurídica é como estas pessoas nunca tivesse existido. Não há 
transferência de bens e direitos entre os comorientes. 
EXEMPLO: 
Num mesmo acidente morrem marido e mulher sem filhos. Com a regra, a 
sucessão de cada um é regulada como se o comoriente jamais tivesse morrido. 
Venosa demonstra a vital importância da comoriência: 
 
[...] já que a pré-morte de um casal, por exemplo, tem implicações no direito 
sucessório. Se faleceu primeiro o marido, transmitiu a herança à mulher; se 
ambos não tivessem descendentes ou ascendentes, e a mulher falecesse 
depois, a herança iria para os herdeiros dela, ou seja, seus colaterais. O 
oposto ocorreria se provasse que a mulher falecera antes. Tal situação pode 
ocorrer em casos de catástrofes, acidentes ou mesmo por coincidência. 
Para evitar os entraves das presunções de pré-morte, portanto, o Código 
presume comoriência, isto é, o falecimento conjunto (VENOSA, 2012, p. 13) 
 
Não sendo possível a prova da sobrevivência de nenhum deles, os herdeiros 
do marido herdarão o que era dele; e os da mulher, o que era dela. Entre os 
comorientes, não há transferência de direitos, isto é, nenhum pode suceder o outro, 
 
12 
 
mas devem ser chamados a sucessão os herdeiros daqueles que faleceram, 50% 
cada. Os bens serão herdados, respectivamente, por seus parentes, na ordem 
da vocação hereditária do art. 1.829 CC. 
O Enunciado 610 das Jornadas de Direito Civil prevê que em casos de 
comoriência de ascendente e descendente, haverá o direito de representação aos 
descendentes. Isto também ocorre em caso de comoriência de irmãos, quando 
haverá o direito de representação aos filhos dos irmãos. 
 
 
 
 
 
1.3 Transmissão da Herança - Princípio da Saisine 
O art. 1.784, CC afirma que havendo a morte, abre-se a sucessão e a 
herança transmite-se desde logo aos herdeiros. A disposição legal reafirma o 
direito/princípio da saisine. 
A sucessão mortis causa se abre com a morte do autor da herança. No exato 
momento do falecimento, o domínio e a posse da herança transmitem-se aos 
herdeiros legítimos e testamentários, mantendo o título, conteúdo e objeto. No 
momento da morte ocorre a abertura da sucessão hereditária. O acervo patrimonial 
do falecido transmite-se aos herdeiros independentemente de qualquer formalidade 
(desde logo, portanto). 
 
 
 
 
 
Com a morte, extingue-se a personalidade civil e, por óbvio, a existência da 
pessoa natural (art. 6.º), bem como a capacidade para ser titular de direitos e 
obrigações. Assim, pelo princípio da saisine a posse da herança se transmite desde 
logo aos herdeiros. Segundo Tartuce (2012, p. 9), no momento da morte ocorre a 
delação (oferecimento da herança), segundo a qual os bens do falecido transferem-
 
13 
 
se ao patrimônio dos herdeiros. Trata-se do período existente entre a abertura da 
sucessão e a aceitação ou renúncia da herança. 
No caso da aceitação, o efeito é retroativo à data do óbito. A aquisição dos 
direitos não ocorre com a aceitação, mas sim com a morte do autor da herança. A 
aceitação é apenas uma confirmação do direito do herdeiro, mas trata-se de um ato 
essencial, já que ninguém pode ser herdeiro contra sua vontade (VENOSA, 2012, p. 
15). Havendo renúncia, entende-se que o renunciante jamais foi herdeiro. 
A importância de saber o momento da morte é para que seja definida a lei que 
regula a sucessão e a capacidade (legitimidade) para suceder, nos termos do art. 
1.787, CC: 
Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao 
tempo da abertura daquela. 
 
Tartuce (2012, p. 7) traz um exemplo para deixar clara a questão da 
capacidade para suceder (e também para testar): 
 
Determinado marido elabora um testamento deixando a parte disponível de 
seus bens à sua esposa e, posteriormente, em razão de esclerose, torna-se 
absolutamente incapaz. Em razão da doença, a esposa o abandona, vindo 
ele a falecer cinco anos depois do divórcio do casal. No caso descrito, o 
testador era capaz no momento da elaboração do testamento e sua 
incapacidade superveniente não retira a validade do testamento (art. 1.861, 
CC). Sua esposa tinha legitimidade para receber a herança quando o 
testamento foi feito, mas perdeu-a no momento da abertura, pois já se 
encontrava divorciada. Não será herdeira, portanto. 
 
Desta forma, a capacidade de suceder é a do tempo da abertura da sucessão 
(momento da morte) e, além disto, o lugar onde se abre a sucessão é o do último 
domicílio do de cujus. Nestes termos: 
 
Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido. 
 
 
EFEITOS QUE DERIVAM DO PRINCÍPIO DA SAISINE 
a) A herança transfere-se como um todo unitário, independentemente que 
sejam vários herdeiros (art. 1.791), de modo que no período compreendido entre a 
abertura da sucessão pelo falecimento do de cujus até o momento em que houver a 
partilha, a herança é indivisível e o direito dos herdeiros será exercido em 
 
14 
 
condomínio (co-herdeiros) (GONÇALVES, 2012, p. 39). Aqui aplicam-se as regras 
de condomínio. 
 
b) O inventariante tem a posse direta e os demais herdeiros a posse 
indireta, mas uma não anula a outra, conforme art. 1.197, CC, já que ambos 
ostentam a condição de possuidores (GONÇALVES, 2012, p. 39-40). Como as 
regras são do condomínio, um herdeiro não pode impedir o outro de usar o bem. 
 
c) O herdeiro que sobreviver ao de cujus faz sua a herança por ele deixada. 
Ainda que numa fração de segundo. Ele incorpora ao seu patrimônio deixado pelo 
morto (GONÇALVES, 2012, p. 41). 
 
d) Comoriência – em razão da transmissão imediata da herança (princípio da 
saisine) é importante fixar o momento exto da morte. 
 
1.4 Lugar em que se abre a sucessão 
A sucessão abre-se no local do último domicílio do falecido (art. 1.785, CC) 
(regra). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
ESTRANGEIRO: 
Na sucessão de bens de estrangeiros, há uma disciplina especial. No caso de 
bens de estrangeiros, situados no Brasil, aplica-se, via de regra, a lei do último 
domicílio do falecido (lei estrangeira), salvo se a lei brasileira for mais favorável ao 
cônjuge ou filhos brasileiros (o benefício é para situações em que o falecido for 
casado com brasileiro ou tiver filhos brasileiros). Significa dizer que a lei protege o 
direito do cônjuge e dos descendentes em prejuízo de outros herdeiros 
(ascendentes, colaterais). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
1.5 Espécies de sucessão 
O art. 1.786 define que a sucessão dá-se por lei ou por disposição de última 
vontade. 
 
a) Legítima 
Decorre da lei; obedece a ordem da vocação hereditária (1.829) - ab intestato 
(bens fora do testamento, testamento nulo) – art. 1.788. A sucessão legítima será 
sempre a título universal, pois os herdeiros recebem a totalidadedos bens do 
falecido, ou, uma fração ideal (não localizada) do patrimônio. Desta forma, os 
herdeiros participam da totalidade do ativo e do passivo. 
 
b) Testamentária 
Decorre da manifestação da última vontade - bens abarcados pelo testamento 
(é válido apenas sobre a quota disponível – 50% da sua parte). O falecido não tem o 
poder de dispor livremente e integralmente do seu patrimônio. Havendo herdeiros 
necessários (cônjuge, ascendentes e descendentes – 1.845), fica limitado pela 
liberdade de testar disposta no art. 1.789, CC. O poder de dispor integralmente só 
ocorre na hipótese de herdeiros facultativos. 
 
c) Simultânea: 
A sucessão será simultaneamente legítima e testamentária quando houver 
testamento e o extinto tiver herdeiros necessários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
d) Sucessão a título universal e singular 
Título universal: o herdeiro é chamado a suceder na totalidade da herança, 
fração ou porcentagem. Pode ocorrer tanto na sucessão legítima como na 
testamentária. 
Título singular: quando a transferência é de bens determinados a pessoas 
determinadas. Ocorre, apenas, na sucessão testamentária (quando o testador deixa 
um legado). 
 
e) Sucessão contratual 
Apesar de não existir herança de pessoa viva (art. 426), é possível a 
sucessão contratual, sendo vedado o pacto sucessório. Porém, excepcionalmente, 
podem em vida, a teor do art. 2.018, os ascendentes partilharem o seu patrimônio 
entre os descendentes por escritura pública (com anuência de todos os 
descendentes): 
 
Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de 
última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros 
necessários. 
 
f) Sucessões irregulares 
Sucessão irregular ou anômala é aquela que não obedece às normas próprias 
e à ordem da vocação hereditária. A CF/88 estabelece, no art. 5.º, XXXI o benefício 
ao cônjuge ou filhos brasileiros, na sucessão de bens de estrangeiros situados no 
Brasil, permitindo a aplicação da lei pessoal do de cujus, se mais favorável. 
1.6 Espécies de sucessores 
Herdeiro ou sucessor é aquele que será beneficiado com o patrimônio 
deixado pelo falecido. O herdeiro pode ser legítimo ou testamentário. 
 
a) Herdeiro legítimo 
O herdeiro legítimo é o que consta na ordem da vocação hereditária, indicada 
pela lei. Art. 1.829, CC. Classificam-se como necessários (descendentes, 
ascendentes e cônjuge) e facultativos (colaterais). É chamada a sucessão que 
resulta da lei. 
 
 
18 
 
- Necessários (legitimário ou reservatário): 
É o descendente ou ascendente sucessível e o cônjuge (art. 1.845, CC), isto 
é, todo parente em linha reta não excluído da sucessão por indignidade ou 
deserdação (ou renúncia). Os herdeiros necessários não podem ser privados por 
disposição de última vontade. Sua existência impede que o testador disponha a 
totalidade de seus bens. A eles é reservada a legítima (metade da herança). 
Segundo o art. 1.846, pertence aos herdeiros necessários a metade dos bens 
da herança (legítima). A legítima corresponde, portanto a metade dos bens da 
herança deixada pelo falecido, após a retirada da meação (se houver) e pagas as 
dívidas e despesas de funeral. Assim, ao lado da expressão herdeiros necessários 
surge a ideia de legítima e de porção disponível, conceitos que estão todos 
interligados. 
Nesse sentido, o art. 1.789 afirma que havendo herdeiros necessários “o 
testador só pode testar a metade da herança”. Não existindo herdeiros necessários 
(ascendente, descendente e cônjuge) o testador pode dispor de 100% de seus bens. 
 
 
 
 
 
Nesse caso, algumas hipóteses podem ocorrer: 
a) Se o autor da herança tiver doado, em vida, para algum herdeiro, em 
detrimento dos demais, não mencionando que essa doação sai da sua parte 
disponível  o herdeiro que recebeu deverá, no inventário, trazer esses bens 
recebidos por doação a colação, descontando da sua quota parte (entende-se como 
adiantamento de legítima); 
b) Se o autor da herança tiver doado, em vida, para algum herdeiro, 
mencionando que se trata da sua parte disponível, não poderá exceder ¼ do 
patrimônio do casal (no caso de comunhão universal, ou seja, ½ de meação e ½ de 
herança – dessa ½ da herança, somente a ½ (¼ do patrimônio, portanto) pode ser 
disponível). 
 
 
19 
 
CÁLCULO DA LEGÍTIMA 
O art. 1.847 traz a forma de cálculo da legítima. A legítima é calculada sobre a 
meação do falecido, representada pelos bens existentes a época da abertura da 
sucessão. 
Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na 
abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, 
adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos a colação. 
 
O cálculo da legítima é feito a partir do ativo da herança, ou seja, sobre a 
herança líquida, descontadas as dívidas e despesas de funeral. Devem, ainda, ser 
adicionados os bens sujeitos à colação. 
 
Patrimônio de R$ 100.000,00 
Regime de bens: comunhão universal 
Cônjuge sobrevivente = meação  50%  R$ 50.000,00 
Herança = 50%  R$ 50.000,00 
Dívidas do de cujus = R$ 10.000,00 
Funeral = R$ 5.000,00 
Total de despesas = R$ 15.000,00 
50.000,00 – 15.000,00 = 35.000,00 
Parte disponível = ½  R$ 35.000,00 / 2 = 17.500,00 
Legítima = a outra metade + eventuais bens doados em vida como adiantamento de legítima. 
 
 
LIBERDADE DE TESTAR - ART. 1.789 
Sem herdeiros necessários = liberdade plena de testar 
Com herdeiros necessários = apenas 50% da herança (excluída meação). A 
outra metade constitui-se da legítima dos herdeiros. Deve ser respeitada a metade 
disponível aos herdeiros necessários - art. 1846, CC. 
E COMO SE CALCULA O VALOR PASSÍVEL DE SER TESTADO? O valor 
da parte disponível (o que importa é o valor da avaliação e não o número de bens 
existentes) será definido nos termos do art. 1.847, CC. 
Após a avaliação será definido se o testador se manteve dentro da parte 
disponível. Se houver excesso, haverá redução conforme as disposições dos arts. 
1.966 a 1.968, CC: 
Art. 1.966. O remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, quando o 
testador só em parte dispuser da quota hereditária disponível. 
Art. 1.967. As disposições que excederem a parte disponível reduzir-se-ão 
aos limites dela, de conformidade com o disposto nos parágrafos seguintes. 
 
20 
 
§ 1º Em se verificando excederem as disposições testamentárias a porção 
disponível, serão proporcionalmente reduzidas as quotas do herdeiro ou 
herdeiros instituídos, até onde baste, e, não bastando, também os legados, 
na proporção do seu valor. 
§ 2º Se o testador, prevenindo o caso, dispuser que se inteirem, de 
preferência, certos herdeiros e legatários, a redução far-se-á nos outros 
quinhões ou legados, observando-se a seu respeito a ordem estabelecida 
no parágrafo antecedente. 
Art. 1.968. Quando consistir em prédio divisível o legado sujeito a redução, 
far-se-á esta dividindo-o proporcionalmente. 
§ 1º Se não for possível a divisão, e o excesso do legado montar a mais de 
um quarto do valor do prédio, o legatário deixará inteiro na herança o imóvel 
legado, ficando com o direito de pedir aos herdeiros o valor que couber na 
parte disponível; se o excesso não for de mais de um quarto, aos herdeiros 
fará tornar em dinheiro o legatário, que ficará com o prédio. 
§ 2º Se o legatário for ao mesmo tempo herdeiro necessário, poderá inteirar 
sua legítima no mesmo imóvel, de preferência aos outros, sempre que ela e 
a parte subsistente do legado lhe absorverem o valor. 
 
Herança ≠ meação  herança é o patrimônio e dívidas que sobram após a 
exclusão da meação. Ex.: regime de CUB. Dos 100% do patrimônio pertencente ao 
casal, 50% é meação e 50% é herança (sobre estes 50% é que será calculada a 
liberdade de testar). 
Nesse sentido, a legítima é o limitador do poder de dispor. A legítima é 
sagrada e inatingível (art. 1.961). 
 
- Facultativos: 
Ao lado dos herdeiros necessários, encontram-se os facultativos, que sãoos 
colaterais até 4º grau. A existência de herdeiros facultativos não impede a 
disposição em testamento de todos os bens pelo testador, assim considerado a sua 
parte disponível. 
 
b) Herdeiro testamentário ou instituído: 
É o herdeiro nomeado ou instituído, designado pelo testador por ato de última 
vontade como uma parte do acervo, sem individualização de bens. 
 
- Legatário: 
É o contemplado em testamento com coisa certa e determinada, 
singularizada, precisa. 
 
 
21 
 
1.7 Herança e espólio 
A herança é conjunto patrimonial que é transmitido em razão do falecimento 
de alguém. Deve-se destacar que a herança inclui tanto os bens, quanto os créditos 
e dívidas existentes em nome do falecido. 
A herança constitui o espólio, que é o titular do patrimônio. O espólio é um 
ente despersonalizado, uma massa patrimonial ou universalidade de coisas, até a 
individualização pela partilha. É utilizado sob o prisma processual. Ao espólio é 
reconhecida legitimidade ativa e passiva e o seu representante é o inventariante ou, 
antes de sua nomeação, pelo administrador provisório (art. 75, VII, CPC/2015). 
O espólio responde pelas dívidas do falecido até a partilha e dentro dos 
limites da herança. O espólio tem legitimidade para propor ação de despejo de 
imóveis de propriedade do falecido. Após a partilha, cada herdeiro responderá pela 
dívida, dentro das forças de seu quinhão. Realizada a partilha, o espólio deixa de 
existir, pois desaparece a universalidade patrimonial. 
 
1.8 Herança como um todo unitário e indivisível 
O art. 1.791 dispõe que a “herança defere-se como um todo unitário, ainda 
que vários sejam os herdeiros”, aplicando-se as regras do condomínio. Trata-se da 
noção de indivisibilidade. 
Uma vez aberta a sucessão, esta é considerada um bem imóvel, mesmo que 
nos bens deixados não existam imóveis (apenas móveis e automóveis, por exemplo) 
(art. 80, II, CC). Noção de imobilidade. 
Em razão disto, prevê o art. 1.793, CC que apenas por escritura pública pode 
haver a transmissão da herança (escritura pública de cessão de direitos 
hereditários). Trata-se de requisito essencial para a validade do ato jurídico. Além 
disto, há a necessidade de outorga do cônjuge do herdeiro, para a validade do ato 
(art. 1.647., I, CC). 
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que 
disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública. 
 
 
São firmadas duas ideias fundamentais do direito sucessório: 
 
22 
 
a) a devolução unitária da herança aos herdeiros: efeito translativo, se opera 
de plano, nascendo a indivisibilidade da herança, que diz respeito à posse e ao 
domínio dos bens transmitidos. 
b) a noção de indivisibilidade do monte hereditário: da abertura até o 
momento da partilha a herança permanece em condomínio, um todo unitário e 
indivisível até o transito em julgado da partilha. 
A indivisão inicia no momento da abertura da sucessão, que é considerada 
como um todo unitário e indivisível. Com a partilha, haverá a individualização da 
quota parte de cada herdeiro, quando, cada um, passará a administrar seu quinhão. 
Depois de julgada a partilha o art. 2.023 determina que o direito de cada herdeiro 
fica circunscrito aos bens do seu quinhão. 
Contudo, enquanto não operada a partilha, os herdeiros são todos 
coproprietários e co-possuidores da herança, tendo a regulação de seus direitos, 
conforme as disposições relativas ao condomínio. Assim, como se trata de um 
condomínio, cada herdeiro tem os mesmos direitos e deveres com relação ao todo, 
de modo que um herdeiro não tem mais ou menos direitos ou deveres sobre bens 
específicos da herança. Significa dizer que nenhum herdeiro pode “se apossar” de 
um bem determinado, em detrimento dos demais herdeiros. Neste caso, qualquer 
herdeiro que se sentir prejudicado pode se utilizar das ações possessórias para 
assegurar sua posse (arts. 1.825 e 1.827, CC). 
A partir dessa noção de indivisibilidade, pergunta-se, é possível que algum 
herdeiro aliene a herança? Sim, cada herdeiro pode alienar ou ceder, mas somente 
sua quota ideal, ou seja, pode transferir a terceiro seu quinhão, mas não pode ser 
transferida parte certa e determinada da herança. É nesse sentido a disposição do 
art. 1.793, § 2.º, CC: “é ineficaz a cessão, pelo coerdeiro, de seu direito hereditário 
sobre qualquer bem da herança considerado singularmente”. Neste caso, se o 
herdeiro alienar sua quota parte sobre o bem X, esta cessão só terá eficácia se, com 
a partilha, o herdeiro, de fato, receber o bem X. 
Mas, como são aplicadas as regras do condomínio, o coerdeiro pode alienar, 
respeitando a preferência estabelecida no art. 504, CC. 
 
 
23 
 
1.9 Cessão de direitos hereditários 
O art. 1.793 prevê que toda a herança ou parte dela (quota) é suscetível de 
alienação (onerosa ou gratuita). O titular dos direitos hereditários, desde o momento 
da abertura da sucessão, goza da faculdade dispositiva. Com a abertura da 
sucessão instaura-se a o condomínio sucessório entre os herdeiros legítimos e 
testamentários (art. 1.784). Antes da morte não é possível a cessão, pois o direito 
brasileiro veda o chamado pacto sucessório (contrato que tem como objeto a 
herança de pessoa viva) – arts. 426 e 166, II e VII, CC. A forma de transmissão 
destes direitos é a cessão. O cedente (herdeiro legítimo ou testamentário) transfere 
a qualidade hereditária patrimonial. 
A efetiva transferência do direito só se opera com a partilha (trânsito em 
julgado, registrado no CRI). Porém, o cessionário se investe instantaneamente nos 
direitos alienados, devendo, quando da abertura do inventário, se habilitar. 
O Herdeiro único e universal pode ceder, também, no todo ou em parte. Se 
for universal, o herdeiro-cedente nada mais terá a ver com a herança (persiste, é 
óbvio, sua responsabilidade perante o cessionário até a efetividade do título 
hereditário: partilha averbada). 
 
FORMA E OBJETO 
O direito à sucessão aberta é considerado bem imóvel e, nesse sentido, para 
que seja realizada a cessão, deve ser feita por escritura pública, com outorga 
uxória como condição de validade do negócio jurídico (art. 1.793; art. 1.647, I; art. 
166, IV). 
A escritura deve estipular se a cessão é feita de forma gratuita ou onerosa; se 
estão sendo cedidos todos os direitos hereditários ou somente de parte do quinhão; 
etc. 
O objeto do contrato são os direitos hereditários. 
O cedente: deve ter capacidade para alienar; garante a existência da 
herança, não sua extensão. 
O cessionário (aquele que adquire): recebe a herança no estado em que se 
encontra, correndo o risco de ser mais ou menos, dependo da existência de dívidas; 
sub-roga-se nos direitos do cedente, como se fosse ele próprio. 
 
24 
 
A cessão não pode ser feita quanto a um bem determinado, mas somente 
quanto à quota parte do herdeiro cedente, sem individualização. Isto se dá em razão 
da indivisibilidade da herança (todo unitário), de forma que é ineficaz a cessão de 
bem individualizado (art. 1.793, § 2.º, CC). 
 
§ 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre 
qualquer bem da herança considerado singularmente. 
 
Não quer dizer que a cessão não possa ser feita, mas dependerá da 
concordância dos demais herdeiros. Ex.: “cede para Fulano de Tal os direitos 
hereditários que tem por falecimento de XXX, sobre o imóvel Y”. Dependerá da 
concordância/liberalidade dos demais co-herdeiros. Isto acontece, normalmente, 
quando os herdeiros fizeram a partilha de forma amigável, dividindo entre eles os 
bens existentes. 
 
DIREITO DE ACRESCER 
A cessão realizada abrange apenas os direitos hereditários existentes no 
momento da cessão. Se depois de realizada houver, em favor do cedente, 
substituição ou direito de acrescer (em razão de renúncia de um co-herderio, p. e.x.), 
os direitos daí resultantes não estarão compreendidos na cessão realizada 
anteriormente(GONÇALVES, 2012, p. 58). 
 
DIREITO DE PREFERÊNCIA DO COERDEIRO 
O herdeiro cedente, conforme art. 504, caput e § 1º, deve dar ciência aos 
herdeiros condôminos, para exercício de prelação (preferência). Nesse sentido, o 
art. 1.794, CC traz a determinação de que: 
 
Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa 
estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto. 
 
Caso não tenha sido dado o direito de preferência à algum coerdeiro, este 
poderá, nos termos do art. 1.795, CC, exercer este direito a posteriori: 
 
 
25 
 
Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, 
poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o 
requerer até cento e oitenta dias após a transmissão. 
 
Este direito deverá ser exercido em até 180 dias após a ciência da alienação. 
E se mais de um herdeiro quiser exercer o direito de preferência? Neste caso, 
segundo Tartuce (2012, p. 18), deverá o quinhão cedido ser distribuído entre eles, 
na proporção de suas quotas hereditárias: 
 
Art. 1.795. Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a 
preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das 
respectivas quotas hereditárias. 
 
OUTROS ASPECTOS RELEVANTES DA CESSÃO: 
 A Escritura Pública de Cessão não está sujeita ao registro imobiliário. Não 
existe a coisa em concreto, falta o pressuposto da especialidade, pois o objeto da 
cessão é a transferência de direitos e não da propriedade. 
 A cessão deve ser juntada aos autos do inventário. O cessionário pode 
manifestar-se no inventário (deverá se habilitar). Se for único herdeiro, pode 
requerer a adjudicação do bem cedido. Pode ser nomeado inventariante. Pode 
requerer a abertura do inventário. 
 Quando for feito inventário extrajudicial, pode-se realizar a cessão de 
direitos no mesmo dia da escritura de inventário. Basta que todos os impostos 
(transmissão) estejam pagos. 
 Pela força dos § § 2º e 3º do art. 1.793, o cedente não responde pela 
evicção, a menos que ceda bens inexistentes, ou que não lhe pertençam, em 
relação à sua quota-parte. Esta regra decorre do princípio da indivisibilidade da 
herança e do caráter aleatório da cessão. 
 A cessão depende da anuência conjugal (na hipótese de casados) porque 
a cessão é translativa. Havendo resistência do cônjuge ou companheiro em anuir à 
cessão, possível a busca do suprimento judicial de consentimento. Exceção: art. 
1.647: alienar, fazer doação, prestar fiança ou aval (Regime da Separação de Bens); 
 O cessionário, responde como responderia o cedente, pelo passivo da 
herança (até o limite do quinhão). 
 
26 
 
 A cessão pode sofrer desconstituição Judicial, quando eivada de qualquer 
dos vícios de consentimentos; 
 A ação anulatória deve ser promovida em autos próprios. Pode ocorrer a 
suspensão do inventário ou não (depois de decidida a questão, faz-se, então, uma 
sobrepartilha). 
 Os direitos testamentários ou legatários podem ser transferidos por cessão. 
 Quando o cônjuge cede a totalidade, chamamos de cessão da 
universalidade de Bens que compõe a meação. O cônjuge sobrevivo pode ceder 
parcialmente. 
 
1.10 Responsabilidade dos herdeiros 
Enquanto não realizada a partilha, o espólio responde pelas dívidas do 
falecido (art. 597, CPC/2015), tendo o espólio, representado pelo inventariante, 
capacidade para ser parte (art. 12, V, CPC/2015). 
O art. 1.792 prescreve que o herdeiro tem responsabilidade somente no limite 
das forças da herança, incumbindo-lhe a prova do excesso, salvo se houver 
inventário que a escuse, demonstrando o valor dos bens herdados. Contudo, para 
que o herdeiro não responda por dívidas superiores às forças da herança, terá de 
comprovar o excesso, salvo se houver inventário demonstrando o valor dos bens 
herdados (art. 796, CPC/2015). Como o inventário é um levantamento dos bens, 
créditos e débitos existentes em nome do falecido, apura-se o valor das dívidas e o 
valor dos bens necessários ao pagamento delas. Só serão partilhados os bens ou 
valores que restarem após o pagamento das dívidas existentes (GONÇALVES, 
2012, p. 54). 
 
1.11 Abertura do Inventário – art. 1.796 
O art. 1.796 prevê que 30 dias após a abertura da sucessão deve-se instaurar 
o inventário. O CPC/2015 prescreve no art. 611 o prazo de dois meses a contar do 
óbito (abertura da sucessão) para a instauração do inventário. O art. 616 do 
CPC/2015 arrola outras pessoas que têm legitimação concorrente. 
A inobservância do prazo pode acarretar sanção de natureza fiscal, com a 
imposição de multa sobre o imposto, conforme súmula 542, STF. No caso do Rio 
 
27 
 
Grande do Sul não há nenhum tipo de sanção. Essa multa é, quase sempre, 
relevada pelo juízo do inventário. CADA ESTADO REGULA A APLICAÇÃO DESTA 
SANÇÃO4. 
O foro competente para a propositura do inventário é o mesmo do lugar da 
abertura da sucessão: 
 
Art. 1.796. No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, 
instaurar-se-á inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo 
competente no lugar da sucessão, para fins de liquidação e, quando for o 
caso, de partilha da herança. 
 
 
1.12 Administração provisória da Herança 
Como regra, a administração da herança compete ao inventariante. Contudo, 
do momento em que é aberta a sucessão até a nomeação e compromisso do 
inventariante, a administração provisória fica a cargo do espólio, que é o 
administrador provisório (art. 613, CPC/2015). 
 
Art. 613. Até que o inventariante preste o compromisso, continuará o 
espólio na posse do administrador provisório. 
 
O administrador provisório está na posse da herança e representa o espólio 
ativa e passivamente, devendo trazer ao acervo os frutos dos bens do espólio (art. 
614, CPC/2015): 
Art. 614. O administrador provisório representa ativa e passivamente o 
espólio, é obrigado a trazer ao acervo os frutos que desde a abertura da 
sucessão percebeu, tem direito ao reembolso das despesas necessárias e 
úteis que fez e responde pelo dano a que, por dolo ou culpa, der causa. 
 
Mas quem será o administrador provisório? O art. 1.797, CC traz o rol 
daqueles que podem ser administradores provisórios: 
 
Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração da herança 
caberá, sucessivamente: 
I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da 
abertura da sucessão; 
II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver 
mais de um nessas condições, ao mais velho; 
III - ao testamenteiro; 
 
4 São Paulo: Lei Estadual 10.705/2000; Minas Gerais: Lei Estadual: 14.941/2003; Maranhão: Lei 
Estadual .912/1998. 
 
28 
 
IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos 
incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave 
levado ao conhecimento do juiz. 
 
Questão que não é pacífica é a obediência ou não a esta ordem. Há decisões 
que flexibilizam e permitem que a nomeação do administrador provisório seja distinta 
desta ordem do art. 1.797, CC. Outras, contudo, entendem que deva ser, 
rigorosamente, obedecida. 
 
1.13 Vocação hereditária - Capacidade para suceder - Art. 1.787 
Aptidão para tornar-se herdeiro (VENOSA, 2012, p. 50) de uma determinada 
herança. Esta capacidade/aptidão é avaliada no momento da abertura da sucessão 
(morte do autor da herança – princípio da saisine). O herdeiro, no momento da 
morte, deve ostentar essa condição. 
EXEMPLO 1: Se o autor da herança falecer hoje e deixar um herdeiro e, 
amanhã, entrar em vigor lei nova retirando deste a condição de herdeiro, a nova lei 
não o atingirá, pois já lhe havia sido transmitido os direitos de posse e domínio. 
EXEMPLO 2: Se a abertura da sucessão tiver ocorrido antes da CF/88, que 
igualou os direitos sucessórios dos filhos adotivos aos biológicos, se o de cujus tiver 
deixado um filho adotivo e o falecimento tiver ocorridoantes da vigência da CF/88, o 
filho adotivo não herdará (GONÇALVES, 2012, p. 40). Diferente será se o 
falecimento ocorrer após a entrada em vigor da CF/88. Neste caso, o filho adotado 
herdará da mesma forma que o biológico. 
 
O art. 1.798 trata da legitimidade para suceder, estabelecendo que aqueles 
que estiverem vivos ou concebidos no momento da abertura da sucessão serão 
legitimados a receber a herança. 
 
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas 
no momento da abertura da sucessão. 
 
Segundo Tartuce (2012, p. 23), o art. 1.798, CC trata da sucessão legítima, 
admitindo como herdeiro legítimo somente a pessoa natural e não a jurídica. 
 
29 
 
A partir daí, vem à tona a questão do nascituro. Salienta Gonçalves que os 
“nascituros podem ser, assim, chamados a suceder tanto na sucessão legítima como 
na testamentária, ficando a eficácia da vocação dependente do seu nascimento. 
Podem, com efeito, ser indicados para receber deixa testamentária” (GONÇALVES, 
2012, p. 69). Assim, nascendo com vida, os efeitos retroagem a data da concepção. 
Se nascer o feto morto, não terá direitos, será como se nunca tivesse existido. 
Assim, os direitos do nascituro são subordinados a condição resolutiva, ou seja, 
nascimento com vida (TARTUCE, 2012, p. 24). Da mesma forma, caducam as 
disposições testamentárias que beneficiam pessoas já falecidas (a deixa 
testamentária volta para a sucessão legítima). 
Mas para que tenha direitos, já deve estar o embrião implantado no útero 
materno? Se for uma situação de fecundação in vitro haverá direitos sucessórios 
reservados ou não? De início é preciso que fique claro que não há uma uniformidade 
ou unanimidade, nem na doutrina, nem na jurisprudência. 
Há quem entenda que apenas o nascituro (o embrião já implantado no útero 
materno – com gravidez comprovada) poderá suceder legitimamente e não o 
embrião. Nesse sentido: Euclides de Oliveira e Sebastião Amorim afirmam que se 
deve exigir a implantação no útero materno para que possa haver o regular 
desenvolvimento com vida (TARTUCE, 2012, p. 24). 
Em sentido contrário, há os que levam em consideração o art. 1.597, CC, que 
dispõe que se presumem concebidas na constância do casamento as pessoas 
nascidas a qualquer tempo, em se tratando de embriões excedentários, fecundados 
por fertilização homóloga. Neste caso: Zeno Veloso afirma que mesmo após a morte 
do pai, havendo a implantação do embrião e sendo a gestação levada a termo, o 
nascimento com vida e a aquisição da personalidade fazem com que este filho seja 
herdeiro, porque considera-se que estava concebido quando o genitor faleceu e, 
além disto, há a questão da igualdade trazida pelo art. 227, § 6.º, CF (TARTUCE, 
2012, p. 25). 
A III Jornada de Direito Civil, realizada em 2004, aprovou o enunciado 267, do 
Conselho da Justiça Federal e do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema: 
 
 
 
30 
 
 
 
 
 
 
Desta forma, entende o STJ que embrião também é considerado sucessor 
legítimo. Para que alguém possa suceder, não basta invocar a ordem da vocação 
hereditária. Devem ser preenchidas algumas condições (VENOSA, 2012, p. 53): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a) Legitimação para suceder por testamento 
O art. 1.799, CC traz a previsão daqueles que são legitimados a suceder por 
testamento, além daquelas já existentes ou concebidas o momento da abertura da 
sucessão (nascituro): 
 
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a 
suceder: 
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, 
desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; 
II - as pessoas jurídicas; 
III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador 
sob a forma de fundação. 
 
 
31 
 
No inciso I, o legislador abre exceção à regra geral, possibilitando que filhos 
não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que estas estejam vivas 
quando da abertura da sucessão, venham a ser herdeiros testamentários. É a 
chamada prole eventual ou o concepturo. 
Mas, se, por exemplo, o testador instituir cláusula no testamento, 
contemplando o filho não concebido de sua filha (seu eventual neto, portanto) e, 
quando a sucessão for aberta sua filha estiver morta, caducará a disposição 
testamentária. 
Dispõe o art. 1.800, CC que depois de feita a partilha os bens serão 
entregues a um curador nomeado pelo juiz: 
 
Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança 
serão confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz. 
§ 1º Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à 
pessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, 
às pessoas indicadas no art. 1.775. 
§ 2º Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, 
regem-se pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que 
couber. 
§ 3º Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a 
sucessão, com os frutos e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte 
do testador. 
§ 4º Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for 
concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em 
contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos. 
 
Deve ser destacado o § 4.º, que estabelece que se até dois anos após a 
abertura da sucessão não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados 
caberão aos herdeiros legítimos. 
Quem deve existir no momento da morte do autor da herança são os pais do 
beneficiado, não este, que, na hipótese, sequer precisa estar concebido 
(GONÇALVES, 2012, p. 73). 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
Com relação aos filhos havidos em razão de inseminação artificial, a questão 
é diferenciada (e, de certa forma, injusta). Gonçalves (2012, p. 75) explica bem a 
situação: 
Em princípio não se pode falar em direitos sucessórios daquele que foi 
concebido por inseminação artificial post mortem, uma vez que a 
transmissão da herança se dá em consequência da morte (CC, art. 1.784) e 
dela participam as “pessoas nascidas ou já concebidas no momento da 
abertura da sucessão” (art. 1.798). 
A questão, no entanto, é tormentosa e cabe à doutrina e à jurisprudência 
fornecer subsídios para sua solução. A doutrina brasileira se inclina no 
sentido de negar legitimação para suceder aos filhos havidos por métodos 
de reprodução assistida, quer na hipótese de a morte do ascendente 
preceder à concepção, quer na de implantação de embriões depois de 
aberta a sucessão. Solução favorável à criança ocorreria se houvesse 
disposição legislativa favorecendo o fruto de inseminação post mortem. 
[...] 
[...]se o Código Civil de 2002 trata os filhos resultantes de fecundação 
artificial homóloga,, posterior ao falecimento do pai, como tendo sido 
“concebidos na constância do casamento”, não se justifica a exclusão de 
seus direitos sucessórios. Entendimento contrário conduziria à aceitação da 
existência, em nosso direito, de filho que não tem direitos sucessórios, em 
situação incompatível com o proclamado no art. 227, § 6.º, da Constituição 
Federal. 
 
O inciso II, do art. 1.799, CC permite que também as pessoas jurídicas 
possam ser beneficiadas no testamento. Desta forma, qualquer pessoa pode ser 
contemplada no testamento, tanto física quanto jurídica, simples ou empresária, de 
direito público ou privado. 
O inciso III, do art. 1.799, CC permite que o testador beneficie uma fundação 
que, nos termos do art. 62, pode ser criada por escritura pública ou testamento. 
Neste último caso, segundo Gonçalves (2012, p. 77), “por ainda não existir a pessoa 
jurídica idealizada pelo testador, aberta a sucessão os bens permanecerão sob a 
guarda provisória da pessoa encarregada de instituí-la, até o registro de seus 
estatutos, quando passará a ter existência legal”. 
A doutrina admite que o testador deixe bens para uma pessoa jurídica 
existente de fato, mas não de direito. São os casos das sociedadesde fato, nos 
termos do art. 986, CC. O que se deve perceber é que estas pessoas jurídicas 
existem, já estão atuando, ainda que não tenham seus documentos constitutivos 
registrados. O que não se permite é que o testador beneficie pessoa jurídica que, 
sequer existe de fato. 
 
33 
 
Se, contudo, os bens destinados para constituir a fundação forem insuficiente 
e o testador não dispuser de forma diversa, deverão os bens serem destinados a 
outra fundação que tenha finalidade igual ou semelhante (art. 63, CC). 
OBSERVAÇÃO: Já caiu questão no exame de ordem sobre esta situação! 
 
b) Pessoas que não podem ser nomeados herdeiros testamentários, nem 
legatários 
O art. 1.801 menciona que outras pessoas não podem ser nomeadas 
herdeiras, nem legatárias: 
 
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: 
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou 
companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; 
II - as testemunhas do testamento; 
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver 
separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; 
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem 
se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. 
 
Essas incapacidades passivas ocorrem em razão de serem consideradas 
suspeitas. No inciso I a exclusão se dá por suspeição. No inciso II, da mesma forma, 
para garantir a segurança da vontade do testador, evitando influência das 
testemunhas. O concubino do testador casado também não pode figurar na 
sucessão (III) – concubinato = relação não eventual entre homem e mulher 
impedidos de casar. O inciso IV veda ser instituído como herdeiro ou legatário o 
tabelião ou escrivão, enfim, a autoridade perante quem se fizer ou aprovar o 
testamento. O intuito também é proteger e assegurar a vontade livre do testador. 
 
c) Simulação de contrato oneroso e interposição de pessoa 
O art. 1.802 dispõe: 
 
Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas 
não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato 
oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa. 
Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os 
descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a 
suceder. 
 
 
34 
 
Assim, mesmo com as proibições dos arts. 1.801, 1.798, 1.799, I, se forem 
contempladas pessoas neles constantes, de forma direta ou mediante simulação, as 
disposições testamentárias serão NULAS. 
 
A nulidade da deixa testamentária pode revestir-se de duas formas: a) o 
testador dissimulada a liberalidade sob a aparência de contrato oneroso; ou 
b) recorre a interposta pessoa para beneficiar o proibido de suceder 
(GONÇALVES, 2012, p. 84). 
 
Para exemplificar a situação: 
a) o testador confessa ser devedor de obrigação inexistente, ou alega ter 
prometido à venda certo bem, afirmando já ter recebido o preço acordado; 
b) o testador utiliza um “testa de ferro” para realizar a operação que tinha em 
mente; 
c) o testador, com intenção de beneficiar a concubina, institui o pai da mulher, 
beneficiando-a, indiretamente. 
É lícita, contudo, a deixa ao filho do concubino, se também o for do testador 
(art. 1.803). 
 
1.14 Aceitação da herança 
Com o falecimento abre-se a sucessão e a transmissão opera-se desde logo. 
A aceitação revela a anuência do beneficiário em receber a herança. Assim, o 
recebimento da herança é facultativo, pois o beneficiário poderá deliberar (aceitar ou 
renunciar) seu direito. A aceitação (ou adição) da herança é o ato pelo qual o 
herdeiro concorda com a transmissão dos bens do de cujus, que ocorreu, por lei, no 
momento da abertura da sucessão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
ESPÉCIES DE ACEITAÇÃO 
O art. 1.805, estabelece as duas formas de aceitação: expressa e tácita. 
a) Expressa - É a manifestada por escrito, público ou particular, de que o 
beneficiário deseja receber a herança. 
b) Tácita - É a que prevalece (Art. 1805, segunda parte, CC). A aceitação 
tácita resulta de qualquer ato que demonstre a intenção de aceitar a herança, atos 
compatíveis com caráter de herdeiro: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 1805, §1º, CC: “não exprimem aceitação da herança os atos oficiosos, 
como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e 
guarda interina”. Esses atos são praticados de forma altruísta, sem o intuito de 
aceitar a herança. 
 
 
 
 
 
36 
 
Art. 1805, §2º, CC: a cessão pura e simples para os demais coerdeiros 
também não importa aceitação da herança – equivale a uma renúncia 
(GONÇALVES, 2012, p. 91). 
c) Presumida - É o que ocorre no caso do art. 1807, CC, quando algum 
interessado em saber se o herdeiro aceita ou não a herança faz requerimento ao 
juiz, após passados 20 dias da abertura da sucessão, para que lhe intime a dizer, 
em prazo não superior a 30 dias, se aceita ou não a herança (GONÇALVES, 2012, 
p. 91). Nesse caso, o silêncio é interpretado como manifestação da vontade 
(aceitação presumida). 
Percebe-se, então, que a aceitação tácita difere da presumida, pois a 
última depende da provocação de um terceiro interessado, enquanto que a 
primeira resulta “de atos próprios da qualidade de herdeiro”. 
 
 
 
 
 
 
FORMA QUE A PESSOA MANIFESTA A ACEITAÇÃO 
a) Direta: oriunda do próprio herdeiro; 
b) Indireta: quando alguém faz pelo herdeiro. Pode acontecer em algumas 
hipóteses: 
- Oriunda de sucessores (art. 1809, CC): se o herdeiro falecer antes de 
aceitar a herança impede a transmissão desta a seus sucessores. Neste caso, 
transmite-se a eles o direito de aceitá-la ou repudiá-la. Contudo, se para o 
recebimento da herança deve ser implementada uma condição (diploma 
universitário, p. ex.), se falecer o herdeiro antes da realização da condição, o direito 
hereditário é como se nunca tivesse existido e, portanto, os sucessores do herdeiro 
não poderão aceitar por ele. 
EXEMPLO: A falece e deixa dois sucessores: B e C. Antes que houvesse a 
aceitação da herança por estes, B falece e deixa os herdeiros X e Y. Neste caso, X e 
Y: 
 
37 
 
• Podem recusar a herança do avô e aceitar a do pai; 
• Podem recusar a do pai; 
• Não podem recusar a do pai e aceitar a do avô – seria, de certa 
forma, um aceite “parcial” da herança! 
 
 Mandatários: é possível haver renúncia ou aceitação da herança por 
procuração. 
 Tutor ou curador: representantes do incapaz, mediante autorização 
judicial (art. 1748, II, CC). 
 Credores: não poderá haver renúncia com prejuízo aos credores. Nesse 
caso, os credores poderão aceitar a herança em nome do renunciante, a fim de 
evitar a fraude (art. 1.813, CC). Neste caso os credores, com autorização do juiz do 
inventário, aceitam a herança, recebem o quinhão hereditário do renunciante (na 
proporção da dívida) e, havendo saldo, os demais bens/valores serão entregues aos 
demais herdeiros que seriam beneficiados com a renúncia. O saldo não será 
devolvido ao renunciante. 
c) Aceitação parcial ou condicional: Não pode haver aceitação parcial. 
Nesse sentido, temos que interpretar o art. 1808, caput e §1º, CC, pois trata da 
questão de um mesmo herdeiro ser: 
 Herdeiro universal de um título e; 
 Legatário de um título singular. 
 
Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob 
condição ou a termo. 
§ 1º O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando 
a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los. 
 
Assim, considerando que se trata de modalidades de sucessão distintas, nada 
impede que o beneficiário renuncie ou não aceite integralmente a uma sucessão, 
conservando a outra. Ele renuncia a toda herança e aceita o legado por inteiro, ou 
renuncia a todo o legado, aceitando toda a herança. 
O herdeiro ao continuar na posse dos bens, ocupa o lugar do de cujus em 
todas “as relações jurídicas, sub-rogando-se em seus direitos e obrigações”. 
 
38O que lhe é vedado é aceitar parcialmente a herança. (A segunda parte do § 
1º do art. 1.808 é que permite a renúncia parcial). Portanto, não pode o sucessor 
aceitar a herança sob determinada condição (aceita, mas se não tiverem dívidas a 
serem pagas). 
IRREVOGABILIDADE DA ACEITAÇÃO 
O Código Civil, em seu art. 1.812, define a irrevogabilidade da aceitação e de 
renúncia. Assim, realizada a aceitação (expressa ou tácita ou presumida) não haverá 
possibilidade de revogar tal ato, de modo que a aceitação gera efeitos imediatos e 
definitivos. 
 
ANULAÇÃO DA ACEITAÇÃO 
Assim, depois de realizada a aceitação, se for verificado que o aceitante não 
é o herdeiro, como por exemplo, chamar-se à sucessão os colaterais e, depois, 
verificar-se a existência de filhos, deverá ser declarada a ineficácia da aceitação, 
devolvendo-se a herança a quem de direito. Se, contudo, o inventário já tiver sido 
julgado, como homologação da partilha, apenas com a ação de petição de herança é 
que será possível reivindicar o que lhe cabe. 
 
1.15 Renúncia da herança – Art. 1.806, CC 
É o ato solene pelo qual a pessoa, chamada à sucessão de outra, declara 
que não aceita. O herdeiro não é obrigado a aceitar a herança. A recusa de recebê-
la chama-se renúncia ou repúdio. Os efeitos da renúncia retroagem a data da 
abertura da sucessão. Não se presume, pois é negócio formal e não está sujeita a 
condição ou termo. 
 
 
 
 
Segundo o art. 1.806, CC, deve ser feita por instrumento público ou termo nos 
autos, sendo, portanto, vedada a renúncia tácita. Necessita de uma ação, de uma 
atividade por parte do herdeiro renunciante. Trata-se, pois, de negócio solene. 
 
39 
 
O art. 1808 do Código Civil NÃO ADMITE CONDIÇÃO OU TERMO na 
renúncia, ou seja, ela é essencial, pura e simples. 
EXEMPLO: Escritura pública de renúncia: por meio desta escritura pública de 
renúncia, Joãozinho renuncia a herança de Carlinhos, para que Marquinhos seja 
beneficiado. Nesse caso, se o herdeiro renunciante declarar que deseja beneficiar 
outro herdeiro, a hipótese não é de renúncia, mas de cessão de direitos hereditários. 
 
 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS DA RENÚNCIA 
Rizzardo aponta as principais características da renúncia, acompanhando o 
entendimento doutrinário dominante: 
a) A unilateralidade, por não depender da vontade de outros herdeiros. 
b) A abstratividade, isto é, a ausência de motivações. Não é colocada 
nenhuma razão, e muito menos vem mencionado algum pagamento, posto que aí a 
figura seria cessão. 
c) A indivisibilidade, porquanto a renúncia se opera em relação à herança, e 
não a um bem, continuando o herdeiro a concorrer na partilha do restante do 
patrimônio. A lei não admite renúncia parcial (art. 1.808). 
d) Ato jurídico puro, ou seja, sem depender de condições ou termo. Art. 
1.808 CC. 
e) Gratuita, jamais se permitindo algum pagamento ou uma compensação, 
sob pena de confundir-se, então, com a cessão de direitos. 
f) Efeito retroativo, valendo a contar da morte do autor da herança. Arts. 
1.784 e 1.804. 
g) O formalismo, que é de rigor, nunca se acolhendo que seja reconhecida à 
renúncia por manifestação verbal, nem por instrumento particular. A renúncia deve 
ser feita por instrumento público ou termo judicial (art. 1.806). Não há presunção de 
renúncia ou renúncia tácita. Deve ser expressa e formal. 
 
 
40 
 
DISTINÇÃO ENTRE OS TIPOS DE RENÚNCIA 
 Abdicativa: é a verdadeira renúncia, pura, simples, sem condição, é dizer 
que não quer, sem indicar favorecido. Essa renúncia opera-se em favor do monte. 
Incide, apenas o imposto mortis causa (ITCD). 
 Translativa: o herdeiro que renuncia em favor de determinada pessoa, o 
que implica em transmissão da herança, envolvendo duas declarações de vontade: 
aceitação e alienação simultânea. A renúncia existe apenas no nome, pois se trata 
de cessão de direitos hereditários. 
A importância de diferenciar a renúncia pura e simples da translativa se dá em 
razão da incidência de impostos. No caso da renúncia pura e simples incide, tão 
somente o ITCD (causa mortis). Já no caso da renúncia translativa, há a incidência 
de dupla tributação: causa mortis (ITCD – de cujus ao herdeiro) e inter vivos (ITBI 
– herdeiro ao terceiro/beneficiário). Equivale a uma cessão de direitos hereditários. 
 
REQUISITOS DA RENÚNCIA PARA SER VÁLIDA 
Para validade da renúncia são indispensáveis alguns pressupostos ou 
requisitos, como: 
a) deve ser expressa: art. 1806, primeira parte, CC. Faz-se por declaração 
escrita; “instrumento público ou termo judicial”. 
b) deve ser promovida: art. 1806, segunda parte, CC - por instrumento 
público ou termos nos autos (não apenas nos autos do inventário)... em qualquer 
processo que se discuta a herança). Significa dizer que há a necessidade de uma 
ação por parte do renunciante. 
c) exige plena capacidade jurídica do renunciante, em razão das 
consequências que acarreta. Assim, não pode renunciar aquele que for incapaz 
(nem por seu representante legal - curador), a menos que obtenha a autorização 
judicial. Não basta capacidade genérica, sendo necessária também a de alienar. 
Feita renúncia por mandatário, deve este exibir procuração com poderes especiais 
para renunciar (art. 661, § 1.º, CC). 
d) não pode ser feita antes de aberta à sucessão. O óbito é que deflagra o 
processo sucessório e as questões relativas à qualidade de herdeiro. 
 
41 
 
e) sendo casado o herdeiro, há necessidade do consentimento do cônjuge 
– exceto no regime da separação absoluta (art. 1.647, I). A outorga de 
consentimento do cônjuge é indispensável para a validade da renúncia, pois o direito 
à sucessão aberta é considerado bem imóvel (art. 80, II). Se o cônjuge se nega a dar 
o consentimento, o juiz poderá supri-lo, conforme art. 1.648, CC. 
 
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, 
quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja 
impossível concedê-la. 
 
f) uma vez realizada, RETROAGE à data da abertura da sucessão, no 
sentido de que o renunciante é tratado como se nunca tivesse existido. 
g) que não prejudique os credores: A Lei de Falências e Recuperação de 
Empresas – Lei n. 11.101, de 9.02.2005, reconhece no art. 129, a ineficácia dos atos 
em relação a falência: inc. V: a renúncia à herança ou legado, até dois anos antes 
da decretação da falência. 
Nesse sentido, o art. 1.813, CC prevê que, se o herdeiro renunciar a herança 
e os credores sentir-se prejudicados, poderão aceitar a herança pelo herdeiro: 
 
Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à 
herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do 
renunciante. 
§ 1o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao 
conhecimento do fato. 
§ 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao 
remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros. 
 
h) direito de acrescer: o quinhão volta automaticamente aos outros 
herdeiros. Se o herdeiro for o único da classe são convocados os herdeiros da 
classe seguinte. 
Na renúncia, não há que se falar em direito de representação. Os 
descendentes do renunciante não podem representá-lo porque ele nada 
recebeu. RENÚNCIA E REPRESENTAÇÃO NÃO VIVEM JUNTAS! 
 
 
 
 
 
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FORMAS DE RENÚNCIA: ART. 1.806 
1) por termo nos autos – A renúncia por termo nos autos independe de 
homologação. Basta que seja feito um termo, pelo escrivão judicial (cuja fé pública 
se assemelha/equipara a do tabelião) para que tenha validade. 
2) por escritura pública – nunca contrato particular, art. 1806, CC. O Código 
menciona expressamente por instrumento público, inadmitindo escrito particular. 
 
EFEITOS DA RENÚNCIA 
Muitas são as implicações do ato de renunciar, irradiando alguns efeitos, em 
especial, a exclusão do herdeiro renunciante de forma ampla e definitiva. 
a) Exclusão, da sucessão, do herdeiro renunciante: o RENUNCIANTE é 
tratado como se nunca tivesse

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