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Políticas Municipais de Juventudes

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Conteudista: Juliene Tenório 
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POLÍTICAS MUNICIPAIS DE JUVENTUDES: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho 
caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar. 
(PAULO FREIRE) 
 
 No caminho que temos percorrido no curso Juventudes e Políticas Públicas foi possível, a 
partir dos textos, refletir sobre os discursos de juventudes, a forma como esses discursos orientam 
as relações e as práticas com jovens, os marcos históricos dos direitos dos(as) jovens e das Políticas 
de juventudes, as questões teóricas e normativas com relação as Políticas Públicas de Juventudes - 
PPJs. 
 Durante as discussões dos fóruns nos módulos 1, 2 e 3, percebemos o compromisso e as 
angústias dos(as) cursistas, enquanto estudantes, profissionais e gestores(as), a partir de seu 
trabalho e das políticas das quais fazem parte, em como atender as demandas plurais dos(as) jovens, 
como dar respostas aos problemas da mortalidade juvenil, da violência, das condições de educação, 
trabalho e vida dos(as) jovens, como também em como construir para estes/as jovens possibilidades 
de diálogo, escuta e participação nos processos decisórios. 
 Tais preocupações revelam o compromisso dos(as) cursistas em repensar os discursos e as 
práticas desenvolvidas nas relações e políticas das quais fazem parte, como também, indicam que, 
mesmo após tantas lutas e processos de construção de Políticas de Juventudes, estamos temos 
muito a caminhar. Muito chão ainda precisa ser trilhado, muitos diálogos estabelecidos, muita luta 
articulada, especialmente, no contexto de retrocessos e perdas de direitos que temos presenciado. 
 Desta forma, neste módulo, nos propomos a sistematizar os principais desafios da 
municipalização das Políticas de Juventudes articulando estratégias a serem desenvolvidas por 
gestores(as) e profissionais. Longe de ser propostas engessadas e únicas, as reflexões e estratégias 
apresentadas se constituem em possibilidades a ser avaliadas e/ou alteradas, a partir da realidade 
local. Se você considerar importante a inserção de outros desafios ou estratégias, coloca lá no Fórum 
do módulo 4 para discutirmos. 
 
1. Políticas Municipais de Juventudes: Desafios contemporâneos e Estratégias 
 
Como falamos anteriormente, o fato da Política de Juventude ser caracterizada como pública 
traz a responsabilidade do Estado e sociedade na perspectiva de melhoria no funcionamento e 
atendimento das necessidades dos(as) jovens. Para que isso ocorra, é fundamental que haja clareza 
 
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sobre os desafios que se colocam no cotidiano das Políticas de Juventudes e nas Políticas Sociais 
que executem programas direcionados aos jovens. 
 
 
 Desafio 1: Política de Juventudes devem garantir direitos 
 
 Trabalhamos no módulo 1 e 2 deste curso, os direitos dos(as) jovens que estão expressos, 
normatizados nos principais marcos legais internacionais, nacional e estadual. Se, por um lado, estes 
direitos estão inseridos em um arcabouço jurídico-legal, por outro, na estrutura governamental e 
das políticas sociais, garanti-los ainda se constitui em importante desafio diante das decisões 
políticas e econômicas, dos retrocessos da conjuntura internacional e nacional, das perdas diante 
das definições de recursos públicos para a temática, dentre tantos outros motivos. 
 
Direitos dos(as) Jovens (BRASIL, 2013) 
 
 Se olharmos para a realidade identificaremos uma série de direitos que estão 
cotidianamente sendo violados e negligenciados. São jovens fora da escola, jovens 
desempregados(as) ou em condições precárias de trabalho, jovens sem acesso a atividades 
esportivas e culturais, jovens assassinados (...). A lista é imensa e tão grande quanto é o desafio de 
não considerar todos estes problemas como responsabilidade apenas dos(as) jovens. 
 Além disso, reforçamos que o fato de existir uma Política de Juventudes não garante por si 
só que ela seja boa ou que atenda as necessidades dos(as) jovens. Conforme trabalhamos no 
Módulo 3, podem existir programas ou ações que, ao invés de garantir direitos, reforcem opressões, 
violências e desigualdades. 
 Uma das Estratégias que apontamos é a necessidade de rever e defender incansavelmente 
os(as) jovens como sujeitos que possuem direitos, seja você gestor(a), profissional, educador(a) ou 
direito à educação de 
qualidade
direito à 
profissionalização, ao 
trabalho e à renda
direito à diversidade e 
à igualdade de 
direitos e de 
oportunidades
direito à cultura
direito à saúde e à 
qualidade de vida
direito à comunicação 
e à livre expressão
direito à prática 
desportiva
direito ao território e 
à mobilidade
direito à 
sustentabilidade e ao 
meio ambiente 
ecologicamente 
equilibrado
direito de viver em um 
ambiente seguro
 
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mesmo jovem. O que significa que no cotidiano de 
atendimento e trabalho com estes(as) jovens, o discurso 
da "ajuda" e do "favor" não deve ser utilizado. Como 
assim? 
 Vamos pensar: Quando um(a) jovem gay, lésbica, 
travesti ou transgênero é atendido(a) em um Centro de 
Referência em Assistência Social (CRAS) ou mesmo é 
aluno(a) de uma escola, as dificuldades que possam 
existir em mim em aceitá-lo(a) da forma como ele é, não 
devem jamais deixar de fazer um atendimento de 
qualidade e garantindo que ele(a) tenha seus direitos garantidos. Não posso deixar de matricula-
lo(a) na escola onde trabalho, nem atendê-lo sem uso do nome social, do qual ele(a) tem direito de 
ser chamado(a) porque "não aceito isso". Mas isso é questão de aceitação ou de direito??? 
 Quer outro exemplo? Um jovem que cumpre medida sócioeducativa é encaminhado a um dos 
serviços da Prefeitura e eu, enquanto gestor(a) ou profissional, deixo que ele fique o dia inteiro no 
sol quente sem fazer nada, enquanto penso em que outros 
"castigos" ele deve receber para aprender a fazer a coisa 
certa (...); Ou mesmo a mortalidade de jovens que vem sendo 
naturalizada, como se fosse aceitável ver a negação de um 
direito fundamental- à vida- sem problematizar por que os 
jovens mortos são, em sua maioria, negros e pobres. 
 O atendimento a jovens nos serviços, programas e 
projetos se constituem como direito. Desta forma, se você 
é gestor(a) ou integra a equipe da Política de Juventudes, 
que tal fazer uma avaliação de quais direitos são atendidos pela Prefeitura e quais são 
negligenciados? Observe a forma como jovens são atendidos(as) pelos programas e serviços, 
problematize as questões com os(as) gestores(as) e profissionais, caso identifique que o direito não 
está sendo garantido. Identifique as violações de direitos dos(as) jovens no município e articule 
movimentos, o legislativo, o judiciário, Organizações Não Governamentais(ONGs), dentre outros 
sujeitos e instituições para discutir estratégias de defesa dos(as) jovens. 
 Se você é gestor(a) ou profissional de Políticas Sociais que atendam os(as) jovens, reflita 
sobre os princípios, propósitos e objetivos dos serviços e programas, se eles garantem direitos ou 
reforçam opressões. Seu trabalho, por mais dificuldades que existam, não pode ser utilizado como 
justificativa para fazer um atendimento de qualquer forma. Ou mesmo, quando chegar um jovem 
com direitos violados, ainda que com as melhores das intenções, dizer: "Eu vou te ajudar". O 
discurso da "ajuda" nas Políticas Sociais é extremamente negativo, pois remete a compreensão dela 
como caridade, dádiva, não como direito. 
 
 
Para pensar: Por que os programas de 
esportes e lazer direcionados para os(as) 
jovens têm como principal objetivo "evitar 
o envolvimento dos(as) jovens com a 
violência e as drogas"? Se a prática 
esportiva e o lazer se constituem como 
direito, por que não expressar isso nos 
objetivos? 
 
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 Desafio 2: Conhecer a realidadedos(as) jovens, Ouvir suas demandas, Garantir sua 
participação na Política de Juventudes 
 
 Um dos principais desafios destacados nos fóruns deste curso diz respeito a conhecer a 
realidade e as necessidades dos(as) jovens, ouvir os(as) jovens, estabelecer diálogo e a participação 
deles/as nos processos decisórios. 
 A falta de espaços de escuta e diálogo vem sendo objeto de queixas de muitos(as) jovens. 
Muitas vezes os espaços são utilizados para legitimar decisões tomadas anteriormente ou utilizar a 
participação de forma instrumental. Muitas vezes nossa perspectiva adultocêntrica de que "eu 
tenho mais experiência e sei do que estou falando" limita nossa abertura para ouvir atentamente, 
compreender as questões e respeitar as escolhas dos(as) jovens. 
 Lembra do que Dayrell (2003) fala a respeito de reconhecermos os(as) jovens como sujeitos 
sociais? Pois bem, ele afirma que este reconhecimento implica em reconhecer a capacidade que 
os(as) jovens têm de pensar, falar, interpretar, expressar seus sentimentos e opiniões, o que deve 
ser assumido como postura teórica, metodológica e ética no cotidiano. 
 Uma Estratégia continua sendo a participação formal dos(as) jovens nos espaços 
institucionais, como Conselhos e Conferências Municipais. Neste caso, as demandas sistematizadas 
dos(as) jovens precisam de fato influenciar na agenda pública dos direitos e políticas de juventudes, 
diante do risco de deslegitimação que existe. 
Reforçamos que o Estatuto Nacional de Juventude (2013, Art. 3º) contempla a participação 
juvenil na “formulação, implementação e avaliação” das políticas de juventude, sendo esta 
entendida como a: 
I - a inclusão do jovem nos espaços públicos e comunitários a partir da sua concepção como 
pessoa ativa, livre, responsável e digna de ocupar uma posição central nos processos 
políticos e sociais; II - o envolvimento ativo dos jovens em ações de políticas públicas que 
tenham por objetivo o próprio benefício, o de suas comunidades, cidades e regiões e o do 
País; III - a participação individual e coletiva do jovem em ações que contemplem a defesa 
dos direitos da juventude ou de temas afetos aos jovens; e IV - a efetiva inclusão dos jovens 
nos espaços públicos de decisão com direito a voz e voto. [...] A interlocução da juventude 
com o poder público pode realizar-se por intermédio de associações, redes, movimentos e 
organizações juvenis. Parágrafo único. É dever do poder público incentivar a livre associação 
dos jovens. (BRASIL, 2013, Art. 4º, 5º). 
 
 
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 Para além dos espaços formais de participação de 
jovens, como os Conselhos Municipais e Conferências de 
Juventudes, que precisam ser fortalecidos e ter de fato 
incidência na Política municipal, apontamos outra 
Estratégia aqui: o cotidiano de execução dos programas, 
projetos e ações direcionados para jovens precisa ser 
repleto de diálogo, de escuta, de participação. 
 Se você é gestor(a) ou profissional, avalie de que 
forma você pode estimular a participação. Participar aqui 
não é sinônimo de "fazer coisas", mas um princípio de 
abertura a que jovens que estejam inseridos(as) nas 
políticas sociais tenham respeitadas e consideradas suas "falas", suas necessidades, como também 
é a abertura para intervenção dos(as) jovens nas atividades e decisões que dizem respeito a sua 
vida. Por exemplo, das atividades que os(as) jovens desenvolvem na escola, quais destas eles(as) 
escolheram e ajudaram a construir? Das ações desenvolvidas com jovens que cumprem medida 
socioeducativa, como eles(as) avaliam? Que sugestões têm? O que jovens usuários(as) ou 
dependentes de drogas pensam? 
 Mas é necessário pensar também na Estratégia de chegar perto dos(as) jovens que não 
estejam inseridos nas políticas sociais, daqueles(as) que se organizam em grupos e movimentos, ou 
mesmo daqueles(as) que não estejam organizados(as). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Se você é gestor(as) ou integra a equipe da Política de Juventudes, é fundamental mapear, 
identificar o perfil e conhecer os(as) jovens do município, saber de que forma se organizam, os 
lugares que frequentam, os pontos de encontro, as dificuldades, as 
demandas, os sonhos. Vão conhecer estes/as jovens, conversar com eles/as, 
conhecer o cotidiano dos programas, conversar com as equipes, acompanhar 
as atividades dos grupos de jovens de igreja, de terreiro, da população LGBT, 
skatistas, surfistas, dentre tantos outros. 
 Chamamos atenção, no entanto, de uma questão: a escuta, a 
aproximação e o diálogo com jovens se constituem em atividade, não é 
resultado da política de juventudes nem de nenhuma política social. Ouvir 
os(as) usuários(as) e não dar encaminhamento de forma atender as necessidades deles(as) pode 
até fazer com que ele(a) saia mais "leve", contudo o propósito da Política Social não é dar leveza, 
mas responder as necessidades sociais e garantir direitos! 
Tomar os jovens como sujeitos não se 
reduz a uma opção teórica. Diz respeito a 
uma postura metodológica e ética, não 
apenas durante o processo de pesquisa 
mas também em meu cotidiano como 
educador. A experiência da pesquisa 
mostrou-me que ver e lidar com o jovem 
como sujeito, capaz de refletir, de ter suas 
próprias posições e ações, é uma 
aprendizagem que exige um esforço de 
auto-reflexão, distanciamento e autocrítica 
(DAYRELL, 2003, p. 44). 
Para pensar: As ações de atuação de jovens e movimentos 
juvenis para além das esferas delimitadas pela política de 
juventude, como as ruas, também consideradas espaços 
públicos, são consideradas participação? Como deve ser 
realizada a interlocução do poder público com os jovens que não 
estão organizados em “associações, redes, movimentos e 
organizações juvenis”? 
 
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 Mas também identifiquem as pesquisas, os dados, os indicadores a respeito dos(as) jovens 
do município. Verifique os dados que os programas já produziram, que as universidades analisaram, 
dentre tantas outras possibilidades que existem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desafio 3: Intersetorialidade na Política de Juventudes 
 
 As Políticas de Juventudes são classificadas por NOVAES (2009) como Universais (Políticas 
setoriais dirigidas ao conjunto da população, como é o caso da Política de Assistência Social), 
Atrativas (Políticas dirigidas ao conjunto da população, mas que têm importante incidência nos 
jovens, como a Política de Cultura ou a de Segurança Pública) e Exclusivas (Políticas voltadas apenas 
para jovens que podem ser implementados por diversas políticas sociais, como educação, trabalho, 
desenvolvimento social). 
 Isso faz com que as políticas sociais que afetam a vida dos(as) jovens estejam sob a 
responsabilidade de diferentes secretarias, sendo implementados com diferentes compreensões e 
objetivos. Exigindo do órgão gestor da Política de Juventudes a necessidade de atuar de maneira a 
articular, coordenar ou executar políticas e programas direcionados para os(as) jovens (NOVAES, 
2009). 
 Construir ações integradas e consensos em torno dos discursos e abordagens de trabalho 
com jovens se constitui como uma das possibilidades de vivenciar o desafio da Intersetorialidade, 
que deve ser entendida como um processo, uma prática social utilizada para transformar as relações 
intra e interinstitucionais, para redistribuir o poder, para mudar posturas e práticas dos sujeitos 
participantes (REDE UNIDA, 2000). 
 A intersetorialidade propõe uma nova forma de abordar os problemas sociais. No caso da 
Política de Juventudes, sua adoção fortalece a compreensão do(a) jovem como sujeito integral, 
valoriza o conhecimento e prática profissional especializada de forma articulada (Infância, 2015). 
 Você deve estar se perguntando: Mas por onde começar? O que fazer? 
 Se você é gestor(a) de juventudes no município, comece, junto com sua equipe, fazendo 
um levantamento de programas, projetos e ações desenvolvidos pela Prefeitura, identificando quais 
secretarias executam e quemsão os(as) gestores(as). Classifique cada um dos programas conforme 
propõe Novaes (2009), ou crie outra classificação, caso você considere mais pertinente. A partir daí 
você conseguirá formular respostas para as seguintes questões: 
Quantos setores envolver? Com quais iniciar? Há alguns com mais afinidade, que podem se 
articular sem maiores problemas? Temos programas ou projetos ou alguma ação na qual 
dois ou mais setores já estão trabalhando juntos? Existe algum ponto de partida que 
determinaria o critério de agregação de setores e instituições? IINFÂNCIA, 2015, p. 16). 
Dica! Para gestores(as) e profissionais que trabalham com a temática de juventudes na 
Política de Assistência Social, os cursos do Programa CapacitaSuas/PE podem contribuir 
muito na elaboração e sistematização de dados e indicadores sobre jovens do município, 
especialmente, os Cursos de Atualização em Indicadores Sociais (40h) e Vigilância 
Socioassistencial (40). Informações podem ser encontradas no site: 
https:www.sigas.pe.gov.br 
 
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 Respondidas essas questões, converse e defina 
com o(a) Prefeito(a) a construção da seguinte Estratégia: 
Comitê Intersetorial de Políticas Públicas de Juventudes. 
Sim, para além de estrutura governamental onde estarão 
articuladas as secretarias que executam programas 
voltados para jovens, como também realizarão o 
monitoramento a avaliação desses programas 
(PERNAMBUCO, 2008), o Comitê pode se constituir em 
uma importante estratégia de fortalecimento da política de juventude. 
 Para que isso ocorra é importante que, em conjunto com estas secretarias, vocês definam as 
ações que devem ser realizadas de forma a iniciar o processo de construção da intersetorialidade, 
que envolverá as etapas de diagnóstico, definição de objetivos e metas, monitoramento e avaliação. 
Uma das dicas aqui, é que os(as) as pessoas que devem compor este Comitê sejam gestores(as) ou 
profissionais que os representem e que estejam bem próximos das pessoas responsáveis por tomar 
decisões na Secretaria. Isso é muito importante para facilitar o fluxo das informações e a tomada de 
decisões. 
 Você pode iniciar o processo com algumas secretarias, ou se o órgão gestor da Política de 
Juventude está na estrutura de uma Secretaria de Educação, Assistência Social ou outra, você pode 
iniciar internamente e depois ir aglutinando outras secretarias. 
 Registramos que parte a experiência do Comitê Interssetorial de Políticas Públicas de 
Juventudes de Pernambuco com relação ao Diagnóstico foi sistematizada por Albuquerque e Maia 
(2009), referenciados ao final do texto. 
 Se você é gestor(a) ou profissional de outras Políticas Sociais, mas que executam 
programas, projetos e ações com jovens, sua contribuição é fundamental, fornecendo as 
informações, sistematizando dados e informações sobre jovens adquiridas no cotidiano, analisando 
os discursos e abordagens realizadas com jovens. Para que ocorra a intersetorialidade, precisa haver 
"disposição para o diálogo, aprendizagem e construção coletiva" dos(as) gestores(as) e profissionais 
das Políticas Sociais, sem isso o órgão gestor de juventudes não conseguirá caminhar muito longe 
(INFÂNCIA, 2015, p. 15). 
 As Políticas de Saúde, Educação e Assistência Social, dentre outras, têm importantes 
contribuições, a partir de suas experiências e estratégias de resolução das dificuldades, que podem 
ser compartilhadas e servir de referência e aprendizado para as Políticas de Juventudes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dica! A Publicação A 
intersetorialidade nas políticas para 
primeira infância, referenciada ao final 
do texto, apresenta importantes 
contribuições para adoção da 
intersetorialidade nas Políticas Sociais. 
No cotidiano profissional, é muito fácil "colecionar dados" sobre os(as) usuários(as): sexo, 
faixa etária, profissão, composição familiar, escolaridade, dentre outros. É importante pensar: 
Esses dados são problematizados? Questiono e reflito sobre suas causas? Discuto e construo 
com a equipe estratégias de ação? Se enquanto gestor(a) ou profissional, não fizer isso, os 
dados que levanto servirão apenas para classificar e rotular, correndo" o risco de ficar isolados 
em cadastros, arquivos ou relatórios" (MORAES, JUNCÁ, & SANTOS, 2010, p. 439) 
 
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Considerações Finais 
 
 Imagino que você deve estar pensando em muitos outros desafios da Política de Juventudes 
no seu município, afinal, a conjuntura atual, marcada pela crise, pela redução das políticas sociais, 
do orçamento público tem implicado na reestruturação ou redução da oferta de serviços e 
programas sociais que impactam diretamente os(as) jovens. Por outro lado, os desafios que se 
colocam diante dos(as) jovens se ampliam e se agravam, diante da redução dos postos de trabalho, 
do aumento da violência. 
 Desta forma, uma exigência que se coloca para gestores(as), profissionais, os(as) jovens e a 
sociedade na contemporaneidade é a articulação para defesa das políticas e direitos sociais. Não 
podemos mais ficar defendendo apenas a política que me toca ou na qual trabalho. Jovens, 
mulheres, crianças, negros(a), população LGBT, idosos(as), quilombolas, indígenas e tantos outros 
sujeitos precisam ser vistos de forma integral e suas necessidades sociais atendidas pelo Estado de 
forma completa. Isso exige unir forças, compreender e questionar a realidade, construir estratégias 
coletivas e defender os direitos. 
 Por ora, encerramos a jornada de textos do curso JUVENTUDES E POLÍTICAS PÚBLICAS. No 
entanto não damos por encerrado a aquisição de conhecimentos e os diálogos, tendo em vista que 
este curso foi uma importante, mas uma pequena aproximação com o tema e suscita outros 
horizontes a serem investigados, até porque a realidade é dinâmica, dialética e imprime caráter 
transitório as construções. 
 
Nos encontramos no fórum e no chat. 
Até breve! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Conteudista: Juliene Tenório 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ALBUQUERQUE, J., & MAIA, R. (2009). Avaliação de Política Pública Intersetorial: o desafio da 
informação. In: A. ARCOVERDE, I Seminário Internacional & III Seminário de Modelos e Experiências 
de Avaliação de Políticas, Programas e Projetos. Recife: UFPE. 
 
BRASIL. (05 de 08 de 2013). Lei n. 12852: Estatuto Nacional de Juventude. Acesso em 10 de 09 de 
2017, disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12852.htm 
 
CFESS. (2014). CFESS Manifesta: em defesa da juventude brasileira. Acesso em 25 de 09 de 2017, 
disponível em CFESS Manifesta: em defesa da juventude brasileira: 
http://www.cfess.org.br/arquivos/2014cfessmanifesta_juventude_site.pdf 
 
DAYRELL, J. (2003). O Jovem como sujeito social. Revista Brasileira de Educação, n. 24 , 40-52. 
Infância, R. N. (2015). A intersetorialidade nas políticas para a primeira infância. Acesso em 09 de 
10 de 2017, disponível em A intersetorialidade nas políticas para a primeira infância: 
http://primeirainfancia.org.br/wp-content/uploads/2015/07/GUIA-INTERSETORIAL.pdf 
 
MORAES, C., JUNCÁ, D., & SANTOS, K. (2010). Para quê, para quem, como? Alguns desafios do 
cotidiano da pesquisa em Serviço Social. Serviço Social & Sociedade, n. 103 , 433-452. 
 
NOVAES, R. (2009). Introdução. In: J. CASTRO, L. AQUINO, & C. (. ANDRADE, Juventude e Políticas 
Sociais no Brasil. Brasília: IEPA. 
 
PERNAMBUCO. (2008). Plano Estadual de Juventude. Acesso em 10 de 12 de 2008, disponível em 
alepe.pe.gov.br: http://legis.alepe.pe.gov.br/legis_inferior_norma.aspx?cod=LE13608