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ARQUIVO, MUSEU E BIBLIOTECA 2 ARQUIVO, MUSEU E BIBLIOTECA Iniciamos nosso estudo em arquivologia diferenciando três entidades de documentação comu- mente cobradas de forma comparativa nas provas de concursos. Para tanto, é necessário que entendamos o que é um documento. No conceito mais amplo, um documento consiste em uma informação registrada em um meio, material ou digital. Contudo, deve-se destacar que nem todo documento compõe um arquivo, por isso, fique atento, uma vez que muitas provas mencionam documento de arquivo e documentos, por vezes discriminadamente (partindo do pressuposto contexto), por outras comparando a diferença, seja implícita ou explicitamente. DEFINIÇÕES DE ARQUIVO Uma vez que nosso estudo se concentra na disciplina de Arquivologia (Estudo da Arquivística) levantamos várias definições de arquivo, usadas corriqueiramente em provas de concursos, basea- das nos principais autores e na legislação vigente. Para Paes (2004) define-se arquivo como “a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso de sua atividade, e preservados para a consecução de seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro” (grifo nosso). Schellenberg (2006) define arquivo como “os documentos de qualquer instituição pública ou privada que haja sido considerado de valor, merecendo preservação permanente para fins de referência e de pesquisa e que haja sido depositados ou selecionados para depósito, num arquivo de custódia permanente”, contudo deve-se observar que o autor pontua, nessa definição, arquivo como apenas aquele que tomaremos como Arquivo Permanente. Bellotto (2006) estabelece que “o arquivo é um órgão receptor (recolhe naturalmente o que produz a administração pública ou privada à que serve) e em seu acervo os conjuntos documentais estão reunidos segundo sua origem e função, isto é, suas divisões correspondem ao organograma da respectiva administração” (grifo nosso). A Lei nº 8.159 de Janeiro de 1991 (Lei de Arquivo) define o arquivo no Art. 2º: “Consideram-se arquivos, para os fins desta Lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos” (grifo nosso). Segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, há 4 situações em que se define um arquivo: (1) Conjunto de documentos produzidos e acumulados por uma entidade coletiva, pública ou privada, pessoa ou família, no desempenho de suas atividades, independentemente da natureza do suporte. (2) Instituição ou serviço que tem por finalidade a custódia, o processamento técnico, a conservação e o acesso a documentos. (3) Instalações onde funcionam arquivos. (4) Móvel des- tinado à guarda de documentos” (grifo nosso). Nesse primeiro momento vamos nos concentrar na definição 1. Guardemos as demais defini- ções para um momento de análise específica do arquivo. A partir das definições dadas, podemos definir e enfatizar que um arquivo tem por objetivo a guarda/acúmulo de documentos (nas suas mais diversas formas) que tenha sido originado/pro- duzido/gerado na própria instituição ou de fonte externa, e recebido pela instituição, em função do exercício de suas atividades. Ou seja, documento que tenha sido criado para a execução das tarefas diárias da instituição. Arquivo, Museu e BiBliotecA 3 Vale lembrar que estamos no estágio inicial do estudo do arquivo, ainda teremos vários con- ceitos a serem compreendidos. DEFINIÇÕES DE BIBLIOTECAS A autora Paes (2004) define como biblioteca “o conjunto material, em sua maioria impresso, disposto ordenadamente para estudo, pesquisa e consulta”. De acordo com Bellotto (2006): biblioteca é órgão colecionador (reúne artificialmente o que vai surgindo e interessando à sua especialidade), em cujo acervo as unidades estão reunidas pelo conteúdo (assunto); que os objetivos dessa coleção são culturais, técnicos e científicos; e que os fornecedores são múltiplos (diferentes livrarias, editoras, empresas gráficas, empresas jornalísticas, laboratórios de microfilmes etc.). DEFINIÇÕES DE MUSEU Segundo Bellotto (2006), “museu é órgão colecionador, isto é, a coleção é artificial e classifi- cada segundo a natureza do material e a finalidade específica do museu a que pertence; e que seus objetivos finais são educativos e culturais”. Paes (2004) também define museu como “uma instituição de interesse pública, criada com a finalidade de conservar, estudar e colocar à disposição do público conjuntos de peças e objetos de valor cultural”. cArActerÍsticAs coMuNs As três entidades têm por objetivo realizar ao seu acervo de documentos: ͫ A Guarda. ͫ A Preservação. ͫ O Acesso. DiFereNÇAs A Tabela 1 apresenta um comparativo das principais diferenças entre arquivos, bibliotecas e museus, embora existam algumas semelhanças. De modo geral, observa-se que a finalidade das bibliotecas e museus é prioritariamente cul- tural, enquanto um arquivo tem finalidade administrativa, embora os documentos em um arquivo possam assumir valor cultural. Mas o arquivo tem razões administrativas em primeira instância. Bellotto (2006) indica que bibliotecas, museus e centros de documentação reúnem documen- tos (dos mais variados tipos) de forma artificial, enquanto o arquivo reúne documentos de forma orgânica. ARQUIVO BIBLIOTECA MUSEU CENTROS DE DOCUMEN- TAÇÃO OU INFORMAÇÃO / BANCO DE DADOS 4 Suporte Manuscritos, impressos, audiovisuais Impressos, manuscritos, audiovisuais Objetos (bidi- mensionais ou tridimensionais) Audiovisuais (reproduções) ou virtual Exemplar Único Múltiplos Único Único ou Múltiplos Tipo de conjunto Fundos: documentos unidos pela proveniência Coleção: docu- mentos unidos pelo conteúdo (assunto) Coleção: docu- mentos unidos pelo conteúdo (assunto) ou pela função Coleção: docu- mentos unidos pelo conteúdo (assunto) Produtor A máquina administrativa Atividade huma- na individual ou coletiva Atividade huma- na, a natureza Atividade humana Fins de produção Administrativos, jurídico, funcion- ais, legais Culturais, científi- cos, técnicos, artísticos, educativos Culturais, artísti- cos, funcionais Científicos Objetivo Provar, testemunhar Instruir, informar Instruir, entreter Informar Entrada dos Documentos Acúmulo natural no decorrer do desempenho das atividades da instituição (cria- dos/produzidos ou recebidos) Compra, doação, permuta de fon- tes múltiplas Compra, doação, permuta de fon- tes múltiplas Compra, doação, pesquisa Público Administração na figura do administrador e pesquisadores Grande público e pesquisadores Grande público e pesquisadores Pesquisador Processamento técnico Registro, arranjo, descrição: guias, inventários, catálogos etc. Tombamento, classificação, catalogação: fichários Tombamento, catalogação: inventários, catálogos Tombamento, classificação, catalogação: fichários ou computador Tabela 1: comparativo entre arquivo, biblioteca e museu adaptado de Bellotto (2006, p45). Tanto Bellotto (2006) como Paes (2004) apresentam ainda os chamados Centros de Documen- tação ou informação que já foram (e ainda podem ser) cobrados em provas de concursos. Por esta razão, também estão incluídas suas características no comparativo da Tabela 1. Belloto (2006) define Centro de Documentação ou informação como: órgão colecionador ou referenciador (quando não armazena documentos como as demais entidades obrigatoriamente o fazem e só referência dados em forma física ou virtual). Seus objetivos são fundamentalmente científicos, já que a coleção (quando os documentos são armazenados) é formada de originais ou de reproduções referentes a determinada especialidade. Segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, centro de documentaçãoé uma “instituição ou serviço responsável pela centralização de documentos e disseminação de informações”. Arquivo, Museu e BiBliotecA 5 Os centros de documentação abrangem atividades que são específicas da biblioteconomia, como da arquivística e da informática. Um centro tem como finalidade armazenar, classificar, dis- seminar e reunir documentos de uma especialidade (para qual são destinados). Nem sempre um documento existe fisicamente no centro de documentos, mas uma referência a ele. A essência por trás do centro é de organizar pelo assunto (Paes, 2004). Paralelo entre Arquivo e Biblioteca Uma vez que o renomado historiador e arquivista americano Theodore R. Schellenberg teve participação na arquivologia brasileira, em 19601 ao descrever o relatório “Problemas arquivísticos do governo brasileiro”, sua obra é referência para a elaboração de questões de provas. É comum encontrar questões comparando arquivos, museus e bibliotecas, porém o comparativo entre arquivo e bibliotecas é mais comum, dado o paralelo descrito na obra de Schellenberg (2006). A Tabela 2 a seguir descreve um comparativo mais acurado entre essas entidades. ARQUIVO BIBLIOTECA GÊNERO DOS DOCUMENTOS Documentos textuais. Documentos impressos. Audiovisual. Audiovisual. Cartográfico. Cartográfico ORIGEM Os documentos são produzi- dos e conservados com obje- tivos funcionais. Os documentos são produzi- dos e conservados com obje- tivos culturais. AQUISIÇÃO OU CUSTÓDIA Os documentos não são objetos de coleção; provêm tão-só das atividades públicas ou privadas, servidas pelo arquivo. Os documentos são colecio- nados de fontes diversas, adquiridos por compra ou doação. Os documentos são produzidos em um único exemplar ou em limita- do número de cópias. Os documentos existem em numerosos exemplares. Há significação orgânica entre os documentos A significação do acervo não depende da relação que os documentos tenham entre si. 1 Em virtude da mudança da capital do Brasil do Rio de Janeiro para Brasília em 1960, durante o governo do então presidente Juscelino Kubitschek, a convite de José H. Rodrigues, na época diretor do Arquivo Nacional. 6 MÉTODO DE AVALIAÇÃO Preserva-se a documentação referente a uma atividade, como um conjunto e não como unidades isoladas. Aplica-se a unidades isoladas. Os julgamentos são finais e irrevogáveis. O julgamento revogável. A documentação existe em via única. O julgamento envolve questões de conveniência, e não de preservação ou perda total. MÉTODO DE CLASSIFICAÇÃO Estabelece classificação específica para cada insti- tuição, ditada pelas suas particularidades Utiliza métodos predetermi- nados (normas). Exige conhecimento da relação entre as un- idades, a organização e o funcionamento dos órgãos. Exige conhecimento do sistema, do conteúdo e da significação dos documentos a classificar. MÉTODO DESCRITIVO Aplica-se a conjuntos de documentos. Aplica-se a unidades discriminadas. As séries (órgãos e suas sub- divisões, atividades funcionais ou grupos documentais da mesma espécie) são con- sideradas unidades fins da descrição. As séries (anuários, periódi- cos, etc.) são unidades isola- das para catalogação. Tabela 2: comparativo entre arquivo e biblioteca (Paes, 2004). Bibliografia Arquivo Nacional. (2005). Dicionário brasileiro de terminologia arquivística. Rio de Janeiro: Arqui- vo Nacional. Bellotto, H. L. (2006). Arquivos Permanentes: tratamento documental (4 ed.). Rio de Janeiro: Fun- dação Getúlio Vargas. Paes, M. L. (2004). Arquivo Teoria e Prática (3 ed.). Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas. Schellenberg, T. R. (2006). Arquivos Modernos: Princípios e Técnicas (6 ed.). (N. T. Soares, Trad.) Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas.
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