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Compensacao de Faltas - Estagio Supervisionado IV

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TRABALHO DE COMPENSAÇÃO DE FALTAS
ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV
ALUNA: MARIANA CORREA BELATO FERREIRA RA: 110031700
TEMA: Alimentos.
Os alimentos são definidos pelos doutrinadores Orlando Gomes e Maria Helena Diniz como as prestações devidas para a satisfação das necessidades pessoais daquele que não pode provê-las pelo trabalho próprio. (GOMES, Orlando. Direito de família..., 1978, p. 455 e DINIZ, Maria Helena. Código Civil..., 2005, p. 1.383). 
Primeiramente, é pertinente fazer a distinção entre o dever de sustento e a obrigação de alimentar. O dever de sustento, que compreende os alimentos, decorre do poder familiar, de acordo com o art. 1634 do CC, cumprindo-se entre pais e filhos menores. Em contrapartida, a obrigação de alimentar decorre da lei e é constituída no parentesco. No dever de sustento a necessidade do alimentando é presumida de modo absoluto e a prova a ser produzida será somente em relação ao quantum a ser fixado.
O pagamento dessas prestações tem como objetivo à paz social, resguardando-se nos princípios da dignidade da pessoa humana e da solidariedade familiar, ambos de caráter constitucional. A Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso III, aponta o princípio da preservação da dignidade da pessoa humana. De tal modo, infere-se que o Estado possui o compromisso de garantir a vida de todo indivíduo, uma vez que, como leciona Silvio Rodrigues, “o primeiro direito fundamental do ser humano é o de sobreviver”. Para isso, o Estado fornece uma proteção especial à família, obrigando parentes, cônjuges e companheiros a assumirem, por força da lei, o provimento do sustento uns dos outros. Salienta-se que o dever do Estado de impor uma solução ao tema em questão também se confirma no art. 6º da Constituição Federal, no qual a alimentação entrou como direito social na Emenda Constitucional nº 90 de 2015. 
Como citado anteriormente, também funda-se o dever de prestar alimentos no princípio da solidariedade. Segundo Caio Mário da Silva Pereira, quem é impossibilitado de prover seu sustento por esforço próprio não deve ser negligenciado, cabendo à sociedade “propiciar-lhe sobrevivência através de meios e órgãos estatais ou entidades particulares”. 
Nesse diapasão, cabe versar sobre o Estatuto Jurídico do Patrimônio Mínimo, teoria desenvolvida pelo Ministro Luiz Edson Fachin, na qual sustenta que, constitucionalmente, as normas civis devem sempre assegurar à toda pessoa humana o mínimo existencial, à luz da dignidade da pessoa humana. O ordenamento jurídico dispõe em consonância à proteção ao patrimônio mínimo na Lei 8.009/90, que garante a impenhorabilidade do bem de família, e nos termos do artigo 649 do novo CPC.
Em contrapartida, os artigos 1.694 e 1.695 do Código Civil visam não somente assegurar o patrimônio mínimo, citado acima, mas sim manter o status quo, ou seja, manter a condição social em que a pessoa vivia previamente. Contudo, não se deve admitir exageros na fixação do pagamento dos alimentos, garantindo, assim, a vedação do enriquecimento sem causa, princípio geral do CC. Cabe ao aplicador do direito fazer a devida ponderação entre princípios – de um lado, a dignidade humana; do outro, o enriquecimento sem causa - para determinar um quantum que seja justo tanto para o alimentado quanto para o alimentando.
A proporcionalidade ou razoabilidade na fixação dos alimentos são tão relevantes no cenário jurídico atual que alguns autores, como a Maria Berenice Dias, deixaram de lado o termo ‘binômio’ em favor do termo ‘trinômio’ – proporcionalidade/necessidade/possibilidade. 
Em suma, nos termos da lei civil, são pressupostos da obrigação de alimentar: I) A existência de um vínculo de parentesco; II) A necessidade do alimentado; III) A possibilidade do alimentante; e IV) A proporcionalidade/razoabilidade entre a necessidade do alimentado e possibilidade do alimentante.
Finalmente, a despeito de não ser, nem deveria ser, uma regra disposta em lei, é comum em nossa jurisprudência a fixação dos alimentos na proporção de um terço dos rendimentos do alimentante. O reconhecimento de tal fração, segundo a obra de Flavio Tartuce, por vezes mencionada nesse parecer, consta na premissa nº 8 da Edição 77 da ferramenta ‘Jurisprudência em Teses’ do STJ, intitulada “Alimentos II”:
“...ante a natureza alimentar do salário e o princípio da razoabilidade, os empréstimos com desconto em folha de pagamento (consignação facultativa/voluntária) devem limitar-se a 30% (trinta por cento) dos vencimentos do trabalhador” (TARTUCE, 2019).

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