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Curso de Genética Forense

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Prévia do material em texto

2 
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 
Jair Messias Bolsonaro 
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA 
Anderson Gustavo Torres 
SECRETARIA DE GESTÃO E ENSINO EM SEGURANÇA PÚBLICA 
Ana Cristina Melo Santiago 
DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA 
Roberto Glaydson Ferreira Leite 
COORDENAÇÃO GERAL DE ENSINO 
Juliana Antunes Barros Amorim 
COORDENAÇÃO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
Juliana Antunes Barros Amorim 
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA 
Gisele Matos Gervásio 
COORDENAÇÃO GERAL DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS 
PEDAGOGICOS E INOVAÇÃO 
Márcia Alencar Machado da Silva 
 
CONTEUDISTA 
Reinaldo Moreira da Silva 
Sordaine Maria Caligiorne 
 
REVISÃO TÉCNICA 
Sandra Maria Santos 
 
REVISÃO ORTOGRÁFICA 
Maria Aparecida de Barros 
 
PRODUÇÃO (APOIO) 
Maria de Fátima de Souza Moreno 
 
REVISÃO PEDAGÓGICA 
Joyce Cristine da Silva Carvalho 
 
PROGRAMAÇÃO E EDIÇÃO 
Renato Antunes dos Santos 
Vinícius Alves de Sousa 
Ozandia Castilho Martins 
 
DESIGNER 
Vinícius Alves de Sousa 
 
DESIGNER INSTRUCIONAL 
Vinícius Alves de Sousa 
 3 
Sumário 
Apresentação do Curso .............................................................................................. 5 
Objetivos do Curso ..................................................................................................... 6 
Estrutura do Curso ..................................................................................................... 6 
Módulo I – A Origem da Genética Forense ................................................................ 7 
Apresentação do módulo ........................................................................................ 7 
Objetivos do módulo ................................................................................................ 7 
Estrutura do módulo ................................................................................................ 7 
Aula 1 - Histórico da biologia forense ...................................................................... 8 
Identificação humana ........................................................................................... 8 
Sistema ABO ....................................................................................................... 9 
Genética forense ................................................................................................ 10 
Aula 2 - Bases da hereditariedade para genética forense ..................................... 15 
Estrutura do DNA - Cromossomos, genes e marcadores genéticos .................. 15 
Leis de Mendel ................................................................................................... 18 
Marcadores genéticos utilizados na Genética Forense - Microssatélites e 
marcadores uniparentais (cromossomo Y e DNA mitocondrial) ......................... 22 
Finalizando ............................................................................................................ 26 
Módulo II – Mais próximo do laboratório de Genética Forense ................................ 27 
Apresentação do módulo ...................................................................................... 27 
Objetivos do módulo .............................................................................................. 27 
Estrutura do módulo .............................................................................................. 27 
Aula 1 - Amostras forenses ................................................................................... 28 
Tipos de amostras forenses ............................................................................... 28 
Principais tipos e características de amostras analisadas no laboratório .......... 29 
Aula 2 - Cadeia de custódia .................................................................................. 32 
Legislação e importância da cadeia de custódia ................................................ 32 
Coleta, acondicionamento, armazenamento e envio das amostras ................... 34 
Aula 3 - Tipos de casos em que a análise de DNA se faz necessária .................. 37 
Confronto de vestígios ....................................................................................... 37 
Crime sexual ...................................................................................................... 38 
Identificação de cadáver .................................................................................... 39 
Paternidade criminal .......................................................................................... 41 
Finalizando ............................................................................................................ 42 
Módulo III – Dentro do laboratório de Genética Forense .......................................... 43 
 4 
Apresentação do Módulo ...................................................................................... 43 
Objetivo do módulo ............................................................................................... 43 
Estrutura do módulo .............................................................................................. 43 
Aula 1 - Etapas da análise de DNA ....................................................................... 44 
Extração de DNA ............................................................................................... 44 
Quantificação de DNA ........................................................................................ 45 
Amplificação de DNA ......................................................................................... 46 
Eletroforese capilar ............................................................................................ 47 
Leitura de perfis genéticos ................................................................................. 47 
Análises estatísticas........................................................................................... 49 
Aula 2 - Bancos de perfis genéticos ...................................................................... 50 
Histórico do banco de perfis genéticos .............................................................. 51 
Rede integrada de perfis genéticos ................................................................... 52 
Legislação .......................................................................................................... 55 
Casos de repercussão ....................................................................................... 56 
Finalizando ............................................................................................................ 61 
Referências Bibliográficas ........................................................................................ 62 
 
 
 5 
Apresentação do Curso 
Cara(o) aluna(o), 
A perícia criminal vem ganhando destaque nos últimos anos devido à grandes 
atuações e resoluções de crimes de grande repercussão e que parecem de difícil 
solução. Além disso, séries de TV exibidas nas redes de comunicação mostram 
policiais ou peritos criminais utilizando ciência e tecnologia para desvendar casos 
complexos. A popularização destas séries e a produção em massa de várias delas, 
com temáticas razoavelmente diferentes, indicam um grande interesse do público pela 
perícia criminal e quanto mais séries são produzidas maior o interesse da audiência. 
Como podemos exemplificar a apresentação do CSI Miami que apresenta o trabalho 
da equipe de investigadores do sul da Flórida, como é apresentado na chamada 
abaixo. 
Clique aqui para assistir ao vídeo. 
Porém, para trazer(expor) um pouco sobre a realidade da perícia criminal, 
trazemos a fala de uma perita criminal, do estado de Minas Gerais. O Vídeo abaixo 
poderá fornecer uma noção realista da profissão de perito criminal. 
Clique aqui para assistir ao vídeo. 
Junto com todo interesse que a perícia criminal gerou nos últimos anos, veio 
também o destaque da importância dos exames de DNApara perícia criminal. A 
grande capacidade de discriminação do DNA e seu imenso poder de fornecer 
evidências, mesmo diante de vestígios com quantidade ínfima de células, trouxe a 
Genética Forense para o centro do debate. Não só os Peritos Criminais, mas, na 
verdade, todas as forças de segurança pública lidam com materiais que porventura 
podem ser submetidos a este tipo de Perícia Criminal. Assim, conhecer com mais 
afinidade e profundidade, a Genética Forense pode trazer a bagagem necessária para 
que futuros crimes, ou até mesmo crimes passados, tenham resolução mais rápida e 
eficiente. Por se tratar de uma área nova, que cativa a todos, apresenta um grande 
espaço midiático, porém, a fundamentação e técnica procuram combater alguns mitos 
e, ao mesmo tempo, discutir suas reais possibilidades e aplicabilidades. Tudo isso é 
o que destaca o vídeo abaixo. 
https://www.youtube.com/watch?v=RLRHSo2oKh8
https://www.youtube.com/watch?v=9gpffQG-wks
 6 
Clique aqui para assistir ao vídeo. 
Objetivos do Curso 
Objetivo Geral 
Apresentar a Genética Forense desde a fundamentação na Genética Básica 
até a real utilização nos processos criminais. 
Público-alvo: profissionais da segurança pública. 
Objetivos Específicos 
• Introduzir e nivelar os conhecimentos sobre Genética Forense dos 
agentes de segurança pública, com intuito de melhor utilização desta 
ferramenta na elucidação de crimes; 
• Compreender as possibilidades e limitações da Genética Forense para 
resolução de casos; e 
• Perceber as potencialidades presentes e futuras da Genética Forense no 
Brasil, com o uso de Bancos de Dados de Perfis Genéticos. 
 
Estrutura do Curso 
Módulo I - A Origem da Genética Forense. 
Módulo II - Mais próximo do laboratório de Genética Forense. 
Módulo III - Dentro do laboratório de Genética Forense. 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=gpwuUUE7-Bg
 7 
Módulo I – A Origem da Genética Forense 
 
Apresentação do módulo 
A Genética Forense é uma disciplina dentro da Biologia Forense, por isso faz-
se necessário conhecer resumidamente o caminho histórico que nos trouxe até a 
identificação por meio do DNA. Para utilizar o DNA como ferramenta é fundamental 
voltarmos às bases dos conhecimentos da genética e dar uma olhadinha nos jardins 
de Mendel. 
 
Objetivos do módulo 
• Fazer um breve histórico da Biologia Forense em seu processo da 
Identificação Humana; e 
• Disponibilizar e/ou revisar conhecimentos relacionados a genética que 
fundamentam a base para a Genética Forense. 
 
Estrutura do módulo 
Este módulo compreende as seguintes aulas: 
Aula 1 - Histórico da Biologia Forense. 
Aula 2 - Bases da Hereditariedade para Genética Forense. 
 8 
Aula 1 - Histórico da biologia forense 
 
Figura 1 - A história da biologia forense 
 
 
Fonte: Brasil Escola. 
 
Identificação humana 
A busca pelo processo de estabelecer a identidade de uma pessoa tem sido 
historicamente registrada desde tempos remotos. Para o Médico e antropólogo 
espanhol Federico Olóriz Aguilera (1855-1912), a identificação é o ato mais frequente 
e elementar da vida social. Além do processo de identificação civil, posteriormente foi 
necessário identificar criminalmente as pessoas consideradas nocivas à sociedade. 
A identificação de criminosos, na antiguidade, ocorria de diversas formas, tais 
como amputação de orelha e/ou mão, de acordo com as infrações cometidas. Porém, 
com a evolução dos costumes e da sociedade, essas atitudes foram modificando. O 
método mais antigo foi denominado “Ferrete”, que se baseava no uso de um 
instrumento de ferro aquecido para se marcar os criminosos. 
No Brasil, houve um movimento com a intenção de integrar, por meio de uma 
identidade civil, todos os estados federados e o Distrito Federal, garantindo, por meio 
de processos multibiométricos e de bases de dados, a identificação unívoca do 
brasileiro nato ou naturalizado. O Decreto nº 7.166 de 05 de maio de 2010 criou o 
Sistema Nacional de Registro de Identificação Civil – SINRIC e o Comitê Gestor, tendo 
como órgão central o Ministério da Justiça, porém devido a alterações implantadas na 
https://brasilescola.uol.com.br/
http://planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7166.htm
 9 
proposta inicial, levou a interrupção dos trabalhos em 2015. Em sequência, foi 
apresentado pelo Poder Executivo e pelo Tribunal Superior Eleitoral, o Projeto de Lei 
nº 1.775, de 28 de maio de 2015, o qual propõe a criação do Registro Civil Nacional, 
ainda em processo de tramitação, para ser implementado pelo Tribunal Superior 
Eleitoral. 
A Genética Forense constitui-se no uso técnico científico de conhecimentos e 
métodos genéticos validados como ferramenta eficaz/eficiente para responder as sete 
perguntas do Heptâmero de Quintiliano: O quê? Quando? Onde? Quem? Como? Por 
quê? E por que meios? No entanto, até que o desenvolvimento da genética forense 
pudesse ser efetivo e utilizado na área de identificação humana, observava-se o 
desenvolvimento gradual do conhecimento científico. Pode-se perceber que o 
processo de identificação foi alterando, passando pelo método de mutilação, 
tatuagem, estudo das impressões digitais dentre outros, e séculos mais tarde, a ideia 
de identificar qualquer pessoa pela análise sanguínea tornou-se possível com a 
descoberta dos antígenos eritrocitários. 
 
Figura 2 - Biografia de Quintiliano 
 
 
 
Fonte: Biografías y Vidas. 
 
Sistema ABO 
A partir da descoberta, em 1900, pelo médico e biólogo austríaco Karl 
Landsteiner, ganhador do Nobel de Fisiologia de 1930, da classificação dos grupos 
sanguíneos compondo o sistema ABO e o fator Rh, estes foram usados para 
https://www.biografiasyvidas.com/
 10 
identificação humana e serviram de base científica para fundamentar a Genética 
Forense. A tipagem de uma mancha sanguínea encontrada numa cena de crime 
poderia auxiliar na identificação do criminoso, ou então discriminar o produtor da 
referida macha. Porém, em casos forenses, a análise do sistema AB0 e Rh do 
sangue, apesar de rápida e de baixo custo, torna-se pouca informativa e incapaz de 
individualizar/identificar alguém, uma vez que, pelo menos 40% da população 
pertence ao grupo sanguíneo do tipo “O”. Assim, embora este método seja útil para 
excluir uma pessoa de ser a fonte de uma amostra criminal, o teste não é muito útil 
quando uma inclusão é feita, especialmente se a amostra é do tipo sanguíneo “O”, já 
que além do suspeito, a vítima, ou até mesmo o policial presente no local de crime, 
poderiam pertencer ao mesmo grupamento sanguíneo. 
 
 Figura 3 - Karl Landesteiner descreveu o sistema ABO (A, B, AB, O) 
 
 
Fonte: Brasil Escola. 
 
Genética forense 
 
No decorrer dos anos, o crescente desenvolvimento biotecnológico e científico 
tem proporcionado avanços expressivos nas ciências biológicas, com a criação de 
novas áreas como a biologia molecular e, mais especificamente, a Genética Forense, 
fundamentada na análise direta do ácido desoxirribonucleico (DNA) como ferramenta 
e técnica de identificação humana. Os meios de comunicação noticiam, com 
propriedade, o papel e a importância do DNA e como o conhecimento científico pode 
auxiliar na solução de casos criminais. 
Type O
45%
Type A
42%
Type B
10%
Type 
AB
3%
https://brasilescola.uol.com.br/
 11 
No corpo humano existem trilhões de células, a maioria delas, do tipo diploide, 
ou seja, possui pelo menos duas cópias de cada cromossomo, sendo um de origem 
paterna e outro materna. São estes 46 cromossomos que contêm toda informação 
necessária para a construção e funcionamento do corpo. O genoma humano é 
composto por mais de 3 bilhões de pares de bases (pb) individuais, contidas nos 23 
pares de cromossomos e no genoma mitocondrial. Basicamente, o genoma humano 
é dividido em regiões codificantes e não-codificantes. As regiões codificantes 
representam cerca de 2% do genoma e contêm ainformação dos cerca de 20 a 25 
mil genes expressos pelo genoma humano. As regiões codificantes estão sujeitas à 
pressão seletiva, de modo que, mutações nessas regiões podem representar 
modificações em estrutura e função do produto gênico. Em contraste, a porção não-
codificante do genoma está sujeita a menor pressão seletiva e, assim, a maioria das 
mutações nessas regiões são normalmente mantidas e transmitidas à descendência, 
levando a um aumento na variabilidade genética nessas regiões. Por essa razão, 
essas regiões são amplamente informativas para individualização genética. 
 
Figura 4 - O DNA nuclear é localizado no núcleo da célula e organizado em cromossomos. Sendo 
que, apenas algumas regiões são utilizadas no processo de identificação 
 
 
 
Fonte: Brasil Escola. 
 
 
O DNA é uma molécula helicoidal formada por duas fitas complementares, 
composta por um grupo fosfato ligada a um carboidrato desoxirribose que pode se 
ligar a uma base nitrogenada de dois anéis, denominada purina: adenina (A) ou 
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-cromossomo.htm
 12 
guanina (G) ou a uma base nitrogenada de apenas um anel, denominada pirimidina: 
timina (T) ou citosina (C). A complementaridade das duas fitas de DNA ocorre devido 
a ligações de hidrogênio, que são específicas entre essas quatro bases nitrogenadas. 
Assim, adenina sempre está pareada com timina, o mesmo ocorrendo entre citosina 
e guanina. A ordem destas quatro bases na molécula de DNA determina o conteúdo 
da informação nos genes. Longos filamentos delgados das moléculas do DNA vão se 
dobrando e enovelando, formando os cromossomos; alguns cromossomos humanos 
possuem cerca de 5X108 pares de bases. 
As décadas de 1970 e 1980 foram marcadas pelos avanços relativos aos 
conhecimentos das principais técnicas moleculares que favoreceram o 
desenvolvimento e serviu de base para o fortalecimento da Genética Forense como 
ferramenta de identificação humana. Na década de 1980, Alec Jefreys (1950), 
geneticista britânico, professor do departamento de genética da Universidade de 
Leicester, desenvolveu a técnica que permitiu analisar os polimorfismos de tipo 
minissatélites (conhecidas como VNTRs - do inglês, variable number repeats ou 
repetições em tandem (ao acaso) de número variável). Tais regiões também podem 
ser chamadas de marcadores moleculares e foram úteis como ferramenta para 
identificação humana nos anos 90. 
O bioquímico norte americano, Kary Mullis (1944- 2019) ganhou o Prêmio 
Nobel de Química em 1993, juntamente com o britânico Michael Smith (1932- 2000) 
pela invenção da PCR – reação em cadeia da polimerase (polymerase chain reaction), 
técnica que permitiu a replicação in vitro de forma exponencial de determinadas 
regiões do DNA, possibilitando analisar amostras mesmo com reduzidas 
concentrações de material genético, particularmente na área forense, visto que, a 
grande maioria dos vestígios apresentam pequenas quantidades de amostras e 
muitas vezes degradadas e ainda, misturadas a contaminantes. 
A maioria dos sistemas de tipagem forense é baseada em polimorfismos de 
comprimento, classificados em minissatélites e microssatélites. A variação genética 
entre indivíduos nesses sistemas não está baseada somente nas suas sequências de 
DNA, mas no número de repetições (gerando diferentes comprimentos de sequência) 
e na frequência com que essas sequências de repetições randomicamente arranjadas 
em múltiplas cópias (repetições em tandem) aparecem em uma população, o que 
determina os diferentes alelos dos diferentes loci de DNA encontrados nos indivíduos, 
possibilitando diferenciá-los. 
 13 
Os marcadores conhecidos como STRs (short tandem repeats, do inglês, 
sequências curtas repetidas em tandem) consistem em sequências genômicas de 1 a 
5 pb de comprimento, repetidas tipicamente de 5 a 30 vezes, sendo as repetições tetra 
e pentanucleotídicas (ou seja, com motivos de repetição contendo quatro e cinco 
nucleotídeos) as mais usuais para análises criminais. São os mais utilizados 
principalmente por proporcionarem a tipagem de amostras que apresentam 
pouquíssimas quantidades de DNA-molde (fragmentos de DNA que serão utilizados 
como moldes para a PCR) ou que estão muito degradadas, conhecidas como 
amostras LCN (Low Copy Number) ou, recentemente, amostras LTD (Low Template 
DNA). 
Em alguns casos em que a quantidade/qualidade de DNA é muito baixa para 
se usar STRs, análises do DNA mitocondrial (mtDNA) podem ser fazer necessárias. 
Como cada célula humana, dependendo do tecido, pode apresentar de centenas a 
milhares de mitocôndrias, a quantidade de cópias de mtDNA por centímetro cúbico de 
tecido é muito maior que a quantidade de cópias de DNA nuclear. Na análise do DNA 
mitocondrial, a sequência base a base de regiões hipervariáveis 1 e 2 (HV1 e HV2) 
do mtDNA é avaliada. Onde Polimorfismos de Nucleotídeo Simples (em inglês single 
nucleotide polymorphism; SNP) são comparados com uma sequência consenso figura 
5). 
Tecnologias como sequenciamento de nova geração (em inglês Next 
Generation Sequencing; NGS) para análise de DNA começam a ser aplicadas em 
análises forenses. Além de ser uma metodologia muito mais rápida ela permite que 
um grande número de amostras seja analisado ao mesmo tempo. Com esta tecnologia 
de sequenciamento vários tipos de marcadores moleculares podem ser analisados 
simultaneamente, gerando, desta forma, uma quantidade massiva de dados por 
amostra. 
 
 14 
Figura 5 - A variabilidade genética mostrada por marcadores moleculares tipo SNPs e STRs 
 
 
Fonte: STRBase. 
 
 
SAIBA MAIS! 
 
A Biologia Forense vai muito além do uso do DNA 
como forma de identificação. Dentro da Biologia, várias 
subáreas podem contribuir na elucidação de crimes que 
deixam vestígios. 
 
 
 
https://strbase.nist.gov/miniSTR.htm
https://www.portalsaofrancisco.com.br/biologia/biologia-forense
 15 
Aula 2 - Bases da hereditariedade para genética forense 
 
Estrutura do DNA - Cromossomos, genes e marcadores genéticos 
Enquanto os experimentos realizados pelo botânico, biólogo e monge austríaco 
Gregor Mendel (1822-1884) ocorreram entre os anos de 1856 e 1863, a descoberta 
do DNA ocorre em 1869, pelo bioquímico suíço Johann Friedrich Miescher (1844-
1895). No entanto, sua estrutura tridimensional só é descrita em 1953, por James 
Watson (1928) e Francis Crick (1916-2004), os quais se valendo da fotografia 51 
(imagem da captura da dupla hélice do DNA obtida por meio de difração de raio X) da 
química britânica Rosalind Franklin (1920-1958) desvendaram a dupla hélice. 
Postumamente, Franklin recebeu o título de mãe do DNA, mesmo sendo 
desacreditada, e até mesmo chamada de bruxa por seu tutor, o fisiologista 
neozelandês Maurice Wilkins (1916-2004). 
O DNA humano é organizado por meio de proteínas denominadas histonas. 
Cada molécula de DNA associada as histonas é denominada cromossomo. 
Possuímos 46 cromossomos em cada célula de nosso corpo organizados em 23 
pares, ou seja, cada cromossomo tem seu par correspondente. Um destes pares é o 
par de cromossomos sexuais X e Y, também chamados de alossomos, de forma 
que indivíduos do sexo feminino possuem dois cromossomos X e indivíduos do sexo 
masculino apresentam um cromossomo X e um cromossomo Y. Os demais 22 pares 
são chamados de autossomos (figura 6). 
 
 
 16 
Figura 6 - Cariótipo masculino humano
 
Fonte: www.pcs.uem.br. 
 
 
A molécula de DNA trata-se de uma dupla hélice complementar. Desta forma, 
cada hélice possui a capacidade de formar uma cópia exata da outra, conferindo assim 
um poder de manutenção de sua sequência através das gerações. Eventos aleatórios 
conhecidos como mutações podem conferir modificações nesta estrutura fornecendo 
material para que a seleção natural possa atuar e promover desta forma a evolução 
das espécies. Os eventos mutacionais trazem novas combinações possíveis parao 
DNA do indivíduo. Estas novas combinações podem ser consideradas deletérias, 
causar uma perda ou diminuição de função. Por outro lado, elas podem ser favoráveis 
trazendo um aumento ou diminuição de função. Algumas mutações podem até mesmo 
ser neutras, não trazendo uma nova variabilidade que cause modificação na função. 
A Seleção Natural é o elemento que vai selecionar se estas novas combinações serão 
transmitidas pelas gerações e em qual proporção. 
Cada fita de DNA é formada de nucleotídeos que possuem em sua estrutura as 
chamadas bases nitrogenadas: adenina (A), guanina (G), citosina (C) e timina (T). O 
pareamento de cada fita da dupla hélice do DNA acontece por meio de ligações de 
hidrogênio entre as bases nitrogenadas A-T e C-G (Figura 7). 
 
 
http://www.pcs.uem.br/drgenetica/cariotipo/resultados/cariotipo-normal
 17 
Figura 7 - A estrutura do DNA mostrando esquematicamente a complementariedade das fitas da 
dupla hélice 
 
Fonte: Brainly. 
 
 
 
 
Em cada cromossomo existem regiões que são transcritas, as quais chamamos 
de genes. Como estas regiões irão codificar proteínas, que terão alguma função no 
organismo, são regiões que sofrem forte pressão evolutiva, pois influenciam na 
adaptação dos indivíduos ao ambiente, portanto, não podem sofrer muitas 
modificações em sua sequência, pois estas modificações poderiam afetar a 
funcionalidade da proteína traduzida. Por exemplo, não se espera uma grande 
variabilidade na sequência de nucleotídeos que codifica o hormônio insulina, que tem 
sua função relacionada ao controle de glicose, atuando como uma chave para a 
entrada de glicose para ser utilizada pelas células como fonte energética. São 
observadas apenas pequenas variações na sequência, que não afetam a 
funcionalidade ou que afetam muito pouco. 
Por outro lado, as regiões que não são transcritas sofrem baixa ou nenhuma 
pressão evolutiva e, portanto, podem acumular mutações, dessa forma, estas regiões 
apresentam uma alta variabilidade. Estas regiões serão, então, as escolhidas para 
diferenciar cada indivíduo e assim, são o material de trabalho da Genética Forense. 
As regiões escolhidas para estudos na Genética Forense são chamadas de 
marcadores moleculares. Destes marcadores são extraídas as informações de 
variabilidade entre indivíduos. Cada marcador está contido em um locus (que é a 
https://brainly.com.br/tarefa/31853048
 18 
palavra em latim para local) e a forma variante de cada marcador em um locus é 
chamada de alelo. Portanto, cada marcador molecular pode ter uma grande 
quantidade de alelos. Quanto mais alelos um marcador tiver mais informativo ele será 
para a diferenciação entre indivíduos. 
 
Quadro 1 - Conceitos e definições importantes em Genética Forense 
 
Fonte: Silva, 2022. 
 
Leis de Mendel 
Impossível não abordar em um curso básico de Genética Forense o monge 
agostiniano Gregor Johann Mendel (1822-1884), que com seus experimentos com 
ervilhas funda a ciência que hoje chamamos de genética. 
Os experimentos de Mendel são uma aula de como desenvolver 
metodologicamente um estudo. Seu preparo prévio envolveu um longo trabalho, 
desde o momento da escolha das características a serem estudadas, até a obtenção 
de linhagens puras para cada uma dessas. 
As características escolhidas por Mendel eram sempre em pares, facilmente 
distinguíveis: ervilha verde ou amarela, ervilha lisa ou rugosa, flor branca ou púrpura 
 19 
etc. Após obter as linhagens puras, por exemplo, de flores púrpuras e brancas, Mendel 
começou a cruzar as linhagens entre si e verificou que em uma primeira geração (F1) 
as flores brancas desapareciam, havia apenas indivíduos com flores púrpuras nesta 
geração. Cruzando-se os indivíduos desta F1, formando, portanto, uma segunda 
geração (F2), plantas com flores brancas voltam a aparecer demonstrando que a 
característica havia desaparecido na F1 e reaparece na F2, como se tivesse havido 
um recesso (Figura 8). 
 
Figura 8 - A geração P provinda de autopolinização. A geração F1 fruto do cruzamento de P. A 
 
Fonte: Brasil Escola. 
 
 
 
Com isso, Mendel chega à conclusão de que embora a geração F1 fosse 
composta apenas de indivíduos de com flores púrpuras, estes ainda mantinham a 
capacidade de produzir indivíduos com flores brancas; demonstrando que um caráter 
púrpuro dominava sobre o branco, definindo-o como dominante, e como o caráter 
branco reaparece na F2, foi definido como recessivo. 
Além destes dois conceitos importantes para a genética, Mendel observou que 
em todos os pares de características estudadas na F2, as características dominantes 
e recessivas sempre se apresentavam em proporção 3x1 (fig. 8). Levando Mendel, 
por meio de cálculos matemáticos de proporções, a estipular a primeira Lei de 
Mendel ou Lei da Segregação dos Fatores: 
 
 
 
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/primeira-lei-mendel.htm
 20 
Cada característica é condicionada por um par de fatores 
que se separam na formação dos gametas. 
 
Figura 9 - A proporção esperada em F2 
 
 
Fonte: mruiz43.blogspot. 
 
 
 
De uma maneira mais didática, Mendel resume em sua primeira lei que um par 
de alelos vai estabelecer as condições para que uma característica seja expressa, 
sendo que, um alelo vem da mãe e outro alelo do pai. Este princípio que para nós, 
hoje, nos parece extremamente básico é o fundamento primordial da Genética e, por 
conseguinte, da Genética Forense. 
O próximo passo de Mendel foi a observação de como dois pares de 
características se comportavam (fig. 9). Usando linhagens puras para características 
diferentes Mendel observou que as características recessivas continuavam 
desaparecendo na F1 e reapareciam na F2 na proporção 9x3x3x1. Além disso, os 
pares de características amarelo x verde ou lisa x rugosa se comportavam de maneira 
independente, definindo desta forma a segunda Lei de Mendel, também chamada 
de Lei da Segregação Independente: 
 
 
 
http://mruiz43.blogspot.com/2016/05/mendel-self-crossing.html
 21 
Pares de fatores separam-se de forma independente 
durante a formação dos gametas. 
 
Figura 10 - A proporção esperada em F2 na segunda lei de Mendel 
 
 
Fonte: Brasil Escola. 
 
 
O princípio da segunda Lei de Mendel é muito utilizado na Genética Forense, 
uma vez que os marcadores moleculares normalmente escolhidos têm segregação 
independente e desta forma podemos aplicar a chamada regra do produto. 
A regra do produto se baseia na ideia de que eventos independentes podem 
ter suas probabilidades multiplicadas para se descobrir a chance que ambos os 
eventos possam ocorrer simultaneamente. Imaginemos que temos um dado de 6 
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/segunda-mendel.htm
 22 
faces e uma moeda e queremos calcular a chance de tirarmos 5 no dado e cara na 
moeda ao mesmo tempo. Como se trata de um dado de seis faces a chance de 
tirarmos 5 é de 1/6 e a chance de tirarmos cara na moeda é ½. De acordo com a regra 
do produto, se multiplicarmos as duas frações 1/6 x ½ = 1/12 (8,33%), teremos a 
chance de tirarmos 5 no dado e cara na moeda ao mesmo tempo. 
Este princípio será, então, adotado para a multiplicação de probabilidades de 
marcadores que apresentam segregação independente. Falaremos melhor de 
marcadores moleculares adiante. 
 
Marcadores genéticos utilizados na Genética Forense - Microssatélites e 
marcadores uniparentais (cromossomo Y e DNA mitocondrial) 
Os marcadores mais usados atualmente (2021), em Genética Forense, são os 
STRs (short tandem repeats) e SNPs (Single nucleotide polymorphisms). Os SNPs 
são marcadores que apresentam mudança em apenas um único nucleotídeo, 
possuem uma reduzida capacidade de informação já que necessita da análise de mais 
de um loci, por isso, menos utilizado, mas tem uma vantagem de ser utilizada em 
amostras muito degradadas. São usados normalmente, os STRs que apresentam 
sequências curtas e repetidas em tandem, que significadizer que a unidade repetida 
varia de 2-6 pares de bases repetidas dezenas de vezes e constitui aproximadamente 
10% no genoma, estão presentes nos cromossomos e podem ser utilizados com o 
intuito de individualizar as pessoas. Os kits comerciais existentes apresentam STRs 
com características ótimas para a identificação humana. Os marcadores existentes 
em cada kit estão distribuídos em cromossomos diferentes, permitindo, desta forma, 
a aplicação da regra do produto. Além disso, os kits comerciais apresentam produtos 
de PCR de tamanho reduzido (100-400pb) o que facilita a amplificação do DNA 
mesmo de amostras degradadas, ou seja, quanto menor for o fragmento de DNA dos 
marcadores escolhidos, será mais fácil de obtê-los, mesmo que o DNA da amostra 
tenha sido segmentado por degradação. 
Além dos cromossomos autossomos, STRs do cromossomo Y são muito 
empregados em análises forenses, principalmente em casos de violência sexual. 
Quase a totalidade do cromossomo Y humano não possui região de pareamento com 
o cromossomo X, desta forma, a recombinação (troca de material entre os dois 
 23 
cromossomos por mecanismo de crossing over) entre estes cromossomos é bem 
pequena. Assim, os marcadores do cromossomo Y são herdados de forma haploide, 
ou seja, com apenas um alelo para cada região. Além disso, diferentes loci de STRs 
ao longo do cromossomo Y são herdados, em bloco, conjuntamente ao longo das 
gerações. Este conjunto de marcadores herdados juntos são chamados de haplótipo 
do cromossomo Y. Isso quer dizer que um cromossomo Y de forma geral, se não 
houver um evento mutacional, é herdado de forma idêntica de pai para filho (figura 2). 
Assim, marcadores STRs no cromossomo Y são um tipo de herança patrilínea, porque 
são passadas para sua descendência apenas pelos homens e, dessa forma, 
identificam uma linhagem de homens de uma família. 
 
Figura 11 - Distribuição dos marcadores ao longo do cromossomo Y 
 
Fonte: promega. 
 
 
https://www.promega.com.br/resources/profiles-in-dna/2012/variability-of-new-str-loci-and-kits-in-us-population-groups/
 24 
Figura 12 - Herança do cromossomo Y pelas gerações sucessivas 
 
 
Fonte: docplayer. 
 
 
Por sua vez, análises de DNA mitocondrial (mtDNA) nos permitem verificar a 
linhagem matrilínea dos indivíduos. Isso acontece porque as mitocôndrias são 
passadas pelas gerações apenas por indivíduos do sexo feminino. Todas as 
mitocôndrias presentes no zigoto são provindas do óvulo, porque no momento da 
fecundação todas as mitocôndrias dos espermatozoides são destruídas (figura 3). 
Figura 13 - Herança mitocondrial pelas gerações sucessivas 
 
Fonte: slideshare. 
https://docplayer.com.br/2426991-Genetica-forense-e-paternidade.html
https://pt.slideshare.net/mayaraqueiroz146/herana-mitocondrial
 25 
Para se analisar o genoma mitocondrial são empregadas técnicas de 
sequenciamento onde são observadas modificações pontuais nas sequências do DNA 
de duas regiões HV1 e HV2. Estas modificações são comparadas com uma sequência 
consenso e cada modificação é anotada. 
 
SAIBA MAIS! 
 
Em plantas, além das mitocôndrias, existe uma outra 
organela que apresenta DNA. São eles os cloroplastos, 
organelas responsáveis pela fotossíntese. Estudos de 
filogenia e filogeografia em plantas investigam marcadores 
do DNA dos cloroplastos para fazer suas análises. 
 
 
https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/cloroplasto.htm
 26 
Finalizando 
Neste módulo, você aprendeu que: 
 
• A maioria dos sistemas de tipagem forense é baseada em polimorfismos 
de comprimento; 
• A variação genética entre indivíduos nesses sistemas não está baseada 
somente nas suas sequências de DNA, mas no número de repetições; 
• Em alguns casos, em que a quantidade/qualidade de DNA é muito baixa 
para se usar STRs, a análise do DNA mitocondrial (mtDNA) podem ser 
fazer necessárias; 
• STRs do cromossomo Y são muito empregados em análises forenses, 
principalmente em casos de violência sexual; 
• Cada característica é condicionada por um par de fatores que se separam 
na formação dos gametas; 
• Pares de fatores separam-se de forma independente durante a formação 
dos gametas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
Módulo II – Mais próximo do laboratório de Genética Forense 
Apresentação do módulo 
Este módulo é composto de três aulas que aproximarão o cursista da realidade 
de um laboratório de Genética Forense. Fornecendo, desta forma, elementos para 
contribuir positivamente nos trabalhos do laboratório de Genética Forense, mesmo 
não fazendo parte diretamente de sua equipe. 
Objetivos do módulo 
• Conhecer a rotina de laboratórios de Genética Forense; e 
• Compreender as potencialidades e limitações de análises de DNA em 
casos forenses. 
 
Estrutura do módulo 
Este módulo compreende as seguintes aulas: 
Aula 1 - Amostras forenses. 
Aula 2 - Cadeia de custódia. 
Aula 3 - Tipos de casos em que a análise de DNA se faz necessária. 
 28 
Aula 1 - Amostras forenses 
 
Tipos de amostras forenses 
Hoje, um dos principais métodos de identificação humana utilizado para 
desvendar crimes é o DNA. Devido ao seu alto poder de discriminação, o DNA é capaz 
de indicar autoria de crimes conectando suspeitos e locais de crimes; sendo esse 
potencial ampliado com o uso de Bancos de Perfis Genéticos. 
As amostras encaminhadas ao laboratório poderão ser analisadas para várias 
aplicações forenses como: averiguação de paternidade fruto do crime de abuso 
sexual; identificação de cadáveres e restos mortais; determinação do agressor a partir 
de amostras envolvendo crimes sexuais e identificação de vestígios biológicos, 
recolhidos em cenas de crime, ou ainda, coletadas, tanto das vítimas, quanto de 
supostos autores do delito. 
Num laboratório de Genética Forense é comum receber e analisar amostras 
biológicas diversas, em condições extremas e em suportes diferentes. Sangue, saliva, 
sêmen, osso, dentes, músculo, pele, material subungueal, são algumas das amostras 
biológicas comumente utilizadas para traçar perfis de DNA relacionados a crimes. A 
coleta, o armazenamento e o transporte das amostras biológicas devem ser realizados 
da maneira adequada de modo a evitar contaminação, degradação, multiplicação 
microbiana ou qualquer outro fator que possa prejudicar as perícias laboratoriais. 
A molécula do DNA é resistente, todavia, não é indestrutível. As amostras 
biológicas comumente usadas na investigação de crimes estão sujeitas às condições 
adversas: exposição ao sol ou chuva, variação de temperatura, umidade, exposição a 
contaminantes e sujidades, misturas ou outras situações que podem prejudicar o 
resultado das análises. Desta forma, resultados satisfatórios, bem como o tempo 
necessário para emissão de um laudo pericial de DNA, varia de acordo com a 
situação. 
Um ponto que merece atenção é em relação ao cuidado e rigor relativo ao 
manuseio da amostra biológica, tanto no momento da coleta quanto no momento da 
análise, a fim de evitar contaminação por material biológico humano e, portanto, 
mistura e transferência de material biológico entre as amostras. 
 29 
Por isso a coleta, acondicionamento, armazenamento, encaminhamento do 
material biológico e os procedimentos preliminares para exame de identificação 
humana por DNA devem seguir padrões rígidos, a fim de assegurar o sucesso e 
fidedignidade das análises. Estes procedimentos deverão garantir a autenticidade e 
integridade das amostras biológicas, bem como a privacidade e confidencialidade dos 
resultados nelas obtidos. É fundamental observar a cadeia de custódia e seguir todos 
os procedimentos regulamentados pelas resoluções da Rede Integrada de Bancos de 
Perfis Genéticos (RIBPG) e orientações emitidas pelo Laboratório de Genética 
Forense. 
A padronização das principais atividades periciais visa uniformizar o processo 
de produção da prova técnica no país. A produção dos procedimentos operacionaispadronizados, os POPs, foram desenvolvidos por uma força conjunta entre o 
Conselho de Dirigentes de Órgãos Periciais, as associações representativas dos 
profissionais de perícia, a equipe da Força Nacional de Segurança Pública e outros 
especialistas nas áreas. No que se refere à Genética Forense, é imperativo o 
cumprimento das resoluções da RIBPG. 
 
Principais tipos e características de amostras analisadas no laboratório 
A natureza e a qualidade da amostra determinam qual a melhor metodologia 
para se obter um perfil de DNA com a qualidade necessária para se identificar um 
indivíduo. 
 
Sangue 
É um dos vestígios biológicos mais comuns em cena de crime. 
Cabelos 
Não é analisada rotineiramente. Porém, para as análises de DNA genômico, 
devem conter o bulbo, ou seja, arrancados pela raiz. Caso não apresentem bulbo, é 
possível recorrer ao DNA mitocondrial e obter informações importantes de linhagem 
materna. 
 
 30 
Células da mucosa bucal 
Esfregaço da cavidade interna da boca para obter células descamativas da 
mucosa bucal. É um método de coleta, indolor, não invasivo, é possível obter 
amostras referências de vítimas vivas, suspeitos e familiares para a realização da 
comparação de perfis genéticos. 
Sangue intracardíaco 
Amostra biológica recomendada quando se trata de “referência” de cadáveres. 
Subungueal 
São extremamente úteis em casos em que houve embate físico entre vítima e 
agressor (crimes sexuais, feminicídio, homicídio etc.). 
Ossos e dentes 
Apresentam grande poder de análise na obtenção de perfis genéticos. Deve 
ser a amostra de preferência a ser encaminhada ao laboratório em caso de 
identificação de cadáveres quando estes estiverem em grau avançado de 
decomposição. 
Tecidos moles 
São ricos em DNA e de fácil processamento desde que sejam corretamente 
coletados, conservados e transportados. Recomenda-se o congelamento imediato. 
Amostra referência 
Amostra de origem conhecida que sabidamente foi coletada de um indivíduo. 
Amostra questionada 
Todo material coletado de origem individual desconhecida, especialmente em 
local de crime, e que é necessário conhecer para auxiliar a investigação policial. 
 
 31 
SAIBA MAIS! 
 
Saiba um pouco mais sobre os diferentes tipos de 
amostras biológicas no link abaixo. É muito interessante 
notar que mesmo havendo o mesmo DNA cada tecido tem 
suas especificidades mesmo no aspecto forense. 
 
Genética forense: como amostras biológicas 
podem ser utilizadas na solução de crimes. 
 
 
Vídeo de animação sobre Amostras Forenses. 
 
 
https://socientifica.com.br/genetica-forense-como-amostras-biologicas-podem-ser-utilizadas-na-solucao-de-crimes/
https://socientifica.com.br/genetica-forense-como-amostras-biologicas-podem-ser-utilizadas-na-solucao-de-crimes/
https://youtu.be/rQNpUxjeKw4
 32 
Aula 2 - Cadeia de custódia 
 
Legislação e importância da cadeia de custódia 
 O vestígio é o objeto de trabalho da perícia criminal. Para que este forneça as 
informações fidedignas sobre o evento criminal, o vestígio deve seguir por um 
caminho denominado cadeia de custódia, em que estas informações não sejam 
perdidas ou alteradas. 
 O artigo 158-A, do Código de Processo Penal, considera cadeia de custódia “O 
conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história 
cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua 
posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte”. Desta forma, as 
autoridades policiais, de posse da informação e conhecimento da ocorrência de um 
crime deverão providenciar para que não se alterem o estado e preservação das 
coisas, segundo o art. 6° do CPP. 
 A cadeia de custódia deve garantir elementos essenciais: (1) o Registro 
documental no qual são assinalados pontos primordiais referentes ao caso, como: 
data, local, responsável pela coleta, etc.; (2) a Rastreabilidade, fundamento que se 
baseia na exatidão da movimentação do vestígio, desde o local de coleta até sua 
custódia final, assegurando uma cadeia de responsabilidades ao longo do percurso, 
e a (3) Integridade da prova está diretamente ligada com autenticidade do vestígio, ou 
seja, o elemento coletado é exatamente aquele que foi submetido aos exames 
necessários e o mesmo exibido à corte judiciária, caso necessário. 
Além da documentação histórica e cronológica dos vestígios, em relação às 
perícias realizadas em laboratório, a lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019, que 
aperfeiçoa a legislação penal e processual penal, determina que o material analisado 
deve ser guardado para contraprova, resguardando a possibilidade de nova perícia e, 
assim, garante ao investigado a possibilidade de contraditório e ampla defesa. Uma 
questão que ainda permanece em discussão, refere-se ao tempo em que as amostras 
biológicas devem permanecer armazenadas nos laboratórios, uma vez que não está 
estipulado no art. 170 do CPP. O Decreto nº 7.950, de 12 de março de 2013, que 
institui o Banco Nacional de Perfis Genéticos e a Rede Integrada de Bancos de Perfis 
Genéticos no seu art. 7° esclarece que o perfil genético do identificado criminalmente 
 33 
deverá ser excluído do banco de dados após decorrido o prazo de prescrição do delito. 
Portanto, legislação futura poderá considerar o mesmo princípio para o 
armazenamento dos vestígios. 
Para garantir a integridade dos dados e a qualidade das amostras, a portaria 
nº 82 da SENASP estabelece que todas as unidades de perícia devem ter uma central 
de custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, uma vez que os vestígios 
forenses, bem como parte das amostras biológicas, devem ser mantidos como 
contraprova e sob custódia durante anos. Assim, de acordo com art. 158 do CCP – E 
da Lei nº 13.964/19, a central de custódia deve ser um espaço seguro, com entrada 
controlada, e apresentar condições ambientais que não interfiram nas características 
do vestígio. 
Essas considerações legais destacam, portanto, quão importante é um exame 
detalhado da cena de crime para identificar com clareza, quais os vestígios têm 
relação com o crime analisado e que devem ser coletados e incluídos como provas 
no processo. A observância da cadeia de custódia garante a rastreabilidade e 
confiança de um vestígio a ser analisado, tendo como ponto de partida o isolamento 
e preservação do local de crime, que propiciará a adequada visão técnica do local da 
cena de crime, até a coleta adequada dos vestígios, registro dos mesmos, 
acondicionamento, transporte. Da mesma forma, todo o cuidado e etapas dos 
procedimentos da manutenção da cadeia de custódia devem ser obedecidos por todos 
os setores por onde os vestígios passaram. Porém, vale ressaltar que alguns 
aspectos dificultam a implementação dos procedimentos relacionados à manutenção 
e implementação da cadeia de custódia, como falhas na preservação do local da cena 
de crime, a impossibilidade de manter ou dificuldade estrutural na construção das 
centrais de custódia. 
O perito criminal responsável pelo levantamento da cena de crime deve adotar 
procedimentos adequados de coleta, armazenamento e preservação das amostras 
biológicas que serão encaminhadas para análises de DNA, pois a falta dos devidos 
cuidados pode inviabilizar as análises e, portanto, comprometer a investigação 
criminal. O Manual de Procedimentos Operacionais da RIBPG apresenta a 
padronização e recomendações para coleta, armazenamento, acondicionamento e 
envio de vestígios de forma correta, de forma a garantir a boa qualidade da amostra 
biológica e por consequência uma análise de DNA que seja capaz de identificar o perfil 
 34 
da vítima e ou suspeito de ter cometido o crime, podendo ter então os dados inseridos 
no banco de perfis genéticos. 
A inobservância de um exame detalhado da cena de crime e a quebra da cadeia 
de custódia pode incorrer na inutilidade do trabalhopericial e invalidar a utilização dos 
vestígios como prova para o processo criminal. Um exemplo clássico deste prejuízo 
foi o caso O.J Simpson (Orenthal James Simpson), ex-jogador de futebol americano 
dos Estados Unidos. O Jogador, ex-marido de Nicole Brown, tiveram 2 filhos e a 
separação ocorreu após 7 anos, motivada especialmente pela agressividade do 
suposto autor. O passado de agressão à ex-mulher e os ciúmes motivaram o violento 
assassinato com golpes de faca em Nicole Brown e Ronald Goldman, no dia 12 de 
junho de 1994. As provas técnicas e periciais apontaram o ex-jogador pela autoria do 
duplo homicídio. No entanto, a defesa conseguiu a absolvição devido à preservação 
do local inadequada, aos procedimentos de coleta de vestígios incorretos, registro 
documental ineficiente em que ficaram evidentes falhas na cadeia de custódia. 
Assim, a cadeia de custódia é fundamental para garantir a robustez da atividade 
pericial, das atividades realizadas na cena de crime e especialmente das análises das 
amostras realizadas no laboratório. Além dos cuidados serem extremamente 
importantes para a eficiência da análise e consequentemente a obtenção de perfis 
genéticos que garantam a identificação de vítimas e ou suspeitos relacionados ao 
crime, com possibilidade também da inclusão em bancos de dados, é notável a 
necessidade da cadeia de custódia em todos os seguimentos envolvidos no processo 
da produção da prova com qualidade, com bom registro documental, rastreabilidade 
e integridade para contribuir com a investigação policial. 
 
Coleta, acondicionamento, armazenamento e envio das amostras 
É de extrema importância e limitante para o sucesso das análises que a coleta, 
acondicionamento, armazenamento e transporte das amostras sejam realizados com 
todo cuidado e atenção, mesmo sabendo que uma cena de crime pode ser um 
ambiente bem peculiar, movimentado e complexo. É fundamental que os itens sejam 
acondicionados separadamente, sendo cada amostra identificada e lacrada. Vale 
ressaltar que as amostras presentes em cenas de crime, ou coletadas dos envolvidos, 
trata-se de material biológico humano, podendo ser portadores de agentes 
 35 
patogênicos e potencialmente transmissores de doenças, devendo ser manipulados 
com todos os cuidados e boas práticas, pois além de tomar todos os cuidados para 
que as amostras levem a bons resultados de análises, é necessário e de extrema 
importância, a proteção de quem vai manipular o material biológico. 
 
Sangue 
Líquido: Deve ser coletado com uso de suabes (no mínimo dois) ou papel filtro. 
Seco: A amostra biológica deve ser raspada e acondicionada em envelope 
(identificado e lacrado). Todas as amostras devem ser encaminhadas o mais 
rapidamente possível ao laboratório de Genética Forense. Caso não seja possível, 
recomenda-se congelar as amostras ou secar em temperatura ambiente, longe de 
possíveis contaminantes. 
Células da mucosa bucal (Saliva) 
Para a coleta, deve-se fazer uso de suabes, que devem ser friccionados 
suavemente na parte interna da bochecha. Existem dispositivos próprios para esse 
tipo de coleta, todavia, caso disponha somente do “suabe tradicional”, antes de 
acondicionar em envelope de papel, secar em temperatura ambiente e longe de 
contaminantes. 
Tecidos moles 
Esse tipo de coleta é considerado “invasiva” e deve ser realizada por médicos 
legistas e auxiliares no âmbito do IML. Tais amostras devem ser imediatamente 
submetidas ao processo de congelamento e todo e qualquer transporte deve ser 
realizado em caixas térmicas. 
Dentes e ossos 
Esse tipo de coleta é considerado “invasiva” e deve ser realizada por médicos 
legistas e auxiliares no âmbito do IML. De forma geral são priorizados dentes molares 
em bom estado de preservação e depois deles ossos longos. Protocolos mais 
detalhados sobre a ordem de coleta estão disponíveis nos IML. Tanto dentes, quanto 
 36 
ossos, devem ser embalados em invólucro de papel, identificados e encaminhados. 
Caso ainda apresentem tecidos moles aderidos, devem ser refrigerados. 
Preservativos 
Deve-se coletar a amostra biológica da parte interna do preservativo (DNA do 
agressor) e repetir o procedimento na parte externa (DNA da vítima), usando dois 
suabes para cada face do preservativo. Acondicionar os suabes separadamente 
(parte interna e parte externa), após secagem em temperatura ambiente. Dar um “nó” 
na extremidade aberta, para evitar extravasar o conteúdo, embalar em invólucro 
plástico e congelar. 
Material subungueal 
Deve-se passar o suabe suavemente na região logo abaixo das unhas. Jamais 
cortar ou extrair as unhas. Esse procedimento fatalmente prejudicará as análises 
laboratoriais. Utilizar um suabe para cada dedo. Secar as amostras à temperatura 
ambiente, ao abrigo da luz do sol. Embalar separadamente em invólucros de papel 
novos e preservar em local ventilado. 
Vestes 
Quando possível e tendo-se a certeza da localização das amostras biológicas, 
deve-se recortar a parte de interesse e encaminhar para análise de DNA. Peças muito 
grandes como roupas de cama e banho, não precisam ser enviadas inteiras, somente 
as partes com as manchas que devem ser recortadas, mantidas secas à temperatura 
ambiente e abrigo do sol, identificadas e acondicionadas em invólucro de papel. No 
entanto, em caso de dúvida da localização da mancha na peça, a mesma deve ser 
enviada inteira ao laboratório. 
Vestígios secos 
Em caso de suporte absorvente (banco de carro, roupa, almofada etc.) 
recomenda-se recortar parte da superfície. 
Quando o suporte for não-absorvente (parede, vidro etc.), recomenda-se a 
raspagem da superfície ou passar um suabe umedecido para proceder a coleta. 
 
 37 
SAIBA MAIS! 
 
Existe uma certa lenda que não é necessária a 
preservação de local quando não há corpo. No entanto, 
sabemos que a perícia se faz necessária todas as vezes 
que forem deixados vestígios. O link abaixo apresenta um 
artigo que discute o tema. 
A Preservação do local do crime quando não há 
corpo. 
DRAGO, Ana Lídia Camargo; PINTO, Renildo de 
Sena; Centro de Pós-Graduação Oswaldo Cruz Goiânia. 
 
 
Aula 3 - Tipos de casos em que a análise de DNA se faz necessária 
 
As perícias de DNA para fins criminais, realizadas no âmbito das Polícias 
Científicas, englobam uma variedade de aplicações, dentre as quais, destacam-se: 
 
Confronto de vestígios 
Trata-se das amostras biológicas coletadas em diferentes locais de crimes 
(crimes contra a vida, crimes contra o patrimônio, crimes sexuais etc.), cujos peritos 
criminais solicitam o confronto de perfis genéticos de vestígios coletados com perfis 
genéticos de amostras de referência da vítima ou do suspeito. 
Os exames de confronto são o caso clássico em que os exames de DNA são 
usados para fins forenses. Para exemplificar, podemos tomar uma situação hipotética 
em que um suspeito de haver cometido um homicídio foi localizado, por meio de 
denúncia de terceiros, em sua residência. Durante a abordagem policial constatou-se 
que suas vestes se encontravam manchadas com sangue, e, portanto, foram 
encaminhadas ao laboratório para serem periciadas. Neste caso, as análises serão 
realizadas para que sejam feitas a comparação entre o DNA obtido do sangue 
encontrado em suas vestes, com amostras da vítima. Além dessas amostras, foram 
http://revista.oswaldocruz.br/Content/pdf/Edicao_08_Ana_Drago.pdf
http://revista.oswaldocruz.br/Content/pdf/Edicao_08_Ana_Drago.pdf
 38 
encaminhadas também, amostras recolhidas sob as unhas da vítima. Assim, os perfis 
de DNA obtido entre as amostras de sangue recolhidas na veste e material recolhido 
sob as unhas podem ser comparados com amostras do suspeito. 
Uma situação bem peculiar que merece chamar atenção é em relação a 
superfícies que tiveram contato bastante sutil com as mãos (arma de fogo), os lábios 
(guimba de cigarro), etc., que podem apresentar uma camada de célulasdescamativas, as quais podem fornecer o chamado DNA de contato (touch DNA). Este 
tipo de exame pode apontar, por exemplo, quem tocou o gatilho da arma encontrado 
em um local de crime. 
 
Crime sexual 
Os casos de crimes sexuais, apesar de serem bastante semelhantes à 
comparação descrita nos casos de confronto acima, apresentam algumas 
particularidades que merecem destaque. As vítimas vivas de crimes sexuais, que 
normalmente, são indivíduos do sexo feminino adulto ou infantil, são submetidos à 
coleta de amostras questionadas, as quais habitualmente se tratam de suabes vaginal 
e perianal. As vítimas mortas passam pelos mesmos processos de coleta de 
amostras, porém realizadas exclusivamente no IML, pelos médicos legistas. Além 
dessas amostras, frequentemente são encaminhadas ao laboratório, vestes, roupas 
íntimas e roupas de cama para serem analisadas. 
Nos casos de violência sexual, além das amostras questionadas citadas 
anteriormente, são necessárias amostras referências, ou seja, suabes bucais da 
vítima, do(s) suspeito(s) e do parceiro consentido, se houver, para realizar a 
comparação entre os perfis obtidos. Faz-se a comparação entre o perfil obtido em 
uma roupa íntima (por exemplo), com o perfil do suspeito e da vítima, com o objetivo 
de verificar se o suspeito é o produtor do perfil identificado na amostra questionada. 
Mistura entre o material genético da vítima e do agressor é muito recorrente neste tipo 
de análise, o que dificulta, por muitas vezes, a leitura do perfil genético e identificação 
do agressor, ressaltando, portanto, a necessidade de se possuir uma amostra 
específica, individualizada da vítima e do(s) suspeito(s), o que justifica a coleta das 
amostras referências de ambos na forma de suabes orais. 
 39 
Vale ressaltar que há situações que as análises laboratoriais de 
individualização dos perfis tornam-se de difícil solução, como por exemplo, quando 
um mecanismo molecular, denominado amplificação preferencial, que ocorre devido 
à grande quantidade de material da vítima presente na amostra questionada, dificulta 
muito a visualização do perfil do agressor. Nesse caso, uma alternativa para verificar 
a presença de perfil masculino na amostra é pesquisar o cromossomo Y. Como, na 
maioria das vezes, o agressor é um indivíduo do sexo masculino, a amplificação do 
cromossomo Y específico masculino, se faz necessária. Assim tendo-se como alvo 
apenas o cromossomo Y, não importa a quantidade de material feminino presente na 
mistura, os reagentes irão “procurar” por Y e executar sua amplificação. Porém, é 
preciso ficar claro que, as análises do cromossomo Y não identificam o agressor, mas 
possibilitam a obtenção da linguagem patrilínea, ou seja, revela que se trata de um 
indivíduo do sexo masculino, pertencente a esta família, podendo ser o próprio 
suspeito, o pai, irmão etc., o que pode ser um ótimo direcionamento para todo o 
processo de investigação sobre o caso em questão. 
 
SAIBA MAIS! 
 
A série “Inacreditável” oferece uma boa visão sobre 
o andamento de um caso de violência sexual. Inclusive a 
contribuição da Genética Forense para sua solução. 
 
Identificação de cadáver 
Outras metodologias, além do DNA, podem ser utilizadas para a identificação 
de cadáver. A Seção Técnica de Papiloscopia, realiza exames em fragmentos de 
membros (dedos) na tentativa de modelar as impressões digitais e identificar os 
indivíduos. Já a seção de Odontologia Legal, que funciona normalmente no IML 
(Instituto Médico Legal), realiza a manipulação da arcada dentária e por comparação 
com as radiografias dentárias do desconhecido, que são fornecidos pelos parentes, 
conseguem fazer a identificação. Pode contar ainda, com o trabalho desenvolvido 
pelos médicos legistas na seção de antropologia legal. 
 40 
Para identificação de cadáver através do DNA, faz-se necessário a coleta de 
amostras questionadas extraídas do cadáver. O médico legista elege qual a melhor 
amostra biológica a ser coletada dependo das condições de conservação do corpo. 
Também é imprescindível a coleta de amostra referência fornecidas preferencialmente 
por parentes de primeiro grau (mãe, pai e filhos) ou na impossibilidade dessas e em 
última instância, amostras coletadas de pertences da vítima ou desaparecido (escova 
de dentes, vestuário etc.). 
A identificação de cadáver pode ser necessária em casos de desastre em 
massa, como desastres de avião, acidentes automobilísticos, rebelião em presídios, 
que provocam a morte de diversos indivíduos ao mesmo tempo. Nestas situações é 
necessário seguir o conjunto de metodologias denominado de Disaster Victim 
Identification. Este protocolo apresenta uma série de sugestões técnicas a se seguir 
para o bom andamento do trabalho a ser desenvolvido no laboratório, desde a 
organização de recebimento das amostras, identificação do material, número de 
pessoas requeridas para as atividades a serem desenvolvidas por etapa de trabalho. 
O objetivo é a organização de uma dinâmica de trabalho que impeça erros, 
contaminação de amostras e especialmente para agilidade do serviço prestado, 
minimizando o sofrimento dos familiares das vítimas. 
No Brasil, dois eventos de mesma natureza ocorreram no estado de Minas 
Gerais. Em 2015, no dia 05 de novembro, ocorreu um desastre na cidade histórica 
de Mariana, em Minas Gerais, com o rompimento da barragem de rejeitos de 
mineradora e ocasionou o óbito de 19 pessoas. Pouco mais de três anos após o 
desastre de Mariana/MG ocorreu nova catástrofe, desta vez em Brumadinho, uma 
cidade pertencente à região metropolitana da capital mineira, Belo Horizonte, no dia 
25 de janeiro de 2019. Esse foi considerado o maior acidente de trabalho da história 
do Brasil por ter havido 130 óbitos de trabalhadores da mineradora Vale S.A. entre as 
270 pessoas mortas, das quais ainda 6 pessoas se encontram desaparecidas (janeiro 
de 2022). Devido à imensa força da lama, os corpos das vítimas sofreram grande 
fragmentação, o que impossibilitou a identificação por outros métodos, e assim, 
tiveram que ser identificadas por meio de exame de DNA. 
 
 
 41 
Paternidade criminal 
O DNA de cada ser humano é formado por metade da informação genética 
compartilhada pela mãe e metade do pai. O teste de paternidade pode ser utilizado 
tanto para casos cíveis, quanto criminais. Ele foi realizado por muitos anos, utilizando-
se da análise do grupamento sanguíneo ABO, fatores Rh, Mn, Ss, Cc. Porém, as 
informações sobre o tipo sanguíneo apenas podiam ser usadas para excluir os pais, 
em vez de confirmação da paternidade. 
O direito ao reconhecimento da paternidade está assegurado na Constituição 
Federal, possui regulamentação no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Código 
Civil. Caso a pessoa apontada negue a paternidade que lhe foi atribuída, a 
averiguação da paternidade é remetida pela Justiça ao Ministério Público para prová-
la por meio do teste de DNA. Nas paternidades cíveis podem ter como objetivo final 
a verificação da paternidade para fins de herança, pensão alimentícia. 
Já nos casos de paternidade criminal procura-se a verificação de que um crime 
de violência sexual, o qual foi impetrado a uma menor ou pessoa inimputável, que 
tenha resultado em gravidez. Normalmente, são utilizadas amostras-referência dos 
indivíduos envolvidos. Em casos mais raros, tecidos de anexos embrionários 
(placenta, cordão umbilical etc.). Em outras ocasiões, podem ser utilizados produtos 
de abortos autorizados pela justiça, em obediência à Cartilha de Prevenção e 
Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e 
Adolescentes, do Ministério da Saúde. 
 
SAIBA MAIS! 
 
As naturezas de exames num laboratório de DNA 
forense muitas vezes se sobrepõem ou se multiplicam. 
Acontecem casos em que amostras de confronto são 
usadas para verificação se um cadáver ainda não 
identificado foi transportado numporta-malas ou, nos 
casos de famílias mortas em acidentes de veículo, um 
cadáver identificado pelo DNA é usado para identificar 
outro também aparentado. 
 42 
Finalizando 
Neste módulo, você aprendeu que: 
 
• Diferentes tipos de tecidos biológicos podem ser elucidativos para os 
exames periciais e nenhum deles pode ser negligenciado, desde o 
momento da sua coleta, manuseio, armazenamento, transporte e análises 
periciais; 
• As amostras forenses podem ser relacionadas à diferentes naturezas 
criminosas, desde violências sexuais até homicídios; 
• As amostras forenses podem ser submetidas à diferentes análises dentro 
do laboratório de Genética Forense; 
• A cadeia de custódia é um elemento essencial e deve ser seguida de 
maneira estrita para garantir a autenticidade do vestígio. 
 
 43 
Módulo III – Dentro do laboratório de Genética Forense 
 
Apresentação do Módulo 
Este módulo composto de dois capítulos mostrará as etapas dos exames de 
DNA e suas dificuldades. Além disso, mostrará como resultados dos exames de DNA 
revolucionam as investigações criminais quando inseridos no Banco de Perfis 
Genéticos. 
 
 
Objetivo do módulo 
• Descrever as etapas dos exames de DNA; e 
• Apresentar as possibilidades e limitações dos bancos de perfis genéticos. 
 
Estrutura do módulo 
Este módulo compreende as seguintes aulas: 
Aula 1 - Etapas da análise de DNA. 
Aula 2 - Bancos de perfis genéticos. 
 
 44 
Aula 1 - Etapas da análise de DNA 
 
Para obtenção de um resultado, que será reportado em um laudo pericial, 
muitas etapas são necessárias para se processar as amostras biológicas. Desde 
etapas envolvendo metodologias de Biologia Molecular, além de etapas de análise 
como a leitura dos perfis genéticos e posteriormente as análises estatísticas que 
mostrarão a força dos resultados obtidos. 
 
Extração de DNA 
As diferentes metodologias de extração do DNA existentes possuem duas 
finalidades básicas: a exposição do DNA e sua purificação. Como já dito anteriormente 
em outros capítulos desse curso, o DNA encontra-se no núcleo da célula, e, portanto, 
a metodologia de extração consiste em proceder a separação do DNA de demais 
elementos celulares ou até mesmo, de materiais contaminantes. É um passo 
fundamental para que as análises subsequentes direcionem a um perfil genético de 
qualidade. 
Ao se extrair o DNA, as amostras passam por manobras por meio de mistura 
com soluções que devem estar bem equilibradas e preparadas, a fim de que elas 
possam ser capazes de atuar na célula sem, no entanto, destruir o DNA que 
naturalmente está bem protegido por meio de uma membrana nuclear. Os métodos 
de extração passam por processos de avaliação, validação e testes, para que 
alcancem o objetivo de expor o DNA sem danificar. Por isso, os técnicos no 
laboratório devem fazer a escolha do melhor método, para cada tipo de amostra. 
Assim, a escolha do melhor método para se conseguir extrair o DNA é dependente do 
tipo, da quantidade e especialmente, da qualidade da amostra a ser analisada. As 
amostras forenses são desafiadoras, pois sob a ação do tempo e de substâncias 
interferentes podem dificultar muito a extração de um DNA de qualidade para ser 
utilizada nas demais etapas de análise. 
Basicamente o objetivo da extração, independente da metodologia utilizada, é 
romper a membrana celular, expor o núcleo da célula, eliminar os componentes 
celulares (organelas) e em seguida alcançar o DNA por meio purificação celular. 
 45 
 
Figura 14 - Processo de extração de DNA de sangue total 
 
Fonte: ResearchGate. 
 
Quantificação de DNA 
As metodologias de quantificação do DNA têm como objetivo básico, como o 
próprio nome indica, verificar a quantidade de DNA humano obtido na extração. Afinal, 
tecidos biológicos diferentes fornecem quantidade de DNA diferentes. Quando se trata 
ainda de amostras forenses estas quantidades podem variar mais ainda, já que podem 
ser expostas a contaminantes, ação do tempo, temperatura e outros interferentes. A 
quantificação também irá avaliar a qualidade do DNA obtido por meio da verificação 
do grau de degradação do mesmo, visto que DNA muito fragmentado pode não 
fornecer dados de qualidade para permitir uma análise precisa do caso. 
Estas metodologias podem também verificar a presença de inibidores, 
elementos presentes nas amostras que impossibilitam boas reações de PCR, que 
serão mais explicadas adiante. No processo de quantificação do DNA pode ser 
verificada também a proporção de material genético feminino e masculino. Informação 
esta, que é de suma importância em amostras relacionadas à violência sexual. 
Sabendo esta proporção já se pode estimar se poderá ser conseguido um perfil de 
mistura, ou se será observado apenas o perfil da vítima. 
Por último, mas não menos importante, a quantificação específica de 
cromossomo Y pode ser averiguada para uma possível amplificação destas regiões 
para obtenção, desta forma, do haplótipo de cromossomo Y das amostras 
relacionadas a crimes sexuais. 
https://www.researchgate.net/publication/26977409
 46 
Amplificação de DNA 
A reação em Cadeia da Polimerase (PCR, Polymerase Chain Reaction) foi 
desenvolvida pelo bioquímico norte americano Kary Mullis (1944-2019) em 1985, que 
recebeu o Prêmio Nobel de Química em 1993. A PCR é uma reação que propicia a 
cópia do DNA de maneira exponencial. Esta metodologia revolucionou a biologia 
molecular por sua capacidade de amplificação da quantidade de DNA presente em 
uma amostra. Se tratando da Genética Forense, a PCR foi essencial, afinal o DNA 
provindo de local de crime, normalmente estará em baixa quantidade, com impurezas 
e degradado. Portanto, a capacidade multiplicativa da PCR pode ser um elemento 
fundamental para contornar estes problemas. 
Basicamente, a reação de PCR é uma reação que consiste em fazer, de forma 
seletiva, muitas cópias (amplificação) de uma região específica do DNA, marcador 
genético, em meio ao DNA total de uma amostra, para comparar o DNA da cena do 
crime com os suspeitos. Por meio de um par de oligonucleotídeos iniciadores 
(primers) que são complementares a uma região nas duas fitas de DNA, a enzima 
taq polimerase adiciona dNTPs (nucleotídeos: adenina e timina, citosina e guanina) 
as novas fitas a serem sintetizadas. 
 
Figura 15 - A duplicação do DNA por meio de um par de primers na reação de PCR 
 
Fonte: Khan Academy. 
 
https://pt.khanacademy.org/science/biology/biotech-dna-technology/dna-sequencing-pcr-electrophoresis/a/polymerase-chain-reaction-pcr
 47 
Eletroforese capilar 
Eletroforese é uma técnica que se baseia na capacidade de as moléculas 
migrarem em um meio, por diferença de campo elétrico. Os ácidos nucleicos, que 
compõem o DNA, possuem uma carga negativa devido à presença do grupamento 
fosfato. Dessa forma, quando aplicados em um meio e ligados a um sistema capaz de 
induzir uma diferença de carga elétrica, há uma tendência a migrarem para o polo 
positivo do sistema. Os meios onde o DNA é colocado variam de gel de agarose, 
poliacrilamida que possuem uma malha, por onde o DNA deve passar durante a 
migração. 
Atualmente, a eletroforese capilar é a mais utilizada. Os capilares têm em seu 
interior um polímero viscoso e poroso, no qual os amplicons (fragmentos de DNA 
amplificados pela reação de PCR), que apresentam tamanhos distintos de acordo com 
sua natureza, serão separados de acordo com sua velocidade de migração a qual 
está diretamente relacionada com seu comprimento. Portanto, fragmentos menores 
migram mais rápido por terem menos massa e ficarem menos presos a viscosidade 
do polímero e fragmentos maiores terão o efeito contrário, migrando mais devagar. 
 
Leitura de perfis genéticos 
A leitura dos perfis genéticos (figuras 1 e 2), ou seja, visualização e 
interpretação dos perfis obtidos na eletroforese capilar exigem habilidade e 
experiência do perito criminal umavez que a qualidade e o grau de informação devem 
ser avaliados. O perito criminal necessita distinguir com segurança os elementos 
verídicos dos artefatos de análise que podem ser vários (stutter, alelos nulos, drop-
out, drop-in, spikes etc.). 
Um bom perito criminal pode também, mesmo avaliando um resultado como 
insatisfatório, averiguar qual reanálise deve ser feita, de acordo com as informações 
contidas no perfil. O perito criminal responsável pode, por exemplo, requisitar uma 
nova extração da amostra com metodologia diferente, voltando ao começo da análise 
da amostra, ou pode até mesmo pedir uma nova eletroforese da amostra. 
 
 48 
Figura 16 - A visualização de um perfil genético masculino provindo de uma eletroforese capilar 
 
Fonte: promega. 
 
 
Figura 17 - A visualização de um perfil genético feminino provindo de uma eletroforese capilar 
 
 
Fonte: promega. 
 
https://www.promega.com.br/products/forensic-dna-analysis-ce/str-amplification/powerplex-fusion-6c-system/?catNum=DC2705
https://www.promega.com.br/products/forensic-dna-analysis-ce/str-amplification/powerplex-fusion-6c-system/?catNum=DC2705
 49 
 
Figura 18 - Processamento da evidência biológica de um crime até sua comparação com perfil 
genético de suspeito/vítima/familiar 
 
Fonte: Imagem extraída de Garrido, 2009. 
 
Análises estatísticas 
Uma vez que o perito criminal obtém os perfis necessários para prosseguir com 
o caso, as análises estatísticas devem ser realizadas para verificação se os resultados 
obtidos podem ser considerados com poder de discriminação necessário para 
liberação do laudo pericial. 
Caso os valores obtidos não ofereçam os parâmetros necessários para a 
finalização do caso, o perito criminal pode encaminhar o caso para novas análises 
e/ou até mesmo pedir novas amostras que potencialmente asseguram resultados 
dentro dos critérios estabelecidos pelo Laboratório Forense. 
Diferente do que é divulgado pela grande mídia, os laudos periciais não são 
liberados normalmente com valores de probabilidade em porcentagem. O afamado 
 50 
99,999%!!! Na verdade, o valor liberado é de uma grandeza chamada LR (Likelihood 
ratio, em português Razão de Verossimilhança). O LR é, nada mais, que o confronto 
dentre duas hipóteses, no qual é feita a proporção da hipótese de acusação (H1) e da 
hipótese de defesa (H2). Quanto maior for esta proporção, quanto maior for H1 em 
relação a H2, mais forte será o resultado do exame de DNA. Portanto, por exemplo, 
quando se lê em um laudo que o LR foi de 5 milhões, isso quer dizer que a hipótese 
de acusação é 5 milhões de vezes maior que a hipótese de defesa, ou seja, os 
resultados estatísticos dos exames de DNA são imensamente robustos. 
 
SAIBA MAIS! 
 
Veja mais de perto a explicação metodológica das 
técnicas para análise de DNA e a resolução de um caso 
por nossos colegas do Distrito Federal. 
Análise Forense de DNA; 
Notícia da resolução de caso no DF. 
 
 
Aula 2 - Bancos de perfis genéticos 
 
Os Bancos de perfis genéticos, a cada dia, estão sendo mais usados pelas 
polícias em todo mundo. Sua capacidade de vincular indivíduos ao evento criminoso, 
mesmo sem haver elementos anteriores que indiquem uma ligação, são um advento 
que hoje é visto como imprescindível para as forças policiais. 
SAIBA MAIS! 
 
Para saber mais, acesse: 
Ciência Contra o Crime: DNA forense aumenta a eficácia 
da perícia criminal. 
 
http://labs.icb.ufmg.br/lbcd/prodabi5/homepages/hugo/Hugo/PericiaCriminalDNA.pdf
https://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/peritos-do-df-usam-tecnica-pioneira-para-identificar-idoso-morto-ha-seis-meses.ghtml
https://recordtv.r7.com/jornal-da-record/videos/ciencia-contra-o-crime-dna-forense-aumenta-a-eficacia-da-pericia-criminal-06102018
https://recordtv.r7.com/jornal-da-record/videos/ciencia-contra-o-crime-dna-forense-aumenta-a-eficacia-da-pericia-criminal-06102018
 51 
Histórico do banco de perfis genéticos 
O avanço da ciência e tecnologia forense tiveram destaque em meados da 
década de 1980, quando as técnicas de identificação fundamentadas na análise direta 
do DNA tornaram-se uma das mais poderosas ferramentas para a identificação 
humana e investigações criminais, possibilitando a identificação de criminosos em 
casos em que não há suspeita de autoria. A identidade pode ser descrita como a 
soma de caracteres que individualizam uma pessoa, distinguindo-a das demais, 
enquanto o emprego de meios adequados para determinar a identidade ou não 
identidade das pessoas é o processo de identificação. Os perfis genéticos 
armazenados nos bancos de dados são confrontados na busca de coincidências que 
permitam relacionar suspeitos aos locais de crime, ou mesmo relacionar um único 
suspeito a mais de um local de crime. 
Em 1995, o Reino Unido passou a utilizar o banco de perfis genéticos. Já nos 
EUA, a partir de 1998, o FBI (Federal Bureau of Investigation), com a denominação 
NDIS (National DNA Index System), passou a utilizar o software CODIS (Combined 
DNA Index System), na análise dos perfis genéticos armazenados. O CODIS é um 
software que armazena e compara, eletronicamente, perfis de DNA elaborados com 
base em marcadores moleculares a partir de vestígios biológicos. Este software 
permite a troca e cruzamento de informações entre regiões. O software CODIS foi 
desenvolvido pelo FBI e por ele cedido à Polícia Federal Brasileira, para instalação 
em 2010, em Brasília/DF. Por meio do uso do software os laboratórios forenses 
estaduais e o laboratório federal alimentam o banco de dados para que compartilhem 
e comparem perfis de DNA, ligando, assim, crimes violentos em série entre si e a 
ofensores conhecidos, bem como auxilia na identificação de indivíduos desaparecidos 
ou pessoas não identificadas e, também, identificando vítimas de desastre. 
No Brasil, em maio de 2012 foi sancionada a Lei nº 12.654, inaugurando no 
ordenamento jurídico pátrio a possibilidade de coleta de perfil genético, como forma 
de identificação criminal, cuja normativa refere-se, no art. 9°, à identificação do perfil 
genético, mediante extração de DNA, por técnica adequada e indolor, para os 
condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave 
contra pessoa ou pelos crimes previstos no art. 1o da Lei n° 8.072, de 25 de julho 
1990. Dada a recentidade do tema no cenário jurídico nacional, em 2017 houve uma 
 52 
audiência pública no Supremo Tribunal Federal para debater a doação compulsória 
de amostras pelos condenados. Foram questionadas possíveis violações de princípios 
legais como o da privacidade, dignidade, intimidade, o da não autoincriminação, além 
do art. 5°, inciso II, da Constituição Federal, segundo o qual “ninguém será obrigado 
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Também no campo 
da bioética, surgiram ressalvas ao tema, especialmente relacionadas a possíveis 
utilizações indevidas das informações genéticas para outras finalidades que não a 
persecução penal, possibilitando uma doutrina baseada na criminologia genética. 
Porém, fica claro que por meio dos procedimentos exigidos para coleta das amostras 
nos investigados, esta será sempre realizada por meio indolor, não invasivo e, 
ademais, que não traduza informações fenotípicas ou comportamentais do réu. 
Portanto, o objeto de análise forense para auxílio da investigação policial, será o perfil 
genético coletado para comparação e não a análise de todo o DNA do suposto autor. 
Desta forma, assim como a coleta de dados do suspeito, como suas impressões 
digitais, ou sua fotografia para fins de identificação criminal, a coleta de perfil genético 
é mais uma possibilidade à disposição da justiça. 
 
Rede integrada de perfis genéticos 
A implantação e uso de bancos de perfis genéticos foram instituídos por meio 
de uma rede organizada de laboratórios periciais criminais e implementado o Banco 
Nacional de Perfis Genéticos

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