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Panorama Internacional EJA

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Educação de Jovens e 
Adultos
Panorama Internacional das Políticas 
de EJA 
Desenvolvimento do material
Alba Valéria
1ª Edição
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Sumário
Panorama Internacional das Políticas de EJA 
Para início de conversa… ................................................................................ 3
Objetivo ......................................................................................................... 3
1.Confintea ......................................................................................................... 4
1.1 Declaração de Hamburgo ................................................................... 8
Referências ......................................................................................................... 14
Para início de conversa…
Conhecer a trajetória da Educação de Jovens e Adultos é perceber como 
os fatores socioeconômicos impactam diretamente nas políticas de 
educação. É pensar que haverá um contexto de opressão e subtração 
de direitos básicos do ser humano e grupos com interesses distintos 
buscando de certa forma reverter esse quadro.
Inicialmente é possível pensar que aqueles que lutam para que a 
educação chegue a todos de maneira igualitária objetivam a redução da 
desigualdade, mas nem sempre é assim. Observe que alguns movimentos 
da educação tinham como objetivo apenas ensinar a ler e escrever, mas 
não a construção da autonomia e cidadania do indivíduo. Isso pode 
parecer contraditório se você não compreender que saber ler a palavra, 
não significa saber ler sua intenção enunciativa. Para nós, pedagogos 
que temos conhecimento dos conceitos de alfabetização e letramento, 
as implicações de ser apenas alfabetizado está bastante clara,
Sobre égide que a Conferência Internacional de Educação de Adultos 
- Confintea surgiu. Nesta conferência, discutir os processos de 
Alfabetização apenas a partir dos números não foi a única abordagem. 
Os números são importantes porque nos dão a dimensão de quantos 
cidadãos precisamos atingir, mas saber quais as metodologias utilizadas 
e pensar a partir delas para melhorar a qualidade de ensino que 
se oferece é o passo mais largo para reduzir as desigualdades que o 
analfabetismo amplia.
Assim, nesta unidade, começaremos a pensar sobre o cenário 
internacional e as políticas para Educação de Jovens e adultos e o 
impacto delas no que ocorre no Brasil.
Objetivo
Reconhecer as influências das políticas 
internacionais na formulação das 
políticas de EJA no Brasil.
Educação de Jovens e Adultos 3
1.Confintea
Quando pensamos em analfabetismo pensamos em países sul-
americanos e no continente africano, mas não é somente nesses 
territórios que esse problema aflige. É por isso que desde 1949 ocorre 
a Conferência Internacional de Educação Adultos (Confintea), discutir as 
políticas para educação de adultos.
A Confintea acontece desde 1949, promovida pela UNesco e é realizada 
a cada 12 anos com delegações de inúmeros países. 
A Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura 
(Unesco) foi criada em novembro de 1945, após a segunda Guerra 
Mundial com objetivo de garantir a paz estimulando a cooperação 
intelectual entre as nações. De acordo com os dados da Unesco, hoje, 
são um total de 193 países que buscam a solução dos problemas que 
afligem a humanidade, a partir de soluções que passam pela cooperação 
internacional de tecnologias e políticas de educação.
Retomando nossa apresentação da Confintea, importa informar que os 
desde sua criação, seis países sediaram esse evento. Observe a linha que 
traçamos com as datas das conferências para que você possa traçar uma 
cronologia.
Dinamarca 
1949 
Canadá
1963
Japão
1972
França
1985
Alemanha
1997
Brasil
2009
I Confintea – Dinamarca (19 a 25 de junho de 1949). Algumas dificuldades 
sentidas nesta reunião deram um tom de relativo fracasso a perspectiva 
na época. IRELAND (2014) destaca os conflitos deste primeiro encontro 
ressaltando que “apresentou-se a queixa de que a educação de adultos 
ainda não era aceita”, mas a queixa fundamental era de “a Conferência 
Internacional continuava sendo em essência uma Conferência Regional 
da Europa Ocidental sobre Educação de Adultos”. (IRELAND, 2014, 
p.16) Hely (1962, p.12 apud IRELAND, 2014) descreve o porquê dessa 
percepção: dos 79 delegados e observadores que ali se reuniram, 54 
vinham de 14 países europeus e 14 da América do Norte. Onze delegados 
representavam o resto do mundo. O Egito, com apenas um delegado, 
era o único país do continente africano representado. Havia apenas um 
delegado de toda a América Latina. Três delegados, um da China, um do 
Paquistão e um da Tailândia, representavam a Ásia. Não havia nenhum 
representante dos países do Leste europeu ou das Repúblicas da URSS. 
(HELY, 1962, p.12)
Educação de Jovens e Adultos 4
A ausência de países que realmente podiam representar o cenário mais 
crítico da educação de adultos, inclusive do Brasil, se fez sentir nesse 
momento, o que conferiu um tom superficial ao que se discutia nessa 
conferência.
É importante destacar que de qualquer forma participaram desta 
conferência um total de 106 delegados, 21 organizações internacionais 
e 27 países. Ficou recomendado nesse momento inicial que:
 ▪ Os conteúdos da Educação de Adultos estivessem de acordo com as 
suas especificidades e funcionalidades.
 ▪ Fosse estabelecida uma educação aberta, sem pré-requisitos.
 ▪ Os problemas das instituições e organizações com relação à oferta 
precisariam ser debatidos.
 ▪ Averiguassem os métodos e técnicas e o auxílio permanente.
 ▪ A educação de adultos seria desenvolvida com base no espírito de 
tolerância, devendo ser trabalhada de modo a aproximar os povos, 
não só os governos.
 ▪ Se levasse em conta as condições de vidas das populações de modo a 
criar situações de paz e entendimento (BRASIL, 2007).
II Confintea – A segunda conferência ocorreu em Montreal, Canadá, na 
década de 1960. Um fato determinante para este segundo encontro 
foi a eleição de Roby Kid. Por se tratar de um entusiasta da educação, 
tinha uma visão bastante distinta dos rumos que a educação de adultos 
deveria tomar. Com isso, foi sempre a favor de uma educação de caráter 
inovador. Nunca aceitou a falta de participação governamental na 
educação de adultos, que era tradicional na Europa, nem abandonou 
sua independência acadêmica de pensamento. Atraiu aliados e colegas 
especialmente dotados do ponto de vista acadêmico para a iniciativa da 
UNESCO. Por isso, a Segunda Conferência Internacional pode ser vista 
como a vanguarda internacional da educação de adultos na década de 
1970. (BRASIL, 2007, p.18)
Neste segundo momento, é possível ver um perfil diferenciado sobre 
pensar educação para adultos já nos tópicos a serem discutidos. 
 ▪ Natureza, objetivo e conteúdos da Educação de Adultos.
 ▪ Educação cidadã (in civics).
 ▪ Lazer e atividades culturais.
 ▪ Museus e bibliotecas.
 ▪ Universidades.
 ▪ Responsabilidade para com a educação de adultos.
 ▪ Urbanização.
 ▪ Educação das mulheres.
Educação de Jovens e Adultos 5
Além destes temas, a questão das novas tecnologias, a industrialização 
e os desafios do aumento populacional também foram foco de debates, 
e com isso o entendimento da importância da educação como caminho 
para a justiça e a igualdade, além da descrição de relevância dos países 
mais ricos em cooperação aos mais pobres para alcançar soluções 
definitivas nestes campos.
Se não foi uma mudança total de paradigma, conferência de Montreal 
trouxe aspectos que ainda são pertinentes hoje no debate sobre para 
onde caminhamos e qual o papel da educação e adultos nisso tudo.
III Confintea - A terceira conferência foi realizada na cidade de Tóquio, 
Japão. Herdando temática que já despontava em Montreal,a ênfase foi 
dada às temáticas de Educação de Adultos e Alfabetização, além de 
mídias, cultura e uma educação para a vida, ou ainda, que a educação 
não se estagnava no período da escola regular. Assim, as temáticas 
da democracia e aprendizagem ao longo da vida deram o tom da 
necessidade urgente da luta contra o analfabetismo em todo o mundo.
O tema da conferência foi “A educação de adultos no contexto da 
educação ao longo de toda a vida”. Uma crítica a essa conferência estava 
no fato das ausências sentidas das ONGs e a priorização dos corpos 
ministeriais e acadêmicos que deram o tom de formalidade desse 
encontro.
Ireland (2014) descreve os avanços desse encontro e sua relevância, 
principalmente, pela construção de uma metodologia de avaliação do 
campo, como pode ser percebida no trecho a seguir:
‘‘ Em minha opinião, esse documento é de enorme valor, não só porque captou 
o estado das circunstâncias institucionais, metodológicas e específicas da 
educação de adultos naquele momento em cada país, mas também por dizer 
muito sobre a educação de adultos no contexto da educação ao longo de toda a 
vida, a educação de adultos como educação básica (e como Educação para Todos – 
EPT), o desenvolvimento e a convergência da educação de adultos e da educação 
permanente e o conceito de unidade na diversidade. A Conferência Internacional 
da UNESCO marcou com êxito um ponto alto na discussão da política educativa 
da educação de adultos com uma perspectiva mundial; este nível de discussão 
quase não voltou a ser alcançado desde então. (IRELAND, 2014, p.22)’’
IV Confintea - A quarta conferência foi realizada em Paris, França. 
Segundo Ireland (2014) as condições não eram favoráveis para o 
que ele chama de “Expansão intelectual e estratégica” que tinha sido 
alcançada anteriormente em Tóquio. Sobre o excesso de participantes 
“A quantidade de participantes foi mais do que o dobro, se comparada 
a Tóquio, passando de 364 a 841. Participaram 122 Estados-membros e 
a quantidade de ONG credenciadas chegou a 59”. (IRELAND, 2014, p.23) 
Ireland (2014) destaca que esse grande número de certa forma prejudica 
a discussão e os avanços.
Educação de Jovens e Adultos 6
‘‘ Nesse encontro, o tema foi “O Desenvolvimento da EA: aspectos e tendências”, 
e a tônica que preponderou foi o reconhecimento do direito a aprender como o 
desafio que a humanidade precisa alcançar. “Entendendo por direito, o aprender 
a ler e a escrever, o questionar e analisar, imaginar e criar, ler o próprio mundo e 
escrever a história, ter acesso aos recursos educacionais e desenvolver habilidades 
individuais e coletivas, adequadas e com qualidade”. (BRASIL, 2007, p.3)’’
Algumas das questões discutidas foram nesta IV conferência foram:
a. O papel da educação de adultos em relação ao desenvolvimento 
tecnológico.
b. A necessidade de mais esforços de alfabetização, não apenas nos 
países em desenvolvimento, mas também em países industrializados 
(este aspecto outorga particular importância à Conferência de Paris 
do ponto de vista dos países industrializados).
c. Integração e reintegração, e autorização para sair do trabalho por 
motivos de educação permanente (para isso, remeteu-se uma resolução 
por iniciativa da delegação alemã). (IRELAND, 2014, p.23)
V Confintea – Realizada em Hamburgo, Alemanha, esta conferência ficou 
marcada pelos eventos preparativos que a antecederam. Ireland (2014) 
descreve esses movimentos preparatórios ocorrendo nas cinco grandes 
regiões mundiais e também com participações de ONG. O número de 
participantes alcançou 170 Estados-membros e cerca de 500 ONGs 
gerando grande mobilização.
Esse Confintea gerou dois documentos que serão analisados ao longo 
desse estudo: a “Declaração de Hamburgo” e a “Agenda para o Futuro” 
(UNESCO, 1997). Por hora, destacamos os temas que foram foco do 
debate.
 ▪ Aprendizagem de adultos e democracia: os desafios do século XXI.
 ▪ Melhorar as condições e a qualidade da aprendizagem de adultos.
 ▪ Assegurar o direito universal à alfabetização e à educação básica.
 ▪ Aprendizagem de adultos, igualdade e equidade de gênero e 
empoderamento das mulheres.
 ▪ Aprendizagem de adultos e o instável mundo do trabalho.
 ▪ Aprendizagem de adultos em relação com o meio ambiente, a saúde 
e a população.
 ▪ Aprendizagem de adultos, cultura, meios de comunicação e novas 
tecnologias da informação.
 ▪ Aprendizagem de adultos para todos: os direitos e as aspirações de 
diferentes grupos.
 ▪ O aspecto econômico da aprendizagem de adultos.
 ▪ Aumentar a solidariedade e a cooperação internacional.(IRELAND, 
2014, p. 26)
VI Confintea – Realizada em Belém, Brasil, a sexta conferência tinha 
como ponto central o reconhecimento da aprendizagem e educação e 
Educação de Jovens e Adultos 7
adulto como algo progressivo, ou seja, ao longo da vida. De acordo com 
o MEC, a sexta conferência representou uma oportunidade relevante 
para avaliar os compromissos assumidos em 1997.
Assim, a Conferência contou como principais objetivos:
 ▪ Promover o reconhecimento da aprendizagem e educação de 
adultos como um elemento importante e fator que contribui para a 
aprendizagem ao longo da vida, sendo a alfabetização a sua fundação.
 ▪ Enfatizar o papel crucial da educação e aprendizagem para a 
realização das atuais agendas internacionais de educação e 
desenvolvimento (EPT, ODM, UNLD, LIFE e DESD).
 ▪ Renovar o momentum e o compromisso político e desenvolver as 
ferramentas para a implementação, a fim de passar da retórica à ação.
Na VI Conferência, foi assinado e aprovado Marco de Ação de Belém. 
Um documento fundamental que traz diretrizes sobre os referenciais da 
Educação de Jovens e Adultos, com vistas a uma proposta inclusiva e 
equitativa.
1.1 Declaração de Hamburgo
Estudamos anteriormente sobre as Conferências Internacionais de 
Educação de Adultos e é possível perceber a importância delas para 
construção do desenho que a educação e adultos assumiu hoje no Brasil 
e no mundo. 
Foi na V conferência que a declaração de Hamburgo foi finalizada dando 
à educação de adultos um caráter não focado no ensino de conteúdos 
para leitura, escrita e cálculos, mas focado no desenvolvimento integral 
do indivíduo.
Transcrevemos o início desta declaração para que compreendam a 
importância desse novo olhar para educação de adultos.
‘‘ Nós, participantes da V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos, 
reunidos na cidade de Hamburgo, reafirmamos que apenas o desenvolvimento 
centrado no ser humano e a existência de uma sociedade participativa, baseada 
no respeito integral aos direitos humanos, levarão a um desenvolvimento justo e 
sustentável. A efetiva participação de homens e mulheres em cada esfera da vida 
é requisito fundamental para a humanidade sobreviver e enfrentar os desafios do 
futuro. (BRASIL, 2007, p.37)’’
É possível observar neste trecho a importância de perceber o adulto 
e a educação de adultos como um instrumento para construção da 
cidadania. É a partir da educação recebida que se é capaz de perceber o 
mundo em totalidade e compreender seu papel nele.
Educação de Jovens e Adultos 8
Figura 1: Grupo de alunos jovens e adultos durante a aula. Fonte: Dreamstime. 
Neste ponto, é possível discutir sobre a importância da educação na 
construção de uma vida mais sustentável e a redução da desigualdade 
em suas variadas dimensões e a declaração de Hamburgo veio trazer 
este olhar humanista para a necessidade da educação de adultos. 
A educação é vista como uma ação contínua a ser desenvolvida ao longo 
de toda a vida e não mais como uma etapa relacionada à infância e a 
juventude.
Para alcançar essa educação continuada, toda a sociedade foi conclamada 
a participar, e a mídia ganha o reconhecimento de seu potencial para 
atingir a todos e é convidada a assumir seu papel na educação.
O novo conceito de educação de jovens e adultos apresenta novos 
desafios às práticas existentes, devido à exigência de um maior 
relacionamento entre os sistemas formais e os nãoformais e de 
inovação, além de criatividade e flexibilidade. Tais desafios devem ser 
encarados mediante novos enfoques, dentro do contexto da educação 
continuada durante a vida. Promover a educação de adultos, usar a mídia 
e a publicidade local e oferecer orientação imparcial é responsabilidade 
de governos e de toda a sociedade civil. O objetivo principal deve ser a 
criação de uma sociedade instruída e comprometida com a justiça social 
e o bem-estar geral. (BRASIL, 2001, p.40)
Para alcançar essa sociedade instruída foram destacados vários tópicos 
na declaração de Hamburgo sinalizando os motivos pelos quais são 
pontos de atenção para que se possa construir uma sociedade mais 
igualitária. Entretanto, traremos apenas 10 pontos a serem olhados 
por nós educadores com a máxima atenção, pois estarão diretamente 
ligados a nossa prática docente e ao currículo assumido. São eles:
1. Alfabetização de adultos - A alfabetização, concebida como 
o conhecimento básico, necessário a todos em um mundo em 
transformação em sentido amplo, é um direito humano fundamental. 
Educação de Jovens e Adultos 9
Em toda sociedade, a alfabetização é uma habilidade primordial em si 
mesma e um dos pilares para o desenvolvimento de outras habilidades. 
Existem milhões de pessoas – a maioria mulheres – que não têm a 
oportunidade de aprender nem mesmo o acesso a esse direito. O desafio 
é oferecer-lhes esse direito.
Figura 2: Aula de alfabetização para adultos. Fonte: Dreamstime.
2. O reconhecimento do “Direito à Educação” e do “Direito a Aprender 
por Toda a Vida”- É o direito de ler e de escrever; de questionar e de 
analisar; de ter acesso a recursos e de desenvolver e praticar habilidades 
e competências individuais e coletivas.
3. O fortalecimento e a integração das mulheres - As mulheres têm o 
direito às mesmas oportunidades que os homens. A sociedade, por sua vez, 
depende da sua contribuição em todas as áreas de trabalho e em todos 
os aspectos da vida cotidiana. As políticas de educação voltadas para a 
alfabetização de jovens e adultos devem estar baseadas na cultura própria 
de cada sociedade, dando prioridade à expansão das oportunidades 
educacionais para todas as mulheres, respeitando sua diversidade e 
eliminando os preconceitos e estereótipos que limitam o seu acesso à 
educação e que restringem os seus benefícios.
Figura 3: Mulheres trabalhando em uma grande empresa. Fonte: Dreamstime.
Educação de Jovens e Adultos 10
4. Cultura da paz e educação para a cidadania e para a democracia - Um 
dos principais desafios de nossa época é eliminar a cultura da violência 
e construir uma cultura da paz, baseada na justiça e na tolerância, na 
qual o diálogo, o respeito mútuo e a negociação substituirão a violência 
nos lares, comunidades, dentro de nações e entre países.
5. Diversidade e Igualdade - A educação de adultos deve refletir a 
riqueza da diversidade cultural, bem como respeitar o conhecimento e 
formas de aprendizagem tradicionais dos povos indígenas. O direito de 
ser alfabetizado na língua materna deve ser respeitado e implementado.
Figura 4: Vivemos em um mundo multicultural e diverso. Fonte: Dreamstime.
6. A saúde como um direito humano básico - Investimentos em educação 
são investimentos em saúde. A educação continuada pode contribuir 
significativamente para a promoção da saúde e para a prevenção de 
doenças. A educação de adultos democratiza a oportunidade de acesso 
à saúde.
7. Sustentabilidade ambiental - A educação voltada para a 
sustentabilidade ambiental deve ser um processo de aprendizagem 
que deve ser oferecido durante toda a vida e que, ao mesmo tempo, 
avalia os problemas ecológicos dentro de um contexto socioeconômico, 
político e cultural. Um futuro sustentável não pode ser alcançado se 
não for analisada a relação entre os problemas ambientais e os atuais 
paradigmas de desenvolvimento. A educação ambiental de adultos pode 
desempenhar um papel fundamental no que se refere à mobilização das 
comunidades e de seus líderes, visando ao desenvolvimento de ações na 
área ambiental.
Educação de Jovens e Adultos 11
Figura 5: Respeitar e cuidar do meio ambiente é uma missão de todos. Fonte: Dreamstime.
8. A educação e a cultura de povos indígenas e nômades - Povos 
indígenas e nômades têm o direito de acesso a todas as formas e níveis 
de educação oferecidas pelo Estado. Não se lhes deve negar o direito 
de usufruírem de sua própria cultura e de seu próprio idioma. Educação 
para povos indígenas e nômades deve ser cultural e linguisticamente 
apropriada às suas necessidades, devendo facilitar o acesso à educação 
avançada e ao treinamento profissional.
9. Transformações na economia - A globalização, mudança nos padrões 
de produção, desemprego crescente e dificuldade de levar uma vida 
estável exigem políticas trabalhistas mais efetivas, assim como mais 
investimentos em educação, de modo a permitir que homens e mulheres 
desenvolvam suas habilidades e possam participar do mercado de 
trabalho e da geração de renda.
10. Acesso à informação. O desenvolvimento de novas tecnologias, 
nas áreas de informação e comunicação traz consigo novos riscos de 
exclusão social para grupos de indivíduos e de empresas que se mostram 
incapazes de se adaptar a essa realidade. (BRASIL, 2017, p.41-42)
Figura 6: Aula de informática para adultos. Fonte: Dreamstime.
Educação de Jovens e Adultos 12
Ao observar os dados sobre a taxa de jovens e adultos não alfabetizados 
ou semialfabetizados, reconhecemos que a maioria está em áreas de 
comunidade carente, são em maioria negros e mulheres. Vivem em 
condições precárias e muito cedo deixaram a escola para trabalhar. 
Por isso, reconhecer a escola e a prática docente como instrumento de 
transformação dessa realidade é tarefa fundamental àquele que deseja 
se tornar docente.
O professor que trabalha com a educação de adultos deve saber que o 
cenário escolar, em muitos momentos, se configura como um convite 
à evasão. Caberá a ele o compromisso de tornar o ambiente fecundo 
para o desenvolvimento das variadas habilidades que todo ser humano 
possui, permitindo ao educando modificar sua realidade por meio do 
conhecimento.
Para além disso, será importante perceber que o meio ambiente está 
subordinado às ações do homem e quanto mais esclarecido sobre os 
impactos de suas ações no meio ambiente, menos ações predatórias 
tende a desenvolver. Por isso, é importante reconhecer a educação como 
instrumento de mudança não só em uma perspectiva econômica, mas 
também como uma mudança de vida.
Ao assinarem a declaração de Hamburgo, foi traçada uma série de 
compromissos para serem cumpridos com foco no desenvolvimento do 
indivíduo e da sociedade. Esses compromissos fazem parte da agenda 
para o futuro que tem destaque por ser um dever assumido pelos países 
que participaram do evento em desenvolver ações para alcançar as 
metas descritas nesse documento. 
Compreender os cenários da educação de adultos não deve ser visto 
leitura tediosa de documentos que foram desenvolvidos por outros a 
fim de dizer como direcionaremos nossas práticas. O professor em 
formação deve compreender que a educação de adultos atual é fruto de 
um trabalho feito a muitas mãos, que buscam divulgar ao mundo que a 
educação transforma em variados aspectos. 
O desenvolvimento da leitura e escrita não é uma atividade que se finda 
ao perceber que o aluno dá conta de compreender as palavras e escritas. 
Pelo contrário, é nesse momento que o trabalho inicia, e a partir desse 
ponto, o professor poderá auxiliá-lo no processo de leitura do mundo 
e de seu compromisso em fazer seu melhor na sociedade em que está 
inserido.
A conquista alcançada desde a primeira Confintea se resume em 
perceber a educação como algo necessário para toda vida e que não se 
restringe a conteúdos teóricos dissociados da realidade do educando. 
A educação é um DIREITO DE TODOS para a vida toda, porque somente 
desta seremos capazes de construir um mundo mais igualitário e justo
Educaçãode Jovens e Adultos 13
Referências
BRASIL. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade 
do Ministério da Educação: Organização das Nações Unidas para a 
Educação, a Ciência e a Cultura. Disponível em http://portal.mec.gov.
br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=657-
vol1ejaelt-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 25 ago. 2019.
BRASIL. Educação de Jovens e Adultos: uma memória contemporânea, 
1996. Organização: Jane Paiva, Maria Margarida Machado e Timothy 
Ireland. Brasília: 2007. 
HADDAD, S. A participação da sociedade civil brasileira na educação de 
jovens e adultos e na CONFINTEA VI. Revista Brasileira de Educação, v.14, 
n.41, p. 355-369, 2009.
IRELAND, T. D. Sessenta anos de CONFINTEA: uma retrospectiva. 
Educação de adultos em retrospectiva, v.60, p.31-56, 2014.
MEC. Educação de Jovens e Adultos: uma memória contemporânea 1996 
- 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&view=download&alias=657-vol1ejaelt-pdf&Itemid=30192. 
Acesso em: 31 set. 2019.
UNESCO. Educação de adultos: Declaração de Hamburgo, agenda 
para o futuro. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/
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UNESCO. Marco de ação de Belém. Disponível em: http://www.ceeja.
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Educação de Jovens e Adultos 14
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http://www.ceeja.ufscar.br/resumo-executivo
http://www.ceeja.ufscar.br/resumo-executivo
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