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Curso Avançado em Teologia INTRODUÇÃO Defender a fé parece uma proposta subjetiva e, para alguns, sem sentido, por conta de declarações do tipo: “Jesus não precisa que ninguém o defenda!”. No entanto, temos nas Escrituras um processo contínuo de defesa de uma cosmovisão, de uma maneira peculiar de pensamento, este construído por séculos dentro da perspectiva que chamamos de “Revelação”. Pg. 03 Desta forma, nada mais justo que essa maneira de enxergar o mundo, a sociedade, o desenvolvimento humano, além de afirmações sobre Deus, a criação, o destino após a morte, o futuro, seja explicada, tenha oportunidades de se expressar livremente, tenha uma articulação capaz de retirar de seus ensinamentos sentidos amplos e que após criteriosas avaliações, sem preconceitos, estabeleça uma ligação com o pensamento contemporâneo. Pg. 03 DEFINIÇÃO DO TERMO. Apologética (do grego apologia, “defesa”) é o ramo da teologia cristã que procura apresentar uma explicação racional para as verdades afirmadas pela fé cristã. Pg. 03 “O que vós, cidadão atenienses, haveis sentido, com o manejo dos meus acusadores, não sei; certo é que eu, devido a eles, quase me esquecia de mim mesmo, tão persuasivamente falavam. Contudo, não disseram, eu o afirmo, nada de verdadeiro. Mas, entre as muitas mentiras que divulgaram, uma, acima de todas, eu admiro: aquela pela qual disseram que deveis ter cuidado para não serdes enganados por mim, como homem hábil no falar”. (Platão, Apologia de Sócrates). O termo Apologia é aplicado por Platão quando relata a defesa de Sócrates diante de seus acusadores:Pg. 03 “De fato, é contra a lei condenar alguém sem defesa e sem audiência. Somente os cristãos são proibidos de dizerem algo em sua defesa, na salvaguarda da verdade, para ajudar ao juiz numa decisão de direito”. (Tertuliano, Apologia). Tertuliano de Cartago faz o uso de “apologia” para argumentar em favor do cristianismo, então mar- ginalizado e perseguido:Pg. 03 No século II, esta palavra genérica para “defesa” começou a assumir um significado mais limitado, para se referir a um grupo de autores que defendem as crenças e práticas do Cristianismo, contra vários ataques. Estes homens se tornaram conhecidos como apologistas por causa dos títulos de alguns de seus tratados, mas, aparentemente, foi só depois de 1794 que a apologética foi usada para designar uma disciplina teológica específica. Pg. 04 A Defesa da Fé Cristã é tarefa destinada aos santos (tois hagiois pistei), como nos informa Judas em sua vigorosa epístola (Jd v.3). No texto original esta palavra “diligência” significa fazer algo “apressadamente” ou “fazer algo sobre a influência de um forte desejo” (spouden). Além de ser também um encargo destinado, de forma específica, a alguns homens de Deus que receberam essa missão, como é o caso do Apóstolo Paulo, que expressou isso na epístola que escreveu: “sabendo que fui posto para defesa do evangelho” {eis apologian tou euaggeliou keimai} (Fp 1.16). No século II, sob o comando de imperadores mais razoáveis como Trajano, Antonino Pio e Marco Aurélio, o cristianismo teve uma nova preocupação: explicar o motivo de sua existência para o mundo de maneira convincente. Trajano Antonino Marco Aurélio AS ORIGENS DA APOLOGÉTICA ATUAL Justino Mártir (100-165). Justino se tornou um dos primeiros apologistas cristãos, ou seja, um dos que explicavam a fé como sistema racional. Com escritores que surgiriam mais tarde — como Orígenes e Tertuliano —, ele interpretou o cristianismo em termos que seriam familiares aos gregos e aos romanos instruídos de seus dias. Pg. 04 Segundo estudiosos, Justino conheceu o evangelho por meio de Trifão que o fez um questionamento a acerca de Deus, Justino leu o Novo e o Antigo Testamento todo e percebeu que era uma filosofia bastante proveitosa e abrangente, pois ela é uma doutrina da fé através de uma revelação. Sobre os pagãos, Justino condenava veemente a prática dessa religião, pois tinha certeza que os seus princípios destoava dos princípios cristãos, que ele considerava que era a “verdade absoluta”. Para muitos, toda a apologética cristã remonta à mente fértil de Agostinho de Hipona (354-430). Afirmava que a revelação divina vem a nós de forma racional e inteligível, sem descartar a fé nesse processo, de modo que o raciocínio é uma condição prévia para que possamos receber a revelação. Desde os primeiros dias de sua sagração, teve de se defrontar com "leões vorazes“. Pg. 04 SOBRE CRISTO: “Entretanto, ele gerou, não criou, de sua própria essência, aquele que lhe é igual, o qual é como professamos, o Filho único de Deus. É aquele a quem nós denominamos, procurando as expressões mais acessíveis: “Força de Deus e Sabedoria de Deus” (1 Cor 1,24). Por meio dele, Deus fez tudo o que tirou do nada”. (O Livre-arbítrio) SOBRE AS ESCRITURAS: “Há duas coisas igualmente importantes na exposição das Escrituras: a maneira de descobrir o que é para ser entendido e a maneira de expor com propriedade o que foi entendido”. (A Doutrina Cristã) Seguindo Agostinho, Aquino cria que a fé é baseada na revelação de Deus nas Escrituras. Mas o apoio para a fé é encontrado nos milagres e em argumentos plausíveis {De veritate, 10, 2). FÉ E RAZÃO Tomás de Aquino (1224-1274). É considerado o filósofo mais importante do cristianismo medieval. Sua filosofia desfruta, ainda hoje, de respeito generalizado. Ele procurava, deliberadamente, desenvolver uma apologética baseada na filosofia aristoteliana e, ao mesmo tempo, abandonava a teologia de Aristóteles, tão pagã como a de Platão. Pg. 05 Se distancia das assertivas agostinianas e elabora uma abordagem apologética na perspectiva da que hoje chamamos de “Teologia natural”. Rejeitava o Argumento Ontológico e desenvolveu vários argumentos em favor da existência de Deus a partir da existência e natureza do universo. Apesar da existência de Deus ser passível de prova pela razão, o pecado obscurece a capacidade de saber (Suma teológica), portanto crer (não provar) que Deus existe é necessário para a maioria das pessoas {Suma contra os gentios). Revelação. Deus revelou-se tanto na natureza quanto nas Escrituras. Sua revelação natural (Rm 1.19,20) está disponível para todos e é a base da teologia natural. O PRESSUPOSTO REVELACIONAL A revelação divina não é possível sem que, pelo menos, três elementos fundamentais estejam firmados: (1) A existência de um Ser capaz de passar uma revelação; (2) A existência de um ser capaz de receber uma revelação; (3) A existência de um meio por intermédio do qual esta revelação possa ser transmitida. “Toda pessoa, sem uma revelação supernatural, não importa o quanto filosofe, sabe que a morte é o ingresso no desconhecido. É o portão das trevas. Os homens tem de ultrapassar esse portão conscientes de que tem dentro de si uma vida imperecível combinada com todos os elementos de perdição. Não é evidente, pois, que pecadores imortais necessitam de algo para responder com autoridade à pergunta: o que devo fazer para ser salvo?” (Charles Hodge). Quando um crente encontra-se desabilitado para defender sua fé, ele fatalmente está propenso ao engano. Disse Charles Hodge: “Que ninguém creia que o erro doutrinário seja um mal de pouca importância. Nenhum caminho para a perdição jamais se encheu de tanta gente como o da falsa doutrina”. O apologista Walter Martin também alertou que é conhecendo a verdadeira nota que conseguimos identificar a falsa. É possível ser um teólogo e não ser apologista, embora isso não seja plausível. Entretanto, é impossível ser um apologista sem ser um teólogo! Todo o engodo está na deturpação das Escrituras, na distorção da doutrina. Uma teologia voltada para a apologia certamente evitaria os modismos que têm causado escândalo entre os evangélicos em nosso país. O conhecimento das doutrinas fundamentais da Bíblia é o maior baluarte contra o erro. Tipos de Apologética Pg. 05 a) Apologética Clássica:A apologética clássica enfatiza argumentos a favor da existência de Deus. Vale-se do argumento teísta para estabelecer a Verdade do teísmo à parte do apelo à revelação especial (a Bíblia). Pg. 05 Apologética Evidencial: A apologética evidencial enfatiza a necessidade da prova para apoiar as afirmações das verdades cristãs. A evidência pode ser racional, histórica, arqueológica, e até experimental. Pg. 05 Apologética Pressuposicional: afirma que é preciso defender o cristianismo a partir do alicerce de certas pressuposições. Geralmente o apologista desta escola de apologética pressupõe a verdade básica do cristianismo e depois continua demonstrando que só o cristianismo é verdadeiro. Pg. 05 O EMPREGO DA APOLOGÉTICA Pg. 06 O apóstolo Pedro expõe a lógica apologética: "Santificai a Cristo, como Senhor, em vossos corações, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor..." (1 Pedro 3:15). “Sempre devemos estar preparados para enfrentar a zombaria dos críticos e a investigação honesta daqueles que buscam a verdade. Pedro pode ter se lembrado daquela noite amarga em que negou a Cristo. A resposta a qualquer que [...] pedir a razão da esperança envolve um relato racional das verdades básicas do cristianismo e uma refutação convincente de acusações falsas. Esse tipo de resposta requer mansidão e temor e uma boa consciência” (Comentário Beacon). Atos 25:16: "A eles respondi que não é costume dos romanos condenar quem quer que seja, sem que o acusado tenha presentes os seus acusados e possa defender-se da acusação." Se Deus existe, por que existe o mal? Deus não é amor? Fortalecimento dos cristãos Não somente é fato que a apologética é vital para a formação da nossa cultura, mas ela também tem um papel vital na vida de pessoas individuais. Um desses papéis é o fortalecimento dos cristãos. Pg. 15 Precisamos de pastores que tenham sido treinados em apologética e estejam engajados intelectualmente com a nossa cultura para que saibam pastorear os seus rebanhos em meio aos lobos. Por exemplo, os pastores precisam saber alguma coisa sobre a ciência contemporânea. Treinamento dos cristãos Pg. 15 Evangelização de incrédulos. Poucas pessoas discordam no aspecto de que a apologética fortalece a fé dos crentes em Cristo. Mas muitos dizem que a apologética não é muito útil para a evangelização.Pg. 17 A Apologética Apostólica Na leitura de Atos dos Apóstolos, fica evidente que era procedimento padrão dos apóstolos argumentar a favor da verdade da cosmovisão cristã, tanto com os judeus quanto com os pagãos (e.g., At 17.2,3; 19.8; 28.23,24).Pg. 17 Conheça seu público! “Temos de aprender a linguagem do nosso público. Desde o início, é preciso que fique claro que de nada vale formular a priori o que o “homem comum” entende ou não entende. É preciso descobrir isso pela experiência [...]. Devemos traduzir toda porção mínima que seja de teologia em linguagem corriqueira. Isso não é fácil [...], mas é indispensável”. Remover barreiras intelectuais dos descrentes Informações e convicções equivocadas podem estar impedindo pessoas de se chegarem a Deus através do Senhor Jesus. O Senhor Jesus confiou aos crentes a missão de proclamar verdade para o mundo. Pg. 18 A FILOSOFIA CRISTÃ DA VIDA A apologética cristã, por conseguinte, deve ser na prática uma vindicação do ponto de vista cristão do mundo e da vida, como um todo. Pg. 19 A FILOSOFIA CRISTÃ DA VIDA “Devo ser franco com vocês: o Anti- intelectualismo é o maior perigo que o cristianismo evangélico americano enfrenta. A mente, compreendida em suas maiores e mais profundas faculdades, não tem recebido suficiente atenção. No entanto, a formação intelectual não ocorre sem uma completa imersão, durante anos, na história do pensamento e do espírito. Os que estão com pressa de sair da universidade e começar a ganhar dinheiro, trabalhar na igreja ou pregar o evangelho não têm ideia do valor infinito de gastar anos dedicados à conversação com as maiores mentes e almas do passado, desenvolvendo, afiando e aumentando o seu poder de pensamento”. Charles Malik “Onde estou ou o que sou? De que causas eu derivo minha existência, e para qual condição voltarei? De quem o favor vou solicitar, e de quem o ódio devo temer? Que seres me cercam? E sobre quem eu tenho alguma influência, ou quem a tem sobre mim? Eu me confundo com todas essas perguntas, e começo a supor-me na condição mais deplorável que se possa imaginar, cercado pela escuridão mais profunda, e totalmente privado do uso de qualquer membro e faculdade”. (DAVID HUME, TRATADO DA NATUREZA HUMANA). REFLEXÃO FILOSÓFICA INTERESSE CRISTÃO Para dizer o mínimo, é possível que os inimigos da religião cristã possam encontrar nos campos da ciência e da filosofia seu trampolim do qual se lançam quando se preparam para o ataque. Pg. 20 INTERESSE CRISTÃO Admite-se que não é tarefa do teólogo ser filósofo ou cientista, mas ainda é verdade que a teologia cristã, e particularmente a apologética cristã, têm um interesse nos campos da filosofia e da ciência. Para preservar a sua própria integridade, uma teologia verdadeiramente cristã deve publicar, pelo menos em linhas gerais, algo da natureza desses interesses. Pg. 20 A Necessidade da Revelação Natural Falando primeiro da necessidade da revelação natural, devemos lembrar que o homem foi feito um ser pactual. A Escritura tornou-se necessária por causa da desobediência pactual de Adão no paraíso. Essa desobediência pactual aconteceu em relação a uma revelação sobrenatural positiva que Deus tinha dado, com respeito à árvore do conhecimento do bem e do mal. PG. 24 A Necessidade da Revelação Natural “Paulo falou sobre o Deus vivo que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há. Ele lembrou aos filósofos gregos que o Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor dos céus e da terra, e não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, por que ele mesmo dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas” (At 17.24,25). (GEISLER, Norman, Enciclopédia de Apologética, pág. 782) A Perspicuidade da Revelação Natural Temos ressaltado que a revelação de Deus na natureza foi, desde o começo da história, intencionada para ser vista em conjunto com a Sua comunicação sobrenatural.PG. 28 A Necessidade da Escritura Quanto ao estabelecimento da questão, tenha em mente que o termo “Escritura” é usado em dois sentidos: materialmente, com respeito à doutrina enunciada, ou formalmente, com respeito à escrita e ao modo da enunciação. PG. 30 Equipe 1 - Problema: O filósofo ateu americano Alex Rosenberg, não vê uma explicação razoável para Deus permitir a existência do mal. Não vê lógica e coerência sobre como um deus benevolente e onipotente pode ter permitido horrores como o Holocausto, Guerra Mundial e peste bubônica. 2.ª Guerra Mundial (1939-1945) Peste Bubônica Equipe 2 – Problema: Jesus nunca existiu: “E qual o fundamento sobre o qual foi criada a religião cristã? Nada tem de positivo, palpável ou verdadeiro. É apenas uma lenda o nascimento de Jesus, como toda a vida e os atos a ele imputados. Aqueles que criaram o cristianismo sequer primaram pela originalidade, porquanto, a lenda que envolve a personalidade de Jesus Cristo é apenas cópia de tantas outras que relatam o nascimento e tudo quanto se referiu aos deuses criados pelos antigos, tais como Ísis, Osíris, Hórus, Átis, Apolo, Mitra, etc”. Equipe 3 – Problema: O mito da ressurreição de Cristo: “Tudo o que a crítica histórica pode estabelecer é que os primeiros discípulos vieram a crer na ressurreição“, ou seja, não houve a tão proclamada volta dos mortos, mas sim um tipo deboato que os discípulos de Jesus tomaram como verdadeiro e que milhões continuam tomando até hoje. Esse boato teria tornado possível o nascimento de uma nova religião com a presença de um dos elementos mais básicos que as religiões, em geral, apresentam: o sobrenatural, o fantástico, o extraordinário.”. 1 – Jesus Cristo na verdade foi amarrado em um poste, método de tortura usado pelos romanos, de acordo com alguns historiadores. 2 – A crucificação faz parte da narrativa cristã para dar credibilidade a ummito. Equipe 4 – Problema: A transmissão da Bíblia: “Se Deus nos ama tanto e quer que estejamos com ele, por que ele poria nossas almas em risco ao deixar a difusão de sua palavra a cargo de seres humanos falíveis, mentirosos e pecadores? Será que um professor deixaria um dos alunos assumir seu lugar se isto pusesse em risco o futuro da classe?”. “Sabe aquela famosa cena em que Jesus salva uma adúltera prestes a ser apedrejada? De acordo com especialistas, esse trecho foi inserido no Evangelho de João por algum escriba, por volta do século 3. Isso porque, na época, o cristianismo estava cortando seu cordão umbilical com o judaísmo”. (Revista SuperInteressante). 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