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FICHAMENTO ACADEMICO1 
 
Márcio Ricardo Oliveira dos Santos 2 
Referência da Obra: MACEDO JÚNIOR, Ronaldo Porto. Carl Schmitt e a fundamentação 
do direito: a formação do decisionismo institucionalista schmittiano entre os anos 1920-
1940. 
“Mesmo após a tomada do poder pelos nazistas, Schmitt acreditou que o presidente Hindenburg 
poderia atuar como um contrapeso para o poder do novo chanceler Adolf Hitler.8 Ele acreditou 
na possibilidade de a influência conservadora no regime nazista poder suplantar os perigos de 
uma ditadura de tipo carismático anunciada pelo novo Führer. [...]” (p.18) 
“Para Schmitt, após a ascensão de Hitler ao poder e da tomada de suas decisões políticas 
fundamentais, haveria espaço para que as burocracias e o exército ocupassem o seu real papel 
segundo uma concepção tradicional de ditadura, sem a interferência do partido nazista. A teoria 
dos ordenamentos concretos (família, igreja, exército e burocracia estatal) seria a base para a nova 
ordem social. Neste sentido, os textos Sobre os Três Tipos do Pensamento Jurídico e Estado, 
Movimento e Povo representam a tentativa de Schmitt de encontrar lugar dentro do nazismo para 
sua teoria do Estado Total conservador fundado nas ordens concretas.” (p.19) 
“[...] É possível identificar dois momentos da reflexão schmittiana sobre o problema da decisão. 
O primeiro reporta-se a uma obra de juventude do jurista alemão, publicada em 1912, Gesetz und 
Urteil. Eine Untersuchung zum Problem der Rechtspraxis (Direito e Julgamento. Uma 
investigação sobre o problema da práxis jurídica). Este trabalho analisa de maneira sistemática a 
questão da decisão judiciária como elemento da práxis jurídica. [...]” (p.24) 
“Um segundo momento refere-se às suas pesquisas sobre a teoria da ditadura e da soberania que 
são desenvolvidas principalmente em suas obras Politische Theologie (1922) e 2 
Verfassungslehre (1922). Nelas o autor define soberania como a decisão no estado de exceção, 
da qual depende a validade de todo ordenamento jurídico. [...]” (p.24) 
“Para Carl Schmitt, o conceito de decisionismo está essencialmente ligado ao conceito de 
soberania, e o primeiro grande precursor do decisionismo jurídico foi Jean Bodin. “Bodin não 
apenas tem o mérito de ter fundamentado o conceito de soberania do direito político moderno, 
 
1 Trabalho solicitado como parte integrante dos requisitos para a aprovação na disciplina de filosofia 
juridica. 
2 Discentes do curso de Bacharelado em Direito-N01, da FAT, 2º semestre. 
 
como também revelou a sua conexão com a ditadura e deu uma definição que ainda hoje devese 
reconhecer como fundamental”.” (p.24) 
“O pensamento decisionista, tal como aparece na história do direito, está vinculado a uma ideia 
de ordem que é pressuposta à decisão soberana. [...]” p.24 
 “Os tipos de pensamento jurídico, contudo, não existem de maneira pura, podendo se combinar. 
[...]” p.25 
“[...] seria possível, a partir de uma combinação dos tipos puros de pensamento jurídico, falar de 
uma “força ordenamental (ou ordenadora) do fático”, em que o pensamento do ordenamento 
jurídico seria o fundamento último do fenômeno metajurídico da fundação da norma ou da Norma 
Fundamental (Grundnorm). [...]” p.26 
“Em sua análise geral do mundo moderno, Carl Schmitt identifica a existência de uma tendência 
à despolitização e neutralização, uma marcha em direção ao terreno “neutro” da economia e da 
técnica. Tal neutralização da vida política passa a evidenciar-se de maneira mais clara a partir 3 
da emancipação da burguesia e ganha seu caráter mais forte na moderna democracia industrial de 
massas. [...]” p.26 
 “[...] Para Schmitt, o caráter essencial dos românticos é o fato de que, para estes, “qualquer coisa 
pode tornar-se o centro da vida espiritual, e isto porque eles não têm por si mesmos nenhum 
centro. Para o verdadeiro romântico é central somente o seu Eu espirituoso e irônico, mas ao 
mesmo tempo flutuante”. [...]” p.27 
 “Para o jurista alemão, “Estado é um determinado ‘status’ de um povo e o ‘status’ da unidade 
política. Dessa forma, ele se define por ser a situação de um povo”. A unidade de um povo pode 
ser mantida pelo princípio da identidade ou pelo princípio da representação.” p.30 
“O princípio da identidade define-se pela presença imediata do povo como governante, é aquele 
“do povo presente consigo mesmo como unidade política quando, em virtude de consciência 
política própria e vontade nacional, tem aptidão para distinguir entre o amigo e o inimigo”.(p.30) 
“O princípio da representação “parte da ideia de que a unidade política do povo como tal nunca 
pode se fazer presente em identidade real, e por isto tem que estar sempre representada 4 
pessoalmente por homens: ‘A monarquia absoluta é, em realidade, a representação absoluta e se 
baseia no pensamento de que a unidade política só pode ser realizada mediante a representação. 
A frase: L’État c’est moi, significa: eu sozinho represento a unidade política da nação’”. [...]” 
p.30 
 
“Para Schmitt, a democracia “é uma forma política que corresponde ao princípio da identidade, 
quer dizer, identidade do povo em sua existência concreta consigo mesmo como unidade política”. 
Em outras palavras, a “democracia é a identidade entre dominadores e dos dominados, 
governantes e governados, dos que mandam e dos que obedecem”. A igualdade é o elemento 
essencial da democracia.” p.31 
“A democracia enquanto forma de governo não se opõe necessariamente à ditadura nem se define 
a partir da liberdade. Assim, para Schmitt, pode haver ditadura com democracia, ditadura sem 
democracia e democracia sem liberdade. “Uma democracia pode ser militarista ou pacifista, 
absolutista ou liberal, centralista e descentralizada, progressista ou reacionária ... sem deixar de 
ser democracia”. O oposto da ditadura não é a liberdade, mas a discussão.” p.31 
“[...] O ditador não tem os atributos do príncipe ou do soberano. Ele apenas assume o encargo do 
soberano com relação a questões específicas, como realizar a guerra, reformar o Estado etc. [...]” 
p.31 
 “O Estado representaria o elemento estático do novo sistema, ao passo que o movimento seria o 
seu elemento dinâmico, e o povo, o seu elemento apolítico, sob a sombra e proteção das 5 decisões 
políticas. Vale notar, contudo, que estes três elementos não se contrapõem segundo as regras do 
jogo político liberal. O Estado não se opõe ao movimento e ao povo, assim como o povo não se 
opõe ao movimento. [...]” p.36

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