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PROCEDIMENTO OPERACIONAL


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PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO 
HOSPITAL DE OLHOS E CLÍNICAS 
Dr. Jose Ernesto Ghedin Servidei 
PROTOCOLO DE ENDOFTALMITE 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A endoftalmite é uma infecção, extremamente grave, que ocorre na cavidade 
ocular e tecido intraocular, capaz de levar à cegueira. Normalmente a infecção 
que causa endoftalmite se deve a uma bactéria Staphylococcus aureus, mas os 
fungos e os protozoários também podem ser responsáveis. Embora seja uma 
patologia rara, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(ANVISA), foram registrados 16 surtos de endoftalmite no Brasil apenas entre 
2005 a 2017. 
Um dos fatores que dificultam o diagnóstico precoce desta infecção é a falta de 
informação. Apesar da sua gravidade, os sintomas e as causas da endoftalmite 
não são conhecidos entre a maioria da população. 
 
1.1 Tipos de endoftalmite 
 
Mais comumente acomete na população a endoftalmite infecciosa pós-cirúrgica. 
Mas existem outros tipos de endoftalmite, seja de acordo com o agente 
causador, o tempo de aparecimento dos sintomas e a via de transmissão. 
 
De acordo com o tempo até o aparecimento dos sintomas: 
• Aguda: em até poucos dias após o evento (trauma cirurgia). 
• Crônica: algumas semanas após o evento. 
De acordo com o agente causador: 
• Infecciosa: por bactéria, protozoário ou fungo. 
• Inflamatória: endoftalmite estéril, tóxica, autoimune, etc. 
De acordo com a via de transmissão: 
• Exógena: o agente causador veio do meio externo, como num acidente 
ou numa cirurgia. 
1.2 Origem da endoftalmite 
 
Segundo a classificação por origem, a endoftalmite pode ser classificada da 
seguinte forma: 
• Pós-operatória: associado a cirurgia de catarata, transplante de córnea, 
entre outros procedimentos; 
• Pós-traumática: resultante de algum processo traumático; 
• Miscelânia: quando ocorre associada a outras doenças, como a ceratite 
microbiana. 
 
2. SINAIS E SINTOMAS DA ENDOFTALMITE 
 
Os sintomas de endoftalmite variam de acordo com o quadro clínico do paciente 
e podem progredir rapidamente. Geralmente, quem desenvolve a patologia 
apresenta sintomas como: 
• Dor e piora importante da visão: estes sintomas aparecem 
precocemente após a cirurgia ou trauma, em torno de 3 a 5 dias; 
• Hiperemia conjuntival intensa: vermelhidão nos olhos; 
• Fotofobia: alta sensibilidade à luz; 
• Pálpebras inflamadas: edema palpebral; 
• Inflamação intraocular: dentro da câmara anterior e vítrea. 
 
3. DIAGNÓSTICO DA ENDOFTALMITE 
 
O diagnóstico comumente é clínico, ou seja, baseado na anamnese e no exame 
oftalmológico do paciente. Para análise laboratorial, retira-se um pouco do 
líquido intraocular para enviar ao laboratório e tentar descobrir qual é a bactéria 
envolvida naquela infecção e, desta forma, tentar direcionar melhor o tratamento. 
O ultrassom ocular muitas vezes também é utilizado na suspeita de endoftalmite. 
No exame clínico, é possível perceber alguns sinais, sendo que o mais 
característico é o hipópio, que é o depósito de células inflamatórias entre a 
córnea e a íris, normalmente de cor branca, como na Figura 1 logo abaixo. 
Pode-se observar na Figura 1 que o vítreo, gel que preenche o olho por dentro, 
também está inflamado. 
Figura 1: Sinal característico da endoftalmite 
 
 
 
 
 
Fonte: Google Imagens. 
 
 
4. TRATAMENTO 
 
O tratamento varia de acordo com o quadro clínico do paciente e com o tipo da 
endoftalmite. 
No caso da endoftalmite infecciosa, por exemplo, o oftalmologista pode 
prescrever o uso de antibióticos como vancomicina e ceftazidima. Esses 
medicamentos podem ser injetados no olho ou administrados via endovenosa. 
Caso a visão do paciente já esteja muito comprometida devido a patologia, o 
médico deve prescrever o uso de corticosteroides, que são medicações 
utilizadas para reduzir a inflamação. 
Em casos graves, a indicação é a cirurgia denominada vitrectomia, 
procedimento em que o gel vítreo do olho é removido parcial ou totalmente, 
sendo substituído por solução artificial ou bolha de gás. 
 
5. FLUXOGRAMA DO TRATAMENTO DA ENDOFTALMITE NA 
INSTITUIÇÃO 
 
Suspeita Avaliação com retinólogo 
Solicitação de exames Mapa ou US 
 
Confirmação do diagnóstico Apresentação no exame da Acuidade Visual 
• SPL Avaliar para realizar Evisceração; 
• Realizar injeção intravítea com Ceftazidima 1g + Vancomicina 500 
mg + coleta de material; 
• PL Avaliar para realizar VPP; 
• Coletar material em Centro Cirúrgico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5.1 Diluição para administração Via Intravítrea 
 
Vancomicina 500 mg (1,0 mg/1 ml) 
• Dissolver o conteúdo de uma ampola de 500 mg em 10 ml de água 
destilada; 
• Usar uma seringa de 10 ml, retirar 2 ml dessa solução e completar com 
água destilada para 10 ml; 
• Usar uma seringa de 1 ml, retirar 0,1 ml dessa solução para aplicação 
intravítrea. 
 
Ceftazidima mg (2,0 mg/0,1 ml) 
• Dissolver o conteúdo de uma ampola de 1 g em 10 ml de água destilada; 
• Usar uma seringa de 10 ml, retirar 2 ml dessa solução e completar com 
água destilada para 10 ml; 
• Usar uma seringa de 1 ml, retirar 0,1 ml dessa solução para aplicação 
intravítrea. 
 
6. REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de Prevenção de 
Endoftalmites e de Síndrome Tóxica do Segmento Anterior Relacionadas a 
Procedimentos Oftalmológicos Invasivos/Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária. Brasília: Anvisa, 2017. 
LUZ, R. A. et al. Endoftalmites após cirurgia de catarata: resultado de sete anos 
de vigilância epidemiológica. Rev Bras Oftalmol., v. 78, n. 2, p. 86-90, 2019.

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