Buscar

RESENHA ALEXY D CONSTITUCIONAL I


Prévia do material em texto

Resenha Crítica
Acadêmico(a): FABIANO RUBIM DA SILVEIRA
Disciplina: Direito Constitucional I
Identificação da obra:
AMORIM, Letícia Balsamão. A distinção entre regras e princípios segundo Robert Alexy:
esboço e críticas. Revista de Informação Legislativa, Brasília, a. 42, n. 165, jan./mar. 2005. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/273/R165-11.pdf?sequence=4&isAllowed=y>. Acesso em: 27 fev. 2020.
Credenciais da autora:
Mestra em Direito Público pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), professora universitária e advogada.
Conteúdo:
O texto em comento, é uma análise da teoria de Robert Alexy, tem o objetivo de propor ferramentas à interpretação dos direitos fundamentais, que necessitaram de métodos novos, preenchendo lacunas deixadas pela metodologia mais antiga e adequando-os à sua aplicação atual. Pormenorizando suas conceituações na distinção entre regras e princípios. O autor promoveu uma mudança de paradigmas do sistema jurídico, através do questionamento de argumentos, até então verdadeiros. Suas principais ideias são: dar valor normativo aos princípios, reabilitação prática = correção no raciocínio jurídico, aproximação da teoria moral à teoria do direito e argumentação como ferramenta na compreensão do funcionamento do direito. Alexy considera que a distinção entre regras e princípios é um dos pilares fundamentais do edifício da teoria dos direitos fundamentais. Antes de propor sua distinção, ele colheu os critérios mais comuns nas teorias tradicionais e resumiu: A generalidade é o mais utilizado. Segundo esse critério, os princípios são normas que possuem um grau de generalidade mais alto que as regras. Há ainda outros critérios que discutem a determinabilidade dos casos de aplicação (Esser); a forma da gênese; a distinção entre normas criadas e normas desenvolvidas (Shuman), o caráter explícito do conteúdo valorativo (Canaris), a referência à ideia do direito (Larenz) ou a uma lei jurídica suprema (Wolff) e a importância para o ordenamento jurídico (Peczenik). Além do mais, as regras e os princípios diferenciam-se se são fundamentos de regras ou se são as próprias regras (Esser), ou se tratam de normas de comportamento ou normas de argumentação (Gross). Concluindo este entendimento o autor elabora três teses diferentes, as quais: 1 Tese de que essa distinção se faz em vão: é inútil porque há uma pluralidade de similitudes e diferenças, analogias e dessemelhanças. 2 Tese da distinção somente de grau: o grau de generalidade seria o critério decisivo, o que para Alexy, é uma tese frágil. 3. Tese da distinção não só de grau mas também qualitativa: Para ele, esse é um critério que pode distinguir com toda precisão regras e princípios. Para Alexy, o ponto decisivo para a distinção entre regras e princípios é que princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível, dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes. São mandados de otimização e podem ser cumpridos em diferentes graus. Por outro lado, as regras são normas que só podem ser cumpridas ou não. Se uma regra é válida, então há de fazer exatamente o que ela exige, sem mais nem menos. Os princípios são sempre razões prima facie; as regras, a menos que se haja estabelecido uma exceção, são razões definitivas. Alexy considera que as normas são razões para ações e que regras e princípios são razões para normas. Normas podem ser criadas ou surgir naturalmente não necessitam ser estabelecidas explicitamente, mas também podem ser derivados de uma tradição de normações detalhadas e de decisões judiciais. O autor antecipa seus críticos e analisa óbices que podem ser elaboradas diante de sua teoria. 1. A invalidade dos princípios: essa objeção diz que haveria colisões de princípios solucionáveis mediante a declaração de invalidez. 2. Princípios absolutos: nesse caso, tratamos de princípios que em nenhum caso podem ser desprezados por outros. 3. A amplitude do conceito de princípio: os princípios podem referir-se tanto a direitos individuais como a bens coletivos.
Crítica:
Na análise das críticas ao trabalho de Alexy, podemos observar as limitações elencadas por outros juristas de renome, como Habermas, Dworkin, Sanchis e Santiago. Negando a distinção ou a diferença na estrutura lógica de regras e princípios, afirmando que a única distinção seria relacionada ao grau de generalidade, ou seja, o tipo de uso que é feito entre uma e outra, de cunho meramente interpretativo. Para Habermas o uso axiológico impede a confusão entre valores e normas, sendo que a prática decisória judicial é orientada por princípios e tem que decidir qual pretensão e qual conduta são corretas em um dado conflito, sendo que a validade jurídica do juízo, tem sentido deontológico (como executar algo de forma moral – meios) de um comando e não o teleológico (fins). Sanchis diz que a diferença entre elas, surge apenas na interpretação/aplicação, mas que inexiste diferença morfológica ou estrutural. No caso de Santiago, este afirma que não há diferença categorial ou qualitativa em entre ambas. Outro fator de relevância, em relação aos pensamentos desenvolvidos pelos autores, é de que em grande parte das vezes há pontos de contato e pontos de digressão entre as visões e ideias dos autores, deixando claro o caráter altamente subjetivo de interpretar o direito e seus institutos, evidenciando contrapontos que enriquecem o debate, sem necessariamente ter que achar uma “verdade absoluta” sobre um determinado tema.

Mais conteúdos dessa disciplina