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IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 1 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 Coordenação de Ensino Instituto IPB http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 2 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 A ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR NO TRABALHO DA CONSTRUÇÃO DA ESCOLA IDEAL http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 3 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 Sumário ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR: TEORIA E PRINCÍPIOS OBJETIVO ................................................................. 4 TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................................. 5 CONSTRUÇÃO DA ESCOLA IDEAL ........................................................................................................... 16 ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA .............................................................................................. 18 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR ......................................................... 20 DEMOCRACIA E AUTONOMIA ................................................................................................................ 25 O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO ...................................................................................................... 33 O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA ESCOLA....................................................................................... 36 REGIMENTO ESCOLAR ............................................................................................................................ 40 O COLEGIADO E O PDDE ......................................................................................................................... 43 PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE ..................................................................... 48 O PERFIL DO ADMINISTRADOR .............................................................................................................. 52 A ADMINISTRAÇÃO COMO UMA CIÊNCIA SOCIAL ................................................................................. 55 METODOLOGIA CIENTÍFICA .................................................................................................................... 57 TRADIÇÃO E AUTORIDADE ..................................................................................................................... 58 A IGREJA CATÓLICA E SUA CONTRIBUIÇÃO ............................................................................................ 61 TEORIAS ADMINISTRATIVAS ................................................................................................................... 65 http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 4 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR: TEORIA E PRINCÍPIOS OBJETIVO Este módulo objetiva oferecer uma visão ampla e geral das principais teorias administrativas vigentes no século XX. Para contextualizar o nascimento da Administração Científica vamos buscar os fundamentos do método científico, assim como a influência da organização hierárquica do exército e da Igreja Católica. Por fim, vamos estudar as principais funções administrativas em uma organização. A administração escolar, neste contexto, é vista como a migração de teorias administrativas antes aplicadas às áreas industriais e agrícolas. A escola, como instituição situada na área de prestação de serviços, pode garantir a qualidade em seus processos mediante a aplicação correta das teorias administrativas, inclusive pelo seu planejamento estratégico de marketing e recursos humanos. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 5 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO Administração compõe-se de um sistema de planejamento, organização, direção, controle e avaliação de pessoas, projetos, situações, empresas, etc. visando um objetivo, o sucesso do negócio. Nas empresas privadas geralmente a meta, o retorno é o lucro, nas organizações públicas podemos dizer que seria um atendimento de qualidade para as pessoas. Na escola não é diferente: através de uma gestão democrática tem como objetivo oferecer um ensino de qualidade que satisfaça as necessidades do indivíduo que a busca. Veremos ao longo desse curso, especificamente nesta apostila, a importância da conquista de autonomia e democracia nas escolas públicas. Em linhas gerais, gestão escolar é a organização do funcionamento da escola quanto aos aspectos políticos, administrativos, financeiros, tecnológicos, culturais, artísticos e pedagógicos. Forma de organizar o trabalho pedagógico, que implica a visibilidade de objetivos e metas dentro da instituição escolar. Implica também na gestão de recursos materiais e humanos, no planejamento de suas atividades, na distribuição de funções e atribuições, na relação hierárquica e interpessoal de trabalho e partilha do poder. Diz respeito a todos os aspectos da gestão e dos processos de tomada de decisões. A gestão democrática é entendida como a participação efetiva dos vários segmentos da comunidade escolar, pais, professores, estudantes e funcionários na organização, na construção e avaliação dos projetos pedagógicos, na administração dos recursos da escola, enfim, nos processos formativos decisórios da escola. A gestão democrática implica um processo de participação coletiva; sua efetivação na escola pressupõe instâncias colegiadas de caráter deliberativo, bem como a implementação do processo de escolha de dirigentes escolares, a participação de todos os segmentos da comunidade escolar na construção do projeto político- pedagógico e na definição da aplicação dos recursos recebidos pela escola (OLIVEIRA; MORAES; DOURADO, 2008). http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 6 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 Mas antes é muito pertinente falarmos um pouco sobre administração de maneira geral, pois como vimos a linha mestra é a mesma, ou seja, planejar, organizar, orientar, controlar e avaliar são ações em qualquer administração. De acordo com Kwasnicka (1990, p.17) administrar é um processo integrativo da atividade organizacional que permeia nossa vida diária. Essa necessidade de administrar surge do confronto entre as variáveis que compõem uma atividade formalmente estruturada, como recursos materiais e humanos, tecnologia, restrições ambientais, entre outros. Administrar não se restringe apenas às indústrias, lojas ou escolas. Até mesmo num núcleo familiar há o requerimento de certo grau de administração, porém, quanto maior o nível de complexidade deuma atividade definida pelo grupo formal, maior a necessidade de se aprofundar nos conhecimentos da ciência administrativa. Para Faria (1994, p.XVIII) “é a condução racional das atividades de uma organização, cuidando do planejamento, da organização, da direção e de controle dessas atividades, com vista a alcançar os objetivos estabelecidos”. É fácil concluir que sem administração seria impossível a existência das organizações. Para Chiavenato (1997, p. 6) a administração não é uma ciência exata, ela trata entre outras coisas, do comportamento humano, portanto não pode se basear em leis rígidas e inflexíveis. Deve se basear em princípios flexíveis, e estes vem a ser as condições ou normas dentro das quais o processo administrativo deve ser aplicado e desenvolvido. Partindo dessa conceituação para o mesmo autor, os princípios gerais da Administração são: • Dinâmicos – vivem em constante mutação pela influência do ambiente. • Gerais – princípios da administração não são estabelecidos rigorosamente como os das ciências físicas, porque dependem do comportamento humano. • Relativos – princípios administrativos não podem ser tomados como regras absolutas em todas as situações. • Inexatos – princípios administrativos são relacionados com o caos e procuram dar ordem a ele, regulando o comportamento dos envolvidos. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 7 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 • Universais – os princípios podem ser utilizados em qualquer tipo de organização (CHIAVENATO, 1997, p. 6). Para chegarmos até as Teorias das Relações Humanas, é preciso apriori, falar um pouco sobre as diversas teorias administrativas, as quais vêm evoluindo desde 5.000 anos atrás de acordo com as necessidades das organizações. Somente a partir da revolução industrial que mudou completamente a configuração mundial, provocando a substituição das oficinas artesanais pelas fábricas e transferindo o centro de negócios da agricultura para a indústria, que houve o desenvolvimento da Administração como ciência. Apenas em 1903 que Taylor escreveu o primeiro livro de administração. Clássica O modelo de gestão que a Escola Clássica introduziu foi o de sistema fechado, em que o homem era concebido como máquina, puramente racional e calculista. Naquela época, procurando maximizar a produção, Taylor (1911) desenvolveu um critério que separava os operários por especialização e selecionava o que fosse adequado para uma única e específica tarefa. O operário não poderia pensar ou sugerir qualquer mudança, apenas executá-la, dando origem à Administração Científica. Segundo ele, eram fundamentais para a Administração: o conceito de especialização e a eliminação de elementos estranhos, estabelecendo, portanto: a seleção do operário, a padronização dos métodos de produção, a remuneração adequada e a análise das tarefas, e sua ordenação em passos simplificados (CHIAVENATO, 2000, p.59). Na sequência, Fayol, nascido na Turquia, engenheiro de minas aos 19 anos e trabalhando em uma empresa metalúrgica e carbonífera, passou de simples empregado a gerente das minas e gerente geral, assumindo-a em situação difícil, porém entregando-a a seu sucessor numa situação invejável de estabilidade, igualmente preocupado com a eficiência das empresas, analisava os pontos difíceis, http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 8 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 removia os obstáculos e catalogava tudo. Através de sua organização, deu origem à Teoria Clássica, chamada de doutrina Fayolismo. A Escola Clássica tinha uma visão muito curta acerca do homem, a Administração Científica estava convicta de que o salário constituía a fonte de motivação para o trabalhador e o operário trabalhava unicamente por recompensas financeiras. Quem trabalhava mais, consequentemente ganhava mais, surgindo assim a figura do homo economicus. Entre as ideias de Fayol, segundo Faria (1994, p.31) e Ferreira et al (2002, p.18) pode- se destacar: • A organização deve ser tratada como um todo, isto é, globalmente; • Deve-se enfocar a universalidade dos princípios, a ser aplicados às funções administrativas, em todas as formas de trabalho; • Não existe nada rígido ou absoluto quando se trata de problemas de administração; é tudo uma questão de proporção; • Organizar significa constituir uma dupla estrutura, material e humana, no empreendimento. Para Fayol, toda empresa deveria ser dividida em seis grupos de funções: técnicas, comerciais, financeiras, de segurança, contábeis e administrativas, e, administrar consistia em: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Segundo Faria (1994, p.34), os princípios gerais da Teoria Clássica foram assim classificados: • Divisão do trabalho: especialização das tarefas e das pessoas visando aumentar a eficiência; • Autoridade e Responsabilidade: direito de dar ordens e esperar obediência; a responsabilidade é uma consequência da autoridade; devem ser equilibradas entre si; • Disciplina: obediência, comportamento e respeito às normas estabelecidas; http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 9 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 • Unidade de Comando: o empregado deve receber ordens de um único superior, princípio da autoridade única; • Unidade de Direção: uma cabeça e um plano para cada grupo de atividades que tenham o mesmo objetivo; • Subordinação dos interesses individuais aos interesses gerais: os interesses gerais devem sobrepor-se aos interesses particulares; • Remuneração do pessoal: justa e capaz de satisfazer às necessidades dos empregados e atender à empresa em termos de retribuição; • Centralização: concentração da autoridade no topo da empresa; • Cadeia escalar: linha de autoridade do escalão mais alto ao mais baixo; princípio do comando; • Ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar; ordem material e humana; • Equidade: amabilidade e justiça para obter a lealdade do pessoal; • Estabilidade e duração do pessoal: quanto mais tempo um empregado permanecer no cargo, tanto melhor; a rotatividade é um fator negativo; • Iniciativa: capacidade de visualizar um plano de assegurar o seu sucesso; • Espírito de Equipe harmonia e união entre os empregados (FARIA, 1994, p.34). Neoclássica Todas as teorias administrativas assentaram-se na Teoria Clássica, seja como ponto de partida, seja como crítica para tentar uma posição diferente, mas a ela relacionada intimamente. A abordagem neoclássica nada mais é do que a redenção da Teoria Clássica devidamente atualizada e redimensionada aos problemas administrativos atuais e ao tamanho das organizações de hoje. Em outros termos, a Teoria Neoclássica é exatamente a Teoria Clássica colocada no figurino das empresas de hoje, dentro de um ecletismo que aproveita a contribuição de todas as demais teorias administrativas (CHIAVENATO, 2000, p.122). http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 10 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 Também chamada de Escola Operacional, Escola do Processo Administrativo ou ainda Abordagem Universalistada Administração tem como característica forte a ênfase nos aspectos práticos da Administração, pelo pragmatismo e pela busca de resultados concretos e palpáveis, muito embora não se tenha descuidado dos conceitos teóricos da Administração. Ela é quase como uma reação à enorme influência da ciência do comportamento no campo da Administração que ocorreu em detrimento dos aspectos econômicos e concretos que envolvem as organizações. Os princípios da Administração que os clássicos utilizam como “leis” científicas são retomados pelos neoclássicos como critérios mais ou menos elásticos para a busca de soluções administrativas práticas e os administradores são essenciais a qualquer empresa dinâmica e bem- sucedida, devendo planejar, dirigir e controlar as operações do negócio. A Teoria Neoclássica coloca ainda, grande ênfase nos objetivos e nos resultados, pois para ela as organizações existem para alcançar objetivos e produzir resultados, e é em função dos objetivos e resultados que a organização deve ser dimensionada, estruturada e orientada. Embora considere os meios na busca da eficiência, enfatiza fortemente os fins e resultados nessa busca (CHIAVENATO, 2000, p.122). Estruturalista Quando na década de 1950 a Teoria das Relações Humanas (tentativa de introdução das ciências do comportamento na teoria administrativa através de uma filosofia humanística a respeito da participação do homem na organização) entrou em declínio, pois de um lado combateu a Teoria Clássica, por outro não proporcionou as bases adequadas de uma nova teoria que a pudesse substituir, essa oposição entre Teoria Clássica e Teoria das Relações Humanas criou um impasse dentro da administração dando origem à Teoria Estruturalista que representa um desdobramento da Teoria da Burocracia e uma leve aproximação com a Teoria das Relações Humanas. Representa também uma visão bastante crítica da organização formal. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 11 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 Além dessa oposição citada acima, surgiu como necessidade de visualizar a organização como unidade social, uma unidade grande e complexa, onde interagem grupos sociais que compartilham alguns dos objetivos da organização (como a viabilidade econômica da organização), mas que pode incompatibilizar com outros (como a maneira de distribuir lucros da organização). Nesse sentido, o diálogo maior da Teoria Estruturalista foi com a Teoria das Relações Humanas. Influenciou e repercutiu na Filosofia, na Psicologia, na Antropologia, na Matemática, na Linguística, chegando até na Teoria das Organizações (CHIAVENATO, 2000, p.123). Baseada no movimento estruturalista, fortemente influenciada pela sociologia organizacional, a “Estrutura” é o conjunto de elementos relativamente estáveis que se relacionam no tempo e no espaço para formar uma totalidade. O estruturalismo ampliou o estudo das interações entre os grupos sociais iniciado pela Teoria das Relações Humanas, para os das interações entre as organizações sociais. Da mesma forma como interagem entre si os grupos sociais, também interage entre si as organizações. Foca o homem como “homem organizacional”, ou seja, que desempenha diferentes papéis na organização. Os estruturalistas utilizam uma análise organizacional mais ampla do que a de qualquer teoria anterior, pois pretendem conciliar a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas, baseando-se também na Teoria da Burocracia. Assim, a análise das organizações do ponto de vista estruturalista é feita a partir de uma abordagem múltipla que leva em conta simultaneamente os fundamentos da Teoria Clássica, da Teoria das Relações Humanas e da Teoria da Burocracia. Trata-se de uma abordagem múltipla utilizada pela Teoria Estruturalista que envolve a organização formal bem como a organização informal; as recompensas salariais e materiais e as recompensas sociais e simbólicas; todos os diferentes níveis hierárquicos de uma organização; todos os diferentes tipos de organizações; a análise intra e inter organizacional (CHIAVENATO, 2000, p.124). http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 12 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 Comportamental A abordagem comportamental marca a mais forte ênfase das ciências do comportamento na teoria administrativa e a busca de soluções democráticas e flexíveis para os problemas organizacionais. Esta abordagem originou-se das ciências comportamentais e, mais especificamente, da psicologia organizacional (CHIAVENATO, 2000, p.124). É com a abordagem comportamental que a preocupação com a estrutura se desloca para a preocupação com os processos e com a dinâmica organizacional, isto é, com o comportamento organizacional. Aqui ainda predomina a ênfase nas pessoas, inaugurada com a Teoria das Relações Humanas, mas dentro de um contexto organizacional. A Teoria Comportamental (ou Teoria Behaviorista) da Administração veio significar uma nova direção e um novo enfoque dentro da teoria administrativa: a abordagem das ciências do comportamento, o abandono das posições normativas e prescritivas das teorias anteriores e a adoção de posições explicativas e descritivas. A ênfase permanece nas pessoas, mas dentro de um contexto organizacional. Teve origem com o movimento behaviorista que surgiu como evolução de uma dissidência da Escola das Relações Humanas, que recusava a concepção de que a satisfação do trabalhador gerava de forma intrínseca a eficiência do trabalho. A percepção de que nem sempre os funcionários seguem comportamentos exclusivamente racionais ou essencialmente baseados em sua satisfação exigia a elaboração de uma nova teoria administrativa. A Teoria Comportamental defendia a valorização do trabalhador em qualquer empreendimento baseado na cooperação, buscando um novo padrão de teoria e pesquisa administrativas. Foi bastante influenciado pelo desenvolvimento de estudos comportamentais em vários campos da ciência, como a antropologia, a psicologia e a sociologia. Adotando e adaptando para a administração conceitos originalmente elaborados dentro dessas ciências, propunha-se fornecer uma visão mais ampla do http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 13 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 que motiva as pessoas para agirem ou se comportarem do modo que o fazem, particularizando as situações específicas do indivíduo no trabalho. Para explicar o comportamento organizacional, a Teoria Comportamental se fundamenta no comportamento individual das pessoas. Para poder explicar como as pessoas se comportam, torna-se necessário o estudo da motivação humana. Os autores behavioristas verificaram que o administrador precisa conhecer as necessidades humanas para melhor compreender o comportamento humano e utilizar a motivação humana como poderoso meio para melhorar a qualidade de vida dentro das organizações (KWASNICKA, 1990, p.36). Sistêmica Surgiu a partir dos trabalhos de Ludwig Von Bertalanfy, biólogo alemão que a partir dos estudos com organismos, publicados entre 1950 e 1968, tendo por finalidade a identificação das propriedades, princípios e leis características dos sistemas em geral, independentemente do tipo de cada um, da natureza de seus elementos componentes e das relações entre eles.Em suma, procura entender como os sistemas funcionam. Partindo dessa premissa, podemos conceituar sistema como sendo um todo organizado ou complexo; um conjunto ou combinação de coisas ou partes, formando um todo complexo ou unitário; um complexo de elementos em interação da natureza ordenada e não fortuita; um conjunto de objetos ou entidades que inter-relacionam mutuamente para formar um todo único e um conjunto de elementos, dinamicamente relacionados, formando uma atividade para atingir um objetivo, operando sobre dados/energia/matéria, para fornecer informação/energia/matéria (CHIAVENATO, 2003, p.15). Segundo Stoner (1999, p.33) “a abordagem sistêmica vê a organização como um sistema unificado e propositado, compostos de partes inter-relacionados”. Isso permite que as pessoas enxerguem a empresa como um todo e parte do ambiente externo. A teoria dos sistemas nos diz que a atividade de qualquer segmento de uma organização afeta em graus variados a atividade de todos os outros segmentos. É dentro desta abordagem de sistemas que estão inseridos muitas linguagens de administração. Entre eles estão os sistemas, subsistemas, sinergia, sistema aberto, sistema fechado, http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 14 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 fronteira de sistema, fluxos, feedback. Ela dinamiza e inter- relaciona a organização e a tarefa de administrar. Contingencial Esta abordagem foi criada por vários administradores e consultores que procuram colocar em prática as teorias das escolas de administração. Descobriram que determinado método funciona bem em um ambiente e que o mesmo método não funciona bem em outro ambiente, portanto, concluíram que não existe um modelo padrão de abordagens que funcione bem em todos os ambientes. Ela é mais abrangente que a sistêmica, pois focaliza os pormenores das relações entre as partes. Segundo Wahrlich (1986, p. 10), na segunda metade da década de 70 o enfoque contingencial ou situacional chegou à América Latina. Enfoque este que representa, segundo ela, em última análise, a constatação de que continua não existindo uma teoria administrativa aplicável a todos os casos e a todas as circunstâncias. Cada um dos enfoques ou combinação de enfoques se presta melhor à análise de certa e determinada situação do que outros enfoques ou combinação de enfoques. Então, Contingência vem a ser algo incerto, algo que pode ou não ocorrer. Para Chiavenato (2003, p.161), a abordagem contingencial salienta que não se atinge a eficácia organizacional seguindo um único e exclusivo modelo organizacional, ou seja, não existe uma forma única que seja a melhor para organizar no sentido de se alcançar objetivos altamente variados das organizações dentro de um ambiente de trabalho também variado. Fazendo uma breve análise, os autores neoclássicos procuraram aumentar o grau de abrangência da Escola Clássica, acrescendo aspectos das teorias comportamentais, mantendo as premissas básicas da Teoria Clássica. A abordagem contingencial fez a mesma coisa em relação à teoria dos sistemas. Incorporou os pressupostos da teoria de sistemas sobre a interdependência e a natureza orgânica da organização, bem como o caráter aberto e adaptativo das organizações e a necessidade de preservar a flexibilidade em face das mudanças e procurou meios para unir a teoria com a prática, http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 15 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 em um enfoque de sistemas. (SCOTT & MICHELL citados por CARAVANTES, 1998, p.224). Sem fazermos muito esforço principalmente àqueles que já passaram pela gestão de uma escola, conseguem relacionar as diversas teorias da administração com situações cotidianas no seu ambiente de trabalho, daí acreditarmos ser importante conhecer, mesmo que superficialmente, um pouco dessas teorias. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 16 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 CONSTRUÇÃO DA ESCOLA IDEAL Os problemas nacionais que atravessamos agora realmente infiltraram-se diretamente nas escolas. Os dramas sociais são frequentes dentro dos muros das instituições públicas e privadas do saber. Os professores como, toda classe de trabalhadores, estão acuados e atônitos, com os últimos acontecimentos na área econômica e social. Perderam totalmente a capacidade de reivindicar tanto reajustes salariais como melhorias nas condições de trabalho. Estão temerosos com sua substituição pelas modernas tecnologias audiovisuais como a internet. Deparam-se na escola pública com alunos maltrapilhos, mal cheirosos, famintos de alimentos e afeto, filhos de pais excluídos; ao passo que na escola particular temos os alunos com maior poder aquisitivo, mas temerosos, inseguros de seu futuro, filhos de pais que tiveram sua renda achatada nos últimos anos do Plano Real, pais estressados, neuróticos com a possibilidade de demissão em seus empregos. Obviamente a situação de inadimplência, a maior da história, dos pais de alunos de hoje reflete essas mudanças que acontecem atualmente. Administrar uma instituição de ensino não é tarefa para amadores. No discurso governamental oficial e da classe dominante, a escola é vendida como a panaceia e cura de todos os males de um sistema de exclusão social e de exploração dos trabalhadores. Para muitos, a escola significa capacitação para o emprego em um mundo sem garantias a longo prazo. Na era da globalização, as empresas buscam países em que o custo da mão de obra seja qualificado e com baixo custo, simultaneamente. Os investimentos estatais em educação são insuficientes para qualificar o cidadão para o emprego, e muitas famílias não possuem renda suficiente para manter seus filhos nas melhores escolas particulares. O foco do Estado está em participar da economia globalizada, sobretudo pela exportação de seus produtos em vista de manter um superávit e reservas de dólares para enfrentar os períodos de recessão econômica. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 17 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 O administrador escolar está imerso neste ambiente turbulento e globalizado. Qualquer mudança na economia mundial pode representar menos investimentos na educação brasileira, ou ainda menor poder aquisitivo da classe média que usufrui da escola particular. Neste ambiente, o administrador escolar, mais que um mero educador, é o responsável pela otimização dos recursos disponíveis para promover a educação. Estes recursos podem ser pessoas, prédios, tecnologias. Mas quais são as técnicas que podem ser usadas para realizar este trabalho? É o que veremos neste módulo. A questão não é vender fórmulas prontas, mas promover uma diretriz, uma linha de conduta que propicie a eficácia da estrutura de ensino- aprendizagem. Este breve estudo da história da administração deve servir de base para uma linha de pensamento. O modelo autoritário da administração no princípio do século XX está cedendo aos poucos, terrenos para princípios democráticos nas organizações. Na escolanão poderia ser diferente. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 18 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA A Administração Científica, fundada por Taylor e seus seguidores, constitui a primeira tentativa de criar uma Teoria da Administração. A preocupação em criar uma ciência da Administração começou com a experiência concreta e imediata do seu trabalho com operários e suas tarefas. Taylor iniciou suas experiências pelo trabalho que estava presenciando no começo de sua vida profissional. Sua obra dá grande ênfase nas tarefas, principalmente estudando seus movimentos e o tempo dispendido. No primeiro período de sua obra, Taylor voltou-se exclusivamente para a racionalização do trabalho dos operários, estendendo-se em um segundo período à definição de princípios de administração aplicáveis a todas as situações da empresa. A organização racional do trabalho foi fundamentada na análise do trabalho operário, no estudo dos tempos e movimentos, na fragmentação das tarefas e na especialização do trabalhador. Buscava-se a eliminação do desperdício, da ociosidade operária e a redução dos custos de produção. A única forma de obter a colaboração dos operários, concebida por ele, foi o apelo aos planos de incentivos salariais e de prêmios de produção, com base no tempo-padrão (eficiência = 100%) e na firme convicção de que o salário constituía a única fonte de motivação para o trabalhador (idéia do homem econômico). O desenho de cargos e tarefas enfatizava o trabalho simples e repetitivo das linhas de produção e montagem, o que, junto com a padronização, assegurava as condições de trabalho que levariam à eficiência. Em um universo de mão de obra desqualificada, uma pessoa era facilmente substituída no trabalho por outra mais apta e mais habilidosa. PARA REFLETIR Quais foram os benefícios das duas principais obras da Administração Clássica? Seria um tanto inútil enumerar os avanços obtidos pela obra de Taylor. O autor conduziu as operações de trabalho a um considerável ganho de produtividade, reduzindo o custo unitário dos produtos e ampliando a margem de lucros do http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 19 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 empresariado; racionalizou o processo produtivo, dando início à busca metódica de elevação da produção, com uma forte contribuição à dinâmica produtiva do capitalismo. Da mesma forma, são notórios os malefícios gerados aos operários, oriundos da minuciosa especialização de tarefas, sendo deveras redundante tecer críticas ao taylorismo nesta sucinta análise. No entanto, a leitura de "Princípios de Administração Científica", além de explicitar um marco de racionalização instrumental do trabalho, chama atenção pela unilateralidade do discurso, isto é, observando os "elementos essenciais da administração científica", é possível identificar pressupostos sócio-ideológicos que vislumbram um "comportamento ideal" para o operário, como naturalmente correto. Ademais, acreditava Taylor que empresários e trabalhadores deveriam deixar de lado suas posições contrárias e submeter-se à autoridade da Ciência, pela qual se obteria resultados no âmbito da produção e benéficos para ambas as partes. Já Henri Fayol, em "Administração Industrial e Geral", trata a gestão a nível organizacional, numa analogia ao corpo, na qual todos os membros deveriam trabalhar e coordenar esforços para chegar a objetivos comuns. Encontra-se, aqui, um ponto de confluência entre Fayol e Taylor, tendo em vista que o primeiro acreditava na articulação de interesses em nome dos objetivos da empresa, desconsiderando a existência de conflitos internos, que sob efeito da administração seriam diluídos. Embora Taylor admita a existência do conflito na fábrica, parece julgá-lo incoerente e minimizável uma vez que seja aplicada a administração científica (e seus decorrentes ganhos de produtividade, lucro e salários). Objetivo: a administração escolar está associada à história do Brasil. Há pouco mais de 200 anos foi permitido ao Brasil ter universidades e acesso ao comércio mundial. A estrutura do capitalismo exige liberdade de comércio, assim como a busca pela lucratividade a longo prazo. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 20 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR Nas aulas de História do Brasil, verbete obrigatório é o Pacto Colonial, que esclarece que antes de 1808, entre outras tantas proibições, a previsão da não abertura de universidades em território brasileiro e o fechamento de jornais, revistas e periódicos que propiciassem qualquer tentativa de criação de um espírito genuinamente brasileiro. Isso perdurou no Brasil desde 1500 até 1808. Os problemas resultantes desse embargo educacional persistem até hoje, como se pode constatar pela enorme taxa de analfabetismo, que ainda corrói a cidadania dos mais pobres, provocando, entre tantos outros males, a enorme exclusão social que observamos pelas ruas e favelas de nossas cidades. Para falar das escolas hoje é imprescindível uma contextualização histórica do pensamento econômico internacional dos últimos três séculos e dos últimos 40 anos no Brasil, pois a economia nacional passou do modelo fechado, chamado de Substituição das Importações, para a economia aberta, preconizada pela teoria neoliberal e globalização. O que já era ruim, arcaico, sem objetivos pré-definidos ficou bem pior devido à falta de financiamento e abandono das autoridades constituídas. É o que veremos nesta unidade. O liberalismo econômico nasceu com a decadência do regime econômico mercantilista (que no Brasil originou o Pacto Colonial) e o surgimento da “burguesia” (obviamente as monarquias européias tiveram que ceder terreno para essa ascensão burguesa). Seus postulados principais são a livre iniciativa e a livre concorrência, em princípio sem qualquer interferência do Estado (“laissez-faire, laissez-passer, laisservivre”). A França, comunidade-berço do liberalismo, vivia momentos difíceis nas últimas décadas do período mercantilista. Os lavradores e burgueses levantaram-se contra a política absolutista da monarquia decadente. Os monopólios concedidos pelo rei eram alvo de fundadas críticas. Os regulamentos das corporações que reuniam os artesãos urbanos não atendiam à mentalidade do florescente capitalismo industrial, impedindo que se expandisse a densidade empresarial. A intranquilidade política e a insolvência internacional foram agravadas pela perda da Índia e do Canadá, dois importantes http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 21 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 elementos do império colonial francês. Além de tudo isso, a política econômica beneficiava cerca de 600 mil habitantes, em prejuízo de 24 milhões, que viviam em deplorável estado de pobreza. Para agravar ainda mais a situação social e político-econômica, o sistema tributário francês que se transformou no principal ponto de apoio da crítica dos pensadores econômicosda época baseava-se em pesados encargos sobre os artífices, os mercadores e os lavradores para permitir isenção aos nobres e ao clero. Estes últimos estavam isentos do taille (imposto lançado sobre a fortuna dos contribuintes) e livres da fiscalização sobre o consumo do sal (gabelle), um dos mais gravosos tributos. Os aides (impostos aplicados às manufaturas) e os traites (direitos alfandegários) também não atingiam a nobreza e o clero. Além disso, não era menor a pressão tributária sobre a atividade agrícola: o resultado líquido da tributação rural era que o rei, o padre e o lorde embolsavam por volta de 75% das rendas totais do lavrador médio. Em meados do século XVIII, a famosa expressão laissez-faire, laissez- passer foi utilizada provavelmente pela primeira vez por Vincent de Gournay (1712 -1759), membro da escola fisiocrata, contra o sistema mercantilista do seu tempo. Os economistas fisiocratas propugnavam um sistema de economia livre, menos protecionista e intervencionista, mais natural e espontâneo, sem a intervenção do Estado, personificado na pessoa do rei. A expressão laissez-faire significava eliminar o intervencionismo, deixando que cada indivíduo produzisse e fizesse o que lhe parecia melhor, enquanto laissez-passer consistia em romper as barreiras alfandegárias, para estimular o comércio e a circulação de riquezas. 1.1 A Administração escolar Na empresa capitalista, que tem como objetivo a acumulação do capital, a função da administração é organizar os trabalhadores no processo de produção, otimizar o instrumental de trabalho e disponibilizar as matérias- primas, objetivando o controle das forças produtivas do planejamento à execução das operações, visando à maximização da produção e do lucro. A palavra administração vem do latim ad (direção, tendências para) e minister (subordinação ou obediência) e significa aquele que realiza uma função abaixo do http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 22 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 comando de outrem, isto é, aquele que presta um serviço a outro. No entanto, a palavra administração sofreu uma radical transformação em seu significado original A tarefa da administração é a de interpretar os objetivos propostos pela organização e transformá-los em ação organizacional por meio do planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as áreas e em todos os níveis da organização, a fim de alcançar tais objetivos da maneira mais adequada à situação, ou seja, “é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos” (CHIAVENATO, 2000, p. 6). A escola é uma instituição social dotada de especificidades e, como tal, sua administração deve ser diferenciada da administração empresarial. A natureza do processo de produção pedagógico da escola impossibilita a generalização do modo de produção autenticamente capitalista, uma vez que o aluno é, ao mesmo tempo, objeto (beneficiário, estando presente no ato da produção) e sujeito do ato educativo, já que participa ativamente da atividade pedagógica. Diferentemente das empresas que “visam à produção de um bem material tangível ou de um serviço determinados, imediatamente identificáveis e facilmente avaliáveis” (Paro, 1999, p. 126), a organização escolar tem por meta básica a produção e a socialização do saber, tendo por matéria prima o elemento humano, que, nesse processo, é sujeito e objeto. Desse modo, compreende-se que a organização escolar visa a fins que não são facilmente mensuráveis e identificáveis. Nesse sentido, administrar uma escola não se resume à aplicação dos métodos, das técnicas e dos princípios utilizados nas empresas, devido à sua especificidade e aos fins a serem alcançados. Nesse contexto, Paro (1996, p. 7) sinaliza que, se considerarmos que a administração implica a “utilização racional de recursos, para a realização de fins determinados”, a administração da escola “exige a permanente impregnação de seus fins pedagógicos na forma de alcançá-los”. As discussões acerca da administração educacional no Brasil são demarcadas, sobretudo, pelas concepções diferenciadas presentes nas correntes teóricas que tematizam a organização empresarial e a organização escolar, como também pelos http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 23 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 procedimentos a serem adotados na administração de ambas (OLIVEIRA; MORAES; DOURADO,2008). Uma corrente de estudiosos defende que os procedimentos administrativos a serem adotados na escola devem ser os mesmos adotados na empresa. Para esses teóricos, os problemas existentes na escola são decorrentes da administração, ou seja, da utilização adequada ou não das teorias e técnicas administrativas, ignorando, assim, seus determinantes econômicos e sociais e, particularmente, as especificidades das instituições educacionais. Outros entendem que a administração educacional traz, em si, especificidades que a diferencia da administração empresarial, devido à natureza (particularidades) do trabalho pedagógico e da instituição escolar (OLIVEIRA; MORAES; DOURADO, 2008). É preciso concordar com estes últimos estudiosos, pois os procedimentos adotados na escola não podem ser idênticos aos adotados na empresa, uma vez que administrar uma escola não se resume à aplicação de métodos e técnicas transpostos do sistema administrativo empresarial, que não têm como objetivos alcançar fins político pedagógicos. Nessa ótica, Paro (1996) indica que “a administração escolar é portadora de uma especificidade que a diferencia da administração especificamente capitalista, cujo objetivo é o lucro”. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 24 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 O quadro abaixo mostra as diferenças entre as funções da organização escolar e da organização empresarial, destacando os objetivos preconizados por estas. ORGANIZAÇÃO ESCOLAR ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 25 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 DEMOCRACIA E AUTONOMIA No material disponibilizado pelo Ministério da Educação que compôs o curso chamado “Escola de Gestores”, encontramos muitos tópicos específicos sobre a gestão escolar. Utilizamos deles o que acreditamos sintetizar o pensamento de uma escola que tem como base a gestão democrática e autônima. Os textos encontram- se no sítio http://escoladegestores.mec.gov.br/site/4-sala_politica_gestao_escolar e vale a pena conferi-los integramente. Não é fácil discutir o tema da democracia e autonomia na escola devido vários motivos. A conjuntura que viveu o país por muitas décadas nos colocou acostumados, acomodados e evidentemente, amedrontados, com um sistema rígido, frio e o coronelismo de tantos anos. Tínhamos uma estrutura em forma de pirâmide, às regras vinham de cima, a qualidade do ensino nesta ou naquela escola também era determinada previamente porinstâncias superiores, bem como os “diretores” eram escolhidos e recolhidos politicamente, dependendo do partido que ganhasse a eleição. Eleição direta na escola? Claro que não vale a generalização, mas ainda não estamos acostumados e nos esbarramos no passado quando é chegado o momento de disputar uma eleição. Apesar das lutas em prol da democratização da educação pública e de qualidade fazer parte das reivindicações de diversos segmentos da sociedade há algumas décadas, estas se intensificaram a partir da década de 1980, resultando na aprovação do princípio de gestão democrática na educação, na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB n. 9394 de 20 de dezembro de 1996, dando autonomia à unidade escolar para pensar seus projetos pedagógicos enquanto garantia constitucional. Segundo Oliveira, Moraes e Dourado (2008) vivemos um momento de progressiva autonomia. Em todos os aspectos, a autonomia faz parte da agenda de discussão de professores, gestores, pesquisadores, governos, partidos políticos, entre outros. Dentre estes, boa parte entende que a autonomia não é um valor absoluto. Isso significa dizer que somos autônomos em relação a alguns aspectos, mas podemos http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 26 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 não ser em relação a outros. Para um melhor entendimento, eles utilizam a escola como exemplo. Ao defender a autonomia da escola, estão defendendo que a comunidade escolar tenha liberdade para coletivamente pensar, discutir, planejar, construir e executar o seu projeto político-pedagógico, entendendo que neste está contido o projeto de educação e de escola que a comunidade almeja. No entanto, mesmo tendo essa autonomia, a escola está subordinada às normas gerais do sistema de ensino e às leis que o regulam, não podendo, portanto, desconsiderá-las. A autonomia, no entanto, não é dada ou decretada. Autonomia é uma construção que se dá nas lutas diárias que travamos com os nossos pares nos espaços em que atuamos. Por isso, a construção da autonomia, especialmente da autonomia escolar, requer muita luta, dedicação e dedicação daqueles que estão inseridos nos processos educativos. Sari e Luce (2000), ao discutir sobre a luta pela autonomia das instituições escolares, ressaltam que a autonomia da unidade escolar significa a possibilidade de construção coletiva de um projeto político-pedagógico que esteja de acordo com a realidade da escola, que expresse o projeto de educação almejado pela comunidade em consonância com as normas estabelecidas pelas políticas educacionais ou legislação em curso. Esse movimento pela maior autonomia das escolas corresponde, em parte, a uma demanda dos professores e das comunidades para que o projeto pedagógico, a estrutura interna e as regras de funcionamento da unidade escolar possam ser constituídos mais coletivamente e com maior identidade e responsabilidade institucional. Essa demanda encontra também respaldo na noção de sistema de ensino, que compreende os órgãos administrativos e normativos comuns e um conjunto de unidades escolares autônomas. (SARI, LUCE, 2000, p. 344). A importância dos limites e possibilidade da autonomia da escola passa necessariamente por quatro dimensões fundamentais da autonomia: a administrativa, a financeira, a jurídica e a pedagógica. • Autonomia Administrativa consiste na possibilidade de a escola elaborar e gerir seus planos, programas e projetos. A autonomia administrativa da http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 27 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 escola evita que esta seja submetida a uma administração na qual as decisões, a ela referente, sejam tomadas fora dela e por pessoas que não conhecem a sua realidade, contribuindo desse modo para que a comunidade escolar possa, por meio da vivência de um processo democrático e participativo, romper com a cultura centralizadora e pouco participativa em que têm sido elaborados os projetos e efetivadas as tomadas de decisões. • Autonomia Jurídica diz respeito à possibilidade de a escola elaborar suas normas e orientações escolares em consonância com as legislações educacionais, como, por exemplo, matrícula, transferência de alunos, admissão de professores, concessão de grau etc. A autonomia jurídica da escola possibilita que as normas de funcionamento desta sejam discutidas coletivamente e façam parte do regimento escolar elaborado pelos segmentos envolvidos na escola, e não de um regimento único, elaborado para todas as instituições que fazem parte da rede de ensino. • Autonomia Financeira refere-se à existência e à utilização de recursos financeiros capazes de dar à instituição educativa condição de funcionamento efetivo. A dimensão financeira da autonomia vincula-se à existência de ajuste de recursos financeiros para que a escola possa efetivar seus planos e projetos, podendo ser total ou parcial. É total quando à escola é dada a responsabilidade de administrar todos os recursos a ela repassados pelo poder público, e é parcial quando a escola tem a incumbência de administrar apenas parte dos recursos destinados, ficando o órgão central do sistema educativo com a responsabilidade pela gestão de pessoal e pelas despesas de capital. • Autonomia pedagógica da escola, por sua vez, está estreitamente ligada à identidade, à função social, à clientela, à organização curricular, à avaliação, bem como aos resultados e, portanto, à essência do projeto pedagógico da escola (VEIGA, 1998). Essa dimensão da autonomia refere-se à liberdade da escola, no conjunto das suas relações, definir sobre o ensino e a pesquisa, http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 28 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 tornando-se condição necessária para o trabalho de elaboração, desenvolvimento e avaliação do projeto político-pedagógico da escola. Sobre a descentralização administrativa, Souza (2001) pondera que embora seja característica integrante das reformas educacionais propostas pelos organismos multilaterais, prevê-se a autonomia da escola apenas em nível de execução. Isso significa dizer que o gerenciamento interfuncional, ou seja, “aquele que olha para frente e direciona as melhorias” (SOUZA, 2001, p.48) não deve ser descentralizado, o que exclui a escola de qualquer possibilidade de determinar a direção em que o navio vai navegar, indicando então que, no que diz respeito à gestão da qualidade total na educação, a descentralização administrativa se dá apenas nas tarefas secundárias. Para Bordeneve (1983, p. 74) a participação é uma vivência coletiva e não individual, de modo que somente se pode aprender na práxis grupal. Parece que só se aprende a participar, participando. Administração Autocrática é outro conceito que vale a pena lembrar e considerar, embora estejamos falando em autonomia. A administração autocrática centraliza todas as decisões em suas mãos e como resultado gera relações conflituosas no âmbito escolar, o que contribui para o insucesso dos alunos. Sem dúvida o diretor e sua equipe administrativa podem ter e têm uma enorme influência na eficácia da escola. O êxito escolar está ligado ao tipo de liderança que a escola possui. Quando na escola se observaque tudo está centrado apenas nas mãos de alguns poucos e que esses poucos não conseguem resolver os problemas educativos, sabe- se que o gestor está usando de seu poderio autoritário. Cabe ressaltar as palavras de Alonso (1985, p. 38) [...] o cargo de diretor de escolas representa a configuração da autoridade administrativa ao nível do microssistema. Ele se apresenta como o responsável geral pelo desenvolvimento das atividades escolares e, consequentemente, pelo adequado desempenho de um grupo de profissionais com relação ao alcance de um objetivo estabelecido. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 29 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 Porém, para a escola que adota a gestão participativa dita democrática, ele representa mais um membro do corpo escolar. A centralização do poder nas escolas ainda é um dos maiores entraves, justamente porque as pessoas que são detentoras das decisões, por insegurança ou por medo de perder espaço, dificultam a participação de outros nas decisões, limitando apenas aos seus aliados opinar. Participar significa que todos podem contribuir, com igualdade de oportunidade, nos processos de formação discursiva da vontade. Para alguns a participação é apenas um processo de colaboração de mão única e de obediências às decisões da direção escolar. Enfim, a democratização da escola, em especial dos seus processos decisórios, não ocorreria apenas pelo aumento da participação daqueles que já são atuantes por força de seus deveres profissionais, mas pela inclusão dos que ainda são postos de lado em função dos mais variados argumentos (MENDONÇA, 2000, p. 63). Como vimos anteriormente, a escola, enquanto instituição social é parte constituinte e constitutiva da sociedade na qual está inserida. Assim, estando a sociedade organizada sob o modo de produção capitalista, a escola enquanto instância dessa sociedade contribui tanto para manutenção desse modo de produção, como também para sua superação, tendo em vista que é constituída por relações sociais contraditórias. A possibilidade da construção de práticas administrativas na escola, voltadas para transformação social, reside exatamente nessa contradição existente no seu interior. Nesse sentido, a administração escolar é, atualmente, vista por alguns como mediação, ou seja, como elemento mediador entre os recursos diversos existentes na instituição escolar (humanos, financeiros, materiais, pedagógicos, entre outros) e a busca dos seus objetivos (a formação cidadã) (OLIVEIRA; MORAES; DOURADO, 2008). Vista por esse prisma, a administração configura-se como sinônimo de gestão que, numa concepção democrática, se efetiva mediante participação dos atores sociais http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 30 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 envolvidos na elaboração e construção dos projetos escolares, como também nos processos de tomada de decisão. Assim, essa concepção de administração escolar, voltada para transformação social, contrapõe-se à manutenção da centralização do poder na instituição escolar e nas demais organizações, primando, portanto, pela participação dos seus usuários, na gestão da escola e na luta pela superação da forma como a sociedade está organizada. Isso implica repensar a concepção de trabalho, as relações sociais estabelecidas no interior da escola, a forma como ela está organizada, a natureza e especificidade do trabalho pedagógico e da instituição escolar e as condições reais de trabalho nessa instituição (OLIVEIRA; MORAES; DOURADO, 2008). Segundo Paro (1999), o caráter mediador da administração manifesta-se de forma peculiar na gestão educacional, porque aí os fins a serem realizados relacionam-se à emancipação cultural de sujeitos históricos, para os quais a apreensão do saber se apresenta como elemento decisivo na construção de sua cidadania. Pois bem, os termos “administração da educação” ou “gestão da educação” têm sido utilizados na área educacional ora como sinônimos, ora como termos distintos. “Analisar a gestão da educação, seja ela desenvolvida na escola ou no sistema municipal de ensino, implica em refletir sobre as políticas de educação. Isto porque há uma ligação muito forte entre elas, pois a gestão transforma metas e objetivos educacionais em ações, dando concretude às direções traçadas pelas políticas” (Bordignon; Gracindo, 2004, p.147). A gestão, se entendida como processo político administrativo contextualizado, nos coloca diante do desafio de compreender tal processo na área educacional a partir dos conceitos de sistemas e gestão escolar. Pensar em gestão de sistema educacional implica ordenamento normativo e jurídico e a vinculação de instituições sociais por meio de diretrizes comuns. “A democratização dos sistemas de ensino e da escola implica aprendizado e vivência do exercício de participação e de tomadas de decisão. Trata-se de um processo a ser construído coletivamente, que considera a especificidade e a possibilidade histórica e cultural de cada sistema de ensino: municipal, distrital, estadual ou federal de cada escola” (BRASIL, 2004, p. 23). http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 31 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 Quanto à gestão da Escola Pública trata-se de uma maneira de organizar o seu funcionamento quanto aos aspectos políticos, administrativos, financeiros, tecnológicos, culturais, artísticos e pedagógicos, com a finalidade de dar transparência às suas ações e atos e possibilitar à comunidade escolar e local a aquisição de conhecimentos, saberes, ideias e sonhos num processo de aprender, inventar, criar, dialogar, construir, transformar e ensinar (BRASIL, 2006, p. p.22). Após discorrermos um pouco sobre gestões, autonomias, passado, podem chegar à gestão democrática, tão sonhada, desejada e defendida pela maioria dos atores envolvidos na área. Segundo Oliveira, Moraes e Dourado (2008) no âmbito educacional, a gestão democrática tem sido defendida como dinâmica a ser efetivada nas unidades escolares, visando garantir processos coletivos de participação e decisão. Tal discussão encontra respaldo na legislação educacional. Apesar da superficialidade com que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) trata da questão da gestão da educação, ao determinar os princípios que devem reger o ensino, indica que um deles é a gestão democrática. Mais adiante (art. 14), a referida lei define que os sistemas de ensino devem estabelecer normas para o desenvolvimento da gestão democrática nas escolas públicas de educação básica e que essas normas devem, primeiro, estar de acordo com as peculiaridades de cada sistema e, segundo, garantir a “participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola”, além da “participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes”. Nesse sentido, a gestão democrática da educação requer mais do que simples mudanças nas estruturas organizacionais; requer mudança de paradigmas que fundamentem a construção de uma Proposta Educacional e o desenvolvimento de uma gestão diferente da que hoje é vivenciada. Ela precisa estar para além dos padrões vigentes, comumente desenvolvidos pelas organizações burocráticas (OLIVEIRA; MORAES; DOURADO, 2008).Essa nova forma de administrar a educação constitui-se num fazer coletivo, permanentemente em processo. Processo que é mudança contínua e continuada. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 32 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 Mudança que está baseada nos paradigmas emergentes da nova sociedade do conhecimento, que, por sua vez, fundamentam a concepção de qualidade na educação e definem, também, a finalidade da escola (BORDIGNON; GRACINDO, 2004, p. 147). A construção da gestão democrática implica em luta pela garantia da autonomia da unidade escolar, participação efetiva nos processos de tomada de decisão, incluindo a implementação de processos colegiados nas escolas, e, ainda, financiamento pelo poder público, além da participação da comunidade escolar, dos pais, professores, estudantes e funcionários na organização, na construção e avaliação dos projetos pedagógicos, na administração dos recursos da escola, enfim, nos processos decisórios da escola. Nesse sentido, está posto na proposta de Plano Nacional de Educação (Lei n. 10172/01) da Sociedade Brasileira que “a gestão deve estar inserida no processo de relação da instituição educacional com a sociedade, de tal forma a possibilitar aos seus agentes a utilização de mecanismos de construção e de conquista da qualidade social na educação”. A gestão democrática e autônoma não é utopia, não é mais sonho, ela é possibilidade de melhoria na qualidade pedagógica do processo educacional das escolas, na construção de um currículo pautado na realidade local, na maior integração entre todos agentes envolvidos dentro da escola e no apoio efetivo da comunidade às escolas, como participante ativa e sujeito do processo de desenvolvimento do trabalho escolar. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 33 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO O Plano Nacional de Educação surge no contexto de um processo histórico de planejamento e organização. O documento aprovado pela Lei nº 10.172/2001 (que estabelece o PNE) não é resultado de uma decisão isolada de alguma autoridade, de um grupo de pessoas ou de forças políticas ou educacionais mobilizadas há poucos anos, que se queira impor a toda a Nação. Ele tem uma longa história. Situá-lo nessa perspectiva histórica é condição para compreender a sua dimensão político- educacional e avaliar o significado dos próximos passos (BRASIL, 2001). De acordo com Silva (2008) o Plano Nacional tem características relevantes que repercutem na concepção e no desenho operacional dos planos estaduais e municipais: 1) Trata-se de um plano nacional e não de um plano da União. Os objetivos e metas nele fixados são objetivos e metas da Nação brasileira. Cada Estado, o Distrito Federal e cada Município estão ali dentro como parte constitutiva. São as crianças, os jovens e os adultos de seus respectivos territórios os destinatários do esforço educacional proposto. Os recursos que serão envolvidos para alcançar tais propósitos são, também, de todos os entes federados; 2) É um plano de Estado, não um plano de governo. Ele transcende pelo menos dois períodos governamentais. É a sociedade toda a herdeira de suas ações e suas metas, a proprietária dos seus compromissos. Mesmo mudando o governo e alternando- se os partidos políticos no poder, o plano continua, porque ele vem responder a um ditame superior, constitucional e legal. Ajustes são feitos ao longo do período, até mesmo para atender a formas distintas de ver o encaminhamento de certas questões pelos diferentes governos que assumem o poder, mas a essência do plano deve manter-se; 3) É um plano global, de toda a educação, não um plano da Secretaria de Educação nem da rede de ensino estadual ou municipal. Por isso, é essencial a articulação dos diversos setores da administração pública e da sociedade na sua http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 34 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 discussão e elaboração, conduzindo a uma ação abrangente das diversas forças governamentais e sociais para alcançar o ideal nele proposto. 4) O fato de ter sido aprovado por lei, porque assim a Constituição o determinou (art. 214), deve assegurar-lhe maior força e garantia de execução. De uma parte, porque o Poder Legislativo é a instância do debate democrático da sociedade e das decisões votadas pelos representantes do povo; de outra, porque a lei obriga. Seguramente o Secretário de Educação, a Associação ou o Sindicato dos Profissionais da Educação, uma Organização Não Governamental (ONG) ou as escolas podem usar esse argumento em defesa de diretrizes, de objetivos e de metas do Plano contra eventuais opositores que pretendam dificultar sua execução. A Lei n° 10.172/2001 não estabelece sanções (em nada se assemelha a uma lei com penalidades), a não ser naquilo que a própria Constituição e a lei já determinaram como sancionáveis. É, antes, uma lei de compromisso, a opção ética por um ideal de educação para o País, o pacto político e técnico por metas necessárias (SILVA, 2008). Da mesma forma que o Plano Nacional, os estaduais e municipais terão como primeira referência para a fixação de seus objetivos aqueles estabelecidos pela Constituição Federal, em seu art. 214: erradicação do analfabetismo, universalização do atendimento escolar, melhoria da qualidade do ensino, formação para o trabalho e promoção humanística, científica e tecnológica do País (BRASIL, 2001). Os objetivos do PNE são: 1. Elevação global da escolaridade da população; 2. Melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; 3. Redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública; e 4. Democratização da gestão do ensino público (BRASIL, 2001). http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 35 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 Dentro desses objetivos, o PNE especificou cinco prioridades: 1. Garantia do ensino fundamental obrigatório de oito anos a todas as crianças de 7 a 14 anos, assegurando sua conclusão; 2. Garantia do ensino fundamental a todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria ou que não o concluíram, aí incluída a erradicação do analfabetismo; 3. Ampliação do atendimento nos demais níveis; 4. Valorização dos profissionais da educação; e 5. Desenvolvimento de sistema de informação e avaliação em todos os níveis de ensino e modalidades de educação (BRASIL, 2001). http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 36 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA ESCOLA O Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE-Escola) é uma ferramenta gerencial que auxilia a escola a realizar melhor o seu trabalho: focalizar sua energia, assegurar que sua equipe trabalhe para atingir os mesmos objetivos,avaliar e adequar sua direção em resposta a um ambiente em constante mudança (BRASIL, 2009). É considerado um processo de planejamento estratégico desenvolvido pela escola para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem. O PDE-Escola constitui um esforço disciplinado da escola para produzir decisões e ações fundamentais que moldam e guia o que ela é, o que faz e por que assim o faz, com um foco no futuro. O público-alvo do PDE-Escola são as escolas públicas, sendo uma prioridade de atendimento do MEC para assistência técnica e financeira: • Escolas públicas municipais e estaduais, consideradas prioritárias com base no IDEB de 2005: IDEB até 2,7 para anos iniciais e até 2,8 para anos finais; • Escolas públicas municipais e estaduais, consideradas prioritárias com base no IDEB de 2007: IDEB até 3,0 para anos iniciais e até 2,8 para anos finais; • Escolas públicas municipais e estaduais não prioritárias, porém com IDEB de 2007 abaixo da média nacional: IDEB abaixo de 4,2 para anos iniciais e abaixo de 3,8 para anos finais (BRASIL, 2009). O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) foi criado pelo INEP em 2007 e representa a iniciativa pioneira de reunir num só indicador, dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: fluxo escolar e médias de desempenho nas avaliações do INEP. Ele agrega ao enfoque pedagógico dos resultados das avaliações em larga escala do INEP a possibilidade de resultados sintéticos, facilmente assimiláveis, e que permitem traçar metas de qualidade educacional para os sistemas. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 37 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 O indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e médias de desempenho nas avaliações do INEP, do SAEB – para as unidades da federação e para o país, e a Prova Brasil – para os municípios (BRASIL, 2009). A Prova Brasil foi criada em 2005, ano em que foi aplicada a sua primeira edição, e em 2007 houve nova aplicação. Ela avalia as habilidades em Língua Portuguesa (foco em leitura) e Matemática (foco na resolução de problemas) dos alunos das escolas públicas localizadas em área urbana que cursavam a 4ª e a 8ª séries (ou 5º e 9º anos respectivamente) do Ensino Fundamental (BRASIL, 2009). Como resultado, fornece as médias de desempenho para o Brasil, regiões e unidades da Federação, para cada um dos municípios e das escolas participantes (BRASIL, 2009). Em alguns estados como São Paulo, o PDE é chamado de Plano de Gestão Escolar (Plano Político-pedagógico de Gestão Escolar) e considerado um instrumento de trabalho dinâmico e flexível que operacionaliza as medidas previstas de forma genérica no Regimento; propõe ações para a execução da Proposta Pedagógica da escola em um determinado período letivo e norteia o gerenciamento das ações escolares (CONTEÚDO ESCOLA, 2004). No Plano de Gestão a escola apresenta sua proposta de trabalho, ressaltando seus principais problemas e os objetivos a alcançar. Relaciona as ações específicas que pretende desenvolver, com vistas a solucionar os problemas ou a fornecer os aspectos positivos que tem a favor. Explicita, também, como, por quem e quando as ações serão realizadas, bem como os critérios para acompanhamento, controle e avaliação do trabalho desenvolvido. O Plano de Gestão deve conter, no mínimo: 1. Identificação e caracterização da unidade escolar, de sua clientela, seus recursos físicos, materiais e humanos. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 38 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 2. Caracterização da comunidade e sua disponibilidade de recursos. 3. Objetivos da escola - gerais e específicos. 4. Definição de metas (a curto, médio e longo prazo) a serem atingidas e ações a serem desencadeadas. 5. Planos dos cursos mantidos pela escola. 6. Composição dos diferentes núcleos de trabalho que compõem a escola: Direção, Coordenação, Docentes, Administração e Serviços de Apoio. 7. Planos de trabalho dos diferentes núcleos a organização técnico- administrativa da escola. 8. Projetos curriculares e atividades de enriquecimento cultural. 9. Projetos extracurriculares. 10. Critérios de acompanhamento, controle e avaliação do trabalho realizado pelos diferentes componentes do processo educativo. Não é necessário aderir ao PDE-Escola e sim ao Compromisso Todos pela Educação. Caso alguma escola não queira participar do Programa, ela deverá encaminhar um ofício assinado pelo(a) Diretor(a) a sua Secretaria, e esta deverá encaminhar ao MEC (BRASIL, 2009). Caso algum Município ou Estado não queira participar do programa, o(a) Prefeito(a), no caso de Município, ou o(a) Secretário(a) Estadual de Educação, no caso do Estado, deverá enviar um ofício ao MEC (BRASIL, 2009). O PDE-Escola é aprovado pelo Comitê Estratégico, constituído no âmbito: • Municipal: por um grupo de técnicos da Secretaria Municipal dentre os responsáveis pelo monitoramento das escolas municipais, com conhecimento na Metodologia do PDE-Escola. • Estadual: por um grupo de técnicos da Secretaria Estadual dentre os responsáveis pelo monitoramento das escolas estaduais, com conhecimento na Metodologia do PDE-Escola. http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 39 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 • O MEC valida o plano no âmbito financeiro, verificando a composição dos itens de capital e de custeio (BRASIL, 2009). http://www.institutoipb.com.br/ mailto:atendimento@institutoipb.com.br IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro A Administração Escolar no Trabalho da Construção da Escola Ideal 40 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 2555-5006 REGIMENTO ESCOLAR Toda organização deve possuir um conjunto de normas e regras que regulem a sua atividade, impondo limites, estabelecendo direitos e deveres. Isso funciona com Estado (Constituição), com organizações diversas (estatutos), com empresas (contrato Social) e também funciona com estabelecimentos escolares. No caso de escolas, denomina-se Regimento Escolar ao documento, discutido e aprovado pelos seus participantes, ou seja, o Colegiado Escolar, e que reúne as “Normas Regimentais Básicas” descrevendo as regras de funcionamento da instituição e para a convivência das pessoas que nela atuam (CONTEÚDO ESCOLA, 2004). O Regimento Escolar, enquanto documento administrativo e normativo fundamenta- se nos propósitos, princípios e diretrizes definidos na Proposta Pedagógica da escola, na legislação geral do país (LDB n. 9394/96 e deliberação n.10/97 e, especificamente, na legislação educacional. Por ter caráter de documento legal, sua vigência (ou modificação) só passam a valer, como muitas leis comuns, a partir do primeiro dia do ano seguinte à sua elaboração ou modificação (CONTEÚDO ESCOLA, 2004). A modificação do Regimento Escolar deve obedecer às mesmas normas que a modificação da legislação comum, não se podendo, simplesmente, suprimir ou anexar novo texto, sem observar expressamente o que foi substituído, suprimido ou acrescido. No Estado de São