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trabalho direito constitucional II


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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
CAMPUS DE NOVA XAVANTINA
NÚCLEO PEDAGÓGICO DE ÁGUA BOA
CURSO DE DIREITO
Professor: DOUGLAS SANTOS
Aluno: FABIANO RUBIM DA SILVEIRA
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
ÁGUA BOA – MT
2021
1- Das espécies de Inconstitucionalidade – Vício Formal x Vício Material:
Neste caso, ambas derivam da chamada Inconstitucionalidade por ação, sendo no caso o vício formal constante em sua forma, pois em seu processo de formação ou elaboração, foi realizado por autoridade incompetente. 
Os desdobramentos que podem ocorrer são: 
a- Inconstitucionalidade formal orgânica: na qual o vício encontra-se na competência legislativa para a elaboração do ato;
b- Inconstitucionalidade formal propriamente dita: o vício vai além da autoridade incompetente, está no procedimento de elaboração da norma, seja em sua fase inicial ou final;
c- Violação de pressupostos objetivos do ato: é a falta dos pressupostos necessários para a criação de uma norma.
No caso do vício material, este encontra-se na matéria/conteúdo da norma, por exemplo, o caso de edição de norma que contrarie a Constituição. Neste caso, não interessa o processo de elaboração, e sim o que, ou ao que ela diz respeito.
2- Das espécies de controle de constitucionalidade:
O sistema brasileiro de controle de constitucionalidade apresenta-se com três espécies de controle judicial: controle difuso ou incidental; ação direta de constitucionalidade e de inconstitucionalidade; e ação direta interventiva.
	Controle difuso ou incidental – Constituição Federal – art. 102, III, b, c (Exceção de Inconstitucionalidade) a) órgão julgador: qualquer Juiz ou Tribunal e o STF para efeito de suspensão da eficácia da norma; b) instrumento e legitimação: em qualquer processo, por qualquer das partes; c) pedido incidente: declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal, estadual e municipal, em face da Constituição Federal; d) efeito imediato e específico: não aplicação da norma inconstitucional à espécie; e) efeito mediato e abstrato: decorrente de ato posterior de suspensão de execução da norma pelo Senado Federal (art. 52, X), após decisão definitiva de inconstitucionalidade pelo STF. 
Controle direto amplo – Constituição Federal – art. 103 (ação direta de inconstitucionalidade – Adin) a) órgão julgador: Supremo Tribunal Federal – STF; b) instrumento e legitimação: por representação do Presidente da República; das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal; da Mesa de Assembleia Legislativa; dos Governadores de Estado; o Procurador-Geral da República; do Conselho Federal da OAB; dos partidos políticos com representação no Congresso Nacional e de confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional; c) objeto ou pedido principal: declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual (Constituição Estadual, lei ou decreto federal ou estadual, etc.); d) efeito imediato e específico: I) ineficácia imediata da norma julgada inconstitucional, independente da manifestação do Senado Federal; II) comunicação ao Poder ou órgão responsável; III) intervenção federal por desobediência à ordem ou decisão judicial (art. 34, VI); e) efeito mediato e abstrato: após decisão definitiva de inconstitucionalidade pelo STF, o Senado Federal, por meio de decreto legislativo, afasta do ordenamento jurídico o ato impugnado (art. 52, X), ataca, portanto, a existência e a validade da norma. 
Controle direto geral – Constituição Federal – art. 102, I, a, § 2º –(ação declaratória de constitucionalidade) a) órgão julgador: Supremo Tribunal Federal – STF; b) instrumento e legitimação: por representação do Presidente da República; das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou pelo Procurador-Geral da República (art. 103, § 4º); 6 COSTA, Dilvanir José da. O controle constitucional e a autonomia dos Estados federados. Revista de Informação Legislativa, Brasília, n. 83, p. 218-219. 34 Revista de Informação Legislativa c) objeto ou pedido principal: declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal (lei complementar, ordinária, decreto, portaria, etc.); d) efeitos: I) efeito vinculante a todos os Juízes e Tribunais e Poder Executivo; II) eficiência imediata da norma julgada constitucional; III) comunicação ao órgão responsável. 
Controle direto interventivo restrito – Constituição Federal – art. 36 (ação direta interventiva federal): a) órgão julgador: Supremo Tribunal Federal – STF; b) instrumento e legitimação: representação por vários entes (Poderes e órgãos), conforme o caso concreto (art. 36); c) objeto ou pedido principal: declaração de inconstitucionalidade da lei ou ato normativo estadual, com pedido de intervenção federal nos Estados para exigir a observância dos princípios constitucionais, para os fins do art. 34, VII, da Constituição Federal; d) efeitos imediatos: I) comunicação à autoridade interessada; II) comunicação ao Presidente da República para que suspenda o ato impugado por decreto e proceda à intervenção federal (art. 84, X); e) Efeito mediato: cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal (art. 36, § 4º). 
Controle direto interventivo estadual – Constituição Federal – art. 35, IV (ação direta interventiva estadual) a) órgão julgador: Tribunal de Justiça do Estado; b) instrumento e legitimação: representação do Chefe do Ministério Público Estadual (art. 129, IV, da Constituição Federal); c) objeto ou pedido principal: declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo municipal, para fins de intervenção estadual no Município, para exigir a observância dos princípios constitucionais estaduais; d) efeito imediato: I) comunicação à autoridade municipal; II) comunicação ao Governador do Estado para que suspenda o ato impugnado por decreto; III) nomeação do interventor no Município para prover a execução de lei de ordem ou de decisão judicial; e) efeito mediato: cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal (art. 36, § 4º, CF).
3- Dos Sistemas e Vias de Controle Judicial:
O controle de constitucionalidade será DIFUSO ou CONCENTRADO. Sob o ponto de vista formal, poderão ser via incidental (suscitada a inconstitucionalidade como prejudicial) ou via principal (aqui, a análise da constitucionalidade da lei, será o objeto da ação).
Do controle Difuso:
Será DIFUSO o controle, pela via de exceção ou defesa, possibilitando a análise em um caso concreto por qualquer juiz ou tribunal, tendo origem no famoso caso americano “Marbury x Madison”, podendo o judiciário deixar de aplicar a lei por entende-la inconstitucional, acentuando a supremacia da Constituição frente às demais leis e atos normativos.
Quando este controle difuso for realizado por juízo de primeiro grau (monocrático), da sentença proferida, cabe recurso de apelação ao tribunal, no prazo de 15 (quinze) dias úteis – art. 219 CPC – neste caso, quando o controle de constitucionalidade for apreciado pela segunda instância, será necessário observar a cláusula de reserva de plenário, também conhecida como “full bench”, que dá maior simbolismo à declaração de inconstitucionalidade, disposta no artigo 97 da Constituição Federal. 
Cabível ainda salientar que os efeitos da decisão declaratória de inconstitucionalidade, será em regra, inter partes e “ex tunc” (desde a origem), embora o STF no RE 197.917, já tenha proferido entendimento no sentido de ser possível a modulação dos efeitos no controle difuso, aplicando excepcionalmente efeitos “ex nunc” ou “pro futuro”.
Por fim, ainda sobre o controle difuso, salienta-se que, em sede de ação civil pública, a questão de controle de constitucionalidade não poderá ser objeto principal da ação. Ou seja, não se pode ajuizar uma ação civil pública com o intuito de ter declarada ou não a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo. Dessa forma, o controle deverá ser arguido em questão prejudicial de forma incidental, uma vez queas decisões proferidas em ação civil pública tem, em regra, efeito erga omnes e, desta feita, sendo possível a declaração de inconstitucionalidade como objeto principal, ocasionaria a usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal.
Do controle Concentrado:
O controle concentrado é o controle abstrato, “concentrado” em um único tribunal (STF), que busca examinar a constitucionalidade de uma lei ou ato normativo em tese. Não há um caso concreto aqui.
4- Das ações do Controle Concentrado:
ADI (ação direta de inconstitucionalidade – art. 102, inciso I, alínea “a” da CF/88), espécie de controle concentrado no STF que visa declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual que contraria a CF/88 (não se aplica a lei ou ato normativo municipal). Os legitimados a propor a ação em comento estão descriminados em rol taxativo no art. 103 da CF/88.
ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental – art. 102, §1º da CF/88), introduzida pela EC n. 03/93, com procedimento regulamentado pela lei 9.882/99, representa uma das formas de exercício do controle concentrado de constitucionalidade e tem como principal objetivo, assim como todas as ações de controle de constitucionalidade, a prevalência da rigidez constitucional e a segurança jurídica. O objeto da ADPF são os atos do Poder Público, que violem ou ameacem violar preceito fundamental (art. 1º, caput, da Lei 9.882/99). São legitimados a propor ADPF os mesmo legitimados a propor a ADI genérica, relacionados no art. 103, incisos de I a IX, da Constituição, observada a pertinência temática quando for o caso.
ADO (ação direta de inconstitucionalidade por omissão – art. 103,§2º da CF/88), instrumento efetivo de controle concentrado, a ADO, inovação da CF/88, visa combater a inefetividade de normas constitucionais de eficácia limitada. Desta forma, codifica o artigo mencionado: “Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias”. Possui os mesmos legitimados das ações anteriormente elencadas, ou seja, o rol está previsto no artigo 103 da CF/88.
ADI interventiva (art. 36, inciso III da CF/88) apresenta como um dos pressupostos para que haja decretação de intervenção federal ou estadual nos termos da Carta Magna, art. 34. Codifica o artigo 18 da CF/88 que a organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos da Constituição. Apesar de serem autônomos, os entes da Federação têm que obedecer aos princípios e regras da CF/88 a fim de manter o equilíbrio federativo. Neste sentido, se houver risco à manutenção do equilíbrio federativo, é possível a utilização da intervenção codificada no artigo 34, e, para a utilização deste mecanismo, necessária a ADI interventiva com a finalidade de proteger a estrutura constitucional federativa contra atos irregulares de unidades federadas. A legitimidade ativa, neste caso, será do Procurador Geral da República. Julgada procedente a ação, o STF requisitará que o Presidente da República decrete a intervenção.
Por fim, a ADC ou ADECON (ação declaratória de constitucionalidade – art. 102, inciso I, alínea “a” da CF/88), busca-se através dessa ação, a declaração de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal uma vez que a presunção de constitucionalidade é relativa. Buscando, desta forma, uma presunção de constitucionalidade absoluta. Segundo Pedro Lenza: “Em síntese, a ADECON busca afastar o nefasto quadro de insegurança jurídica ou incerteza sobre a validade ou aplicação de lei ou ato normativo federal, preservando a ordem jurídica constitucional”.[8] Os legitimados, após a EC nº. 45/2004, passaram a ser os mesmos da ADI ou seja, os codificados no art. 103 da CF/88.
Em suma, no controle concentrado, não há que se observar qualquer interesse subjetivo, haja vista não haver partes envolvidas no processo, nem tampouco um caso concreto onde o controle se faria de modo incidental. Neste sentido, ao contrário do controle difuso, o controle concentrado abstrato possui natureza objetiva.

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