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Metrologia Aula 4 Professor Roberto Candido Pansonato Conversa Inicial Olá! Seja bem-vindo à quarta aula da disciplina “Metrologia”! Estudamos em aulas anteriores que a necessidade de se comercializar determinados produtos forçou a criação de unidades de medida para grandezas de comprimento, massa, volume etc. Ficou evidente que utilizar unidades baseadas em padrões humanos não seria algo em que se pudesse confiar, no entanto era o que se tinha naquela época. A partir da Revolução Francesa foi criado o Sistema Internacional (SI), baseado no Sistema Métrico Decimal, que é utilizado em grande parte do mundo (alguns países não adotaram oficialmente este sistema). Quando se diz “unidade de medida”, não se deve entender apenas como unidades de comprimento, que é o assunto tratado pela metrologia mecânica, mais especificamente a metrologia dimensional. Unidades de base para grandezas como corrente elétrica (ampère) e unidades derivadas para grandezas como frequência (hertz) são de grande importância para o desenvolvimento técnico das organizações e do objetivo de estudo dentro da metrologia, porém nossos estudos terão como base a metrologia mecânica, com ênfase na metrologia dimensional. A metrologia dimensional trata de todas as medições de comprimentos lineares e ângulos e possui uma presença muito importante em todas as atividades técnicas realizadas na área de mecânica. Falando em sistemas de unidades, por mais que tenhamos aqui no Brasil a adoção do Sistema Métrico Decimal, é possível se ver com frequência a utilização do Sistema Inglês. Muitos produtos e muitas máquinas foram tradicionalmente produzidos com base nas medidas inglesas. Não é só nas indústrias que encontramos esta unidade. Afinal, você compra uma TV de 32” ou de 81,28 cm? Por aí vai: barcos de 16 pés, ferros de construção de ¼”, pressão dos pneus em libras (libra-força por polegada quadrada) etc. Sem contar com as próprias transformações de unidades dentro do Sistema Métrico Decimal (de decímetro para milímetro, de milésimo de milímetro para milímetro etc.). Tudo isto gera uma grande “confusão”, que vamos desvendar nesta aula. Confira no vídeo disponível no material on-line os comentários iniciais do professor Roberto. Contextualizando Problematização A CKT Peças Técnicas Ltda. é uma empresa distribuidora de peças técnicas especiais para indústrias automotivas e de telecomunicações. O trabalho da CKT consiste em importar peças de alta complexidade técnica (na maioria das vezes peças com tolerâncias dimensionais bem apertadas), fazer a inspeção delas no recebimento, gerar um relatório dimensional, estocar e disponibilizar para os clientes. Via de regra, o trabalho da CKT tem satisfeito seus clientes, pois eles adquirem as peças e utilizam-nas diretamente na montagem de outros conjuntos, sem se preocupar em inspecioná-las. Essa confiança foi conquistada devido à excelência dos serviços de medição das peças através de um ótimo corpo técnico: equipamentos de medição confiáveis e técnicos bem preparados para o serviço. O funcionamento regular desta empresa é de segunda a sexta-feira das 8:00 às 18:00, tendo obviamente folgas aos sábados e domingos. Raramente ocorre alguma entrega aos sábados, quando isso ocorre, é solicitado o serviço de plantão de um técnico. Em um desses raros casos de entrega em um sábado, foi solicitado o trabalho de um técnico, no entanto devido à sua indisponibilidade em comparecer à empresa, foi sugerido que um determinado funcionário, que estava aspirando uma vaga no setor de recebimento técnico, fizesse este serviço, afinal Valdo, este era o nome dele, confirmou ter conhecimentos em medições. Era a chance que ele esperava. Ele não poderia falhar, pois as peças que chegariam no sábado seriam enviadas aos clientes na segunda-feira pela manhã. No sábado por volta das nove horas, uma caminhonete descarregou as peças na área de recebimento. Valdo conferiu as quantidades, assinou o canhoto na nota fiscal e liberou o motorista. Agora a bola estava com ele: era só verificar as cotas críticas e suas respectivas tolerâncias, efetuar a medição e preencher o formulário eletrônico. Quando ele começa a verificar a documentação, vem a primeira sensação do tipo “o que eu estou fazendo aqui?”. Como as peças tinham origem nos mais diversos países, os valores dimensionais estavam nos mais diversos sistemas. Para resumir a conversa, serão mostrados na página seguinte dois dos vários itens que causaram uma tremenda dor de cabeça em Valdo. Vejam os detalhes abaixo: Item Descrição Número do desenho Dimensão crítica Tolerância 1 Suporte do acionador B- 32450/002 1 3/8” ± 0.00395” 2 Limitador móvel 10788- 42/01 0,32 dm ± 20µ Imagine que não eram apenas esses dois itens. Na verdade, iguais a esses tinham em torno de trinta para serem inspecionados, aprovados, registrados e liberados para o cliente. Outro agravante é que o sistema de registro eletrônico deveria ser preenchido em milímetros e suas subdivisões, fator que permitia a aprovação ou reprovação, em função dos dados das dimensões das peças, das tolerâncias e dos resultados obtidos nas medições. Que grande confusão que o nosso amigo entrou! Vamos tentar ajudá-lo a padronizar os dados para registro. Seguem abaixo algumas alternativas de como Valdo poderia resolver este problema: I. Item 1: 38 mm ± 0,04 mm; II. Item 2: 320 mm ± 0,2 mm; III. Item 1: 34,925 mm ± 0,1 mm; IV. Item 2: 32 mm ± 0,02 mm a. Somente a alternativa I está correta; b. As alternativas I e II estão corretas; c. As alternativas III e IV estão corretas; d. As alternativas I e IV estão corretas; e. Somente a alternativa III está correta. Veja a seguir o comentário do professor Roberto a respeito da questão lançada: A alternativa correta para o preenchimento do relatório eletrônico deve estar conforme dados grifados na tabela abaixo: Item Descrição Número do desenho Dimensão crítica Tolerância 1 Suporte do acionador B-32450/002 34,925 ± 0,1 mm 2 Limitador móvel 10788-42/01 32 mm ± 0,02 mm Conclusão: o conhecimento em metrologia, especificamente em unidades de medição, teria ajudado Valdo a resolver esses problemas. A propósito, para não se comprometer, Valdo ligou para um antigo colega de trabalho que se dispôs (ainda bem) a ir até a empresa para ajudá-lo. Na segunda-feira pela manhã as peças foram entregues ao cliente sem nenhum problema. Confira no vídeo disponível no material on-line os comentários do professor Roberto a respeito da problematização lançada. Tema 1 - Unidades do Sistema Internacional (SI) Como mencionado anteriormente, o sistema de medidas adotado pelo Brasil é o Sistema Internacional de Unidades (SI). Portanto, nossos estudos serão baseados neste sistema, embora informações sobre o Sistema Inglês sejam mencionadas em alguns momentos devido à importância e à influência no cotidiano do cidadão comum e nas organizações de um modo geral. O SI, que recebeu esse nome em 1960, teve como propósito de sua criação a necessidade de um sistema prático mundialmente aceito nas relações internacionais, no ensino e no trabalho científico, sendo, naturalmente, um sistema que evolui de forma contínua para refletir as melhores práticas de medição que são aperfeiçoadas com o decorrer do tempo O SistemaInternacional de Unidades (SI) é um sistema utilizado para realizar medidas padronizadas, adotando-se uma unidade para cada grandeza física. Essas unidades são definidas pelo Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), para grandezas de uso mais comum. Para compreendermos melhor do que se trata a sigla BIPM, vamos voltar um pouco na história. Conforme o Inmetro, o Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM) foi criado pela Convenção do Metro, assinada em Paris, em 20 de maio de 1875 por 17 Estados, por ocasião da última sessão da Conferência Diplomática do Metro, a qual foi modificada em 1921. O BIPM tem sua sede perto de Paris, nos domínios do Pavilhão de Breteuil (com área de 43.520 m2), no Parque de Saint-Cloud, posto à sua disposição pelo Governo francês. Sua manutenção, no que se refere às despesas, é assegurada pelos 51 Estados Membros da Convenção do Metro (2005). O BIPM tem como responsabilidades: Estabelecer os padrões de grandezas fundamentais e as escalas das principais grandezas físicas e conservar os padrões internacionais; Efetuar a comparação de padrões nacionais e internacionais; Assegurar a coordenação das técnicas de medição correspondentes; Efetuar e coordenar as determinações relativas às constantes físicas que intervêm nas atividades supracitadas (condições de temperatura, umidade etc.). Ainda de acordo com o Inmetro, as atividades do BIPM eram limitadas, inicialmente, às medidas de comprimento e de massa e aos estudos metrológicos relacionados com essas grandezas. Posteriormente, foram estendidas aos padrões de medidas elétricas (1927), fotométricas e radiométricas (1937), radiações ionizantes (1960), escalas de tempo (1988) e à química (2000). Para este fim, os laboratórios originais, construídos em 1876-78, foram ampliados em 1929. Novos edifícios foram construídos em 1963-64 para os laboratórios da Seção de Radiações Ionizantes; em 1984, para os trabalhos sobre lasers e, em 1988, para biblioteca e escritórios. Em 2001, foi inaugurado um novo prédio para oficina, escritórios e salas de reunião. Agora que conhecemos um pouco da história e das funções do SI e do BIPM, vamos ver quais as vantagens de se ter um único sistema de unidades: As relações internacionais são extremamente facilitadas quando não é necessário converter unidades, cujas relações nem sempre são bem definidas ou únicas. Entraves diplomáticos são evitados nas transações comerciais. No item “Problematização” desta aula, houve a necessidade de se converter unidades do Sistema Inglês para o Sistema Métrico Decimal. Do ponto de vista tecnológico, tornam-se possíveis produtos globalizados. Como já mencionado, partes produzidas em diferentes países podem ser combinadas para formar um sistema complexo sem problemas de compatibilidade. Torna-se muito mais fácil e eficaz a especificação das características das partes. Evitam-se as incompatibilidades entre sistemas de unidades, como parafusos de roscas métricas e porcas de rosca no sistema inglês (whitworth, por exemplo) não tem equivalência. O esforço para manter e administrar estoque e ferramentas de trabalho é significativamente reduzido. Devido à coerência com que as unidades do Sistema Internacional são definidas, as equações que descrevem fenômenos físicos são simplificadas. A adoção do Sistema Internacional de Unidades por um país é vista nos dias de hoje como demonstração de maturidade técnico-científica, portanto deve-se gradativamente renunciar aos sistemas já superados. Três classes de unidades estão presentes no Sistema Internacional de Unidades: as unidades de base, as unidades derivadas e as unidades suplementares. No conjunto, as unidades formam um sistema coerente. Cada grandeza tem apenas uma única unidade, obtida a partir da multiplicação ou divisão das unidades de base ou das unidades suplementares. Segue abaixo um quadro com alguns exemplos de unidades de medidas adotadas pelo SI: Fonte: Adaptado de Juran; Gryna, 1992. As unidades fundamentais são denominadas unidades de base e são definidas de forma clara e universal, permitindo a sua reprodução com excelente exatidão. O valor de cada unidade tem-se mantido constante, mas algumas delas podem sofrer alterações à medida que a metrologia científica (estudada em aulas anteriores) avança e traz novas possibilidades de formular definições mais precisas e melhores formas de realizar as unidades. Clicando no botão a seguir, você confere as sete unidades de base com suas definições e simbologia: Fonte: adaptado de Albertazzi e Sousa, p. 22, 2008. Para mais informações sobre o Sistema Internacional, confira no material on-line a videoaula do professor Roberto. GRANDEZA DEFINIÇÃO SÍMBOLO Massa O quilograma é a unidade de massa igual à massa do protótipo internacional do quilograma. kg Temperatura Termodinâmica O kelvin é a fração 1/(273,16) da temperatura termodinâmica do ponto tríplice da água. K Intensidade de Corrente Elétrica A Intensidade Luminosa cd mol O metro é o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo, durante o intervalo de tempo de 1/(299.792.458) de segundo. O segundo é a duração de 9.192.631.770 períodos da radiação correspondente à transição entre dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133. s O ampère é a intensidade de uma corrente elétrica constante que, mantida entre dois condutores paralelos, retilíneos, de comprimento infinito, de seção circular desprezível e situados à distância de 1 metro entre si, no vácuo, produz entre estes condutores uma força igual a 2x10-7 newton por metro de comprimento. A candela é a intensidade luminosa, numa direção dada, de uma fonte que emite uma radiação monocromática de freqüência 540x1012 hertz e cuja intensidade energética naquela direção é de 1/683 watt por esterradiano. Quantidade de Matéria O mol é a quantidade de matéria de um sistema contendo tantas entidades elementares quanto átomos existem em 0,012 kg de carbono 12. Comprimento m Tempo Tema 2 - Padrões de medida (SI) Segue abaixo definições sobre alguns dos principais padrões utilizados na área de sistemas de medição e metrologia. a. Metro padrão Refere-se à unidade de comprimento adotada internacionalmente até 1960. Corresponde à distância entre duas linhas paralelas existentes em um protótipo de platina iridiada, depositada em Paris, na temperatura de 0 ºC e em condições perfeitamente definidas. Essa situação foi alterada em 1983, de acordo com decisão da XVIII Conferência Geral de Pesos e Medidas, e recomendada no Brasil pelo Inmetro. O metro está fundamentado na velocidade da luz e, conforme resolução n. 3/1984, é definido como “o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo, durante o intervalo de tempo de 1/299.792.458 do segundo” (CONMETRO, 1984). A cada revisão na definição do metro padrão, essa unidade fica estabelecida com maior exatidão, reduzindo-se, portanto, a incerteza. A tabela abaixo mostra esta evolução no decorrer do tempo: O metro (m) é a unidade padrão do SI para grandeza comprimento. Os múltiplos e submúltiplos mais utilizados do metro são apresentados na tabela abaixo. Em função da importância desta grandeza para nossos estudos, veremos mais detalhes sobre esta unidade posteriormente. Fonte: Adaptado de Juran; Gryna, 1992. b. Padrão de tempo Os átomos, quandoexcitados, emitem radiações monocromáticas, fenômeno que permite a determinação do segundo com base na frequência das radiações. A radiação do césio é a referência para estabilizar a frequência de um oscilador de quartzo. Pelos estudos, a exatidão da escala de tempo atômica pode ser comparada a um relógio que, em um milhão de anos, apresentaria uma variação de menos de um segundo. c. Padrão de massa O quilograma (kg) é a única unidade ainda representada por um artefato físico: o protótipo internacional do quilograma. A forma deste artefato é a de um cilindro de diâmetro 39 mm e altura de 39 mm, fabricado de platina (90%) e irídio (10%). A manipulação do padrão deve ser a mínima possível para evitar desgaste da superfície. Com as pesagens são realizadas no ar, torna-se necessária a correção do empuxo do ar. A seguir, você vê o exemplo dimensional do padrão de massa: d. Padrão de força O newton (N) é a unidade de força cuja realização prática depende da aceleração da gravidade (g) e uma massa (m). Deste modo, a força peso (P) pode ser obtida suspendendo a massa (m) no campo gravitacional local. A massa deve ser calibrada, e o valor da aceleração deve ser determinado no local em que a força é realizada (de preferência com a utilização de um gravímetro). O laboratório de Força, Torque e Dureza do Inmetro (Lafor) é responsável pela guarda, manutenção e realização da força (newton), do torque (newton-metro) e da dureza (Brinell, Rockwell e Shore). e. Padrão de pressão O pascal (Pa) é a unidade de pressão do SI (derivada) e pode ser medida de duas maneiras: 1. Para pressões baixas (algumas centenas de kPa), pode ser utilizada a coluna de mercúrio (manômetro que funciona conforme o princípio da hidrostática); 2. Para qualquer faixa de pressão, o pascal pode ser medido com base em uma balança de pressão, que é um instrumento de equilíbrio de forças (por exemplo, a balança de peso morto). Balança de peso morto Embora o pascal (Pa) seja a unidade padrão para pressão, é muito comum nos depararmos com o termo BAR quando se mede pressão. Um BAR equivale a 100.000 Pa. No cotidiano, é comum vermos o termo BAR para verificação de pressão de pneus de automóveis, porém descritos em kg/cm² (e em alguns casos em Psi ou corriqueiramente como “libras”). f. Padrão de temperatura A temperatura termodinâmica (T) é a grandeza que caracteriza o estado térmico de um mensurando. Para sua medição, é necessário evidenciar fenômenos físicos relacionados a esse estado, tornando os procedimentos onerosos e difíceis de executar. Na prática, utilizam-se os pontos fixos de temperatura que formam a base da Escala Internacional de Temperatura de 1990 (EIT-90). Conforme o Inmetro, o principal ponto fixo da Escala Internacional de Temperatura de 1990 (EIT-90) é o ponto triplo da água1. Ele é referência para todas as medições dos Termômetros Padrão de Resistência de Platina (TPRT), empregados como termômetros de interpolação da Escala. Constitui-se, portanto, num importante padrão primário de temperatura para garantir a confiabilidade metrológica de uma cadeia de medições. Hierarquia dos padrões É comum nas aulas presenciais algum aluno questionar sobre como saber se um padrão está correto e se ele não deveria estar referenciado a um outro padrão. De fato, existe uma hierarquia de padrões, baseados em uma hierarquia superior para uma hierarquia de uso mais prático. Esta hierarquia está fundamentada nos itens precisão e exatidão, estudados nas aulas anteriores. 1 Ponto triplo da água é a única combinação de pressão e temperatura na qual os três estados físicos da água, isto é sólido (gelo), gasoso (vapor) e líquido, podem coexistir em equilíbrio estável. Ocorre exatamente quando a temperatura é de 273,16 kelvins (0,01 °C). A hierarquia dos padrões segue a seguinte sequência: Padrões internacionais: reconhecidos por um acordo internacional para servir de base para outros padrões, sob responsabilidade do BIPM; Padrões primários ou nacionais: reconhecidos por possuir elevada qualidade metrológica para servir como base comparativa para avaliação dos padrões secundários; Padrões secundários ou padrões de referência dos laboratórios de calibração e ensaios: padrões de referência utilizados em laboratórios industriais, normalmente privados; Padrões de trabalho: também conhecidos como padrões de laboratórios do chão de fábrica, avaliados periodicamente pelos laboratórios industriais. A armazenagem adequada e o uso desses padrões de diferentes classes estão associados a uma hierarquia de laboratórios de metrologia, conforme figura abaixo, referente à “Hierarquia do Sistema e dos Laboratórios de Metrologia Científica e Industrial do Inmetro”: Fonte: Inmetro, 2013b. Para manter a precisão requerida, os padrões devem ser armazenados em função do nível hierárquico, em ambientes com condições especial, conforme tabela abaixo: Fonte: Adaptado de Juran; Gryna, 1992. Para mais informações sobre os padrões de medidas, confira no material on-line a videoaula do professor Roberto. Tema 3 - Sistema Métrico Decimal e Sistema Inglês Em conformidade com aquilo afirmado em parágrafos anteriores, a base dos nossos estudos será a metrologia mecânica, mais especificamente a metrologia dimensional, área que trata das medições de comprimentos e ângulos. Em se tratando das medições da grandeza comprimento, a unidade do SI é o metro. Para medição de comprimento, é bastante utilizado em paralelo o Sistema Inglês. Sistema Métrico Decimal Para facilitar o entendimento e a utilização do sistema métrico nas mais variadas situações, foram criados múltiplos e submúltiplos do metro, pois seria muito estranho e até difícil expressar quantidades distantes da unidade de base, ou seja, o metro. Vejam exemplos abaixo: A distância entre São Paulo e Rio de Janeiro pela BR 116 é de 436.000 m; O diâmetro de uma determinada agulha é de 0,0008 m; A largura da mesa é de 0,65 m. Nota-se então que, para determinadas dimensões, existe uma dificuldade de expressão. Para evitar situações como essas, foram criados múltiplos e submúltiplos do metro, baseados no sistema decimal. Confira a seguir: Na indústria mecânica, os submúltiplos do metro centímetro (cm), milímetro (mm) e o micrometro (μm) são os mais utilizados e se relacionam com o metro da seguinte forma: 1 metro (m) = 100 centímetros (cm); 1 metro (m) = 1.000 milímetros (mm); 1 milímetro (mm) = 1.000 μm. De forma inversa, ou seja, do menor para o maior, teríamos a seguinte condição: 1 centímetro (cm) = 0,01metro (m); 1 milímetro (mm) = 0,001 metro (m); 1 micrômetro (μm) = 0,001milímetro (mm). Abaixo seguem algumas transformações entre múltiplo e submúltiplos do metro: a. Transformar 1,1 m em cm = 110 cm. b. Transformar 851 mm em m = 0,851 m. c. Transformar 1,8 m em mm = 1.800 mm. A tabela abaixo pode ser utilizada como auxiliar para efetuar as transformações: km hm dam METRO (m) dm cm mm 1 1 0 0, 8 5 1 1 8 0 0 Sistema Inglês Da mesma forma que o Sistema Métrico se desenvolveu na França, o Sistema Inglês se desenvolveu na Inglaterra e é ainda muito utilizado, não somente na Inglaterra e nos Estados Unidos, mas também no Brasil, devido ao grande número de empresas procedentes desses países.Entretanto, gradativamente vem sendo substituído pelo Sistema Métrico. O Sistema Inglês padronizou certos comprimentos baseados em partes do corpo humano e criou uma série de unidades, entre elas a unidade padrão do sistema inglês, que é a jarda. A partir desta unidade padrão, estão referenciados o pé e a polegada. Conforme comentado em parágrafos anteriores, no nosso cotidiano ainda é possível encontrar dimensões em polegadas (símbolo “), como uma TV de 32”. Segue abaixo uma tabela de equivalência de unidades: Devido a ainda utilizarmos alguns itens baseados no Sistema Inglês e para que saibamos utilizar estes dois sistemas de unidade, é necessário o conhecimento em conversões de um sistema para o outro. A equivalência entre polegada e milímetro ocorre segundo a seguinte relação: 1” = 25,4 mm. Na maior parte dos casos, a polegada está na forma de fração. No numerador haverá sempre um número ímpar e no denominador uma potência de 2. Portanto, dividindo-se em frações ordinárias de denominadores iguais a: 2, 4, 8,16, 32, 64, 128 conforme exemplos abaixo: Conforme equivalência entre uma polegada e milímetros (mm) vista anteriormente, para se converter polegada fracionária em milímetro, deve-se multiplicar o valor em polegada fracionária por 25,4. Vejam exemplos abaixo: Abaixo seguem algumas conversões entre polegadas e milímetros: a. Converter ¾” em mm = 19,05 mm. b. Converter ¼” em mm = 6,35 mm. c. Converter 1 ½” em mm = 38,1 mm. A conversão de milímetro em polegada fracionária é um pouco mais “trabalhosa”. Ela é feita dividindo-se o valor em milímetro por 25,4 e multiplicando-o por 128. O resultado deve ser escrito como numerador de uma fração cujo denominador é 128. Caso o numerador não dê um número inteiro, deve-se arredondá-lo para o número inteiro mais próximo. Veja exemplo abaixo: a. Transformar 12,7 mm em polegadas. Existe uma regra prática que minimiza um pouco este trabalho. Esta regra consiste em multiplicar o valor em milímetro por 5,04, mantendo-se 128 como denominador e, se necessário, arredondar. Vejam exemplo abaixo: Nota: o valor 5,04 foi encontrado pela relação 128 / 25,4 = 5,03937 que arredondada é igual a 5,04. Em certas ocasiões, por mais paradoxo que seja, para facilitar o trabalho nas industrias, é utilizado uma divisão decimal da polegada. Um caso de uso de milésimo de polegada foi mostrado na Problematização desta aula. Na prática, a polegada subdivide-se em milésimo e décimos de milésimo. Vejam exemplo: a. 1.003” = 1 polegada e 3 milésimos. b. 1.1250” = 1 polegada e 1250 décimos de milésimos. c. .725” = 725 milésimos de polegada. Nota: no Sistema Inglês, o ponto indica separação de decimais. Para mais informações sobre o sistema métrico e inglês, confira no material on-line a videoaula do professor Roberto. Tema 4 - Grafia dos símbolos e unidades Vimos até este momento uma série de grandezas com suas respectivas unidades. Neste momento, é importante salientar que os símbolos e as unidades devem ser escritos de forma correta e uniforme. Algumas regras são estabelecidas pelo Sistema Internacional de Unidades (SI) para a grafia correta de símbolos. Segue abaixo alguns dos principais exemplos: a. Grafia dos nomes de unidades Quando escrito por extenso, os nomes de unidades começam por letra minúscula: volt, kelvin e newton. A única exceção é a unidade de temperatura grau Celsius. b. Plural dos nomes de unidades A formação do plural dos nomes de unidades (pronúncia e escrita por extenso) obedece às seguintes regras: Os prefixos nunca vão para o plural. Estão erradas as formas quilosgramas, milisnwetons. O plural dos nomes ou das partes dos nomes das unidades não recebe a letra “s” no final dos seguintes casos: o Quando terminam com letras s, x ou z. Exemplos: siemens, lux e hertz; o Quando correspondem ao denominador de unidades compostas por divisão. São exemplos: quilômetros por hora, volts por metro, watts por esterradiano. O plural dos nomes das unidades recebe a letra “s” no final de cada palavra nos seguintes casos: o Quando são palavras simples. Exemplos: ampéres, candelas, newtons, farads, joules, kelvins, quilogramas, parsecs, volts e webers; o Quando são palavras compostas não ligadas por hífen. Exemplos: metros quadrados, milhas marítimas e milímetros cúbicos; o Quando são termos compostos por multiplicação e ligados por hífen. São exemplos: amperes- horas, newtons-metro, pascal-segundo e watts- horas. c. Grafia dos símbolos de unidades A grafia dos símbolos de unidades tem de obedecer às seguintes regras: Símbolos são invariantes, ou seja, sempre escritos da mesma forma: o Símbolos não vão para o plural. Não é permitido acrescentar um “s” ao símbolo para indicar plural. O símbolo adequado para a unidade cem metros é 100 m. Estão erradas as formas 100 ms e 100 mts; o Símbolo não é abreviatura. O símbolo não deve ser seguido de ponto, a menos que esteja no final do período. d. Enganos comuns Embora as regras de grafia dos símbolos e números do Sistema Internacional (SI) sejam claras, é grande o número de vezes em que são incorretamente empregadas. Confira a seguir os erros mais comuns: Fonte: adaptado de Albertazzi e Souza, p. 34, 2008. Para mais informações sobre a grafia dos símbolos e das unidades, confira no material on-line videoaula do professor Roberto. Na prática Leia o texto Panorama: “IAE coopera no desenvolvimento de um sistema internacional de medidas de meteorologia” contido no livro “Metrologia e Normalização” de Josiane Oliveira dos Santos, página 70 e veja a importância de bons instrumentos de medição no auxílio à meteorologia. Acesse o Único e procure por esse livro na Biblioteca Virtual. Forma correta Forma incorreta km Km kg Kg μm μ o grama a grama 30 s 30 seg ou 30 sec 200 g 200 grs 500 m 500 mts 18 h 18 hs 80 km/h Velocidade máxima: 80 KM 290 k (duzentos e noventa kelvin) 290 ºK (duzentos e noventa graus Kelvin) Graus Celsius Graus centígrados ou graus Centígrados Síntese Nessa aula, compreendemos a partir da Problematização o quanto é importante conhecer as unidades de medida para a qualidade do serviço nas empresas. A relevância deste assunto é de tal proporção que existe um Sistema Internacional de Unidades (SI), o qual orienta quanto ao entendimento e a aplicação das mais variadas unidades de medição. Vimos também que, para termos um sistema confiável, é necessários termos padrões confiáveis. Para cuidar deste assunto, temos o BIPM (Bureau Internacional de Pesos e Medidas), localizado na França. No Sistema Métrico Decimal, evidenciamos a importância do conhecimento nas transformações de unidades, o que, por falta de conhecimento prévio, pode invariavelmente causar erros grotescos. No que diz respeito à metrologia, não existe somente o Sistema Métrico. Verificamos que o Sistema Inglês ainda é utilizado em várias empresas e também no nosso cotidiano. Para finalizar, aprendemos algumas dicas de como utilizar corretamente a grafia dos símbolos e unidades de medição. Confira no material on-line a síntese feita pelo professor Roberto.Referências ALBERTAZZI, Armando; SOUZA, André R. Fundamentos de Metrologia Científica e Industrial. Barueri: Manole, 2008. JURAN, J. M.; GRYNA, F. M. Controle de Qualidade Hanbook. São Paulo: Makron Books, 1992, v. 4. SANTOS, Josiane Oliveira dos. Metrologia e Normalização. São Paulo: Pearson, 2015. SOUSA, Andre Roberto de; NEVES, Bruno Manoel. Apostila de Metrologia I. Instituto Federal de Santa Catarina. TELECURSO Profissionalizante de Mecânica. SENAI – Fundação Roberto Marinho, 1998. TOLEDO, José Carlos de. Sistemas de Medição e de Metrologia. Curitiba: Intersaberes, 2014. VOCABULÁRIO Internacional de Metrologia: Conceitos fundamentais e gerais e termos associados (VIM 2012). Duque de Caxias, RJ: INMETRO, 2012. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/inovacao/publicacoes/vim_2012.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2016.