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A inconstância política do governo federal em assumi-la, expressa na oscilização entre centralização x descentralização; e Característica 03 A preocupação com o analfabetismo. Quando da Proclamação da República, para os nacionalistas, o Brasil tinha, segundo Freire: [...] dois grandes 'inimigos': o externo, os estrangeiros que poderiam nos invadir contaminados pela prática das guerras na Europa; e o interno, a 'chaga nacional', o analfabetismo.(FREIRE, 1993, p. 180). Assim, a alfabetização deveria tanto formar os jovens para o serviço à Pátria, como para eliminar aquela praga que nos assolava. A EDUCAÇÃO NO INÍCIO DO SÉCULO XX, SEGUNDO BARGUIL Em 1915, foi criada no Clube Militar do Rio de Janeiro a Liga Brasileira Contra o Analfabetismo, sendo seu principal objetivo dar de presente ao País no centenário da sua Independência a erradicação do analfabetismo. Ela desejava conseguir a obrigatoriedade do ensino primário, encargo a ser assumido pelo poder central. Através de jargões carregados para designar o analfabetismo – "muralhas do obscurantismo", "praga negra", "maior inimigo do Brasil", "vergonha que não pode continuar", "mais funesto de todos os males”, “cancro social da nossa Pátria" –, seus membros defendiam uma guerra para tirar da escuridão todos aqueles que se encontravam presos nas suas garras, pois o País pagava um alto preço. Havia uma identificação pejorativa entre o analfabeto e o seu valor como pessoa. Por uma série de razões históricas, durante séculos, o negro foi considerado como inferior, fosse do ponto de vista moral, fosse devido à cor da sua pele. Agora, mais um fardo lhe é acrescentado, denegrindo a sua imagem: o fato de ser analfabeto. O pior de tudo isso é o fato desse preconceito esconder as verdadeiras raízes do problema: fatores econômicos e políticos (FREIRE, 1993, p. 201/206). Um fato relevante desse período é o início da coleta de dados quantitativos, os quais nos forneceram um quadro vexatório a que a educação nacional estava submetida, revelando a pouca eficácia das políticas educacionais dos governos federais empreendidas até então. Por outro lado, eles instigaram discussões políticas sobre a premência da alfabetização no Território Nacional, pois permitiram o acompanhamento da evolução dessa realidade. Eles também denunciaram o progressivo aumento da clientela escolar, bem como o incremento da quantidade de alunos aprovados, além da diminuição do analfabetismo. A existência de classes conjugadas – um professor ensina ao mesmo tempo crianças de diferentes séries – ainda é uma realidade! Os desafios atuais são a 18