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Dom Pedro I e Dona Inês de Castro No poema de Bocage fica patente a intenção do autor em ampliar o aspecto lírico, inflacionando o que Camões já havia feito em sua epopeia. Por isso, na cantata desaparece o julgamento de Inês, sua defesa, os apelos pelos filhos pequenos, ou seja, as características dramáticas que os poetas iniciais haviam privilegiado. Aqui, Bocage está interessado na interioridade da bela Inês, em seus sonhos, nos seus profundos anseios e sentimentos. Os algozes surgem de súbito no recitativo, despertando a mulher de seu devaneio, e em completa mudez cumprem sua macabra tarefa: “Vós, brutos assassinos, / No peito lhe enterrais os ímpios ferros. / Cai nas sombras da morte / A vítima de amor, lavada em sangue”. OLHANDO DE PERTO D. Pedro também não comparece como personagem no poema. Ele apenas é lembrado em seus versos pela amante e pelas ninfas. Por isso, sua dor e consequente vingança também estão ausentes. Inês impera sozinha e soberana na cantata, e todos os figurantes servem apenas para indicar sua centralidade. Dessa forma, Bocage faz de Inês uma alegoria do Amor (o sentimento ideal), cuja existência na terra transfigura a existência humana, mas cuja própria existência está sempre sob a ameaça do ódio e da violência dos que representam os interesses materiais e mundanos. FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.denso-wave.com/en/ Responsável: Professor José Carlos Siqueira de Souza Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual 19