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TÓPICO 01: O ANTICLERICALISMO VERSÃO TEXTUAL A piedosa cidade de Lisboa amanhecera em festa em razão de um dos seus muitos feriados religiosos. Era o dia 1º de novembro de 1755, Dia de Todos os Santos, e boa parte de seus habitantes se encontrava nas muitas igrejas que sempre pontilharam a capital portuguesa. A manhã era ensolarada e o clima ameno, e podemos imaginar que estava silenciosa em virtude das celebrações que substituíam o burburinho dos dias de semana pelos sons de sinos e ladainhas. Por volta das 9h30 dessa manhã, o chão começa a tremer, as paredes das casas, prédios e igrejas passam a desmoronar e o caos se abate sobre a tranquila cidade, vitimada por um dos maiores terremotos já registrados na história da humanidade. Os sismólogos contemporâneos avaliam que o tremor tenha atingido 9 graus na escala Richter. O terremoto de Lisboa [1] Passado o tremor principal, que se acredita tenha durado seis minutos (mas houve outros abalos por mais de duas horas), o grosso da população que se achava na parte baixa da cidade correu para as margens do rio Tejo, em busca de lugar aberto e seguro. Essa massa de pessoas presenciou com espanto quando as águas começaram a recuar em direção ao mar. Foi possível ver o leito do Tejo e reconhecer durante vários minutos embarcações e cargas naufragadas há muito tempo. Em seguida uma onda gigantesca, que se calcula entre seis a dez metros de altura, voltou a cobrir não só o leito do rio, bem como toda a parte baixa de Lisboa, entrando mais de 250 metros dentro da cidade. Foi um dos maiores tsunamis registrados no Atlântico. Enquanto isso, na parte alta da cidade, onde as águas do tsunami não chegaram, as velas dos altares das igrejas, os fogões nas cozinhas das casas, assim como as lareiras acessas devido ao inverno, principiaram um devastador incêndio que se prolongou por diversos dias, incontrolável em virtude de não haver pessoas e equipamentos disponíveis para o combate do fogo. Ou seja, quem não morreu soterrado acabou afogado pelo avanço do mar ou queimado no grande incêndio que se seguiu. Ao todo morreram cerca de 12 mil pessoas, entre homens, mulheres e crianças, mas muitos estudiosos elevam essa cifra para até 100 mil almas. Mesmo o mais empedernido ateu, ao ler ou ouvir um relato como este, não deve deixar de sentir um frio mortal na espinha e, por um breve momento de fraqueza, pensar num terrível castigo divino a esse povo lisboeta. Se é assim com esse hipotético ateu, imaginemos o que deve ter se passado na cabeça dos portugueses contemporâneos dessa catástrofe! OLHANDO DE PERTO TÓPICOS DE LITERATURA PORTUGUESA AULA 05: GRANDES TEMAS DA LITERATURA PORTUGUESA – ANTICLERICALISMO: 1ª PARTE 52 Combinarenumerar.pdf TopicosdeLiteraturaPortuguesa_aula_05.pdf 01.pdf