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Curso online ENFERMAGEM DO TRABALHO DISPONÍVEL 24 HORAS POR DIA LÍDER EM CUSTO BENEFÍCIO EM CONFORMIDADE COM AS LEIS VIGENTES SUMÁRIO História da Enfermagem do Trabalho e Principais Procedimentos ....................... A equipe de Enfermagem doTrabalho: suas funções e responsabilidades .......... Área física e equipamentos necessários para o SESMT ......................................... Elaboração de manuais de ocupação ....................................................................... Organização de arquivos e prontuários ................................................................... Atuação do enfermeiro do trabalho e perspectivas de mercado .......................... Equipamentos de Proteção Individual ...................................................................... Biossegurança ............................................................................................................ Histórico da biossegurança ....................................................................................... Práticas e legislação ................................................................................................... Agentes Causadores de Infecções ........................................................................... Medidas de Prevenção para Promoção da Saúde .................................................. Doenças infecciosas e Saúde Pública ...................................................................... Malária, leishmanioses e doença de Chagas ........................................................... Tuberculose: Um Desafio à Saúde Pública Brasileira ............................................. Micobactérias ............................................................................................................. Hantaviroses ............................................................................................................... Doenças infectocontagiosas ..................................................................................... Panorama atual das doenças infectocontagiosas no Brasil ................................... Aids: Desafios e Controle no Brasil ........................................................................... Cólera: Desafios e Controle no Brasil ....................................................................... Dengue: Desafios e Controle no Brasil ..................................................................... MDR - Microrganismos Multidrogas Resistentes .................................................... Infecção Hospitalar: Controle e Desafios Contínuos ............................................. Referências ................................................................................................................ 2 3 5 6 7 8 10 11 12 13 14 15 16 17 19 20 21 22 22 24 24 26 27 29 31 A profissão de enfermagem surgiu na Inglaterra durante o século XIX. No Brasil, a primeira escola de enfermagem foi estabelecida em 1880 no Hospício de Pedro II, atualmente conhecido como UNI-RIO. A regulamentação da enfermagem no Brasil ocorreu em 1931. Em 1955, foi aprovada a Lei que regulamenta o exercício profissional da Enfermagem no país. Em 1959, ocorreu uma Conferência Internacional do Trabalho que introduziu o conceito de medicina do trabalho, porém limitado às intervenções médicas. Em 1963, o ensino de Medicina do Trabalho foi incluído nos cursos de medicina. Em 1964, a Escola de Enfermagem da UERJ passou a oferecer a disciplina de Saúde Ocupacional em seu currículo de graduação. Em 1972, por meio da portaria n. 3.237 do Ministério do Trabalho, o Auxiliar de Enfermagem do Trabalho foi incorporado à equipe de Saúde Ocupacional. Em 1973, foram criados o COFEN (Conselho Federal de Enfermagem) e os CORENs (Conselhos Regionais de Enfermagem). Em 1974, ocorreu o primeiro curso de Especialização em Enfermagem do Trabalho no Rio de Janeiro. Em 1975, por meio da portaria n. 3.460 do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), o Enfermeiro do Trabalho foi incluído na equipe de Saúde Ocupacional. Nesse mesmo ano, foi criado o código de Deontologia de Enfermagem e, no ano seguinte, estabeleceu-se o primeiro Sindicato de Enfermagem no Rio Grande do Sul. História da Enfermagem do Trabalho e Principais Procedimentos A Enfermagem do Trabalho faz parte da área da Enfermagem em Saúde Pública e, como tal, emprega os mesmos métodos e técnicasutilizados na Saúde Pública, com o objetivo de promover a saúdedos trabalhadores, protegê-los contra os riscos decorrentes de suas atividades laborais e oferecer proteção contra agentes químicos, físicos, biológicos e psicossociais. Algumas informações relevantes sobre a história da Enfermagem do Trabalho são as seguintes: 2 A equipe de Enfermagem doTrabalho: suas funções e responsabilidades A equipe de Enfermagem do Trabalho é composta por profissionais especializados, o Técnico de Enfermagem do Trabalho e o Enfermeiro do Trabalho. O Enfermeiro do Trabalho é um profissional que possui um certificado de conclusão de curso de Especialização em Enfermagem do Trabalho, em nível de Pós-Graduação. Sua função é assistir os trabalhadores, promovendo e cuidando de sua saúde, prevenindo doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, além de fornecer cuidados aos doentes e acidentados, visando seu bem-estar físico e mental. O Técnico de Enfermagem do Trabalho, por sua vez, é um profissional registrado no COREN, que concluiu o curso de Enfermagem nos termos da lei 7.498, de 25 de junho de 1986 e do decreto n. 94.406 de 8 de junho de 1987. Após sua formação, ele realiza o curso de Enfermagem do Trabalho, conforme estabelecido na NR-4 da portaria n. 3.214 do MTE. O Técnico de Enfermagem do Trabalho desempenha um papel importante na assistência e cuidados de enfermagem aos empregados, promovendo a saúde e protegendo-os contra os riscos ocupacionais. Ele também auxilia no atendimento aos doentes e acidentados, trabalhando em conformidade com a legislação reguladora do exercício profissional. As atividades do Enfermeiro do Trabalho englobam diversas atribuições, incluindo: Atividades Assistenciais: proporcionar assistência e cuidados de enfermagem aos trabalhadores, visando seu bem-estar físico e mental. Atividades Administrativas: planejar, organizar, dirigir, coordenar, controlar e avaliar as atividades de assistência de enfermagem, de acordo com a legislação vigente. Atividades Educativas: realizar atividades educativas com os trabalhadores, sindicatos e empresas, promovendo a conscientização sobre saúde ocupacional e prevenção de acidentes e doenças. 3 Atividades de Integração: participar de atividades de integração entre os diversos membros da equipe de saúde do trabalho. Atividades de Pesquisa: conduzir pesquisas relacionadas à saúde ocupacional, buscando o aprimoramento dos cuidados oferecidos. A equipe de saúde Médica do Trabalho também possui atribuições específicas, incluindo: Prover assistência médica aos trabalhadores que apresentam suspeita de doenças relacionadas ao trabalho, encaminhando-os para especialistas ou para a rede assistencial apropriada, quando necessário. Realizar entrevistas laborais e análises clínicas para estabelecer a relação entre o trabalho e o agravo à saúde investigado. Programar e executar ações de assistência básica e vigilância à saúde do trabalhador. Realizar inquéritos epidemiológicos nos ambientes de trabalho e colaborar com outros órgãos e entidades envolvidos na saúde do trabalhador. Notificar acidentes e doenças do trabalho, seguindo os procedimentos e instrumentos de notificação estabelecidos pelo setor saúde. Participar de atividades educativas em conjunto com os trabalhadores, sindicatos e empresas. As atividades de Enfermagem do Trabalho abrangem diferentes níveis de atuação, tais como: Prevenção Primária: envolve ações que visam evitar a ocorrência de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, por meio da promoção de medidas de prevenção e conscientização. Prevenção Secundária: refere-se à identificação precoce dedoenças ocupacionais e acidentes de trabalho, por meio de exames periódicos e monitoramento da saúde dos trabalhadores. Prevenção Terciária: concentra-se na reabilitação e reintegração dos trabalhadores afetados por doenças ocupacionais ou acidentes de trabalho, visando melhorar sua qualidade de vida e capacidade de retorno ao trabalho. Em resumo, a equipe de Enfermagem do Trabalho desempenha um papel essencial na promoção da saúde e segurança dos trabalhadores, através de ações de prevenção, assistência e cuidados, em colaboração com outros profissionais da área da saúde. 4 Promover o ajustamento do trabalhador ao ambiente de trabalho. Promover a aquisição de hábitos saudáveis. A intervenção é mais eficaz ao identificar e classificar os estressores, propondo medidas educativas e de controle dos fatores de risco. Isso inclui impedir ou reduzir a exposição desses fatores até o limite de resistência, fortalecendo as defesas do trabalhador. Prevenção primária: Melhorar as condições sanitárias no ambiente de trabalho. Oferecer assistência imediata a doenças e problemas de saúde causados por condições prejudiciais no trabalho. Fornecer assistência contínua para lidar com as consequências dos problemas de saúde e doenças relacionados às condições de trabalho prejudiciais. A intervenção concentra-se em ações corretivas de enfermagem, incluindo sintomatologia e tratamento, com o objetivo de reduzir os efeitos nocivos identificados. Prevenção Secundária: Prestar assistência aos trabalhadores com sequelas causadas pelas condições de trabalho. Isso envolve readaptação das habilidades funcionais do trabalhador, realocação de funções, entre outros, utilizando recursos do sistema e do ambiente para fortalecer a resistência. Prevenção Terciária: Área física e equipamentos necessários para o SESMT A área física do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) dependerá do tipo e tamanho da organização, bem como do número de profissionais que farão parte do serviço. O SESMT deve contar com os seguintes espaços: local para arquivos, ambulatório, área para procedimentos de urgência e enfermagem, sala para provas funcionais e consultórios. Os equipamentos básicos necessários para o funcionamento do Setor de Saúde Ocupacional são os seguintes: 5 Balança antropométrica Aparelho de esterilização Nebulizador Esfigmomanômetro Estetoscópio Otoscópio Termômetro Os manuais são instrumentos que reúnem normas, rotinas, procedimentos e outras informações necessárias para a execução das atividades do serviço. Essas informações podem ser agrupadas em um único manual ou divididas de acordo com a finalidade, como coletânea de normas (rotinas, procedimentos, fluxo de atendimentos), manual de educação em serviço e manual do funcionário. O manual deve esclarecer dúvidas e orientar a execução das ações, sendo um instrumento de consulta. Deve passar por análises críticas e ser atualizado quando necessário. Além disso, deve estar facilmente acessível e ser conhecido por todos os usuários. É importante ressaltar que o manual deve refletir as diretrizes e normas da organização, não as impor, para que os usuários possam crescer e se adaptar a mudanças. Portanto, o manual deve ser um facilitador, não um obstáculo para as iniciativas e críticas. Elaboração de manuais de ocupação Os manuais podem ser elaborados na fase de organização de um serviço, ou quando ele já está em funcionamento e requer atualização de normas e procedimentos. O fluxo de atendimento deverá fazer parte do manual do serviço, pois as particularidades de cada serviço variam de empresa para empresa. Conforme a Portaria n. 24 de 19/12/1994, que altera a redação da NR7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, os serviços de saúde do trabalhador devem ter um prontuário pessoal e confidencial de cada trabalhador. 6 Exames de saúde ocupacional Acidentes de trabalho e doenças relacionadas ao trabalho Consultas clínicas Absenteísmo Tratamentos e procedimentos realizados O prontuário é aberto no momento do exame admissional e deve conter registros sistemáticos de todas as ocorrências relacionadas à saúde do trabalhador. Os prontuários devem incluir: Os prontuários devem ser organizados de forma numérica ou alfabética para facilitar a localização e manuseio, e devem ser armazenados em um arquivo fechado devido às informações confidenciais. Esses registros devem ser mantidos por pelo menos 20 anos após o desligamento do trabalhador. Organização de arquivos e prontuários NR4 - Serviços especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho Aplicar conhecimentos de engenharia de segurança e medicina do trabalho para identificar e eliminar ou reduzir os riscos à saúde dos trabalhadores, incluindo máquinas e equipamentos. Determinar o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) quando todos os meios conhecidos para eliminar o risco forem esgotados e o risco persistir, desde que a concentração, a intensidade ou a característica do agente exijam. Colaborar nos projetos e na implantação de novas instalações físicas e tecnológicas da empresa, aplicando seus conhecimentos e habilidades. Orientar o cumprimento das normas regulamentadoras aplicáveis às atividades da empresa. A NR4 estabelece os requisitos para os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. O dimensionamento desses serviços depende da avaliação do risco da atividade principal e do número de funcionários da empresa. Os profissionais desses serviços têm as seguintes responsabilidades: 7 Manter uma relação próxima com a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), apoiando, treinando e atendendo conforme exigido pela NR 5. Realizar atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores para a prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, por meio de campanhas e programas contínuos. Conscientizar os empregadores sobre acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, incentivando-os a adotar medidas preventivas. Analisar e registrar todos os acidentes de trabalho e casos de doenças ocupacionais ocorridos na empresa, descrevendo detalhadamente suas características, fatores ambientais, agentes envolvidos e condições dos indivíduos afetados. Registrar mensalmente dados atualizados sobre acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e agentes insalubres, preenchendo os formulários específicos. A empresa deve enviar um relatório anual desses dados à Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho até 31 de janeiro, por meio do órgão regional do Ministério do Trabalho. Manter os registros de acidentes e doenças ocupacionais na sede dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, ou em local de fácil acesso a partir dessa sede. A empresa tem liberdade para escolher o método de arquivamento, desde que as condições de acesso e compreensão dos registros sejam garantidas. As atividades dos profissionais desses serviços são principalmente preventivas, embora também possam prestar atendimento de emergência quando necessário. Além disso, devem elaborar planos de controle para efeitos de catástrofes, combate a incêndios, salvamento e ações imediatas. A atuação do enfermeiro do trabalho envolve diferentes contextos e configurações profissionais. Ele pode trabalhar tanto em empresas públicas como em empresas privadas, exercendo suas funções sob diferentes regimes jurídicos, seja estatutário ou regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Além disso, há também a possibilidade de atuação como profissional autônomo. No ambiente de trabalho, o enfermeiro do trabalho integra o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). Ele é responsável por programas importantes, como o Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Atuação do enfermeiro do trabalhoe perspectivas de mercado 8 Além disso, o enfermeiro do trabalho desempenha um papel fundamental na implantação e administração de outras iniciativas de segurança, como a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), a Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT), o Programa de Conservação Auditiva (PCA) e realiza campanhas de vacinação para funcionários e estudantes, entre outras atividades. As doenças ocupacionais são uma preocupação relevante nessa área, e as campanhas preventivas de segurança do trabalho têm como objetivo conscientizar os funcionários sobre a importância do uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). O uso do EPI é tanto uma recomendação técnica quanto uma exigência legal, conforme a Norma Regulamentadora NR-6. Infelizmente, a falta do uso adequado dos EPIs é comum e contribui para a ocorrência de acidentes de trabalho e o desenvolvimento de doenças ocupacionais. Entre as doenças ocupacionais mais comuns, destacam-se a perda auditiva induzida por ruído (PAIR), a lesão por esforço repetitivo (LER) e as doenças da coluna. A PAIR é uma alteração neurossensorial progressiva dos limiares auditivos causada pela exposição contínua a níveis elevados de pressão sonora. Essa condição afeta as células sensoriais do órgão de Corti e é irreversível. Além disso, a PAIR pode ser bilateral e levar a uma intolerância a sons intensos. O diagnóstico da PAIR requer a identificação e a quantificação da perda auditiva, comprovando a exposição do trabalhador a níveis elevados de pressão sonora. As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) são enfermidades que afetam tendões, articulações, músculos, nervos e ligamentos, geralmente nos membros superiores. Elas são causadas pelo uso repetitivo ou forçado de grupos musculares e postura inadequada. As LERs foram reconhecidas como doenças do trabalho e têm sido relatadas em diversos setores, como digitação, teleatendimento, metalurgia e linha de montagem. É fundamental estabelecer protocolos de procedimentos médico-periciais para o diagnóstico de doenças profissionais e do trabalho. A caracterização de uma doença profissional ou do trabalho ocorre quando há intoxicação ou afecção associada à atividade laboral, estabelecendo-se um nexo causal. Os manuais de procedimentos médico-periciais em doenças profissionais e do trabalho fornecem diretrizes para estabelecer a relação entre a doença e a atividade exercida pelo trabalhador. 9 Existem cerca de 188 doenças relacionadas ao trabalho, distribuídas em 14 categorias principais. Essas doenças abrangem desde infecções e neoplasias até doenças do sistema circulatório, respiratório, digestivo, ósteo-musculares, urinário, entre outros sistemas do corpo humano. O enfermeiro do trabalho desempenha um papel fundamental na prevenção, identificação e tratamento dessas doenças ocupacionais. Seu trabalho contribui para a promoção de um ambiente de trabalho saudável e seguro, visando à preservação da saúde e bem-estar dos trabalhadores. São dispositivos destinados à proteção pessoal, com o objetivo de preservar a saúde e integridade física dos trabalhadores. No Brasil, o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) é regulamentado pela Norma Regulamentadora NR- 6, presente na Portaria 3214 de 1978, emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Equipamentos de Proteção Individual As instituições de saúde têm a responsabilidade de adquirir e fornecer EPIs novos e em perfeitas condições aos seus funcionários, sem qualquer cobrança por esse fornecimento. Além disso, é essencial que essas instituições ofereçam treinamento adequado para garantir o uso correto dos dispositivos. Caso um trabalhador se recuse a utilizar os EPIs, é necessário que ele assine um documento em que reconheça e compreenda os riscos aos quais estará exposto (SKRABA, 2004). Para assegurar a eficácia e durabilidade dos EPIs, é fundamental que sejam cuidadosamente conservados, descontaminados e higienizados regularmente. No caso de EPIs descartáveis, nunca devem ser reutilizados. É crucial que os EPIs sejam fabricados de forma a evitar provocar alergias ou irritações, proporcionando conforto ao usuário e sendo atóxicos. 10 De acordo com Costa, a biossegurança pode ser compreendida sob diferentes perspectivas: como um módulo, uma vez que não possui identidade própria, mas sim uma interdisciplinaridade que se reflete nas matrizes curriculares de cursos e programas relacionados. Como processo, visto que a biossegurança é uma abordagem educativa. Nesse sentido, podemos considerá-la como um processo de aquisição de conhecimentos e habilidades, com o objetivo de preservar a saúde humana e do meio ambiente. E como conduta, quando a encaramos como um conjunto de conhecimentos, hábitos, comportamentos e sentimentos que devem ser incorporados ao indivíduo, para que este exerça sua atividade profissional de forma segura. As ações de padronização, prevenção e cautela durante atividades na área da saúde são denominadas biossegurança, um campo do conhecimento que busca reduzir os riscos inerentes às diversas áreas da saúde. De forma mais abrangente, a biossegurança consiste em ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos associados à pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, com foco na saúde humana, animal, na preservação do meio ambiente e na qualidade dos resultados. Portanto, esse campo do conhecimento abrange um amplo espectro de atividades e instituições e está relacionado a aspectos históricos, humanos, sociais e a conceitos de ética, economia, política, meio ambiente e desenvolvimento. Essas definições destacam que a biossegurança envolve a interação entre tecnologia, risco e ser humano, uma vez que o risco biológico é resultado de diversos fatores e, portanto, seu controle requer ações em várias áreas, priorizando o desenvolvimento e disseminação de informações, bem como a adoção de procedimentos que promovam boas práticas de segurança para profissionais, pacientes e meio ambiente, a fim de controlar e minimizar os riscos nas atividades de saúde. É importante ressaltar que os conceitos científicos são provisórios, devido à constante evolução da ciência, e a biossegurança deve se adaptar ao contexto do desenvolvimento científico e tecnológico das sociedades humanas. Especialmente ao considerar as ações que embasam os princípios de biossegurança, o avanço científico foi essencial para o desenvolvimento das práticas necessárias ao controle de riscos ocupacionais, que têm evoluído progressivamente, acompanhando a preocupação com a segurança no trabalho e o bem-estar dos trabalhadores. BIOSSEGURANÇA 11 Nos anos 1960 e 1970, o desenvolvimento da biossegurança foi impulsionado pela indústria, que buscava normas de segurança no trabalho. Para minimizar os riscos, começaram a ser aplicados procedimentos de biossegurança. Nessa época, práticas específicas, como a atenção ao ambiente de trabalho e a minimização dos riscos biológicos ocupacionais, foram estabelecidas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) direcionou seus esforços para "práticas preventivas para o trabalho em contenção em laboratórios, com agentes patogênicos para o homem", alinhando suas políticas de ação com o avanço científico. Atendendo às demandas sociais, a OMS desenvolveu métodos de ação para abordar os riscos periféricos em ambientes laboratoriais que trabalhavam com agentes patogênicos para o homem, como riscos químicos, físicos, radioativos e ergonômicos. Essas medidas foram fundamentais para reduzir acidentes ocupacionais, que historicamente estavam relacionados às atividades econômicas, proporcionando maior segurança aos trabalhadores. Na década de 1990, houve avanços significativos na biossegurança, especialmente ao incorporar os princípios relacionados ao desenvolvimento da engenharia genética e organismos transgênicos. Essa década consolidou o que havia sido iniciado nos anos 1970, quando as discussões sobre os impactos da engenharia genética na sociedade começaram a surgir.A biotecnologia, sempre presente na vida cotidiana da população, é o foco de atenção em diversos setores, como indústrias, hospitais, laboratórios de saúde pública, laboratórios de análises clínicas, hemocentros e universidades. O objetivo é prevenir riscos gerados por agentes químicos, físicos e ergonômicos, garantindo um ambiente de trabalho mais seguro. Histórico da biossegurança Portanto, o princípio fundamental da biossegurança é promover a expansão do conhecimento científico, buscando o desenvolvimento de tecnologias e processos tecnológicos avançados. Essas ações devem se basear nos princípios específicos das atividades para as quais foram concebidas, com o objetivo de proteger a saúde humana, animal e o meio ambiente. Nesse contexto, o trabalhador desempenha um papel crucial, pois o principal objetivo da biossegurança é minimizar riscos, o que está diretamente relacionado ao campo de atuação e o coloca em vários contextos, refletindo a diversidade das áreas de atuação da biossegurança. 12 Ações de biossegurança vão além das práticas tradicionais, englobando processos onde o risco biológico é presente ou potencial, visando otimizar a segurança no trabalho, a saúde do trabalhador, a higiene industrial, a engenharia clínica e outros aspectos. Para garantir os padrões de biossegurança, é essencial preparar profissionais de diferentes setores, uma vez que a área envolve atividades que possam afetar a saúde humana. A responsabilidade das empresas em relação à biossegurança requer uma constante preparação dos profissionais, especialmente nas atividades de maior risco. A formação deve abranger diversas áreas da saúde, segurança do trabalho e questões ambientais, tanto em âmbitos legais quanto práticos. Destacam-se instituições como a Escola Nacional de Saúde Pública e a Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, pioneiras no desenvolvimento de conceitos e práticas específicas para profissionais como engenheiros de segurança, médicos do trabalho e técnicos de segurança. Apesar dos avanços alcançados, ainda existe uma carência na capacitação contínua dos profissionais nessa área, o que pode prejudicar o desenvolvimento das atividades, principalmente em locais que não contavam com tais profissionais anteriormente. A implementação de políticas voltadas à biossegurança é fundamental para garantir a minimização de riscos em diferentes setores, como a segurança do trabalho, meio ambiente e saúde ocupacional. A regulamentação da biossegurança é embasada em princípios estabelecidos pela Lei de Biossegurança (Lei n. 11.105, de 24 de março de 2005), que trata de organismos geneticamente modificados e pesquisas científicas com células- tronco embrionárias. A legislação é gerida pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), composta por profissionais de diversos ministérios e indústrias biotecnológicas. Práticas e legislação Nesse contexto, certificações se tornaram essenciais e despertaram interesse das organizações. Normas como a ISO da série 9000 e 14000 e, mais recentemente, a OHSAS (Organization for Health and Safety Assessment Series) série 18000 têm desempenhado um papel fundamental nos processos de segurança ocupacional. 13 Os organismos infectantes, como bactérias, vírus, fungos e protozoários, possuem alta capacidade de desenvolvimento e reprodução em diversas condições, o que resulta em processos infecciosos nos seus hospedeiros. Eles podem provocar alterações orgânicas caracterizando a infecção, além de desencadear reações fisiológicas, como a produção de toxinas. O corpo do hospedeiro serve como território para esses agentes se multiplicarem e continuarem seu poder infectante. Diversos organismos podem ser considerados agentes causadores de infecções, atingindo a circulação sanguínea através de várias formas de contaminação, como pelo ar, água, alimentos, zoonoses, feridas abertas, relações sexuais e reservatórios presentes em animais. O desenvolvimento e abrangência de uma infecção são determinados pela sua porta de entrada, que pode variar dependendo do tipo de infecção. Por exemplo, infecções articulares podem ser provocadas por diferentes bactérias, cuja incidência pode variar conforme as características físicas da pessoa. Os casos infecciosos costumam manifestar-se através de febre, dor e irritabilidade emocional, além de vermelhidão local. Os sintomas incluem rubor, calor local, dor ao movimento e ao toque, acúmulo de líquidos causando edema e rigidez nas articulações. Em infecções articulares, por exemplo, as crianças podem ter dificuldade em mover a articulação infectada devido à dor intensa. Já em casos de infecções bacterianas ou virais em crianças mais velhas e adultos, os sintomas costumam iniciar de forma súbita. Algumas das bactérias mais severas incluem estafilococos, Hemophilus influenzae e bacilos gram-negativos, comuns em crianças e jovens. Gonococos, que causam gonorreia, assim como estafilococos e estreptococos, são mais frequentes em crianças mais velhas e adultos. Já os vírus, como o HIV, parvovírus, rubéola, papeira e hepatite B, podem infectar as articulações de pessoas de qualquer idade. Por fim, infecções articulares crônicas são frequentemente associadas à tuberculose ou a fungos. Agentes Causadores de Infecções 14 Manter ambientes limpos e ventilados. Lavar as mãos regularmente com água e sabão, especialmente após tossir, espirrar, usar o banheiro, antes das refeições e ao tocar olhos, boca e nariz. Cobrir a boca e o nariz com um lenço de papel ao tossir ou espirrar. Caso não haja lenço, usar a dobra interna do cotovelo. Evitar tocar olhos, nariz ou boca após contato com superfícies. Em caso de febre, tosse e/ou dor de garganta, procurar imediatamente um médico. Seguir as orientações médicas e tomar os medicamentos prescritos corretamente. Repousar, ter uma alimentação balanceada e ingerir líquidos em caso de doença, evitando sair de casa até 5 dias após o início dos sintomas. Garantir condições ambientais adequadas, como boa ventilação, em locais de utilização pública. Incentivar o uso de preservativos em todas as relações íntimas para prevenir doenças sexualmente transmissíveis. Promover a vacinação contra doenças como hepatite B, HPV, sarampo, tuberculose, varicela, gripe, entre outras. Controlar fontes de zoonoses para prevenir a transmissão por picadas de insetos ou mordidas de animais. A higiene das mãos, muitas vezes considerada simples e pouco eficiente, é, na verdade, uma ferramenta essencial de biossegurança para prevenir infecções. Com baixo custo e alto impacto, a lavagem e desinfecção das mãos devem ser o primeiro método de controle incentivado pelas políticas públicas de saúde. Além disso, outras medidas preventivas individuais e coletivas devem ser adotadas para garantir um ambiente seguro e saudável: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. Medidas de Prevenção para Promoção da Saúde A correta manipulação de alimentos e bebidas, juntamente com boas condições sanitárias, é fundamental para prevenir doenças de transmissão fecal-oral. Esses hábitos devem ser incentivados desde a infância em ambientes domésticos, escolares e no ambiente de trabalho. Apesar de algumas medidas demandarem incentivo para sua adoção social, como o uso de preservativos, é importante respeitar as crenças individuais e religiosas, buscando sempre uma abordagem educativa e sensível. 15 As doenças transmissíveis continuam sendo um dos principais desafios de saúde pública em todo o mundo, variando de acordo com as condições sociais, sanitárias e ambientais. Doenças antigas ressurgem com novas características e novas doenças se espalham a uma velocidade impensável algumas décadas atrás. Nos Estados Unidos, conforme os dados do Centers for Disease Control and Prevention de Atlanta (EUA) para o ano de 2003, observa-se um total de 1.588 casos de doença meningocócica. No início da década passada, quando ainda era obrigatória a notificação, uma média anual de 10 mil casos de meningite asséptica (geralmente causada por vírus) foi registrada.A Aids tem sido um dos exemplos mais emblemáticos desse fenômeno conhecido como o surgimento de doenças infecciosas, desde seu aparecimento no início dos anos 1980. Mais recentemente, uma doença originada na África e transmitida por mosquitos, a febre do Nilo Ocidental, tem gerado surtos com um alto número de casos e óbitos desde sua introdução em Nova York em 1999, sendo registrados 1.933 casos somente no último ano. Doenças infecciosas e Saúde Pública A promoção dessas práticas preventivas é essencial para evitar surtos de doenças, como a gripe A, que podem ser relacionadas a hábitos cotidianos difíceis de modificar rapidamente. É fundamental incentivar o consumo de água filtrada ou fervida, bem como a higienização adequada dos alimentos e o correto acondicionamento e temperatura dos mesmos. Ao adotarmos essas medidas de prevenção, estaremos contribuindo para a promoção da saúde e o bem-estar de todos, tornando nossa comunidade mais segura e protegida contra doenças infecciosas. Na Europa, em 1998, a Dinamarca apresentou uma incidência de 3,1 casos de doença meningocócica por 100 mil habitantes, semelhante à do Brasil. Na Inglaterra, entre 1984 e 1999, a incidência da doença meningocócica atingiu 2.967 casos em 1999, reduzindo para 2.778 casos no ano 2000. Embora algumas doenças, como o sarampo, já tenham sido eliminadas em todo o continente americano, ainda são transmitidas em vários países europeus, representando um risco constante de disseminação para os países que alcançaram a eliminação. 16 Doenças como malária, leishmanioses, doença de Chagas, tuberculose, entre outras, têm apresentado aumento em diversas regiões do mundo, principalmente devido ao empobrecimento populacional. Embora a Organização Mundial de Saúde tenha considerado algumas delas em fase de erradicação décadas atrás, essas doenças parasitárias, como a malária, têm ressurgido recentemente. A malária é endêmica no continente africano, concentrando-se em mais de 90% dos casos mundiais na região subsaariana, afetando bilhões de pessoas e causando de 1 a 2 milhões de óbitos anuais, especialmente em crianças (WHO, 1997). O Brasil também enfrenta desafios com a malária, com aproximadamente 70 mil casos por ano na década de 1970, aumentando para cerca de 610 mil casos em 1999, de acordo com a FUNASA. Malária, leishmanioses e doença de Chagas: Desafios Contínuos na Saúde Global Esses dados ajudam a compreender a situação atual das doenças transmissíveis. O sucesso significativo na prevenção e controle de várias dessas doenças, que agora ocorrem em proporções mínimas em comparação com décadas passadas, não significa que todas tenham sido erradicadas. Essa percepção equivocada e a expectativa irreal de que todas as doenças transmissíveis desapareceriam naturalmente contribuíram para subestimar no passado as ações de prevenção e controle, prejudicando o desenvolvimento de uma capacidade de resposta governamental adequada e resultando na perda de oportunidades para a tomada de decisões sobre medidas que poderiam ter um impacto positivo nessa área. Os óbitos relacionados à malária totalizam cerca de 10 mil mortes por ano, principalmente devido ao P. falciparum, a espécie mais virulenta entre as quatro que afetam os seres humanos, e que tem mostrado crescente resistência aos medicamentos disponíveis. Apesar de alguns testes terem sido realizados em voluntários, em ensaios pré-clínicos e em áreas endêmicas, ainda não existem vacinas disponíveis para a malária. Outra preocupação é o aumento das leishmanioses, protozooses que têm se tornado mais prevalentes globalmente, incluindo no continente europeu. Anteriormente, tanto a forma tegumentar quanto a forma visceral dessas doenças eram consideradas zoonoses ou antroponoses restritas a condições epidemiológicas específicas. 17 Como outras zoonoses, essas doenças ocorrem entre numerosas espécies de vertebrados domésticos e selvagens, geralmente de forma crônica assintomática. A principal forma de transmissão do T. cruzi é o contato com tripomastigotas, presentes nas fezes de insetos triatomíneos hematófagos, que são naturalmente infectados. Embora a transmissão vetorial, denominada contaminativa, tenha sido interrompida em alguns países, incluindo o Brasil e a Argentina, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, a doença de Chagas, assim como outras endemias, ainda carece de vacina e tratamentos ideais, mesmo para as infecções agudas. Contudo, agora a transmissão ocorre mesmo nas periferias das grandes cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador, com estimativas de cerca de 400 casos agudos em aproximadamente seis anos apenas em Belo Horizonte. A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, é outra importante endemia humana na América Latina, que também circula entre animais silvestres na América do Norte, incluindo o sul dos Estados Unidos, onde raros casos de infecção humana foram identificados. Estima-se que só no Brasil existam cerca de 6 milhões de casos crônicos da doença, muitos dos quais evoluirão para patologias graves, como cardiopatias ou megalopatias (megaesôfago e megacólon). Além das formas conhecidas de transmissão, a doença também pode ser transmitida através de transfusão sanguínea, ingestão de carnes ou outros alimentos contaminados (via oral ou mucosa bucal), transmissão congênita e acidental. Os profissionais de saúde enfrentam o desafio de utilizar drogas tóxicas e de baixa eficácia nos tratamentos, o que torna o processo complexo. Isso muitas vezes leva ao abandono do tratamento pelos pacientes, pois os resultados demoram a ser percebidos e há sintomas colaterais causados pelos medicamentos. As drogas disponíveis para essas doenças são frequentemente pouco eficazes na fase crônica, com baixa tolerância ou apresentando elevada toxicidade. No caso da malária causada pelo P. falciparum, responsável pela chamada "febre terçã maligna", a maioria dos parasitas tem se mostrado resistente aos medicamentos atualmente disponíveis. 18 Além disso, os mecanismos de morbidade e as bases da imunidade adquirida nessas parasitoses, especialmente na fase crônica, ainda são pouco conhecidos. Diante desses desafios, é crucial que a comunidade científica, organizações de saúde e governos continuem a investir em pesquisa, prevenção e tratamento dessas doenças parasitárias. Somente com esforços coordenados e recursos adequados poderemos alcançar avanços significativos na luta contra essas enfermidades que continuam a afetar milhões de pessoas em todo o mundo. A tuberculose (TB) representa uma questão prioritária de saúde no Brasil, que, juntamente com outros 21 países em desenvolvimento, concentra 80% dos casos mundiais dessa doença. Estima-se que cerca de um terço da população mundial esteja infectada com a bactéria Mycobacterium tuberculosis, ficando exposta ao risco de desenvolver a enfermidade. Anualmente, são registrados cerca de 8 milhões de novos casos e quase 3 milhões de mortes em decorrência da tuberculose. Tuberculose: Um Desafio à Saúde Pública Brasileira Nos países desenvolvidos, a TB é mais comum entre idosos, minorias étnicas e imigrantes estrangeiros. Já nos países em desenvolvimento, estima-se que ocorram 95% dos casos e 98% das mortes relacionadas à doença, ou seja, mais de 2,8 milhões de óbitos e 7,5 milhões de novos casos, afetando todas as faixas etárias, com maior incidência entre os indivíduos economicamente ativos (15 a 54 anos). No Brasil, os homens têm duas vezes mais chances de adoecer em relação às mulheres. Estima-se que mais de 50 milhões de pessoas no país estejam infectadas pelo M. tuberculosis, com aproximadamente 80 mil casos novos a cada ano. O número de mortes anuais por tuberculose no Brasil é de 4 a 5 mil. Apesar da introdução de novos esquemas de tratamento de curta duração na década de 1980, a tuberculose continua apresentando uma média anual de 85 mil casos novos nos últimos anos. O modelo atual de controle da doença, caracterizado pela excessiva centralização da assistência e peloslongos períodos de tratamento (no mínimo seis meses), juntamente com o adensamento populacional nas periferias das grandes cidades sem adequadas condições sanitárias, são alguns dos fatores que contribuem para essa situação. 19 Outro fator que impulsiona o crescimento da tuberculose em todo o mundo é a associação com a Aids. No Brasil, cerca de 25,5% dos casos de Aids têm a tuberculose como doença associada. Desde o surgimento da síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) em 1981, tem sido observado um aumento nos casos de tuberculose em pessoas infectadas pelo vírus HIV, tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento. A associação HIV/TB representa, atualmente, um sério problema de saúde pública, podendo levar ao aumento da morbidade e mortalidade pela TB em muitos países. Felizmente, a tuberculose tem sido alvo de ações e investimentos recentes por parte do Ministério da Saúde e outras instituições do Sistema Único de Saúde (SUS). Essas iniciativas visam descentralizar o atendimento e adotar novas formas de garantir a continuidade do tratamento, ampliar a capacidade de detecção de novos casos e aumentar o percentual de cura. Essa estratégia inclui o repasse de recursos financeiros para a ampliação da detecção de casos, aumento da taxa de cura e redução do abandono do tratamento, buscando produzir um impacto positivo nos próximos anos. As micobactérias são agentes causadores de infecções notáveis, pertencentes à ordem Actinomycetales e à família Mycobacteriaceae, que abrange um único gênero denominado Mycobacterium (fungo bacteriano). O termo foi proposto por Lehmann e Neumann em 1896, devido à semelhança da película formada pelo Mycobacterium tuberculosis em meios líquidos com aquelas produzidas por alguns fungos. Micobactérias: Uma Abordagem Terapêutica para o Controle da Tuberculose O gênero Mycobacterium (micobactéria) é altamente patogênico, estando associado a duas doenças comuns - lepra e tuberculose - e também a uma doença mais rara, a úlcera de Buruli. As micobactérias podem permanecer em estado de latência ou dormência, podendo reativar-se e manifestar a doença em indivíduos com imunossupressão. Nesse contexto, a terapia gênica tem sido uma abordagem analisada para combater esse estado latente. 20 Um modelo experimental em camundongos foi desenvolvido para mimetizar as condições observadas no desenvolvimento da doença em humanos com imunossupressão. Nos grupos de animais controle, que não receberam a vacina de DNA, observou-se a reativação da infecção e o estabelecimento da doença após a infecção, tratamento com fármacos antibacterianos e imunossupressão com corticosteroides. Por outro lado, nos grupos experimentais que foram tratados com a vacina de DNA, não foram observadas reativações nem desenvolvimento da doença, especialmente quando administradas três doses da vacina. A vacina de DNA mostrou-se capaz de eliminar as bactérias dormentes, o que pode ter benefícios significativos para o controle da tuberculose e até mesmo a sua erradicação. A abordagem da vacina gênica difere das vacinas convencionais, que são voltadas apenas para a prevenção da doença. A vacina de DNA, além de ser profilática, também possui atividade terapêutica, curando a infecção e a doença já estabelecida, e prevenindo a reativação futura. Seus benefícios práticos e estratégicos são inúmeros: é segura, eficaz, pode ser administrada em uma única dose, estimula amplamente a resposta imunológica e possui efeito protetor duradouro. Tudo isso pode contribuir significativamente para reduzir a incidência da doença e, possivelmente, até mesmo erradicá-la. As hantaviroses são uma doença emergente que apresenta duas formas clínicas principais: a renal e a cardiopulmonar. A forma renal é mais comum na Europa e na Ásia, enquanto a forma cardiopulmonar ocorre exclusivamente no continente americano. Essa doença está presente em quase todos os países da América do Norte e da América do Sul, sendo que Argentina e Estados Unidos registram o maior número de casos. Na América Central, apenas o Panamá relatou casos até o momento. A infecção em humanos ocorre principalmente pela inalação de aerossóis formados a partir das secreções e excreções dos roedores silvestres, que são os reservatórios. No Brasil, os primeiros casos foram detectados em 1993, em São Paulo, e a doença tem sido principalmente identificada na região Sul, além dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso. Desde o início da detecção de casos no país, foram registradas 338 ocorrências em 11 estados até 2003, com uma taxa média de letalidade de 44,5%. Hantaviroses 21 O Ministério da Saúde adotou medidas que possibilitaram a implantação da vigilância epidemiológica da doença, o desenvolvimento da capacidade laboratorial para o diagnóstico, a divulgação das medidas adequadas de tratamento para reduzir a letalidade e o conhecimento sobre a circulação de alguns hantavírus nos roedores silvestres brasileiros, o que tem sido objeto de ações de vigilância ecoepidemiológica. Essas ações aumentaram a capacidade de detecção, proporcionando um panorama mais preciso da realidade epidemiológica das hantaviroses em nosso país, bem como a adoção de medidas apropriadas para prevenção e controle da doença. DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS Segundo a ANVISA, o cenário epidemiológico no Brasil passou por mudanças significativas ao longo do tempo, com avanços notáveis no controle de doenças e promoção da saúde da população. Na década de 1930, as doenças transmissíveis eram a principal causa de morte nas capitais brasileiras, sendo responsáveis por mais de um terço dos óbitos registrados nessas regiões, e provavelmente ainda mais prevalentes nas áreas rurais, onde os registros não eram adequados. Contudo, as melhorias em saneamento, o desenvolvimento de tecnologias como vacinas e antibióticos, o acesso ampliado aos serviços de saúde e as medidas de controle alteraram significativamente esse quadro até os dias atuais. Panorama atual das doenças infectocontagiosas no Brasil A implementação de políticas públicas de vacinação foi fundamental para o controle de doenças no Brasil, levando até mesmo à erradicação de algumas enfermidades tradicionalmente incidentes no país. Atualmente, o calendário básico de vacinação do país inclui todas as vacinas recomendadas por organismos internacionais, como a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde 1998, o Brasil alcançou níveis adequados de cobertura vacinal na maioria das vacinas de rotina para menores de 1 ano. 22 Esses avanços nas coberturas vacinais do Programa Nacional de Imunizações (PNI) foram essenciais para as importantes conquistas no controle e erradicação de doenças preveníveis por imunização. Nos últimos cinco anos, o PNI introduziu novas vacinas em todo o território nacional, como a anti-hepatite B, a vacina contra Haemophilus influenzae tipo B, a vacina tetravalente (DTP + Hib) e a vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) para crianças de 12 meses, além da vacinação do idoso contra gripe, tétano e pneumonia pneumocócica. Em 2001 e 2002, também foram realizadas campanhas para controle da rubéola congênita em mulheres em idade fértil, atingindo uma cobertura de 95,68% nesta faixa etária. A vacinação contra o tétano para esse grupo populacional também tem sido uma prioridade, visando à eliminação do tétano neonatal. Essas campanhas de vacinação têm desempenhado um papel fundamental nas políticas públicas de saúde e controle de doenças. Embora a redução da importância relativa das doenças transmissíveis tenha dado a impressão de que algumas delas estariam quase extintas no Brasil, a realidade é diferente, não apenas no país, mas também em nações mais desenvolvidas. Em regiões com situações precárias de saneamento, infecções parasitárias ainda são frequentes no Brasil, e nas últimas décadas, tem havido um aumento global na prevalência de doenças endêmicas e infecções parasitárias. Isso é resultado do crescimento populacional, migraçõesde áreas rurais para centros urbanos densamente povoados e das mudanças climáticas, que favorecem a proliferação de vetores de doenças.A falta de acesso adequado à assistência médica em condições precárias também contribui para o aumento do número de pessoas imunossuprimidas, inclusive aquelas que vivem com o vírus HIV, o que pode levar ao ressurgimento de doenças crônicas controladas pelo sistema imunológico, incluindo infecções por protozoários, bactérias e vírus. O atual cenário das doenças infectocontagiosas no Brasil reflete um histórico de séculos de medidas de controle e avanços em pesquisas. No entanto, um conjunto de doenças ainda persiste, seguindo a tendência mundial de emergência e reemergência de doenças transmissíveis. Um exemplo notável é a varíola, que continua a ser um problema exclusivo do Brasil em escala global. Nas últimas décadas, o país também enfrentou a chegada da AIDS no início da década de 1980, a reintrodução da cólera a partir do Peru em 1991 e a epidemia de dengue, que se tornou uma das maiores prioridades de saúde pública no continente e no país a partir do final da década de 1990. 23 A Aids no Brasil teve seu primeiro registro em 1980, e seu número de casos aumentou significativamente até 1998, quando 25.732 novos casos foram registrados, com um coeficiente de incidência de 15,9 casos/100 mil habitantes. Após esse período, observou-se uma desaceleração nas taxas de incidência da doença em todo o país, embora as principais tendências da epidemia - como a heterossexualização, feminização, envelhecimento e pauperização dos pacientes - tenham continuado, aproximando-a cada vez mais do perfil socioeconômico médio brasileiro. Do início da década de 1980 até setembro de 2003, o Ministério da Saúde notificou um total de 277.154 casos de Aids no Brasil, sendo 197.340 em homens e 79.814 em mulheres. No ano de 2003, foram notificados 5.762 novos casos da doença, sendo 3.693 em homens e 2.069 em mulheres, mostrando que a epidemia tem crescido mais entre as mulheres atualmente. Aids: Desafios e Controle no Brasil Uma preocupação adicional é o aumento da incidência da Aids entre adolescentes do sexo feminino, na faixa etária de 13 a 19 anos. Esse fato é explicado pelo início precoce da atividade sexual, frequentemente com parceiros mais experientes e com maior risco de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis e pelo HIV. Quanto às principais formas de transmissão da doença entre homens, as relações sexuais respondem por 58% dos casos, com prevalência nas relações heterossexuais (24%). Entre as mulheres, a transmissão do HIV também ocorre predominantemente através do sexo (86,7%). Outras formas de transmissão, com menor impacto na epidemia, incluem transfusão, transmissão materno-infantil ou casos não informados pelos pacientes de ambos os sexos. Cólera: Desafios e Controle no Brasil A cólera, uma doença reemergente, chegou ao continente americano e ao território brasileiro em 1991, marcando a sétima pandemia que a humanidade enfrentou e sendo a primeira causada pelo Vibriocholerae El Tor. Apesar do conhecimento acumulado, essa doença ainda representa um desafio significativo, não apenas devido às características do agente causador, mas principalmente pela vulnerabilidade de uma grande parcela da população mundial que vive em condições de extrema pobreza. 24 No Brasil, a sétima pandemia teve seu impacto a partir de 1991, atingindo todas as regiões do país até 2001, resultando em um total de 168.598 casos e 2.035 óbitos, com destaque para grandes epidemias no Nordeste. O coeficiente de incidência de cólera em 1993, o ano com o maior número de casos, foi de 39,81 por 100 mil habitantes, com 670 óbitos e uma taxa de letalidade de 1,11%. A magnitude da doença no território brasileiro esteve relacionada principalmente às condições precárias de vida da população, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde a disseminação encontrou terreno fértil. No entanto, a vulnerabilidade à doença também foi observada em áreas mais desenvolvidas do país, principalmente nas periferias dos centros urbanos, onde bolsões de pobreza persistem. Apesar da intensidade com que a doença afetou principalmente o Nordeste entre 1992 e 1994, os esforços do sistema de saúde conseguiram reduzir drasticamente os casos a partir de 1995, com apenas sete casos confirmados registrados em 2001 (quatro no Ceará e um em Pernambuco, Alagoas e Sergipe). Em 2002 e 2003, não foram detectados casos confirmados de cólera no Brasil. No entanto, o risco de reintrodução da doença em áreas já afetadas ou ainda não atingidas permanece presente, devido às baixas coberturas de saneamento. As equipes técnicas de vigilância epidemiológica e ambiental dos três níveis de governo têm se dedicado a atividades de prevenção, como a investigação de casos suspeitos, envolvendo a coleta de amostras clínicas e de água e meio ambiente, especialmente nos mananciais que fornecem água para consumo humano. A Monitorização das Doenças Diarreicas Agudas (MDDA), atualmente presente em 4.227 municípios do país, representa a estratégia mais importante para a detecção precoce de casos de cólera. A manutenção desse sistema de vigilância epidemiológica integrado e o fortalecimento do sistema de controle da qualidade da água para consumo humano são as principais ações que garantirão que essa doença continue controlada no país. 25 A luta contra a dengue tem sido uma das maiores campanhas de saúde pública em nosso país. O Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença, que havia sido erradicado de várias nações no continente americano durante as décadas de 1950 e 1960, ressurgiu nos anos 1970 devido a falhas na vigilância epidemiológica e às mudanças sociais e ambientais decorrentes do rápido processo de urbanização. Atualmente, o mosquito transmissor é encontrado em uma ampla faixa do continente americano, estendendo-se desde o Uruguai até o sul dos Estados Unidos, com registros de surtos importantes de dengue em países como Venezuela, Cuba, Brasil e Paraguai. Erradicar um mosquito domiciliado tem se mostrado desafiador, demandando um esforço substancial do setor de saúde, com um gasto estimado de quase R$ 1 bilhão por ano, levando em conta todos os custos dos dez componentes do Programa Nacional de Controle da Dengue. Essas dificuldades são provenientes da capacidade do mosquito de se reproduzir em diversos recipientes que podem armazenar água, especialmente aqueles encontrados em áreas urbanas, como garrafas, latas, pneus e vasos de plantas nos domicílios. Para combater a dengue, as atividades de prevenção precisam ser integradas a outras políticas públicas, incluindo a limpeza urbana, além de contar com uma conscientização e mobilização social mais efetivas sobre a importância de manter o ambiente livre do mosquito. Entre os anos de 1999 e 2002, registrou-se um aumento na incidência de dengue, com 794.219 casos notificados em 2002. Porém, em 2003, houve uma redução de 56,6% no total de casos notificados em relação ao ano anterior, resultado, em parte, da intensificação das ações para controlar a doença. Intensificação das ações de combate ao vetor, concentrando-se nos municípios com maior incidência de casos; Dentre os fatores que influenciam a incidência da dengue, destaca-se a introdução recente de um novo sorotipo, o DEN 3, para o qual uma grande parcela da população ainda permanece suscetível. Por esse motivo, o Ministério da Saúde, em parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, tem realizado um conjunto de ações, incluindo: Dengue: Desafios e Controle no Brasil 26 Fortalecimento das atividades de vigilância epidemiológica e entomológica para melhor responder ao risco de surtos; Integração das ações de vigilância e educação sanitária com o Programa de Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde; Mobilização social e campanhas informativas para garantir a efetiva participação da população. Além disso, tem-se priorizado o aprimoramento na detecção de casos de dengue hemorrágica, visandoreduzir a letalidade dessa forma grave da doença. Um dos princípios fundamentais da Saúde Pública estabelece que a gravidade de uma doença define o seu risco, bem como o estado de saúde do paciente, incluindo condições nutricionais, a natureza de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos, tempo de internação, entre outros fatores. O avanço no desenvolvimento tecnológico tem desempenhado um papel crucial nos procedimentos de saúde, especialmente no último século. Esse progresso científico e tecnológico teve um impacto significativo na saúde pública, criando um novo cenário no cuidado à saúde. No entanto, esse progresso também trouxe consigo desafios, como o reconhecimento cada vez maior de novos agentes infecciosos e o ressurgimento de infecções que antes estavam controladas. Muitos desses casos estão associados ao empobrecimento da população, mas também ao aumento das instituições de saúde, o que, apesar de parecer paradoxal, tem sido observado. Especialmente em centros urbanos, a infecção hospitalar é comum, com a unidade de terapia intensiva (UTI) apresentando um problema mais sério. Nesse ambiente, os pacientes estão mais expostos ao risco de infecções devido à sua condição clínica e à variedade de procedimentos invasivos rotineiramente realizados. Vale ressaltar que na UTI, os pacientes têm de 5 a 10 vezes mais probabilidade de contrair infecções, representando cerca de 20% do total das infecções hospitalares. Em diversas regiões do mundo, esses centros de tratamento têm enfrentado altos índices de infecção hospitalar, incluindo a presença de microrganismos multirresistentes, o que representa uma ameaça à sociedade e um grande desafio, especialmente para a indústria farmacêutica, que se depara com a falta de respostas terapêuticas efetivas. No contexto das doenças causadas por microrganismos multidrogas resistentes, a tuberculose merece destaque devido à sua frequente ocorrência. MDR - Microrganismos Multidrogas Resistentes 27 Um dos problemas mais graves relacionados ao controle da tuberculose é o surgimento de bacilos que apresentam resistência a vários medicamentos utilizados no tratamento, como a isoniazida, a pirazinamida, a estreptomicina e a rifampicina, entre outros. Bacilos que são resistentes não apenas a um desses medicamentos, mas também a combinações de dois, três ou mesmo todos ao mesmo tempo já foram isolados. Recentemente, surgiram na África os bacilos extremamente resistentes, causando grande preocupação nos órgãos responsáveis pelo controle da tuberculose. Pacientes portadores desses bacilos denominados multidrogaresistentes têm poucas alternativas de tratamento e, às vezes, nenhuma opção. Estudos recentes demonstraram que animais infectados com bacilos resistentes a essas drogas também foram curados pela administração da vacina gênica. Além disso, é comum ocorrer um alto grau de adaptação dos bacilos ao ser humano. A infecção normalmente ocorre após a inalação dos bacilos e sua entrada nas células de defesa do organismo. Especialmente ao estudar células de defesa com alto potencial microbicida, como os macrófagos, foi descoberto que os bacilos têm a habilidade de desativar os sistemas de defesa dessas células e, assim, conseguem sobreviver e se multiplicar no seu interior. O sistema de defesa imune do ser humano reconhece a presença dos bacilos e estabelece uma resposta contra eles, caracterizada por uma reação inflamatória crônica e granulomatosa, cuja finalidade é circunscrever e delimitar a infecção. Nesse estado, os bacilos podem permanecer em estado de latência ou dormência por anos, e o indivíduo infectado pode não manifestar a doença. O desenvolvimento da doença ocorre quando há um desequilíbrio nessa relação mútua e está frequentemente associado a estados de supressão da resposta imunológica. Dentre os casos mais comuns de imunossupressão associados à tuberculose estão os indivíduos com síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids), pessoas estressadas, indivíduos que utilizam fármacos imunossupressores, dependentes químicos (como dependentes de álcool) e desnutridos, entre outros. 28 Além dos ferimentos superficiais, a via respiratória é uma das principais portas de entrada para germes, especialmente em indivíduos com hábitos prejudiciais, como o consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo. A infecção também pode ocorrer pelo aparelho digestivo, principalmente em casos de lesões. Infecções do trato respiratório, sejam de origem bacteriana ou viral, são a principal causa de consultas médicas, afastamentos do trabalho e da escola, além de representarem um fator significativo para a morbi-mortalidade e demanda por serviços de saúde. O tratamento das infecções hospitalares é complexo, envolvendo desafios relacionados ao diagnóstico médico preciso e à assistência hospitalar adequada. É comum a prescrição de antimicrobianos, mesmo quando a infecção é de origem viral, embora esse tipo de tratamento não seja benéfico. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, desenvolveu um curso para o controle de infecções hospitalares, com o objetivo de treinar adequadamente os profissionais de saúde. A infecção hospitalar, também conhecida como infecção nosocomial, refere-se a qualquer tipo de infecção adquirida após a entrada do paciente em um hospital ou após sua alta, quando essa infecção está diretamente relacionada à internação ou procedimento hospitalar, como cirurgias. Ao longo das décadas, o controle das infecções hospitalares evoluiu significativamente, reduzindo a ocorrência de complicações graves, como septicemia e infecções generalizadas, termos que se tornaram comuns. Apesar dos avanços, a infecção hospitalar continua a ser um desafio mundial na área da saúde, com nenhum país tendo controle absoluto sobre ela; apenas alguns apresentam números mais baixos de contaminação. O ambiente hospitalar abriga diversos micróbios patogênicos no ar, em objetos e sobre a pele, porém, em condições normais, esses micróbios não causam infecções devido às barreiras naturais do organismo. A pele desempenha um papel crucial como a barreira mais importante contra germes ambientais. Quando integra, a pele, juntamente com as secreções gordurosas e o suor, evita a penetração de micróbios no organismo. Contudo, se a pele for rompida ou alterada, as bactérias que normalmente residem nela podem causar infecções. Infecção Hospitalar: Controle e Desafios Contínuos 29 A Portaria MS nº 196, de 24 de junho de 1993, foi essencial para o desenvolvimento do controle de infecção hospitalar no Brasil, determinando a implantação de Comissões de Controle de Infecções Hospitalares em todos os hospitais do país, independentemente de sua natureza jurídica. Atualmente, a ANVISA delineia as diretrizes gerais para o Controle das Infecções em Serviços de Saúde, reforçando o enfrentamento das infecções relacionadas à assistência. O treinamento adequado dos profissionais de saúde é essencial para enfrentar esse grave problema de saúde pública, que acarreta custos sociais e econômicos elevados. Para progredir nessa luta, investimentos em conhecimento e conscientização sobre os diversos riscos de transmissão de infecções, as limitações dos processos de desinfecção e esterilização, bem como as precauções necessárias são imprescindíveis. Além disso, é fundamental padronizar e divulgar o conhecimento, especialmente sobre métodos de proteção anti-infecciosa, para que os profissionais possam manipular artigos com os devidos cuidados, minimizando o risco de transmissão de infecções tanto para os pacientes quanto para si mesmos. 30 REFERÊNCIAS CRUZ, J. L. A. Manual de biossegurança em laboratórios. São Paulo: Atheneu, 2010. SILVA, M. P. S. Gestão de resíduos sólidos: fundamentos e práticas. Rio de Janeiro: LTC, 2015. COSTA, A. B.; FERREIRA, L. M. Enfermagem em saúde do trabalhador. Porto Alegre: Artmed, 2018. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Brasília: MMA, 2012. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.NBR 15475. Resíduos de equipamentos eletroeletrônicos – Requisitos para projeto e implantação de sistema de gestão. Rio de Janeiro, 2019. MONTEIRO, C. A.; CANNON, G. Manual de nutrição e alimentação saudável. São Paulo: Manole, 2018. RAMALHO, J. M. Higiene e segurança no trabalho. Lisboa: Sílabo, 2016. SOUZA, R. H. B.; SANTOS, L. L. M. Manual de biossegurança e controle de infecção em hospitais. São Paulo: Roca, 2017. VASCONCELLOS, P. C. V.; LIMA, A. F. Gestão de resíduos em unidades de saúde. São Paulo: Atheneu, 2019. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n. 222, de 28 de março de 2018. Dispõe sobre o regulamento técnico de boas práticas de gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde. 31 NÃO ESQUECE DE REALIZAR A SUA AVALIAÇÃO PARA OBTER O SEU CERTIFICADO, TÁ? OBRIGADO POR ESTUDAR CONOSCO! WWW.INEVES.COM.BR http://www.ineves.com.br/