Buscar

Conotação e Denotação


Prévia do material em texto

complementar sua compreensão do assunto. Procure o citado dicionário 
na biblioteca de sua universidade, ou de sua cidade, e pesquise também 
outros termos relacionados, como denotação, ambiguidade e metáfora. 
Tire todas as dúvidas com o seu tutor.
CONOTAÇÃO POR MASSAUD MOISÉS
Com + notação; Latim cum + notatione (m), notação, marca, ação de 
marcar conjuntamente.
Equivalente moderno de compreensão (soma de caracteres abrangidos 
por um conceito), empregada pela filosofia escolástica, a ideia de conotação 
somente se deixa esclarecer quando posta em confronto com a denotação. 
Ambas, porém, constituem matéria ainda não assente, quer na área da 
Linguística, quer da crítica literária. 
De modo geral, a conotação, vocábulo largamente empregado pelos 
linguistas e críticos modernos, designa os vários sentidos que um signo 
linguístico adquire quando em contato com outros signos dentro do texto: 
por contiguidade, o sentido primitivo ou literal (denotativo) se altera e se 
amplifica, tornando-se plural ou multívoco. Ao mesmo tempo, por 
associação mental, encadeiam-se imagens ou alusões que remetem para 
significados fora do texto, sem contar a carga de subjetividade 
naturalmente presente no ato de assinalar os múltiplos sentidos das 
palavras. Em qualquer caso, a conotação se estabelece pelo contexto: 
equivale, na perspectiva linguística de F. Saussure, (Cours de linguistique 
general, 1962), ao plano da fala (parole), uma vez que pressupõe a 
linguagem afetiva e individual; e na perspectiva literária, ao plano do 
estilo.
Literariamente, pode-se distinguir a poesia da prosa tomando-se por 
base a função e o alcance da conotação (ou conotações): a poesia é por 
natureza conotativa, ao passo que a prosa narrativa típica (não-poética) 
promove uma conciliação entre o processo conotativo e o denotativo. 
Enquanto num texto poético cada palavra pode assumir mais de um 
sentido, num texto prosístico o vocábulo isolado tende para a denotação, e 
só adquire matiz conotativo quando se leva em conta o conjunto da obra 
onde se inscreve.
Assim, nos dois versos seguintes de Murilo Mendes — “Demoliram 
uma mulher / a sons de clarinete” (Poesias, 1959, p. 277) —, o sentido 
literal das palavras nos conduziria à sensação de absurdo, pois cada qual, 
graças à vizinhança das outras exibe uma variedade praticamente 
indeterminada de significações. Por outro lado, uma referência como a 
seguinte — “Quando Eugênio terminou de contar a sua história, o doutor 
Seixas coçou a barba intonsa e fitou no amigo os seus olhos azuis de 
criança” (Érico Veríssimo, Olhai os lírios do campo, 12ª. ed. , s.d., p. 190) 
—, apresenta à primeira vista um único sentido, mas a totalidade da obra 
nos revelaria outra(s) camada(s) semântica(s) por trás de cada pormenor 
referente ao Dr. Seixas (“coçou a barba intonsa e fitou no amigo os seus 
olhos azuis de criança”). V. AMBIGUIDADE E METÁFORA.
12

Mais conteúdos dessa disciplina