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TÓPICO 04: OS ESTUDOS DA LINGUAGEM: A ANTIGUIDADE CLÁSSICA Dado o caráter introdutório e histórico da disciplina Introdução à Linguística, centraremos nossa discussão na chamada Historiografia Linguística (também denominada História das Ideias Linguísticas), ramo da Ciência da Linguagem que busca delinear as bases teóricas do desenvolver epistemológico da Linguística. É comum nesse percurso dividir os estudos em antes e depois de Saussure, considerado pai da Linguística Moderna. Esse antes ou pré-saussureano, no ocidente, é dividido em estudos linguísticos gregos, romanos, medievais, renascentistas/ “modernos” – acompanha basicamente a divisão da história tradicional. E essa será a orientação desta aula. Outro ponto digno de se pôr em questão é: será que tudo iniciou na Grécia? A resposta é sim, mas não porque eram os gregos altamente inteligentes, ou porque seus filósofos eram grandiosos... Mas porque é de lá que temos os primeiros registros mais formalizados sobre ciência. A Grécia é considerada o berço da cultura ocidental, dessa forma, é válido revisitar o que ali se discutia sobre a língua. GRÉCIA Nossa trajetória inicia com os filósofos gregos, pois todos eles discutiram de alguma forma tópicos de língua, não propriamente a língua. Assim podemos citar alguns nomes, como: Heráclito – afirmante de que a palavra (logos) era a expressão do pensamento, Parmênides (e a Escola Eleática), Demócrito, Epicuro etc. Porém os mais importantes são Platão (429-347 A.C.) e Aristóteles (384-322 A.C.). O primeiro, em seus Diálogos, registra uma possível discussão ocorrida entre Crátilo, Hermógenes e Sócrates, os quais discutem sobre a arbitrariedade da linguagem: seria a língua natural (Crátilo analogia) ou convencional (Hermógenes anomalia). Sócrates, ao final, considera que a língua em sua origem havia sido análoga, isto é, refletia a realidade, foi motivada pelas coisas, mas com o tempo, com o uso, passou a se convencionar os nomes no mundo (esboçam um estudo especulativo de etimologia) – Sócrates compara a língua a uma ferramenta: criada pelo homem a um fim específico, mas, dada seu grau de utilidade, passou a outras funções. EXEMPLO Vejamos este exemplo da fala de Sócrates: "Se o 'l', por exemplo, representa 'deslizar' ou" 'resvalar', podemos esperar que as palavras que contêm este som tenham algum elemento de INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA AULA 01: LINGUÍSTICA: A CIÊNCIA DA LINGUAGEM 10 impresso_parcial.pdf 04.pdf