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GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS Gestão de Custos Industriais Mario Sergio Della Roverys Coseglio Mario Sergio Della Roverys Coseglio Pedro Henrique Monteiro da Silva Pedro Henrique Monteiro da Silva GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro Uma empresa é uma unidade econômica que oferece ao mercado produtos e serviços. Para obter lucro, a receita alcançada com as vendas dos produtos e serviços deve ser maior do que os custos para produzi-los e comercializá-los. Com essa formulação bá- sica, � ca evidente que quando a empresa determina o preço de um produto/serviço, ela determina também a rentabilidade esperada para o negócio. E um fator importan- te a ser considerado nesse cálculo é o custo para produção de bens ou serviços. Determinar o custo de produção de um produto/serviço com precisão é essencial para manter a competitividade. Se uma empresa oferece uma grande variedade de produ- tos e serviços, por exemplo, é preciso saber qual é o custo de produção de cada tipo, para que o preço de venda seja calculado com base em valores mais próximos daquilo que de fato foi executado. Mas como nem sempre é possível alocar os recursos direta- mente aos produtos/serviços, a aplicação dos conceitos de contabilidade é uma forma e� ciente de analisar os custos. Ao � nal desta disciplina, você irá compreender e aplicar os conceitos de contabilida- de (gerencial, � nanceira e de custos) para a análise de custos industriais. Além disso, você terá uma visão geral da administração � nanceira e de como todos os conceitos apresentados podem ser usados na prática, para demonstração de resultados e para a tomada de decisões em um ambiente de negócios. SER_ENGPROD_GCI_CAPA.indd 1,3 06/01/2021 10:04:13 © Ser Educacional 2021 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE – CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente do Conselho de Administração Diretor-presidente Diretoria Executiva de Ensino Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Diretoria de Ensino a Distância Autoria Projeto Gráfico e Capa Janguiê Diniz Jânyo Diniz Adriano Azevedo Joaldo Diniz Enzo Moreira Mario Sergio Della Roverys Coseglio DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 2 06/01/2021 09:55:01 Boxes ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 3 06/01/2021 09:55:01 Unidade 1 - Conceitos básicos de custos industriais Objetivos da unidade ........................................................................................................... 13 Introdução .............................................................................................................................. 14 Gestão de operações industriais .................................................................................. 15 Conceitos básicos de custos ......................................................................................... 19 Contabilidade gerencial, financeira e de custos ....................................................... 20 Classificação de custos ...................................................................................................... 26 Custos fixos e variáveis .................................................................................................. 27 Custos diretos e indiretos .............................................................................................. 28 Outras classificações ..................................................................................................... 30 Finanças industriais............................................................................................................. 31 Investimentos ................................................................................................................... 33 Administração financeira ............................................................................................... 35 Sintetizando ........................................................................................................................... 37 Referências bibliográficas ................................................................................................. 38 Sumário SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 4 06/01/2021 09:55:02 Sumário Unidade 2 - Sistemas de custos Objetivos da unidade ........................................................................................................... 39 Princípios de custeio e custo padrão ............................................................................... 40 Custeio por absorção ...................................................................................................... 41 Custo padrão .................................................................................................................... 45 Método do rateio simples e dos centros de custos ....................................................... 47 Rateio simples ................................................................................................................. 48 Centros de custos ............................................................................................................ 50 Método do custeio baseado em atividades .................................................................... 57 Etapas do ABC ................................................................................................................. 59 Custeio ABC versus custeio tradicional ...................................................................... 61 Sintetizando ........................................................................................................................... 64 Referências bibliográficas ................................................................................................. 65 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 5 06/01/2021 09:55:02 Sumário Unidade 3 - Gestão de custos como apoio à tomada de decisão Objetivos da unidade ........................................................................................................... 68 Formação do custo total ...................................................................................................... 69 Custos fixos e custos variáveis ..................................................................................... 69 Custeio por absorção ...................................................................................................... 70 Custo unitário ................................................................................................................... 72 Margem de contribuição.....................................................................................................73 Razão de contribuição .................................................................................................... 75 Margem de contribuição com fatores limitantes ....................................................... 76 Margem de competitividade .......................................................................................... 78 Margem de segurança e alavancagem operacional ..................................................... 80 Margem de segurança ................................................................................................... 81 Alavancagem operacional e grau de alavancagem .................................................. 85 Risco operacional ............................................................................................................ 86 Análise custo-volume-lucro ............................................................................................... 90 Risco operacional ............................................................................................................ 90 Aplicação da CVL ............................................................................................................ 92 Sintetizando ........................................................................................................................... 95 Referências bibliográficas ................................................................................................. 96 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 6 06/01/2021 09:55:02 Sumário Unidade 4 - Gestão de custos e planejamento Objetivos da unidade ........................................................................................................... 99 Ponto de equilíbrio ............................................................................................................. 100 Representação gráfica do ponto de equilíbrio ......................................................... 103 Ponto de equilíbrio contábil, econômico e financeiro ............................................ 105 Formação de preço............................................................................................................. 107 Considerações sobre o lucro ...................................................................................... 109 Formação de preço por mark-up 110 Formação de preço de venda a prazo 112 Demonstrações financeiras ............................................................................................. 113 Balanço patrimonial .......................................................................................................... 114 Demonstração do resultado do exercício (DRE) ...................................................... 116 Demonstração de fluxo de caixa (DFC) ..................................................................... 119 Avaliação de balanços ................................................................................................. 122 Planejamento financeiro .................................................................................................. 125 A empresa inserida no ambiente de negócios ......................................................... 126 Definição de metas e plano de ação .......................................................................... 127 Avaliação de risco ......................................................................................................... 129 Sintetizando ......................................................................................................................... 130 Referências bibliográficas ............................................................................................... 132 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 7 06/01/2021 09:55:02 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 8 06/01/2021 09:55:02 Uma empresa é uma unidade econômica que oferece ao mercado produtos e serviços. Para obter lucro, a receita alcançada com as vendas dos produtos e serviços deve ser maior do que os custos para produzi-los e comercializá-los. Com essa formulação básica, fi ca evidente que quando a empresa determina o preço de um produto/serviço, ela determina também a rentabilidade esperada para o negócio. E um fator importante a ser considerado nesse cálculo é o cus- to para produção de bens ou serviços. Determinar o custo de produção de um produto/serviço com precisão é es- sencial para manter a competitividade. Se uma empresa oferece uma grande variedade de produtos e serviços, por exemplo, é preciso saber qual é o custo de produção de cada tipo, para que o preço de venda seja calculado com base em valores mais próximos daquilo que de fato foi executado. Mas como nem sempre é possível alocar os recursos diretamente aos produtos/serviços, a aplicação dos conceitos de contabilidade é uma forma efi ciente de analisar os custos. Ao fi nal desta disciplina, você irá compreender e aplicar os conceitos de con- tabilidade (gerencial, fi nanceira e de custos) para a análise de custos industriais. Além disso, você terá uma visão geral da administração fi nanceira e de como todos os conceitos apresentados podem ser usados na prática, para demons- tração de resultados e para a tomada de decisões em um ambiente de negócios. GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 9 Apresentação SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 9 06/01/2021 09:55:02 Dedico este livro a você, aluno. Que por meio dele eu possa despertar sua curiosidade para que você possa ampliar o olhar para novos horizontes. O professor Mario Sergio Della Roverys Coseglio é doutor em En- genharia de Materiais e Metalúrgica pela Universidade de Birmingham (Reino Unido, 2018). Possui mestrado em Engenharia Mecânica e de Mate- riais pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR, 2013) e é graduado em Engenharia Mecânica pela UTFPR (2009). Possui mais de 15 anos de experiência nas áreas de engenharia de manufatura, pesquisa e desenvolvimento e gerenciamento de projetos de inovação. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0954724731562843 GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 10 O autor SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 10 06/01/2021 09:55:02 Dedico este trabalho a Deus, meus pais e minha esposa, que sempre me incentivaram a superar as difi culdades e alcançar novos objetivos. O professor Pedro Henrique Mon- teiro da Silva é graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela Universidade Estácio de Sá (UNESA, 2020). Além disso, é mestre em En- genharia de Produção pela Universi- dade Federal da Paraíba (UFPB, 2019) e graduado em Engenharia Química pela mesma universidade (UFPB, 2016). Atualmente, o professor parti- cipa do corpo técnico da Universida- de Federal da Paraíba. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2733709411749571 O autor GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 11 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 11 06/01/2021 09:55:03 CONCEITOS BÁSICOS DE CUSTOS INDUSTRIAIS 1 UNIDADE SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 12 06/01/2021 09:55:31 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Compreender conceitos básicos da contabilidade de custos; Compreender o propósito das finanças na gestão de custos industriais. Introdução Gestão de operações indus- triais Conceitos básicos de custos Contabilidade gerencial, finan- ceira e de custos Classificação de custos Custos fixos e variáveis Custos diretos e indiretos Outras classificações Finanças industriais Investimentos Administração financeira GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 13 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 13 06/01/2021 09:55:31 Introdução Um negócio possui dois objetivos principais: rentabilidade e liquidez. A ren- tabilidade, como defi nem Needles, Powers e Crosson (2011), é a capacidade de obter renda sufi ciente para atrair e manter capital de investimento. Já a liqui- dez, também segundo os autores, é a capacidade de manter um fl uxo de caixa sufi ciente para pagar as dívidas na data do vencimento. Por exemplo: uma em- presa que vende uma grande quantidade de um produto, a umpreço que gera lucro, pode atingir sua meta de rentabilidade, mas, se os clientes não pagarem o produto rápido o sufi ciente para que a empresa possa utilizar os recursos recebidos para pagar os salários dos seus funcionários e seus fornecedores, a empresa pode falhar em atingir a meta de liquidez. Para que um negócio tenha sucesso, portanto, é essencial que os dois obje- tivos (rentabilidade e liquidez) sejam atingidos. Para isso, as organizações exer- cem três tipos de atividades, descritas no Quadro 1: operações, investimentos e atividades fi nanceiras. Atividade Exemplos Operações Vender produtos e serviços para consumidores, contratar recursos humanos, produzir bens, prestar serviços, pagar taxas Investimentos Empregar o capital recebido para atingir os objetivos do negócio, o que envolve adquirir recursos (terrenos, instalações industriais, equipamento) necessários para operar o sistema e vendê-los quando não forem mais necessários Financeiras Obter capital (dos credores e dos proprietários) para iniciar e man- ter uma operação. Envolve também o reembolso de credores e o retorno para os proprietários QUADRO 1. ATIVIDADES DE UM NEGÓCIO PARA ATINGIR OS OBJETIVOS DE RENTABILIDADE E LIQUIDEZ Fonte: NEEDLES; POWERS; CROSSON, 2011, p. 5. (Adaptado). GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 14 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 14 06/01/2021 09:55:31 Nesse contexto, uma indústria (de pequeno, médio ou grande porte), que usa recursos humanos e tecnológicos para produzir diferentes tipos de pro- dutos, é uma unidade econômica que precisa tomar decisões com frequência para que a atividade exercida dê o retorno desejado para os seus proprietários. Ou seja, para que a empresa atinja seus objetivos de rentabilidade e liquidez. Algumas decisões e ações fundamentais para a administração econômico-fi - nanceira que se aplicam nesse cenário são: • Quantifi car os custos dos produtos; • Formar os preços dos produtos; • Defi nir a melhor combinação de produtos; • Realizar análise econômica de substituição e alteração de recursos; • Realizar análise econômica de terceirização. Para compreender como algumas dessas decisões são tomadas, a primei- ra parte desta unidade apresenta uma visão geral da gestão de operações in- dustriais e, em seguida, faz uma revisão de alguns campos do conhecimento essenciais para a análise de custos em qualquer tipo de organização: conceitos básicos de custos, contabilidade gerencial e fi nanças. Gestão de operações industriais Na indústria, a manufatura, que usa processos de transformação para con- verter entradas em saídas desejáveis, é uma atividade econômica importan- te de organizações que comercializam produtos. Uma fábrica de automóveis, por exemplo, utiliza ferramentas, equipamentos e mão de obra (recursos) para converter chapas de aço, motores e uma série de peças e componentes mecâ- nicos e eletrônicos (entradas) em automóveis (a saída desejada). Nesse caso, as funções primárias da transformação física dos recursos materiais são a fabri- cação e a montagem do veículo. A manufatura pode ser defi nida de duas formas, segundo Groover (2013): como um processo tecnológico ou como um processo econômico. Na primeira, ilustrada de forma esquemática na Figura 1, a manufatura consiste em aplicar processos físicos e químicos (com o uso de máquinas, ferramentas, potência e mão de obra) para alterar a geometria e propriedades de uma matéria-prima com o objetivo de obter o produto. GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 15 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 15 06/01/2021 09:55:31 Matéria-prima Processo de manufatura Rejeito Produto processado M áq ui na s Fe rra m en ta s Po tê nc ia M ão d e ob ra 1 2 3 4 5 6 7 8 Valor agregado Matéria-prima Material em processamento Produto processado Processo de manufatura 1 2 3 4 5 Figura 1. Definição tecnológica da manufatura. Fonte: GROOVER, 2013, p. 4. (Adaptado). Figura 2. Definição econômica da manufatura. Fonte: GROOVER, 2013, p. 4. (Adaptado). Na segunda definição (ilustrada na Figura 2), a manufatura é, sob o ponto de vista econômico, a transformação da matéria-prima em produtos com maior valor agregado. Por exemplo: o minério de ferro, ao passar por um processo de transformação, é convertido em aço, que possui maior valor agregado do que a matéria-prima inicial. O aço no estado bruto, por sua vez, também pode passar por processos de transformação que mudam sua geometria e propriedades para gerar um produto com valor agregado ainda maior (a porta de um veículo ou a coluna de uma estrutura metálica, por exemplo). GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 16 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 16 06/01/2021 09:55:31 A manufatura é composta, na maioria dos casos, por uma sequência de processos de transformação, que inclui tanto operações de processamento quanto operações de montagem. Como mostrado no Diagrama 1, as operações de processamento podem ter como objetivo dar forma a um produto (ou a pe- ças de um produto), melhorar suas propriedades ou alterar as características de sua superfície. Já as operações de montagem podem utilizar processos de união permanente ou união com o uso de parafusos, por exemplo. DIAGRAMA 1. CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE MANUFATURA 1 - Processos de manufatura 2 - Operações de processamento 16 - Operações de montagem 19 - Fixação mecânica 14 - Processos de união permanente 10 - Processamento de superfícies 8 - Processos para melhoria de propriedades 3 - Processos de moldagem 4 - Processos de solidificação 5 - Processamento de partículas 6 - Processos de deformação 7 - Processos de remoção de material 9 - Tratamentos térmicos 11 - Limpeza e tratamento de superfícies 12 - Revestimentos e processos de deposição 13 - Soldagem 15 - Brasagem e soldagem 17 - Colagem adesiva 18 - Parafusos roscados 20 - Métodos permanentes de fixação Fonte: GROOVER, 2013, p. 12. (Adaptado). Como observam Chase, Jacobs e Aquilano (2006), as empresas de manufatura, ao contrário de empresas prestadoras de serviços, usualmente agrupam as ativi- dades relacionadas com a operação em um único departamento ou em um con- junto de departamentos ligados à diretoria industrial ou à diretoria de tecnologia. O Diagrama 2 mostra as áreas que fazem parte do gerenciamento de operações GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 17 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 17 06/01/2021 09:55:31 em uma empresa de manufatura. Embora outros arranjos sejam possíveis, em geral, o gerente da planta industrial é responsável pelo controle e planejamento da produção, compras, manufatura, garantia da qualidade e engenharia (suporte). 3 = Finanças 15 = Desembolso Crédito Controle de fundos Fontes de fundos Necessidades de capital 2 = Gerente da planta industrial 7 = Controle da produção 13 = Programação e controle de materiais 14 = Ferramental Montagem Fabricação 8 = Compras 10 = Garantia da qualidade 9 = Manufatura 11 = Engenharia (suporte) 1 = Marketing 4 = Vendas 12 = Treinamento 5 = Promoção de vendas 6 = Publicidade DIAGRAMA 2. GERENCIAMENTO DE OPERAÇÕES EM UMA EMPRESA DE MANUFATURA Fonte: GROOVER, 2013, p. 12. (Adaptado). Para a análise de custos industriais, a engenharia industrial pode ser orga- nizada, segundo Costa, Saraiva e Shimada (2010), em duas partes principais: estrutura de produtos e engenharia de processos. A estrutura de produtos é responsável pelos documentos dos produtos, como a lista de materiais. Se- gundo Kumar e Suresh (2009), uma lista de materiais, conhecida no meio in- dustrial como BOM (do inglês Bill of Materials), tem como objetivo identificar como cada produto é produzido. O BOM especifica, de forma estruturada, to- dos os subcomponentes do produto, suas quantidades em cada unidade, suas sequências de construção e os centros de trabalho que executam a operação. GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 18 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 18 06/01/2021 09:55:31 A engenharia de processos, segundoCosta, Saraiva e Shimada (2010), é responsável por defi nir a sequência de atividades que devem ser executadas e os recursos (máquinas, equipamentos, mão de obra) que devem ser utilizados para obter um produto acabado. Todas essas informações são inseridas em folhas de processos que reúnem instruções de montagens, tempo estimado para execução, padrões de qualidade, parâmetros de processo, questões rela- cionadas com a segurança, entre outros. EXPLICANDO A lista de materiais (BOM) contém informações centrais para o planeja- mento da produção. É utilizada para o planejamento das necessidades de materiais, determinação de custos e de consumo de materiais. Conceitos básicos de custos Esta seção apresenta alguns conceitos essenciais para a análise de custos industriais e a terminologia usada nesse contexto. O primeiro item que merece destaque é a diferença entre gasto e desembolso. Suponha, por exemplo, que uma empresa efetue a compra de matéria-prima cujo prazo para pagamento é de 90 dias. Nesse caso, o gasto ocorre quando o pedido é submetido, enquanto o desembolso ocorre apenas 90 dias após o pedido. Portanto: • Gasto: é o sacrifício fi nanceiro gerado pela compra de qualquer produto ou serviço. Se aplica, por exemplo, para compra de matéria-prima, mão de obra, honorários etc. O sacrifício representa a entrega (ou a promessa de entrega) de um ativo. O gasto ocorre quando há reconhecimento da dívida assumida; • Desembolso: é o pagamento do produto ou serviço que foi adquirido. Pode ser executado antes, durante ou após o momento em que o gasto foi realizado. Outros termos importantes da contabilidade de custos: • Despesas: são os bens ou serviços consumidos com o objetivo de obter receitas. Representam sacrifícios que reduzem o patrimônio líquido da empresa. Estão ligadas à administração geral da empresa (despesas administrativas, comerciais e fi nanceiras) e não fazem parte do custo de fabricação dos produtos; GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 19 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 19 06/01/2021 09:55:31 • Custo: é um gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. Observe que, no momento da aquisição de matéria- -prima, por exemplo, há um gasto que se torna um custo quando ela é utilizada para fabricação do produto ou para a prestação de um serviço. Note, ainda, que enquanto a matéria-prima estiver em estoque, ela é considerada um in- vestimento. Alguns autores utilizam o termo custo de fabricação como o va- lor dos insumos usados na fabricação dos produtos da empresa. Exemplos de custos ou custos de fabricação são a matéria-prima, a mão de obra, a energia elétrica, as máquinas, entre outros; • Perdas: na gestão de custos industriais, a perda é um bem ou serviço con- sumido de forma anormal e involuntária. É importante não confundir a perda com despesa ou custo; • Desperdícios: um desperdício é um esforço econômico que não agrega valor ao produto da empresa e nem serve para suportar diretamente o traba- lho. Desperdício é um termo abrangente, que inclui tanto perdas anormais e involuntárias quanto as inefi ciências de um processo; • Investimento: são sacrifícios relacionados com a aquisição de produtos ou serviços que se tornam ativos da empresa. Um exemplo é a aquisição de máquinas. Contabilidade gerencial, financeira e de custos Contabilidade, como defi nem Needles, Powers e Crosson (2011), é um siste- ma de informação que mede, processa e comunica informações fi nanceiras de uma unidade econômica (uma empresa de ma- nufatura, por exemplo). Ainda segundo os autores, a conta- bilidade, conecta as atividades do negócio com os tomadores de decisão, pois: • Armazena dados (para uso futuro) que medem as ati- vidades do negócio; • Quando os dados armazenados são utilizados, se tornam informações úteis para a tomada de decisão; • As informações são comunicadas aos tomadores de decisão por meio de relatórios. GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 20 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 20 06/01/2021 09:55:31 EXEMPLIFICANDO Alguns exemplos de informações úteis para o gerenciamento de opera- ções são: capacidade de produção, eficiência do processo produtivo, avaliação da qualidade, lucratividade operacional, terceirização, melhoria do processo produtivo, entre outros. Uma função importante da conta- bilidade, portanto, é fornecer infor- mações a respeito do desempenho de uma unidade econômica. Existem dois tipos de contabilidade: a conta- bilidade gerencial e a contabilidade financeira. Há também a contabili- dade de custos, derivada da contabi- lidade financeira. Contabilidade gerencial • É retrospectiva, pois fornece infor- mações sobre operações anteriores; • É prospectiva, pois incorpora previ- sões e estimativas sobre eventos futuros; • Usa medidas financeiras e não fi- nanceiras tanto nos relatórios retros- pectivos quanto no planejamento prospectivo; • É orientada para atender às necessidades de tomada de decisão de funcio- nários e gestores dentro da organização; • Não tem forma prescrita ou regras para apresentação do conteúdo. A for- ma é definida inteiramente e customizada de acordo com as necessidades da- queles que usam as informações. Contabilidade financeira • É retrospectiva, pois relata e resume (em termos financeiros) os resultados de decisões e transações passadas; • É principalmente voltada para as partes interessadas (stakeholders), como investidores, credores, reguladores e autoridades financeiras; • Deve ser consistente com os padrões regulatórios e com as diretrizes das autoridades fiscais. No Brasil, as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) são GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 21 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 21 06/01/2021 09:55:40 editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC). As NBCs seguem os pa- drões do conjunto de normas internacionais publicados pelo Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (IASB - International Accounting Standards Board). A contabilidade de custos, segundo Martins (2003), surgiu da necessidade de incluir os estoques na análise de custos na indústria, como o objetivo de obter o custo dos produtos fabricados. Isso ocorreu devido ao aumento da atividade industrial durante a Revolução Industrial, no século XVIII. Antes disso, a contabilidade financeira era utilizada por artesãos como forma de medição de patrimônio. O modelo era simplificado, mas continua sendo a base para a demonstração de resultados pelas organizações na atualidade: Vendas: (–) Custo dos produtos fabricados; Custo dos produtos vendidos; Lucro bruto: (–) Despesas administrativas; (–) Despesas comerciais; (–) Despesas financeiras. Lucro bruto. Em uma indústria de manufatura, o custo dos produtos vendidos não é um dado imediatamente disponível (como no exemplo dos produtos comercia- lizados pelos artesãos), pois é preciso considerar todos os insumos e recursos utilizados para fabricação do produto, como a matéria-prima, mão de obra, energia elétrica, máquinas, ferramentas etc. Com o aumento da complexidade das operações industriais, as informações geradas pela contabilidade de cus- tos passaram a ser utilizadas como auxílio à tomada de decisões gerenciais. No meio industrial, o custo dos produtos vendidos depende, também, das alterações nos estoques. Existem, segundo Bornia (2010), três tipos principais de estoques: • Estoque de matéria-prima: itens que ainda não iniciaram o processo produtivo; • Estoque de produtos em processo: itens em processamento (estoque in- termediário); • Estoques de produtos acabados: produtos acabados, prontos para a venda. O Diagrama 3 apresenta, de forma esquemática, como esses estoques es- tão relacionados. GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 22 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 22 06/01/2021 09:55:40 DIAGRAMA 3. TIPOS DE ESTOQUE Fonte: BORNIA, 2010, p. 13. (Adaptado). Compra de matéria-prima Matéria-prima utilizada Outros insumos Produtos fabricadosProdutos vendidos Estoque de matéria-prima Estoque de produtos em processo Estoque de produtos acabados Assim, quando o estoque de produtos acabados varia, o custo dos produtos vendidos é obtido somando o custo dos produtos fabricados com o inventário inicial de produtos acabados e, em seguida, subtraindo o estoque final de pro- dutos acabados: Estoque inicial de produtos acabados: (+) Custo dos produtos fabricados; (–) Estoque final de produtos acabados. Custo dos produtos vendidos . A mesma lógica se aplica para o custo de produtos fabricados quando há variação de estoque: Estoque inicial de produtos em processo: (+) Custo do período; (–) Inventário final de produtos em processo. Custo dos produtos fabricados. Da mesma forma, quando há variação de estoque de matéria-prima: Estoque inicial de matéria-prima: (+) Compras de matéria-prima no período; (–) Estoque final de matéria-prima. Custo de matéria-prima. Para entender melhor como esse procedimento é utilizado na prática, analise o exemplo a seguir. Suponha que uma empresa de manufatura pro- duza, de forma contínua, apenas um tipo de produto em suas instalações. Para simplificar a análise, este exemplo não inclui a variação de estoque de matéria-prima. Em um dado mês, considere que os seguintes custos foram registrados: Matéria-prima: R$ 12.000; GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 23 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 23 06/01/2021 09:55:40 Mão de obra: R$ 6000; Energia elétrica: R$ 2000. Total de custos no mês: R$ 20.000. As quantidades de produtos produzidos no período, de produtos ven- didos e de produtos acabados em estoque (considerando que não havia estoque inicial), são: Estoque inicial de produtos acabados: 0; Quantidade de produtos acabados produzidos: 200; Quantidade de produtos acabados vendidos: 170; Estoque final de produtos acabados: 30. Os custos de produção e de estoque e o preço de venda, no mês, são: Custo de produção por produto (R$ 20.000/200): R$ 100; Preço de venda por produto: R$ 150; Valor das vendas (170 · R$ 150): R$ 25.500; Custo dos produtos vendidos (170 · R$ 100): R$ 17.000; Custo do estoque de produtos acabados (30 · R$ 100): R$ 3000. O lucro bruto no mês foi, portanto: Vendas: R$ 25.500; (–) Custo dos produtos vendidos: (R$ 17.000). Lucro bruto: R$ 8500. Suponha, agora, que no segundo mês os custos foram: Matéria-prima: R$ 14.000; Mão de obra: R$ 7000; Energia elétrica: R$ 2500; Total de custos no mês: R$ 23.500. E, a seguir, estão indicados os dados de produção para o período: Unidades processadas no mês (a unidade 301 estava 50% finalizada): 300 ½; Quantidade de produtos acabados produzidos: 300; Quantidade de produtos vendidos: 250; Estoque final de produtos acabados (30 do mês anterior + 300 - 250): 80; Estoque de produtos em processamento (unidade 301): ½. No estoque de produtos no segundo mês estão disponíveis, portanto: Quantidade de produtos acabados em estoque no início do mês: 30; Quantidade de produtos acabados produzidos no mês: 300; GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 24 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 24 06/01/2021 09:55:40 Quantidade de produtos acabados disponíveis para a venda no mês (30 + 300): 330; Quantidade de produtos vendidos durante o mês: 250; Quantidade de produtos em estoque no final do mês (330 - 250): 80. E os custos correspondentes são: Custo de produtos acabados em estoque no início do mês (30 · R$ 100): R$ 3000; Custo dos produtos acabados produzidos no mês (300 · R$ 100): R$ 30.000; Custo dos produtos acabados disponíveis para venda (330 · R$ 100): R$ 33.000; Custo dos produtos vendidos (250 · R$ 100): R$ 25.000; Custo dos produtos acabados no final do mês (80 · R$100): R$ 8000. Portanto, o lucro bruto no segundo mês é obtido pela diferença entre as vendas e o custo dos produtos vendidos. Note que o custo dos produtos ven- didos, nesse caso, equivale ao custo de produção no período, descontando os custos relativos ao estoque final de produtos em processamento e ao estoque final de produtos acabados e somando o custo do estoque inicial de produtos acabados. O resultado é mostrado a seguir: Vendas no mês (250 · R$ 150): R$ 37.500: (–) Custo dos produtos vendidos. Custo de produção no mês (300 ½ · R$100): R$ 30.050: (–) Estoque final de produtos em processamento (½ · R$ 100): (R$ 50); (=) Custo das unidades acabadas: R$ 30.000; (+) Estoque inicial de produtos acabados: (R$ 3000); (=) Custo dos produtos acabados disponíveis: R$ 33.000; (–) Estoque final de produtos acabados: (R$ 8000); (=) Custo dos produtos vendidos: (R$ 25.000); Lucro bruto (R$ 37.500 – R$ 25.000): R$ 12.500. Com esse exemplo, os conceitos de custo de pro- dução no período e custo dos produtos vendidos ficam evidentes. O custo de produção no perío- do (ou custo de fabricação) é normalmente di- vidido em matéria-prima, mão de obra direta e custos indiretos. GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 25 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 25 06/01/2021 09:55:40 Classificação de custos Existem muitas formas de classifi car os custos na indústria. Alguns critérios usuais de classifi cação, segundo Bornia (2010), são: • Classifi cação pela variabilidade: custos fi xos e custos variáveis; • Classifi cação pela facilidade de alocação: custos diretos e custos indiretos; • Classifi cação pelo auxílio à tomada de decisão: custos relevantes e cus- tos não relevantes; • Classifi cação pela facilidade de eliminação: custos fi xos elimináveis (ou evitáveis) e custos fi xos não elimináveis; • Outras classifi cações: custos primários, custos de transformação etc. Dessa lista, as duas primeiras formas de classifi cação são as mais utilizadas e são exploradas com detalhes nesta unidade, assim como outros tipos utiliza- dos com frequência na prática industrial. A Figura 3 mostra os principais tipos de custos, separando custos relaciona- dos com a produção, dos custos não relacionados com ela. 6 Custos primários 7 Custos de transformação 2 Custos não relacionados com a produção ou custos operacionais 8 Gastos com pesquisa e desenvolvimento 9 Despesas de marketing (vendas) 10 Despesas administrativas 1 Custos de produção ou de manufatura 3 Matéria-prima direta 4 Mão de obra direta 5 Custos indiretos de produção Figura 3. Tipos de estoque. Fonte: BORNIA, 2010, p. 13. (Adaptado). GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 26 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 26 06/01/2021 09:55:40 Custos fixos e variáveis De acordo com o comportamento em relação ao volume produzido (ou, de forma equivalente, pela variabilidade), os custos podem ser divididos em dois tipos: custos fi xos e custos variáveis. Um custo que independe da quantidade produzida é um custo fi xo, ao passo que um custo que varia na medida em que a produção varia é um custo variável. Listamos alguns exemplos adicionais de custos fi xos e variáveis: • O aluguel de uma fábrica é um custo fi xo, pois independe da quantidade produzida. Observe que o valor do aluguel pode ser ajustado, mas o custo não deixa de ser fi xo, pois seu valor não está ligado ao volume de produção; • A mão de obra indireta, que executa atividades de supervisão e apoio à produção (manutenção de recursos tecnológicos, limpeza e vigilância, por exemplo), é, em geral, considerada um custo fi xo. Embora o custo possa variar mês a mês, não há, em geral, ligação com o volume de produção. Para esse caso, é importante recordar o conceito visto no exemplo anterior (isto é, o in- tervalo em que a relação de custo é considerada válida), pois se houver um au- mento expressivo no volume de produção (como a adição de um novo turno), por exemplo, pode ser necessário contratar mais mão de obra indireta para a limpeza, para o reparo de máquinas etc.; • A energia elétrica pode ser classifi cada como um custo semifi xo (uma mis- tura de custo fi xo com custo variável, também conhecida como custo misto), pois possui uma parte fi xa (potencial instalado) e um parte variável (consumo efetivo);• As despesas de venda podem ser fi xas ou variáveis. Por exemplo: um ven- dedor costuma ter uma remuneração fi xa (parcela fi xa) e uma comissão pela quantidade de itens vendidos (parcela variável); • O seguro é um custo fi xo, pois o valor não depende do volume de produção. Em resumo: o custo é fi xo quando independe da quantidade produzida e va- riável quando varia com a quantidade produzida. O horizonte de planejamento, ou seja, o período analisado, é também um fator importante para defi nir se um custo é fi xo ou variável. Note que se o horizonte de planejamento for sufi cien- temente longo, o custo sempre será considerado como variável. Isso ocorre, pois, os custos a longo prazo não são constantes, pois há, como destaca Martins (2003), alguns fatores que infl uenciam os custos: ajustes de preços, mudanças GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 27 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 27 06/01/2021 09:55:40 de tecnologias e expansão da empresa, por exemplo. Na maioria dos casos, o período adequado para cada aplicação é defi nido pela gerência da organização. Custos diretos e indiretos Uma forma importante de classifi cação de custos, que leva em considera- ção a facilidade de associá-los com objetos de custo, divide-os em dois tipos: custos diretos e custos indiretos. Custos diretos são aqueles que podem ser rastreados com facilidade e com precisão, isto é, aqueles que podem ser atri- buídos diretamente a um objeto de custo de maneira economicamente viável e usando uma relação causal. Em contraste, custos indiretos são aqueles que não podem ser facilmente atribuídos aos objetos de custo. EXPLICANDO Um objeto de custo é qualquer item (um produto, um departamento, um projeto etc.) para o qual os custos são atribuídos. Por exemplo: ao analisar o custo para produzir um automóvel, o objeto de custo é o automóvel. Para compreender como esses conceitos são usados na prática, analise o exemplo adaptado de Martins (2003). Suponha que os custos de produção in- corridos em um determinado período (mostrados na Tabela 1) devem ser alo- cados a quatro tipos de produtos produzidos pela empresa. Item Custo Matéria-prima R$ 2.500.000 Embalagens R$ 600.000 Materiais de consumo R$ 100.000 Mão de obra R$ 1.000.000 Salários de supervisão R$ 400.000 Depreciação de máquinas R$ 300.000 Energia elétrica R$ 500.000 Aluguel do prédio R$ 200.000 Total R$ 5.600.000 TABELA 1. DADOS DE PRODUÇÃO EM UM DADO PERÍODO Fonte: MARTINS, 2003, p. 31. (Adaptado). GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 28 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 28 06/01/2021 09:55:40 Observe, a seguir, a análise de cada um desses custos: • Matéria-prima: é um custo direto, pois é fácil identificar a quantidade de matéria-prima consumida (kg de um material, por exemplo) por tipo de produto; • Embalagens: assim como a matéria-prima, é fácil identificar a quantidade de embalagens utilizadas por produto. É, portanto, um custo fixo; • Materiais de consumo: aqui entra, por exemplo, o lubrificante utilizado para a manutenção de máquinas. Esse é um exemplo de custo indireto, pois não é possível associar o material consumido com um produto específico; • Mão de obra: uma parte da mão de obra pode ser alocada diretamente em cada tipo de produto, pois é possível medir quanto tempo cada operador tra- balhou em cada um dos produtos. A mão de obra, nesse caso, é um custo fixo. Por outro lado, uma outra parte da mão de obra, como por exemplo, o custo dos chefes ou coordenadores de produção, não pode ser alocada de maneira direta, pois há a dificuldade de identificar quanto tempo o coordenador dedi- cou para cada produto. A mão de obra, nesse exemplo, é um custo indireto. A mesma lógica se aplica para outros tipos de mão de obra, também considera- dos como custos indiretos, embora estejam ligados à produção: manutenção, programação e controle da produção, segurança e saúde ocupacional etc.; • Salário de supervisão: é um custo indireto, pois, assim como no exemplo do coordenador ou chefe de produção, é difícil indicar quantas horas o super- visor dedicou para cada produto; • Depreciação das máquinas: a depreciação é um custo indireto, pois não é calculada para cada tipo de produto; • Energia elétrica: pode ser tanto um custo direto quanto um custo indireto. Quando uma máquina é equi- pada com medidor próprio, é possível obter o consumo para cada produto e, nesse caso, a energia elétrica é um custo direto. Caso contrário (quando não há medidor individual), a alocação para cada produto deve ser feita com o uso de rateio e não com medição dire- ta, o que caracteriza um custo indireto; • Aluguel do prédio: é um custo indireto, pois é difícil distribuir o valor do aluguel para cada tipo de produto. GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 29 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 29 06/01/2021 09:55:40 Os custos diretos e indiretos podem também ser classifi cados como fi xos ou variáveis. Por exemplo: a matéria-prima (como o plástico para produzir um utensílio) é um custo que pode ser ao mesmo tempo direto e variável. Essa si- tuação se aplica, em geral, para recursos consumíveis. Outro exemplo: o seguro de uma unidade industrial pode ser tanto indireto quanto fi xo. Outras classificações Além das classifi cações dos custos que consideram o seu comportamento em relação à variação do volume de produção e da facilidade de alocação, há também outras nomenclaturas importantes para custos industriais, como por exemplo: • Custos relevantes: um custo pode ser classifi cado de acordo com sua relevân- cia para a tomada de uma decisão. Como exemplo, se uma empresa considera tercei- rizar a produção de um item, o custo de matéria-prima é considerado relevante para essa decisão específi ca, pois ele deixará de existir se o item for terceirizado. Alguns custos fi xos, no entanto, continuarão existindo mesmo se ocorrer a terceirização; • Custos evitáveis: são os custos que podem ser evitados quando alguma decisão é tomada. Se a produção de uma fábrica parar, todos os custos va- riáveis serão eliminados. Pode ocorrer, também, quando um produto que a empresa produz é eliminado; • Custos irrecuperáveis: são os custos resultantes de um compromisso as- sumido e que não podem ser recuperados. Um exemplo é o custo histórico de uma construção, que é afetado por sua depreciação; • Custos primários: correspondem à soma dos custos de matéria-prima e mão de obra direta. Note que o custo primário não é sinônimo de custo direto, pois outros itens (como embalagens, por exemplo), são classifi cados como cus- tos diretos, mas não são considerados custos primários por defi nição; • Custos de transformação: são todos os custos para produzir um produto, ex- ceto o custo de matéria-prima direta. Portanto, fazem parte do custo de transfor- mação os custos indiretos de fabricação (fi xos e variáveis) e a mão de obra direta; • Custos de oportunidade: são os custos que representam o quanto se dei- xou de ganhar pelo fato de ter optado por um investimento ao invés de outro. Portanto, o custo de oportunidade é o ganho obtido ao escolher a melhor al- ternativa de investimento; GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 30 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 30 06/01/2021 09:55:40 • Custo alvo: é a meta de custo obtida a partir do preço de venda, descon- tando a margem de lucro desejada. Em geral, é usado na fase de desenvolvi- mento de um novo produto ou serviço; • Custo ideal: é o custo idealizado, ou seja, aquele que seria obtido se não houvesse desperdícios, perdas ou inefi ciências na operação; • Custo orçado: é o custo ideal somado às inefi ciências. Conhecer os diferentes conceitos de custo é essencial para a gestão de custos industriais, pois contribui para a tomada de decisões como: produzir internamente ou terceirizar um componente, deixar de produzir um produto, mix de produção, entre outras. Finanças industriais Como visto no início desta unidade, um negócio exerce três tipos prin- cipaisde atividades para obter rentabilidade e liquidez: operações, investi- mentos e atividades fi nanceiras. E uma forma de medir o desempenho em relação a esses objetivos é por meio da contabilidade, que, como visto ante- riormente, pode ser gerencial ou fi nanceira. As duas primeiras partes desta unidade trataram da importância do cus- to para o gerenciamento de operações na indústria. Nesta última parte, o objetivo é analisar alguns componentes importantes (custos fi nanceiros, im- postos e comissões de venda) que afetam o resultado de uma organização. Assim, três tópicos relevantes ligados às fi nanças serão descritos de forma resumida: mercado fi nanceiro, investimentos e administração fi nanceira. Considerar a inter-relação destes três itens é uma das maneiras de descre- ver o campo das fi nanças. Mercado fi nanceiro Por meio da economia, é possível compreender que a produção e dis- tribuição de bens e serviços, como observa Neto (2018), envolve decisões a respeito da utilização de recursos produtivos escassos como a terra, o trabalho e o capital, associados a um custo de oportunidade. O conceito e a remuneração de cada um desses fatores de produção são mostrados no Quadro 2. GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 31 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 31 06/01/2021 09:55:40 Fator de produção Conceito Remuneração Terra Fator de produção primário. Envolve, por exemplo, terras urbanas destinadas para edificações Aluguel Trabalho Fator primário que considera o tempo de execução de uma atividade (capacidade física) e os conhecimentos uti- lizados no processo de produção (capacidade intelectual) Salário Capital Bens duráveis utilizados no processo produtivo e capital financeiro destinado a financiar a produção Juros Investimentos produtivos Aplicações de recursos de caixa em alternativas pro- dutivas que prometem retornos de forma continuada (empresas) Lucros QUADRO 2. FATORES DE PRODUÇÃO Fonte: NETO, 2018, p. 19. (Adaptado). Compreender esses fatores de produção e outros conceitos da economia são essenciais para compreender o mercado financeiro como o conjunto de instituições e instrumentos financeiros que possibilitam a transferência de recursos dos portadores para os tomadores, criando condições para que os títulos tenham liquidez. Ainda segundo os autores, o mercado financeiro pode ser dividido em: • Mercado monetário: envolve operações de curto prazo, influenciadas pelo Banco Central; • Mercado de crédito: inclui operações (concessão e tomada de crédito) de curto e médio prazos para pessoas físicas e jurídicas. O item financiado pode ser um bem durável, capital de giro para empresas, entre outros; • Mercado de capitais: envolve, segundo Costa, Saraiva e Shimada (2010), financiamentos do capital de giro e do capital fixo das empresas, como o financiamento das construções habitacionais. Os financiamentos podem ser de médio prazo, longo prazo ou de prazo indeterminado, como, por exemplo, o mercado de ações; GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 32 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 32 06/01/2021 09:55:41 • Mercado cambial: é um sistema que possibilita a troca de moedas entre países. São operações de curto prazo. Nesse contexto, as funções básicas dos responsáveis por gerenciar o negócio são: • Obter fundos para que a empresa inicie e seja capaz de continuar operando; • Investir em ativos de maneira produtiva para que os objetivos da empresa sejam atingidos; • Gestão da produção de bens e serviços; • Supervisionar como os produtos são anunciados, vendidos e distribuídos; • Supervisionar a contratação, avaliação e compensação dos funcionários; • Coletar e analisar dados sobre todos os aspectos relacionados com as in- formações de uma empresa e fornecer relatórios para as partes interessadas. Investimentos Investimentos são, de acordo com Martins (2003), sacrifícios relacionados com a aquisição de produtos ou serviços que se tornam ativos da empresa. Quando uma empresa compra uma máquina, por exemplo, os gastos com a aquisição são diluídos (amortizados) durante a vida útil do ativo. Quando a empresa possui fundos temporariamente em excesso, estes po- dem ser investidos em títulos de dívidas e de capital (ações) para obter um retorno. O reconhecimento do investimento como um ativo, como observam Needles, Powers e Crosson (2011), requer que as perdas e ganhos resultantes sejam reportados na demonstração do resultado. Os investimentos em títulos de dívidas e de capital, como mostrado no Dia- grama 4, podem ser de curto ou longo prazo. Investimentos de curto prazo são aqueles para os quais a maturidade (tempo de espera para receber o valor completo) é maior do que 90 dias, mas que são mantidos apenas até o momen- to em que o dinheiro é necessário para a operação. De acordo com Needles, Powers e Crosson (2011), os investimentos de curto prazo podem ser títulos para negociação (títulos de dívida ou de capital comprados com a fi nalidade de serem vendidos no curto prazo) ou títulos disponíveis para venda (são títulos de dívida ou de capital que não atendem aos critérios para títulos de negocia- ção ou para títulos mantidos até o vencimento). GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 33 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 33 06/01/2021 09:55:41 DIAGRAMA 4. CLASSIFICAÇÃO DE INVESTIMENTOS DE TÍTULOS DE DÍVIDA E AÇÕES Fonte: NEEDLES; POWERS; CROSSON, 2011, p. 795. (Adaptado). Investimentos Títulos de negociação Títulos disponíveis para venda Influente, mas não controlador Controlador Curto prazo Longo prazo 1 2 3 4 5 6 7 Em contraste, os investimentos de longo prazo são mantidos indefinida- mente. Nesse caso, a empresa tem a intenção de manter os títulos até o venci- mento. É possível também utilizar títulos disponíveis para venda (longo prazo). Dois fatores importantes que afetam o tratamento contábil dos investimentos de longo prazo são a porcentagem de propriedade das ações de uma empresa e o nível de controle da empresa investidora. Essa relação é mostrada no Quadro 3. Nível de controle Porcentagem de propriedade Classificação Tratamento contábil Não influente e não controlador Menos do que 20% Investimentos de curto prazo (nego- ciações de títulos) O custo inicial é registrado e ajustado após a compra dev- ido a mudanças no valor de mercado. Os ganhos e perdas são relatados na demon- stração de resultados Investimentos de curto prazo ou longo prazo (títulos dis- poníveis para venda) O custo inicial é registrado e ajustado após a compra dev- ido a mudanças no valor do patrimônio líquido QUADRO 3. CONTABILIDADE DE INVESTIMENTOS DE TÍTULOS DE CAPITAL GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 34 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 34 06/01/2021 09:55:41 Fonte: NEEDLES; POWERS; CROSSON, 2011, p. 796. (Adaptado). Infl uente, mas não controlador Entre 20 e 50% Investimentos de longo prazo O custo inicial é registrado e subsequentemente ajustado, incluindo a participação do investidor (no lucro ou pre- juízo líquido) e os dividendos recebidos Controlador Mais de 50% Investimentos de longo prazo Demonstrações fi nanceiras consolidadas Administração financeira A administração fi nanceira exerce um papel importante na tomada de de- cisões de gestores de diferentes tipos de organizações. A base do processo decisório, ilustrada no Diagrama 5, compara o retorno do capital empregado com o custo associado com a remuneração dos empréstimos. DIAGRAMA 5. PROCESSO DECISÓRIO NA ADMINISTRAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA Fonte: ROSSETTI; LAURIA, 2008, p. 51. (Adaptado). CENÁRIOCE NÁ RI O Geração de valor Retorno do capital empregado Aplicar recursos Risco - Custo Remuneração dos empréstimos Captar recursos GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 35 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 35 06/01/2021 09:55:41 Nesse contexto, a administração financeira exerce as seguintes funções, destacadas por Rossetti e Lauria (2008): • Identificar necessidades de financiamentos e investimentos; • Gerenciaros ativos, levando em consideração os riscos e o retorno; • Analisar e definir a estrutura de capital que minimiza os custos dos finan- ciamentos; • Gerenciar os dividendos. Há, ainda, três questões importantes que estão relacionadas com a admi- nistração financeira: o orçamento de capital, a estrutura de capital e o capital de giro. O orçamento de capital apresenta detalhes a respeito do planeja- mento de investimentos de longo prazo com o objetivo de avaliar o fluxo de caixa futuro, enquanto a estrutura de capital corresponde à soma do capital próprio e dos recursos de terceiros para financiamento de ativos de longo pra- zo. Já o capital de giro é a reserva de recursos para suprir necessidades finan- ceiras para garantir a operação. Em resumo, de acordo com os autores, o propósito da administração finan- ceira é obter respostas para as seguintes perguntas: • Quais são os investimentos de longo prazo que devem ser realizados pela empresa? • Onde os recursos serão obtidos? • Como a empresa deve gerenciar suas atividades fi- nanceiras? GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 36 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 36 06/01/2021 09:55:41 Sintetizando A indústria é uma unidade econômica que toma uma série de decisões para dar o máximo de retorno para os seus proprietários. Algumas decisões usuais dizem respeito à quantificação de custos, formação de preços, definição de melhor combinação de produtos, entre outros. Vimos, na parte introdutória desta unidade, que é importante compreender conceitos básicos da contabilidade de custos para que essas decisões sejam efetivas. É preciso saber diferenciar, por exemplo: custos fixos de custos variá- veis, custos diretos de custos indiretos, gastos de desembolsos, entre outros. Vimos, ainda, que quando há fundos disponíveis temporariamente, a em- presa pode buscar formas alternativas para obter mais retorno. Um exemplo é o investimento em títulos de dívida e de capital, que é uma decisão ligada à administração financeira. Por fim, vimos ao longo da unidade, que as contabilidades gerencial e finan- ceira exercem um papel importante nesse contexto, pois informam os resulta- dos para as partes interessadas (internas ou externas). GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 37 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 37 06/01/2021 09:55:41 Referências bibliográficas BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. AKIRA, H.; COSTA, R. Preços, orçamentos e custos industriais. São Paulo: Elsevier Brasil, 2010. CHASE, R. B.; JACOBS, F. R.; AQUILANO, N. J. Operations management for competitive advantage. 11. ed. Boston: Mc-Graw Hill, 2006. COSTA, R. P.; SARAIVA, A. F.; SHIMADA, H. A. Preços, orçamentos e custos in- dustriais. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. GROOVER, M. P. Groover’s principles of modern manufacturing: materials, processes, and systems. 5. ed. Hoboken: Wiley Global Education, 2013. KUMAR, S. A.; SURESH, N. Operations management. Nova Deli: New Age International, 2009. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. NEEDLES, B.; POWERS, M; CROSSON, S. Principles of accounting. 11 ed. Toron- to: Nelson Education Ltd., 2011. NETO, A. A. Mercado financeiro. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2018. ROSSETTI, J. P.; LAURIA, L. C. Finanças corporativas: teoria e prática empresa- rial no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 38 SER_ENGPROD_GCI_UNID1.indd 38 06/01/2021 09:55:41 SISTEMAS DE CUSTOS 2 UNIDADE SER_ENGPROD_GCI_UNID2.indd 38 06/01/2021 10:15:30 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Compreender o fluxo de custos na indústria de manufatura; Analisar e compreender métodos de alocação de custos indiretos aos produtos. Princípios de custeio e custo padrão Custeios por absorção Custo padrão Método do rateio simples e dos centros de custos Rateio simples Centros de custos Método do custeio baseado em atividades Etapas do ABC Custeio ABC versus custeio tradicional GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAISGESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 3939 SER_ENGPROD_GCI_UNID2.indd 39 06/01/2021 10:15:30 Princípios de custeio e custo padrão Uma empresa, vista como um processo, transforma insumos (que carre- gam custos) em produtos. Para computar o custo dos produtos, é importante compreender o fl uxo de custos na organização, que pode variar de acordo com o tipo de atividade exercida. Numa empresa de manufatura, como mostrado no Diagrama 1, os produtos acumulam custos na medida em que consomem recursos durante o processamento. Como observa Atkinson em Management Accounting: Information for Deci- sion-making and Strategy Execution, de 2012, a matéria-prima é retirada do es- toque no momento em que se inicia a produção e o custo do inventário da matéria-prima consumida se torna um custo de estoque em processamento. A este custo são somados os custos de mão de obra direta e os custos indire- tos de fabricação (tempo de máquina e consumíveis, por exemplo). Quando o processo é fi nalizado, os custos são transferidos para o inventário de produtos acabados e, em seguida, para o custo dos produtos vendidos. DIAGRAMA 1. FLUXO BÁSICO DE CUSTOS NA MANUFATURA Fonte: ATKINSON et al., 2012, p. 123. (Adaptado) Uma vez que o fl uxo de custos é defi nido, deve ser usado como refe- rência para o sistema de gerenciamento de custos da organização. Se uma empresa produz sempre um mesmo produto, o cálculo do custo é bastante simples, pois é fácil identifi car e quantifi car todos os recursos consumidos durante o seu processamento. Se este for o caso, basta dividir os custos pela quantidade produzida para obter o custo unitário. Matéria-prima direta Inventário de produtos acabados Custos indiretos de fabricação Estoque em processo Mão de obra direta Custo dos produtos vendidos1 3 6 2 5 4 GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAISGESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 4040 SER_ENGPROD_GCI_UNID2.indd 40 06/01/2021 10:15:31 No entanto, a grande maioria das organizações produz mais de um tipo de produto numa mesma unidade industrial e, assim, é preciso considerar os cus- tos associados a cada produto, pois, de maneira geral, os recursos consumidos variam de produto para produto. A alocação de custos diretos é relativamente simples, pois podem ser relacionados com facilidade ao produto. Em contraste, a alocação dos custos indiretos requer o uso de critérios para distribuição de recursos consumidos aos objetos de custo, pois há maior difi culdade de relacioná-los com os produtos. A alocação, nesse caso, é feita com o uso de métodos de custeio, que serão apresentados em detalhes ao longo da unidade. EXPLICANDO Custos diretos são aqueles que podem ser facilmente relacionados com os produtos, como a mão de obra direta e a matéria-prima direta. Já os custos indiretos são aqueles que não são facilmente atribuídos aos produ- tos, como a mão de obra indireta e o aluguel da fábrica. Antes de alocar os custos nos produtos, como observado por Bornia, no livro Análise Gerencial de Custos, de 2010, é preciso decidir que informações devem ser consideradas. A decisão que identifi ca o que é importante está relacionada com o princípio de custeio, que antece- de a defi nição de como as informações são obtidas e como o sistema será operacionalizado com o uso de métodos de custeio. Esta primeira parte da unidade apresenta dois princípios de custeio: o custeio por absorção e o custeio variável. Por fi m, é apresentado o conceito de custo padrão, que contribui para o controle de custos numa organização. Custeio por absorção O custeio por absorção, segundo Martins, no livro Contabilidade de custos, de 2003, consiste na distribuição de todos os custos de produção para os bens produzidos, como ilustrado no Diagrama 2. O custeio por absorção é dividido em dois tipos: custeio por absorção integral e custeio por absorção ideal. GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAISGESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS4141 SER_ENGPROD_GCI_UNID2.indd 41 06/01/2021 10:15:31 DIAGRAMA 2. CUSTEIO POR ABSORÇÃO Fonte: MARTINS, 2003, p. 25. (Adaptado). No custeio por absorção integral, também conhecido como custeio por absor- ção total, o custo unitário do produto é obtido dividindo o custo total do período (cus- tos fixos e variáveis) pela quantidade produzida no período. Por exemplo: se num mês a empresa produziu 7500 unidades e o custo total mensal (fixo + variável) foi de R$ 150.000, o custo unitário seria de R$ 20, obtido dividindo R$ 150.000 por R$ 7.500. O cálculo do custo unitário utilizando o custeio por absorção ideal con- sidera, assim como no custeio por absorção integral, todos os custos (fixos e variáveis) do período. No entanto, os desperdícios não são distribuídos aos produtos no custeio ideal. Para compreender o funcionamento do custeio por absorção ideal, supondo que uma empresa tem capacidade para produzir 10.000 produtos mensalmente e que, num determinado mês, a produção real foi de 7500 unidades. Sabe-se que o custo fixo no período foi de R$ 120.000 e o custo variável ideal por unidade foi de R$ 4, totalizando R$ 30.000 (R$ 4 · 7.500). A soma dos custos fixos e variáveis no mês resulta em R$ 150.000. Se a estrutura disponível fosse utilizada de forma eficiente, o custo fixo por unidade seria obtido dividindo o custo fixo total pela capacidade de produção no perío- do, ou seja, R$ 120.000/10.000 = R$ 12 por unidade. EXPLICANDO Custos fixos são aqueles que, a curto prazo, não dependem do volume de pro- dução (salário de um gerente), enquanto os custos variáveis são aqueles que variam proporcionalmente às variações do volume produzido (matéria-prima). Despesas Custos Venda Estoque de produtos DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Receita CPV Lucro bruto Despesas Lucro operacional GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAISGESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 4242 SER_ENGPROD_GCI_UNID2.indd 42 06/01/2021 10:15:31 Portanto, se o custeio por absorção ideal for utilizado, o custo alocado para cada produto produzido seria R$ 16, sendo R$ 4 de custo variável (ideal, sem desperdícios) e R$ 12 de custo fi xo. O restante, isto é, aquilo que deixou de ser produzido (10.000 – 7.500 = 2.500 unidades), é tratado como desperdício pelo fato da empresa não utilizar todo o potencial de sua estrutura produtiva. No exemplo apresentado, o custo unitário obtido pelo custeio por absorção ideal (R$ 16) foi menor do que aquele obtido por absorção integral (R$ 20). Se os desperdícios do processo produtivo forem eliminados, o custo ideal pode ser atingido a longo prazo. Em muitos casos, apresentar os resultados dessa forma contribui com a tomada de decisões gerenciais, pois fi ca evidenciada a mag- nitude dos desperdícios. Os desperdícios podem ser, segundo Bornia (2010), subdivididos em quatro tipos: • Inefi ciência; • Ociosidade; • Retrabalho; • Refugo. O Quadro 1 mostra um exemplo de como esses desperdícios são computa- dos. A empresa produziu, num primeiro período, uma quantidade igual à sua capacidade de produção a plena efi ciência: 100 unidades. Os custos fi xos no período foram de R$ 1.000 (R$ 10 por unidade), e, os custos variáveis, R$ 500 (R$ 5 por unidade). Fonte: BORNIA, 2010, p. 46. (Adaptado). Gastos 100 unidades produzidas 80 unidades produzidas Total Unitário (R$/unidade) Total Unitário (R$/unidade) Custos variáveis 500,00 5,00 400,00 5,00 Custos fi xos 1.000,00 10,00 800,00 10,00 Ociosidade 0 0 150,00 1,875 Inefi ciência 0 0 20,00 0,25 Retrabalho 0 0 20,00 0,25 Refugo 0 0 15,00 0,1875 Total 1.500,00 15,00 1405,00 17,5625 Custos variáveis Custos variáveis Custos variáveis Custos fi xos Custos variáveis Custos fi xos Ociosidade Custos variáveis Custos fi xos Ociosidade Inefi ciência Custos fi xos Ociosidade Inefi ciência Ociosidade Inefi ciência Retrabalho 500,00 Inefi ciência Retrabalho Refugo 500,00 1.000,00 Retrabalho Refugo 500,00 1.000,00 Refugo Total 1.000,00 Total 5,00 0 5,00 10,00 0 1.500,00 10,00 1.500,00 0 1.500,00 0 0 400,00 400,00 800,00 15,00 800,00 150,00 15,00 150,00 20,00 20,00 20,00 20,00 5,00 20,00 15,00 1405,00 10,00 15,00 1405,00 10,00 1,875 1405,00 1,875 0,25 0,25 0,25 0,25 0,1875 0,1875 17,5625 17,5625 17,5625 QUADRO 1. EXEMPLO DE SEPARAÇÃO DE DESPERDÍCIOS GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAISGESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 4343 SER_ENGPROD_GCI_UNID2.indd 43 06/01/2021 10:15:31 No período seguinte, a empresa produziu 80 unidades e os desperdícios foram calculados conforme os critérios a seguir: • Ineficiência: se, ao adotar um pa- drão eficiente de produção, a empresa pode produzir 85 unidades e produziu apenas 80, o custo total da ineficiên- cia é obtido multiplicando o custo fixo unitário pela diferença entre a quan- tidade que poderia ter sido produzida (adotando o padrão de eficiência como referência) e a quantidade que de fato foi produzida, isto é: R$ 10 · (85 – 80) = R$ 50. Parte do custo da ineficiência foi desdobrado em custo de retrabalho e de refugo; • Ociosidade: o desperdício (custo total) por ociosidade pode ser obtido multiplicando o custo fixo pela diferen- ça entre a capacidade produtiva e aquilo que seria produzido seguindo o padrão de eficiência. Ou seja: R$ 10 · (100 – 85) = R$ 150; • Retrabalho: suponha que, das 80 unidades pro- duzidas, 2 foram retrabalhadas e a quantidade total de itens transformados foi de 82. Assim, o desper- dício pela ineficiência passa a ser de 3 unidades (85 – 82, diferença entre o que seria produzido seguindo o padrão de eficiência e o que foi produzido, incluindo as unidades retrabalhadas): R$ 10 · 3 = R$ 30. Já o desperdício por retrabalho seria: R$ 10 · 2 = R$ 20; • Refugo: suponha que 1 peça tenha sido refugada; a quantidade total de itens produzidos seria de 83 unidades (80 produtos produzidos de acordo com a especificação + 2 produtos retrabalhados + 1 produto refugado) e a ineficiência passaria a ser equivalente a duas unidades (85 – 83): R$ 10 · 2 = R$ 20, e o custo total relacionado com o refugo seria de R$ 10 · 1 = R$ 10. Como o que foi refu- GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAISGESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 4444 SER_ENGPROD_GCI_UNID2.indd 44 06/01/2021 10:15:32 gado desperdiça também os custos variáveis (matéria-prima, por exemplo), foi considerado também o valor do custo variável, totalizando um desperdício de refugo de R$ 15, sendo R$ 10 (fi xo) e R$ 5 (variável). O custo da inefi ciência, que era de R$ 50, passou para R$ 30 quando uma parte da inefi ciência foi atribuída ao retrabalho e, em seguida, passou para R$ 20 quando novamente parte foi transferida para o refugo. Esse caso mostra a im- portância de computar os desperdícios de forma detalhada para que melhores decisões gerenciais sejam tomadas para aumento de desempenho do processo. Custeio variável No custeio variável, também conhecido como custeio direto, somente os custos variáveis são alocados aos produtos. Os custos fi xos, nesse caso, são tratados como custos do período. Por exemplo: se uma empresa produz, num mês, 7.500 unidades e os custos fi xos e variáveis totalizam, respectivamente, R$ 120.000 e R$ 30.000, o custo unitário do produto é de R$ 4 (R$ 30.000/7500), e o restante (R$ 120.000) corresponde ao custo fi xo no mês. O custeio variável, segundo Bornia (2010), é útil para a tomada de decisões de curto prazo, em que os custos variáveis são relevantes. Uma decisão usual que é favorecida com a análise do custo obtido por esse tipo de custeio é a quantidade de um pro- duto que deve ser produzida para melhor aproveitamen- tos dos recursos. Como os custos fi xos independem do volume de produção, considerar apenas o custo variá- vel é, nesse caso, uma opção prática. Custo padrão O custo padrão é um valor de referência utilizado paracontrolar os custos numa organização. O seu uso, de acordo com Bornia, passa pelas seguintes etapas: 1. Defi nição do custo padrão a ser utilizado como referência para análise de custos; 2. Determinação do custo real, ou seja, do custo realizado (ou custo incorrido); 3. Levantamento das diferenças (desvios) entre o custo padrão e o custo realizado; 4. Análise dos desvios para identifi cação de causas para a variação. GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAISGESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 4545 SER_ENGPROD_GCI_UNID2.indd 45 06/01/2021 10:15:32 Para demonstrar como o custo padrão é aplicado, é possível supor que uma empresa tenha estabelecido os seguintes padrões de quantidade e custo para a matéria-prima: • Item: matéria-prima; • Quantidade padrão: 3 kg por unidade; • Custo padrão: R$ 5 por kg. Considere que, num mês de produção, os seguintes dados foram registrados: • Quantidade produzida (unidades): 4.000; • Matéria-prima utilizada (kg): 13.000; • Matéria-prima comprada (kg): 50.000; • Custo da matéria-prima comprada (R$): 255.000. O custo padrão da matéria-prima, MPp, é calculado multiplicando a quantidade padrão (Qp) pelo custo padrão (Cp): MPp = Qp · Cp Neste exemplo, Qp = 3 kg/unidade · 4.000 unidades = 12.000 kg e Cp = R$ 5/kg. Assim, MPp = 12.000 kg · R$ 5/kg = R$ 60.000 O custo real, MPr, é obtido pelo produto entre a quantidade realmente utilizada de matéria-prima (Qr) e o custo real da matéria-prima (Cr): MPr = Qr · Cr Como Qr = 13.000 kg e Cr pode ser obtido dividindo o custo da matéria- -prima comprada pela quantidade de matéria-prima comprada (isto é, Cr = R$ 255.000/50.000 kg = R$ 5,1/kg), o custo real da matéria-prima é MPr = 13.000 kg · R$ 5,1/kg = R$ 66.300 A variação total do custo da matéria-prima é, portanto: ∆MP = MPp – MPr ∆MP = R$ 60.000 – R$ 66.300 = – R$ 6.300 Para analisar com mais detalhes o que gerou a va- riação total do custo, é conveniente dividir a variação considerando dois efeitos: o custo e a quantidade. A variação devida ao custo, ∆C, pode ser obtida pela seguinte expressão: ∆C = (Cp – Cr) · Qr ∆C = (R$ 5/kg – R$ 5,1/kg) · 13.000 kg = – R$ 1.300 GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAISGESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 4646 SER_ENGPROD_GCI_UNID2.indd 46 06/01/2021 10:15:33 E, de maneira similar, a variação devida à quantidade, ∆Q, é obtida por: ∆Q = (Qp – Qr) · Cp ∆Q = (12.000 kg – 13.000 kg) · R$ 5/kg = – R$ 5.000 Este exemplo mostra a importância de acompanhar os desvios e de dividir a variação em duas partes para possibilitar uma análise mais deta- lhada das causas: uma devida ao não atingimento da quantidade padrão e outra devida ao não atingimento do custo padrão. DICA Quando o custo padrão é determinado levando em conta condições ideais de trabalho, ele apresenta uma forte relação com o custo unitário obtido pelo custeio por absorção integral, já que, como observado por Bornia (2010), am- bos consideram um padrão efi ciente de desempenho do processo produtivo. Método do rateio simples e dos centros de custos A alocação de custos indiretos de fabricação (CIF), que são todos os custos de fabricação que não estão diretamente ligados ao processo pro- dutivo (como a mão de obra indireta, depreciação de máquinas e equipa- mentos, etc.), é uma questão estraté- gica para qualquer organização, pois o resultado da atribuição dos custos aos produtos refl ete diretamente no custo de produção e, portanto, no preço de venda. Nesta seção, são apresentadas as sistemáticas e exemplos de aplicação de dois métodos para alocação de custos indiretos: o método do rateio simples e o método dos centros de custos. O rateio simples é um método de alocação de custos indiretos de fabricação aos produtos que aplica um determinado cri- tério para distribuir os custos. Já o método dos centros de custos, também conhecido como método das seções homogêneas, distribui os custos indiretos em centros de custos, que podem ou não coincidir com os departamentos de uma organização. GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAISGESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 4747 SER_ENGPROD_GCI_UNID2.indd 47 06/01/2021 10:15:34 Rateio simples Para apresentar sua sistemática, com base em um caso apresentado por Bornia (2010), é possível supor que uma empresa fabrique três tipos de produtos (P1, P2 e P3), e que os dados de produção e os custos registrados num determinado período sejam os mostrados a seguir. O custo indireto de fabricação total é conhecido e o va- lor total (R$ 18.000) deve ser distribuído para cada tipo de produto (CIF 1, CIF 2 e CIF 3). • Quantidade produzida: P1 – 1.000; P2 – 2.000; P3 – 2.000; total – 5.000; • Custo de matéria-prima (R$): P1 – 15.000; P2 – 20.000; P3 – 25.000; total – 60.000; • Custo de mão de obra direta (R$): P1 – 5.000; P2 – 15.000; P3 – 10.000; total – 30.000; • Custo indireto de fabricação (R$): P1 – CIF 1; P2 – CIF 2; P3 – CIF 3; total – 18.000. Logo a seguir é possível ver uma alocação utilizando a quantidade produ- zida como critério de distribuição. Como foram produzidas 1.000 unidades do produto P1 (que corresponde a 20% da produção total de 5.000 unidades), foi alocado a esse produto um custo de R$ 3.600, que representa 20% do CIF total (R$ 18.000). A mesma lógica foi usada para os demais produtos. • Quantidade produzida: P1 – 1.000; P2 – 2.000; P3 – 2.000; total – 5.000 • Percentual: P1 – 20%; P2 – 40%; P3 – 40%; total – 100%. • Custo indireto de fabricação: P1 – 3.600; P2 – 7.200; P3 – 7.200; total – 18.000. É possível utilizar também outros critérios de rateio para distribuir os cus- tos indiretos de fabricação aos produtos. Abaixo, são mostrados os resultados da distribuição usando como base o custo de matéria-prima de cada produto. O custo da matéria-prima para o produto P1 foi de R$ 15.000, que representa 25% do custo total de matéria-prima (R$ 60.000). Assim, o custo CIF de P1 é 25% de R$ 18.000, isto é, R$ 4.500. • Custo de matéria–prima (R$): P1 – 15.000; P2 – 20.000; P3 – 25.000; total – 60.000; • Percentual: P1 – 25%; P2 – 33,33%; P3 – 42,67%; total – 100%; • Custo indireto de fabricação (R$): P1 – 4.500; P2 – 6.000; P3 – 7.500; total – 18.000. GESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAISGESTÃO DE CUSTOS INDUSTRIAIS 4848 SER_ENGPROD_GCI_UNID2.indd 48 06/01/2021 10:15:34 Outra forma de distribuição, cujos resultados são mostrados em seguida, consiste em usar como base os custos diretos (soma dos custos de mão de obra direta com a matéria-prima). • Custo direto: P1 – 20.000; P2 – 35.000; P3 – 35.000; total – 90.000; • Percentual: P1 – 22,22%; P2 – 38,89%; P3 – 38,89%; total – 100%; • Custo indireto de fabricação: P1 – 4.000; P2 – 7.000; P3 – 7.000; total – 18.000. Com as informações disponíveis, ainda é possível utilizar outro critério de distribuição: o custo de mão de obra direta. Os resultados são exibidos a se- guir, e o cálculo segue a mesma lógica dos exemplos anteriores: • Custo de mão de obra direta (R$): P1 – 5.000; P2 – 15.000; P3 – 10.000; total – 30.000; • Percentual: P1 – 16,67%; P2 – 50%; P3 – 33,33%; total – 100%; • Custo indireto de fabricação (R$): P1 - 3.000; P2 - 9.000; P3 - 6.000; total - 18.000. A seguir, há um resumo dos custos indiretos de fabricação unitários (R$ por unidade) obtidos para cada critério selecionado (quantidade produzida, custo de matéria-prima, custo direto e mão de obra direta). Por exemplo: o custo CIF unitário do produto P1, considerando como critério de distribuição a quantida- de produzida, foi obtido conforme a seguir: CIF (P1) = R$ 3.600 / 1.000 unidades = R$ 3,60 por unidade • Quantidade produzida: P1 – 3,60; P2 – 3,60; P3 – 3,60; • Custo de matéria–prima: P1 – 4,50; P2 – 3,00; P3 – 3,75; • Custo direto: P1 – 4,00; P2 – 3,50; P3 – 3,50; • Mão de obra direta: P1 – 3,00; P2 – 4,50; P3 – 3,00. Os custos unitários de produção para cada caso, obtido somando os cus- tos indiretos de fabricação (CIF)