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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Teologia Administração Eclesiástica Aula 2 Professor Acyr de Gerone Junior CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Um fato muito comum na maioria das grandes religiões existentes no mundo é a existência de textos sagrados. Tal expressão caracteriza um tipo de literatura exclusivamente religiosa. Esses textos, normalmente, estão catalogados em coleções de livros/escritos e servem como fundamento e expressão das práticas religiosas e cotidianas vivenciadas através dos povos. Algumas religiões assumem que esses textos têm origem divina, transcendental, portanto, são consideradas como a “Palavra de Deus”. Brustolin reitera que: As tradições religiosas preservam seus ensinamentos e normas através de textos que são considerados sagrados. Atribui-se a eles uma origem divina através de um mensageiro, um iluminado ou um discípulo. Os textos são expressões da relação do humano com o divino. Neles há um forte apelo do Criador e das forças sobrenaturais para que o ser humano torne-se mais justo, compassivo, bom e santo. O leitor sabe que, ao acolher os ensinamentos dos textos sagrados, pode tornar-se perfeito ou aproximar-se da divindade, dando maior sentido à sua existência. Os livros sagrados revelam o desejo de transcendência presente nas culturas e povos das mais diferentes regiões do planeta nos diversos períodos da história (BRUSTOLIN, 2004, p. 1). Nessa perspectiva, os textos ensinam, advertem e indicam o caminho que os fiéis devem seguir, permitindo um estreito vínculo do ser humano ao ser divino através da revelação que eles trazem. São aspectos que se relacionam à fé, mas que vão além e servem como fundamento que norteia a vida em todos os aspectos possíveis, tais como os relacionamentos, os valores, os negócios, o trabalho etc. Entre os textos sagrados mais conhecidos está a Bíblia Sagrada, também conhecida como “Escrituras” ou “Escrituras Sagradas” para os seguidores do cristianismo, uma das maiores religiões do mundo. Para os cristãos, a Bíblia é o livro por excelência, o fundamento da sua fé e a manifestação verbal e real do próprio Deus, isto é, a Bíblia foi inspirada por Deus e é através dela que o ser humano pode alcançar a transcendência espiritual e o contato com o divino (MILLER e HUBER, 2006). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Para além do aspecto da fé, a Bíblia é um manual de vida para o cristão. Nela, o fiel aprende como conviver e como se relacionar com os múltiplos aspectos da vida. Assim, é utilizada também como inspiração para os afazeres cotidianos. Ou seja, tanto na igreja como fora dela, em ambientes educativos, corporativos, entre tantos outros, a Bíblia tem servido como um referencial. Nessa aula buscaremos ressaltar os aspectos bíblicos que se relacionam com nossa temática, isto é, a administração. Nossos objetivos serão, então: Compreender a administração eclesiástica sob o ponto de vista bíblico; Estabelecer os princípios bíblicos de administração; Entender o conceito Bíblico de administração; Apresentar modelos de administração na Bíblia; Conhecer os princípios de liderança e de administração de Jesus. Antes de começar, acesse o material on-line e assista a um vídeo com os comentários iniciais do professor Acyr! Contextualizando De fato, independentemente das posições religiosas, a Bíblia tem sido considerada como o mais importante livro da história da humanidade. Sua influência nos dias atuais se estende, entre outros, pela ciência, pela arqueologia, pela cultura e pela história (SCHOLZ e ZIMMER, 2008), sempre, é claro, em relação com fontes de maior rigor científico e acadêmico. Não há, no entanto, como negar a forte influência que a Bíblia exerceu (e exerce) sobre o mundo ocidental. No aspecto eclesiológico, temos como pressuposto que a missão da igreja é ser serva de Jesus Cristo pelo culto permanente e exclusivo a Deus; pelo amor interno, que confraterniza seus membros; pela fidelidade e por meio das Escrituras; pela igualdade de seus componentes; pela missão CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 evangelizadora entre todos os povos e pelo incansável testemunho cristão. A Bíblia é, portanto, nosso referencial. Entretanto, diferente do que muitas pessoas pressupõem, ela não se limita a tratar somente de questões ligadas à fé ou à religião; pelo contrário, ela apresenta questões fundamentais para se estabelecer um alicerce sólido para a vida profissional. A Bíblia, de fato, ensina como administrar bem os recursos que temos. Alguém poderia contra-argumentar que a Bíblia não tem relação alguma com questões profissionais. De fato, é exatamente o contrário. A Bíblia fala muito sobre variadas questões da vida. Vejamos um exemplo a partir de um texto de Max Gehringer, administrador de empresas, escritor, autor de diversos livros sobre carreiras e gestão empresarial e colunista de rádios e revistas, levado ao ar pela Rádio CBN no dia 08/02/2012: Motive-se Numa transmissão recente da rádio CBN Max Gheringer disse o seguinte: “Existem muitos gurus que sabem dar respostas profundas e criativas às grandes questões sobre o mercado de trabalho atual”. Aqui vai um pequeno resumo da entrevista com o famoso Reynold Remhn: Ainda é possível ser feliz num mundo tão competitivo? Resposta: Quanto mais conhecimento conseguimos acumular, mais entendemos que ainda falta muito para aprendermos. É por isso que sofremos. A felicidade só existe para quem souber aproveitar agora os frutos do seu trabalho. O profissional do futuro será um individualista? Resposta: Pelo contrário. O azar será de quem ficar sozinho, porque se cair, não terá ninguém para ajudá-lo a levantar-se. Que conselho o senhor dá aos jovens que estão entrando no mercado de trabalho? Resposta: É melhor ser criticado pelos sábios do que ser elogiado pelos insensatos. Elogios vazios são como gravetos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 atirados em uma fogueira. E para os funcionários que tem chefes centralizados e perversos? Resposta: Muitas vezes os justos são tratados pela cartilha dos injustos, mas isso passa. Por mais poderoso que alguém pareça ser, essa pessoa ainda será incapaz de dominar a própria respiração. O que é exatamente sucesso? Resposta: É o sono gostoso. Se a fartura do rico não o deixa dormir, ele estará acumulando ao mesmo tempo, sua riqueza e sua desgraça. Belas e sábias respostas. Eu só queria que me perdoassem pelo fato de não existir nenhum Reynold Remhn, é um nome fictício. Todas as respostas, embora extremamente atuais, foram retiradas do livro de Eclesiastes, do Velho Testamento (Bíblia Sagrada) escrito, portando, há 2.300 anos. Mas se eu digo isso logo no começo, muita gente talvez nem tivesse interesse em continuar ouvindo. Baseado em: <http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/max-gehringer/2012/02/08/OS-GURUS-E-O- MERCADO-DE-TRABALHO.htm>. Acesso em 29 abr. 2016. Não há dúvidas, portanto, de que tanto para as questões da vida quanto da administração da igreja, a Bíblia apresenta importantes lições que podem nortear o trabalho de quem pretende exercer uma administração com excelência e ética. Ela é, portanto, um importante manual para quem quer administrar. Para mais informações sobre a contextualização dos temas que serão trabalhados durante essa aula, acesse o material on-line e confira o vídeo do professor Acyr. CCDD – Centrode Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Pesquise Tema 1 – Administrar a partir da Bíblia O que seria, de fato, administrar a partir da Bíblia? Ou, ainda, que relação há entre administrar e ler a Bíblia? A resposta é ampla, porém de início cabe a reflexão de que o objetivo não é transformar a Igreja numa grande empresa, como infelizmente observamos em alguns casos. Aliás, isso é enormemente prejudicial para a causa do Evangelho, pois as Igrejas acabam imitando as empresas e enxergando as pessoas como números e peças de uma engrenagem. Devemos ter como objetivo administrar a igreja em prol do Evangelho e do Reino de Deus. E, sem dúvida, devemos fazer isso de modo organizado, planejado e objetivo, gerando o desenvolvimento da Igreja, de seus departamentos e de seus membros, dentro do conceito bíblico da administração! Para saber mais, leia a seguir um trecho do texto “A Filosofia Bíblica da Administração” (MYRON, 2005, p. 17). Todos os líderes e administradores que trabalham na obra de Deus precisam compreender e praticar a filosofia bíblica de administração. Cada vez mais os líderes cristãos têm notado que o povo de Deus precisa ser mais eficaz na administração da obra dele. No passado, as instituições evangélicas não conseguiram manter o equilíbrio entre o aspecto “espiritual” e o “administrativo” da liderança. Todos sempre reconheceram a importância e a necessidade de uma boa liderança espiritual. Porém, só mais recentemente é que as instituições evangélicas começaram a dar mais atenção à necessidade de ter uma liderança que seja tão eficaz no aspecto administrativo quanto o é no espiritual. Hoje, quase toda a capacitação administrativa que a maioria dos líderes de instituições evangélicas recebe provém do meio empresarial secular. Isso significa que muitos líderes cristãos estão tentando administrar a obra de Deus com base numa filosofia que o próprio Deus reprova. Para conseguir operacionalizar o trabalho, o mundo usa o poder e a autoridade para “oprimir” o trabalhador. Contudo a Bíblia nos ensina que o poder e a autoridade têm de ser empregados para servir aos outros em suas necessidades. Portanto as instituições evangélicas devem agir conforme a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 abordagem bíblica da administração, que nos orienta a suprir as necessidades dos subordinados enquanto eles trabalham no cumprimento de suas tarefas. Os quatro elementos-chave para uma administração bem- sucedida são o compromisso de trabalhar em torno de um mesmo objetivo, a unidade entre as pessoas envolvidas, um sistema eficaz de comunicação e o compromisso de agir conforme a vontade de Deus. Acessando o link a seguir você confere um interessante texto que investiga qual o termo bíblico para o conceito de administração. http://seminarioyosef.blogspot.com.br/2012/03/a-administracao- eclesiastica.html Tema 2 – Princípios bíblicos da administração Muito bem, até agora falamos que a Bíblia é um livro importante para alguém que quer administrar. Mas ela se fundamenta, única e exclusivamente, em termos de fé e religião, não é mesmo? Essa é uma verdade, de forma parcial. Trata-se, de fato, de um livro que tem uma mensagem de salvação, afinal apresenta a história do amor de Deus pela humanidade e o plano que ele tem para salvá-la. Porém, além disso, traz diversos princípios que podem ser utilizados na vida, seja nos negócios, na família, no estudo, na saúde, etc. Considerando, então, que a Bíblia apresenta princípios importantes para a administração cabe a pergunta: quais seriam esses princípios? Antes de entendermos essa pergunta emergem algumas questões norteadoras: Qual o seu modelo de administração? Quer experimentar algo novo, baseado em princípios bíblicos? Atualmente, diversos fatores sociais, econômicos e políticos têm contribuído para que os líderes seculares e eclesiásticos busquem aperfeiçoar suas habilidades administrativas. Não tenha dúvida que isso é bom e necessário. O líder cristão, seja ele o pastor ou administrador, deve conhecer todas as ferramentas possíveis para que realize uma boa gestão. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Porém, no caso eclesial, muitos vêm descobrindo que a maneira secular de administrar e liderar nem sempre se baseia em modelos que valorizam os princípios bíblicos e cristãos. O que fazer, então? Sem dúvidas, a Bíblia pode nos ajudar. O maior livro de todos os tempos destaca com muita sabedoria vários exemplos sobre as boas práticas de administração! Vejamos o case abaixo sobre os princípios bíblicos para liderança e administração eclesiástica: O que é necessário para uma empresa ou organização ser bem-sucedida? Qual o perfil do administrador cristão do século XXI. As respostas serão as mais variadas possíveis e talvez bastante interessantes. É na Bíblia que vamos identificar os elementos-chave para o sucesso na administração. O desenvolvimento e êxito de uma instituição cristã podem ser construídos, segundo Rush (2005, p. 15), a partir da observação de quatro princípios extraídos do texto bíblico de Gênesis 11:1-9 Ora, em toda a terra havia apenas uma linguagem e uma só maneira de falar. Sucedeu que, partindo eles do Oriente, deram com uma planície na terra de Sinar; e habitaram ali. E disseram uns aos outros: Vinde, façamos tijolos e queimemo-los bem. Os tijolos serviram-lhes de pedra, e o betume, de argamassa. Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra. Então, desceu o SENHOR para ver a cidade e a torre, que os filhos dos homens edificavam; e o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer. Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro. Destarte, o SENHOR os dispersou dali pela superfície da terra; e cessaram de edificar a cidade. Chamou-se-lhe, por isso, o nome de Babel, porque ali confundiu o SENHOR a linguagem de toda a terra e dali o SENHOR os dispersou por toda a superfície dela. Os princípios são os seguintes: - O trabalho em torno de um só objetivo (v. 3, 4) - Unidade entre as pessoas envolvidas (v. 6) - Um sistema eficaz de comunicação (v. 1, 6) - Agir segundo a vontade de Deus (v. 7-9), fato este que não foi observado neste episódio. A observação destes princípios resultará numa única frase: sucesso para a glória de Deus! Acesse o link a seguir e leia o texto na íntegra! http://www.altairgermano.net/2008/04/princpios-bblicos-para-liderana- e.html CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Curiosidade Você sabia que Deus amaldiçoa quem administra de forma negligenciada as ações que se referem à sua obra (igreja, evangelização etc.)? Veja o que a Bíblia diz sobre isso em Jeremias 48.10 em cinco traduções diferentes: “Maldito aquele que fizer a obra do SENHOR relaxadamente” (Revista e Corrigida - SBB); “Maldito aquele que fizer a obra do SENHOR relaxadamente ou fraudulentamente” (Revista e Atualizada - SBB); “Maldito aquele que é relaxado no serviço de Deus!” (Nova Tradução na Linguagem de Hoje - SBB); “Maldito o que faz com negligência o trabalho do Senhor” (NVI – SBI); “Maldito o que faz com negligência o trabalho de Iahweh!” (Bíblia de Jerusálem – Paulus). Perceba que em todas as traduções o termo “maldito” se repete. Fazer um serviço para Deus sem se atentar para os cuidados necessários pressupõe que a pessoa que o fez estásob maldição. Deus não tolera meio termo ou coisas mal realizadas. Ele quer o nosso melhor e, por isso, devemos aprender os princípios bíblicos da administração, para que possamos executar um excelente serviço na obra de Deus. Acesse o link a seguir e leia o texto “Bíblia: o livro proeminente da administração”: http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/biblia-o-livro-proeminente- da-administracao/80386/ Para mais informações sobre os princípios bíblicos de administração, acesse o material on-line e confira o vídeo do professor Acyr. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Tema 3 – Administradores na Bíblia Você consegue ver muitos administradores na imagem a seguir? Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/biblia-o-livro-proeminente-da- administracao/80386/>. Acesso em: 28 abr. 2016. Não há dúvidas de que, ao folhearmos as páginas da Bíblia, encontraremos diversos relatos de personagens que foram administradores. Entre alguns podemos destacar Moisés, Jetro, Davi, Salomão, Daniel, Neemias, Jesus e os dicípulos. Aliás, podemos afirmar sem medo de errar que Deus foi o primeiro administrador por excelência, afinal quando olhamos para os capítulos iniciais da Bíblia percebemos que a criação foi planejada e organizada (Gn 1-2). Entre tantos personagens bíblicos que administram com excelência, podemos destacar José, o administrador do Egito. Para saber um pouco de sua vida, acesse o link a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=RaT-J8D7QJA CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 José, de escravo a governador no Egito. Disponível em: <https://servasdadivinamisericordia.wordpress.com/2015/07/03/o-povo- e-salvo-da-fome/>. Acesso em: 28 abr. 2016. Na sequência, faremos uma análise de Gêneses 41, a fim de mostrar as características administrativas de José, acompanhe: No texto, evidencia-se a importância de um administrador, o que prova a necessidade real da existência de uma pessoa capacitada para administrar uma organização. Mesmo o Faraó tendo todo o poder sobre seu império, o único que podia resolver o problema era José, o administrador. Sem dúvida, fica claro que qualquer instituição ou igreja, que procure alcançar êxito no seu desempenho, deve se preocupar com a administração. Inicialmente, há uma ideia do que se precisa realizar, o administrador, então, entra como alguém que pode, com seus conhecimentos e experiências, resolver o problema. Na escalada de José, passando de preso a administrador de um império, podemos visualizar várias características que precedem uma boa administração: Especialização já que num momento em que ninguém no império todo conseguiu decifrar os sonhos do Faraó, José estava preparado, mais do que isso, era sua esfera de especialização. Planejamento, já que, com muita sabedoria, antecipou o problema e determinou os objetivos a serem alcançados em vista dele, mostrando o CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 caminho para isso. Mostra-se neste texto que os objetivos estavam definidos e que a maneira de resolver seria a aplicação de alguns métodos administrativos. José procura ainda estabelecer alguns pontos importantes na organização. Ele explica o que tem a fazer, deixando evidente uma definição funcional. Cada membro da sociedade egípcia compreendia sua responsabilidade em armazenar alimentos para uso na hora da escassez. De maneira geral, no capítulo 41, visualizamos o princípio escalar, sendo: Faraó, José, povo. Na escala hierárquica do Egito, José se reportava somente ao Faraó, sendo o governador/administrador do povo. Nos versículos 40 a 45, reconhecemos a importância do princípio da direção, o que fica claro na unidade de comando. Havia concordância entre Faraó e Jose, desta forma, todos sabiam o que fazer, como fazer e quando fazer, pois os líderes conseguiam comandar e direcionar o povo em um mesmo sentido. Aliás, José usa alguns meios de direção. A comunicação, certamente foi fundamental para o sucesso do projeto e, somada à sua liderança, contribuiu para a concretização dos ideais egípcios. Ainda nos versículos 46 a 49, outros princípios importantes estão presentes. O planejamento que José realizou determinou sua ação conjunta com o povo, o que envolveu recursos, métodos, pessoas, propósito etc. Depois de estabelecido o objetivo, através do planejamento, José partiu para ação. Não há uma referência explicita no texto, porém, podemos imaginar que José procurou agrupar todas as pessoas, com suas funções estratégicas, em prol da realização do que fora planejado. Para isso, foi necessária organização, por meio da divisão de trabalho em cada cidade, cada repartição etc., a qual permitiu que o Egito CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 alcançasse o êxito. Prova disso é que o que foi arrecadado superou a necessidade, não havendo mais lugar para estocar os alimentos (versículo 49). Se isso aconteceu, fica evidente o fator controle administrativo, que assegura que o processo administrativo de planejar, organizar e dirigir foi bem-sucedido. José, indubitavelmente, deu direção ao planejamento realizado em prol dos objetivos. Ele coordenou toda a ação dos egípcios, delegando funções para cada necessidade. Não está literalmente descrito, porém, entendemos que para alcançar tal êxito, foi necessário o fator motivação. Acesse o link a seguir e leia o texto intitulado “Liderança e administração na Bíblia”. http://prcristiano.blogspot.com.br/2009/09/lideranca-e-administracao-na- biblia.html Para mais informações sobre os personagens da Bíblia que foram administradores, acesse o material on-line e confira o vídeo do professor Acyr. http://ava.grupouninter.com.br/videos/video2.php?video=http://vod.grupouninter .com.br/2016/ABR/MT200018-A02-P04.mp4 Tema 4 – Modelos de administração na Bíblia Já falamos, mas vale a pena repetir. A Bíblia não se propõe a ser um livro de história, ciência ou qualquer outro que não esteja de acordo com a sua finalidade específica, isto é, apresentar Jesus Cristo como o Filho de Deus, que veio ao mundo para salvar o ser humano perdido. Entretanto, mesmo não sendo um livro de administração, nem mesmo com a intenção de apresentar modelos de administração, tem diferentes relatos de vida. Aliás, a Bíblia não se restringe a mostrar somente o lado correto ou bom das pessoas; pelo contrário, ela apresenta os acertos e os erros, as coisas CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 boas e as coisas ruins. Para tanto, por vezes, usa linguagens específicas, tais como as parábolas, que são histórias que nunca aconteceram de fato, mas ocorrem na vida de todas as pessoas devido às semelhanças com a realidade. É nesse ínterim, por exemplo, que Jesus utiliza dois exemplos sobre modelos de administração. Vejamos: Se um de vocês quer construir uma torre, primeiro senta e calcula quanto vai custar, para ver se o dinheiro dá. Se não fizer isso, ele consegue colocar os alicerces, mas não pode terminar a construção. Aí todos os que virem o que aconteceu vão caçoar dele, dizendo: “Este homem começou a construir, mas não pôde terminar!” (LUCAS, 14.28-30). O que aprendemos com essa história? Em síntese podemos perceber que, de forma simples, Jesus fala sobre: Planejamento antes da ação; Preparação e provisão; Avaliação de custos; Prevenir possíveis danos; Prejuízo por falta de cálculo. Perceba que em um simples e curto textopodemos extrair significativas lições que podem contribuir com qualquer administrador de nosso tempo. Vejamos mais um exemplo na parábola do administrador infiel: Jesus disse aos seus discípulos: — Havia um homem rico que tinha um administrador que cuidava dos seus bens. Foram dizer a esse homem que o administrador estava desperdiçando o dinheiro dele. Por isso ele o chamou e disse: “Eu andei ouvindo umas coisas a respeito de você. Agora preste contas da sua administração porque você não pode mais continuar como meu administrador.” Aí o administrador pensou: “O patrão está me despedindo. E, agora, o que é que eu vou fazer? Não tenho forças para cavar a terra e tenho vergonha de pedir esmola. Ah! Já sei o que vou fazer. Assim, quando for mandado embora, terei amigos que me receberão nas suas casas.” Então ele chamou todos os devedores do patrão e perguntou para o primeiro: “Quanto é que você está devendo para o meu patrão?” — “Cem barris de azeite!” — respondeu ele. O administrador disse: — “Aqui está a sua conta. Sente-se e escreva cinquenta.” — Para o outro ele perguntou: “E você, quanto CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 está devendo?” — “Mil medidas de trigo!” — respondeu ele. — “Escreva oitocentas!” — mandou o administrador. — E o patrão desse administrador desonesto o elogiou pela sua esperteza (LUCAS, 16.1-8). Se pensarmos somente com base no aspecto espiritual, essa parábola é uma das mais difíceis de se compreender, afinal, mesmo sendo desonesto o administrador foi elogiado devido à sua esperteza. O que podemos, então, aprender com essa história? Na verdade, a parábola do administrador infiel evidencia o quanto um mau administrador é astuto e desprezível. A “Bíblia da Liderança” (SBB, 2007) apresenta algumas lições práticas (boas e ruins) sobre a parábola: O administrador usou a liderança em benefício próprio (v. 1); Um administrador não esconde a realidade (v. 1-2); Mesmo que injustamente, foi proativo para enfrentar problemas (v. 3); Entendeu a importância de seus relacionamentos (v. 4); Exerceu sua influência (v. 4-5); Motivou a outros (v. 5-7). Mas a maior lição que Jesus recorda é sobre o valor de ter uma liderança firmada em Deus (v. 8-10). Jesus está recomendando que seus seguidores, neste caso “específico os administradores”, sejam honestos e fiéis no uso dos recursos que lhe são confiados. A necessidade de organização para atingir melhores resultados não é estranha à Bíblia. A história de Moisés e seu sogro Jetro é um belo exemplo! Antes de continuar, acesse o link a seguir e leia o texto em Êxodo 18.13-27. https://www.bibliaonline.com.br/acf/ex/18 O caso em si Jetro deu conselhos a Moisés, seu genro, que estava encontrando muitas dificuldades na difícil tarefa de liderar o povo de Deus na saída do Egito CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 em busca da Terra Prometida. Moisés não estava conseguindo resolver todos os problemas que apareciam. Diante da realidade, Jetro o aconselha a criar um regime de governança, no qual Moisés deveria localizar pessoas aptas entre o povo, desafiá-las e posicioná-las, de maneira que as responsabilidades fossem divididas e sobrasse mais tempo para que se ocupasse dos assuntos mais difíceis e importantes. Análise Constatamos alguns passos importantes na busca de uma solução, que possuem total relação com a administração. Vejamos: Observação e inspeção pessoal (13 e 14); Investigação perspicaz (14); Resolução de conflito – correção (15 e 16); Ajuizamento (17); Avaliação do efeito sobre o povo e sobre o líder (18); Instrução, aconselhamento, definição de procedimentos e representação (19); Ensino, demonstração e atribuição de responsabilidades (20); Liderança e cadeia de comando (21); Hierarquia de problemas, controle, avaliação, administração por exceção (22); Resiliência e explicação sobre benefícios (23); Obediência ao conselho, ouvir e colocar em prática (24); Escolha, seleção, atribuição de responsabilidades e extensão do controle (25). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Solução Jetro viu que o modelo de administração seguido por Moisés era cansativo tanto para ele quanto para o povo, pois não apenas Moisés se cansava atendendo o povo, mas o próprio povo se sentia cansado de esperar por uma solução da parte de Moisés. A solução de Jetro organizou com eficiência a liderança e o ministério de Moisés (Êx. 18.18,19). Para mais informações sobre a administração nos estudos bíblicos, acesse o link a seguir. http://bibliotecabiblica.blogspot.com.br/2009/07/estudo-biblico- administracao.html Tema 5 – Jesus, um líder administrador Administrando na necessidade: multiplicação de pães e peixes. Disponível em: <http://www.rudecruz.com/a-multiplicacao-dos-paes-e-peixes- prosperidade-oferta-dizimo.php>. Acesso em: 28 abr. 2016. Vamos iniciar nossa reflexão com o texto introdutório da obra “Os métodos de Administração de Jesus” (BRINER, 1997, p. 10): Com certeza você já ouviu falar de Átila, rei dos hunos, que viveu no século V e teve o cognome de "flagelo de Deus" pelo terror supersticioso que provocava em seus adversários e cujo império não sobreviveu à sua morte. Que ensino ele nos deixou quanto à gerência empresarial? Nenhum! O maior empresário de todos os tempos foi Jesus Cristo. Basta olhar para o que ele realizou. Qualquer que seja o processo de avaliação, a evidência dos fatos atesta que a organização fundada por Jesus é a mais bem-sucedida de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 todos os tempos. Longevidade? Dois mil anos. Riquezas? Incalculáveis. Números? Impossível avaliar. Lealdade de seus membros? Muitos chegam a dar a vida por esta organização. Distribuição? No mundo inteiro, em todas as nações. Diversificação? Integrada com grande sucesso em todo tipo de empreendimento. Eis o resultado final: Jesus Cristo reina, supremo, como o maior administrador que o mundo já conheceu. Átila, o huno? Foi malsucedido, igual a tantos outros conquistadores. Se você realmente deseja ser bem-sucedido, estude, aprenda e aplique os princípios gerenciais de Jesus Cristo. Não me entenda mal. Não quero dizer que Jesus é um guru para os empresários de hoje, cheio de fórmulas, slogans e seminários para uma revolucionária vida de negócios. Em primeiro lugar, ele é muito mais do que isso. Muitas pessoas já colocaram Jesus dentro de muitos modelos, desejosos de adaptá-lo às ideias que possuem. Mas o que me impressiona e o que espero que lhe cause um grande impacto é: coloque a vida e o ensino de Jesus fora de qualquer contexto místico ou espiritual, e encontrará uma sabedoria altamente relevante ao meu e ao seu mundo, o mundo dos negócios. Pense sobre isso! Não temos dúvidas de que Jesus foi um grande líder, que inspirou o mundo. Sua mensagem transformou a realidade de muitas pessoas. Mesmo sendo nosso Salvador, Jesus deu significativos exemplos de que sabia administrar diversas situações e ser um líder. Um exemplo é que, mesmo tendo condições de gerar milagres com o poder sobrenatural que obteve sendo Deus, Jesus sempre procurou obter a ajuda de pessoas como, por exemplo: Na ressurreição de Lazaro (Lc 11.39); Nas Bodas de Caná (Jo 2.7); Na multiplicação dos pães (Mc 6.30-44). As situações acima eram desafiadoras, cheias de questões complicadas. Para muito além da questão espiritual, Jesus também provoca perspectivas humanas. Na multiplicação dos pães, por exemplo, Jesus pediu que os discípulos buscassem uma solução inicial. Apósalguns cálculos, eles perceberam que não resolveriam o problema. No mesmo texto, Jesus organiza a distribuição do alimentando estabelecendo grupos e planejando a ação. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Portanto, não há dúvidas de que Jesus é um caso de sucesso quando pensamos em liderança e administração. A igreja e os administradores atuais devem buscar em seu legado belos exemplos de como agir de forma correta, ética, eficiente e significativa. Seu projeto (a igreja) teve tanto sucesso que, passados dois mil anos, continua funcionando e se reciclando. O profissional que deseja ser líder tem uma grande oportunidade de aprender com essa história milenar. O livro “O monge e o executivo” conta a história de um homem aparentemente bem-sucedido, o qual percebe que que as coisas não andam assim tão bem e é aconselhado a fazer um retiro espiritual para refletir sobre sua vida. Acesse o link a seguir, leia o resumo e se inspire para ler o livro na íntegra! http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/resumo-do-livro-o-monge- e-o-executivo/14410/ Acessando o link a seguir você confere os conselhos bíblicos de um dos melhores administradores: Jesus. http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/conselhos-biblicos-de-um- dos-melhores-administradores/53866/ Trocando Ideias Falamos de vários pressupostos bíblicos sobre a administração. De fato, a Bíblia apresenta modelos de administração e de administradores que fizeram diferença na história. Escolha um dos líderes citados ou, caso prefira, encontre outro personagem bíblico que inspire você, e apresente aspectos que caracterizem essa pessoa como um administrador. Não se esqueça de citar a referência bíblica! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Na Prática Como pudemos perceber, o conceito de “administração” na Bíblia é bem amplo. É possível destacar alguns aspectos que estamos apresentando nesse curso e que estão relatados na tabela abaixo. Procure relacioná-los com algum personagem e/ou alguma situação em que tais ações estratégicas aconteceram na história bíblia. Aponte também como você pode aplicar esses conhecimentos em sua igreja. Característica Quem? Por quê? Previsão e planejamento Organização Comando Coordenação Controle Depois preencher com sua resposta, veja a seguir a resolução do professor Acyr, lembrando que ela pode ser diferente da sua, já que se trata de uma questão de análise. Previsão e planejamento: Noé construindo a Arca exigiu previsão e planejamento. Toda e qualquer ação na igreja deve ter planejamento. Organização: a construção da Torre de Babel exigiu que aquele povo se organizasse, mesmo que fosse algo ruim. Na igreja, é necessário organizar e delegar. Comando: José foi um exemplo de líder que soube comandar em meio a muitas dificuldades. Sua liderança foi efetiva a ponto de garantir a governabilidade de um império. A igreja, da mesma forma, precisa de um líder/pastor que seja uma voz de liderança em meio a diferentes pensamentos. Coordenação: Moisés foi um líder que conseguiu coordenar e apontar o CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 caminho. Havia um objetivo e ele foi conquistado porque havia coordenação e propósito bem específico. Além do ministério pastoral (pregação, oração etc.), a igreja precisa de coordenação das diversas atividades e os diversos ministérios existentes. Controle: Salomão é um exemplo de um administrador que exerce o controle da situação. Ele avaliou cada etapa da construção do templo, estabelecendo padrão e medindo o desempenho até fosse concluído com qualidade. A avaliação e o controle das ações que a igreja exerce precisam ser constantemente monitorados. Síntese A Bíblia é um livro especial na abordagem de conceitos e práticas sobre a administração. Visão, missão, valores, princípios, normas de procedimento e metas são elementos que ganharam status organizacional no século XX e constam nas Escrituras de forma clara e explícita. Entendemos que se lêssemos, refletíssemos e vivenciássemos com maior frequência os ensinamentos contidos na Bíblia, teríamos mais êxito em nossa tarefa administrativa. Somos acostumados a pregar sobre o sucesso que muitos dos personagens bíblicos alcançaram e, quando o fazemos, quase sempre levamos para o “lado espiritual”. Entretanto, é preciso uma abertura de mente na visualização de que, além do preparo espiritual de tantas pessoas da Bíblia, elas eram administradoras. José é um exemplo de alguém que sabia o que fazer, quando fazer e como fazer, usando vários princípios gerais de administração. Infelizmente, percebemos hoje que muitas igrejas estão perdendo sua relevância na sociedade por sua falta de preparo ou ainda falha na sua administração. Uma igreja bem administrada, por um pastor que entenda e aplique as necessidades administrativas, é alicerçada em lugares seguros, que certamente resultarão em êxito, por meio de uma reflexão administrativa e CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 espiritual. Afinal, quem não gosta de entrar e participar de uma igreja em que a organização, o planejamento, o senso de direção e o controle fazem parte do seu cotidiano? Para isso, precisamos aprender também com a Bíblia. Não finalize seus estudos sem antes acessar o material on-line e conferir a videoaula com os comentários finais do professor Acyr. Referências BÍBLIA da Liderança Cristã. Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), 2007. BRINER, Bob. Os métodos de administração de Jesus (Trad. Milton Azevedo Andrade). São Paúlo: Mundo Cristão, 1997. KLESSER, N.; CÂMARA, S. Administração Eclesiástica. CPAD, 1992. MYRON, Rusch. Administração uma abordagem Bíblica. 1. ed. Belo Horizonte: Betânia, 2005. PRÁTICAS Pastorais [livro eletrônico]. Editora InterSaberes (Org.). Curitiba: InterSaberes, 2015. STONER, James A. F.; FREEMAN, R. Edward. Administração. 5. ed. Rio de Janeiro: Prentice Hall do Brasil, 1999. SWINDOLL, Charles R. Liderança em tempos de crise. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.