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Monitoramento e Conservação

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE BELAS ARTES
CURSO DE CONSERVAÇÃO- RESTAURAÇÃO DE BENS CULTURAIS MÓVEIS
DISCIPLINA – TÓPICO PRÁTICOS EM CONSERVAÇÃO PREVENTIVA
Professor: Willi de Barros Gonçalves
Alunas: Ellen Fernandes e Maya K. Bagnariol
Introdução
Monitoramento é o acompanhamento feito através de análises de parâmetros ambientais, apontadores da dinâmica de um ecossistema. No que se refere à área de atuação de um Conservador-restaurador é uma ação fundamental que irá relatar não só as condições ambientais que podem causar algum tipo de prejuízo a bens culturais, mas que também vai orientar a melhor medida de preservação. Dessa forma, para este trabalho, o conservador-restaurador vai armar de instrumentos/equipamentos de medidas calibrados para uma acurácia e precisão ideal, tais como o Psicrômetro, Termômetro de contato, Termo higrômetro, Termo Higrógrafo, entre outros, e ter como base para as tomadas de decisões os valores estatísticos. Esses valores podem tratar desde ao entorno do objeto, da sala de acondicionamento até o prédio em que está localizado. Portanto, é de extrema importância para a durabilidade de um objeto ou acervo o profissional de Conservação ter domínio sobre noções básicas de conservação preventiva. Além disso, vale destacar que os valores ideais não são muitas das vezes condizentes com a realidade do trabalho. Desse modo o profissional não contará com verba suficiente, instrumentos altamente tecnológicos e local de acondicionamento adequado. Com isso, este relatório procura ilustrar as atividades práticas desempenhadas em laboratório, que tiveram a intenção de iniciar o aluno a este campo. Para melhor fixação do conteúdo, foram divididas as atividades práticas em duas partes e possuem a finalidade de solidificar conceitos aplicados na conservação preventiva de bens culturais supracitados. Ao decorrer deste texto, serão tratados aspectos comuns aos estudos estatísticos, como média, mediana, moda, desvio absoluto, variância e afins, além de aspectos como acurácia e precisão. Mais adiante da introdução aos conceitos citados, é mostrada sua aplicação no campo da conservação preventiva, debatendo questões como incertezas dos dados apresentados ao longo do trabalho.
PARTE 1: NOÇÕES BÁSICAS DE ESTATÍSTICA E APRESENTAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO DE TEMPERATURA E UMIDADE DO AR
Objetivos
Capacitar o aluno a compreender o funcionamento de alguns instrumentos de monitoramento ambiental e interpretar os dados obtidos, visando a conservação preventiva de bens culturais móveis e integrados; introduzir noções básicas de estatística, treinar o uso de cartas psicrométricas e redação de relatório técnico.
A) Medição de altura
Material e Montagem
· Fita métrica
· Folhas de papel A4
· Caneta
Procedimentos
1. Mediu-se, um por um, a altura dos alunos com o auxílio de uma fita métrica.
Resultados
TABELA 1: Altura dos alunos na turma / Medidas de tendência central
	Aluno (n°)
	Altura (cm)
	1
	171
	2
	172
	3
	164,5
	4
	163,5
	5
	163
	6
	168
	7
	179,5
	8
	175
	Média aritmética
	(172+172+164,5+163,5+163+168+179,5+175) : 8 = 169,56
	Mediana
	168/171 (169,5)
	Moda
	160-164,5
TABELA 1.2: Altura dos alunos na turma / Medidas de dispersão
	Aluno (n°)
	Desvio absoluto (cm)
	Quadrado do desvio absoluto
	1
	171–169,56 = 1,44
	1,442 = 2,07
	2
	172–169,56 = 2,44
	2,442 = 5,85
	3
	164,5–169,56 = - 5,06
	-5,062 = 25,60
	4
	163,5–169,56 = - 6,06
	-6,062 = 36,72
	5
	163–169,56 = - 6,56
	-6,562 = 43,03
	6
	168–169,56 = - 1,56
	-1,562 = 2,43
	7
	179,5–169,56 = 9,94
	9,992 = 98,80
	8
	175–169,56 = 5,44
	5,442 = 24,54
	Desvio absoluto médio
	1,44+2,44-5,06-6,06-6,56+9,94+5,44 = 0,02
	0,022 = 0,004
	Variância
(soma dos quadrados dos desvios absolutos divididos pelo número de amostras)
	(2,07+5,85+25,60+36,72+43,03+2,43+98,80+24,54) : 8 = 29,88
	Desvio padrão
(raiz quadrada da variância)
	5,47
TABELA 1.3: Frequências
	Altura do aluno (cm)
	Frequência
	160-164,9
	3 (37,5%)
	165-169,9
	1 (12,5%)
	170-174,9
	2 (25%)
	175-179,9
	2 (25%)
B) Lançamento de dardos
Material e Montagem
· Alvo de dardos
· Dardos
Procedimentos
1. Cada um dos alunos lançou um dardo no alvo de dardos, anotando-se a pontuação obtida.
Resultados
TABELA 1.4: Pontuação obtida / Medidas de tendência central
	Aluno (n°)
	Pontuação
	1
	70
	2
	60
	3
	10
	4
	163,5
	5
	163
	6
	168
	7
	179,5
	8
	175
	Média aritmética
	(70+60+10+70+75+70+75+30) : 8 = 57,5
	Mediana
	70
	Moda
	70
TABELA 1.5: Pontuação obtida / Medidas de dispersão
	Aluno (n°)
	Desvio absoluto
	Quadrado do desvio absoluto
	1
	70 – 57,5 = 12,5
	12,52 = 156,25
	2
	60 – 57,5 = 2,5
	2,52 = 6,25
	3
	10 – 57,5 = -47,5
	-47,52 = 2.256,25
	4
	70 – 57,5 = 12,5
	12,52 = 156,25
	5
	75 – 57,5 = 17,5
	17,52 = 306,25
	6
	70 –57,5 = 12,5
	12,52 = 156,25
	7
	75 – 57,5 = 17,5
	17,52 = 306,25
	8
	30 – 57,5 = -27,5
	-27,52 = 756,25
	Desvio absoluto médio
	12,5+2,5-47,5+12,5+17,5++12,5+17,5-27,5 = 0
	02 = 0
	Variância
(soma dos quadrados dos desvios absolutos divididos pelo número de amostras)
	(156,25+2,5+2.256,25+156,25+306,25+156,25+306,25+756,25) : 8 = 512,5
	Desvio padrão
(raiz quadrada da variância)
	22,64
TABELA 1.6: Frequências
	Pontuação
	Frequência
	10
	1 (12,5%)
	30
	1 (12,5%)
	60
	1 (12,5%)
	70
	3 (37,5%)
	75
	2 (25%)
Acurácia: Medida que determina o quão próximo do valor de referência uma amostra se encontra.
Precisão: Medida que determina quão próximos os valores das amostras se encontram um do outro.
C) Instrumentos de medição de temperatura e umidade relativa
Imagem 1.1: Termômetro de contato e seu manual.
Imagem 1.2.a: Termohigrógrafo.
Imagem 1.2.b: Manual do termohigrógrafo da imagem 1.2.a.
Imagem 1.3.a: Termohigrômetro digital.
Imagem 1.3.b: Manual do termohigrômetro da imagem 1.3.a.
Imagem 1.4: Termohigrômetro analógico.
Imagem 1.5: Psicrômetro manual.
Imagem 1.6: Datalogger.
Discussão dos resultados
Tendo sido realizados os procedimentos propostos pelo professor, inicialmente é importante salientar que os dados presentes nas tabelas podem possuir erros de precisão em sua aferição, uma vez que os alunos presentes possuíam características e vestimentas específicas que causam alteração no valor real. Dito isso, aplicando-se os conceitos estatísticos, obteve-se os seguintes resultados em relação a altura: 
● Média Aritmética: 169,56 
● Mediana: 169,56 
● Moda: 160 - 164,9 
● DA Médio: 0,02 
● Variância: 30,52 
● Desvio Padrão: 5,52 
Primeiramente é importante salientar que os dados presentes nas tabelas podem ter erros de precisão em sua aferição, uma vez que os alunos que realizaram a atividade possuíam características e vestimentas específicas que mudam o valor real de sua altura.Vale destacar que para se conseguir a moda, foi necessário realizar uma distribuição de frequência que consiste em uma disposição de valores que um ou mais fatores assumem em uma amostra. Cada entrada na tabela possui a assiduidade ou a contagem de ocorrências de valores dentro de um grupo ou intervalo específico, e deste modo, a tabela mostra o arranjo dos valores da amostra, uma vez que nenhuma medida conferida se repetiu. 
No que se aborda do lançamento dos dardos, ao olharmos para os resultados obtidos podemos notar que houve diversas condições que influenciaram no lançamento, como: o alcance dito anteriormente, a força de lançamento, a força dos ímãs, por exemplo. Esse conjunto fez com que 5 alunos dos 8 alunos (62,5%) alcançassem pontos semelhantes, mas acertando em lugares diferentes do alvo, exibindo uma boa acurácia e uma má precisão.
PARTE 2: MEDIÇÃO DE TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR
Objetivo
Capacitar o aluno a compreender o funcionamento de alguns instrumentos de monitoramento ambiental e interpretar os dados obtidos, visando a conservação preventiva de bens culturais móveis e integrados; introduzir noções básicas de estatística, treinar o uso de cartas psicrométricas e redação de relatório técnico
A) Medição de umidade utilizando o modo empírico
Material e Montagem
· Água
· Copo metálico
· Gelo triturado· Termômetro de contato
· Fita crepe
Imagem 2.1 (da esquerda para a direita): água, copo metálico e panela com gelo triturado.
Imagem 2.2: termômetro de contato.
Procedimentos
1. Com o auxílio da fita crepe, fixou-se o sensor do termômetro na parte externa do copo metálico.
2. Colocou-se uma pequena quantidade de água à temperatura ambiente no copo.
3. Acrescentou-se, aos poucos, o gelo triturado até se observar o embaçamento da superfície do copo. Anotou-se a temperatura do orvalho (TO).
4. Repetiu-se os passos 2 e 3 novamente.
Resultados
TABELA 2.1: Medidas obtidas com o modo empírico
	Medição
	Automático/Manual
	TBS (C°)
	TO (C°)
	UR carta (%)
	Grupo 1- Medição 1
	Automático
	24,5
	19,0
	60
	Grupo 1- Medição 2
	Automático
	24,5
	20,0
	67
	Grupo 2- Medição 1
	Manual
	24,3
	22,4
	84
	Grupo 2- Medição 2
	Manual
	24,1
	23,3
	93
	Grupo 3 - Medição 1
	Manual
	23,5
	10,3
	16
	Grupo 3 - Medição 2
	Manual
	23,5
	15,8
	45
B) Medição da umidade relativa utilizando um psicrômetro
Material e Montagem
· Psicrômetro manual
· Água destilada
Imagem 2.3: psicômetro manual.
Procedimentos
1. Com água destilada, umedeceu-se a gaze que envolve o bulbo úmido do psicômetro.
2. Simultaneamente aos procedimentos do experimento A, girou-se o psicômetro.
3. Quando o experimento A atingiu o ponto de orvalho, parou de girar o psicrômetro e anotou-se as temperaturas obtidas.
4. Repetiu-se os procedimentos 2 e 3.
Resultados
TABELA 2.2: Medidas obtidas com o psicrômetro
	Medição
	Automático/Manual
	TBS (C°)
	TBU (C°)
	UR carta (%)
	Grupo 1- Medição 1
	Automático
	24,5
	18,5
	57
	Grupo 1- Medição 2
	Automático
	24,5
	18
	54
	Grupo 2- Medição 1
	Manual
	24,3
	17,8
	54
	Grupo 2- Medição 2
	Manual
	24,1
	17,8
	55
	Grupo 3 - Medição 1
	Manual
	23,5
	14
	35
	Grupo 3 - Medição 2
	Manual
	23,5
	18,5
	63
C) Medição da umidade relativa utilizando um termo-higrômetro digital e um analógico
Material e Montagem
· Termo-higrômetro digital
· Termo-higrômetro analógico
Imagem 2.4: Termo-higrômetro digital
Imagem 2.5: Termo-higrômetro analógico
Procedimentos
1. Simultaneamente aos experimentos A e B, no momento que ocorreu a condensação, anotou-se as temperaturas e umidades obtidas nos termo-higrômetros. 
Cartas Psicrométricas:
G1M1 
G1M2
G2M1
G2M2
G3M1
G3M2
Resultados
TABELA 2.3: Medidas obtidas com o termo-higrômetro digital 
	Medição
	TBS (C°)
	TO (C°)
	UR (%)
	Grupo 1- Medição 1
	24,4
	14,1
	52,6
	Grupo 1- Medição 2
	24,4
	14,0
	52,4
	Grupo 2- Medição 1
	24,6
	15,6
	56,7
	Grupo 2- Medição 2
	24,6
	15,6
	57,6
	Grupo 3 - Medição 1
	24,0
	14,0
	52,2
	Grupo 3 - Medição 2
	24,4
	14,0
	52,4
TABELA 2.4: Medidas obtidas com o termo-higrômetro analógico 
	Medição
	TBS (C°)
	UR (%)
	Medição 1
	24,0
	56
	Medição 2
	23,5
	57
Discussão dos resultados:
Quando comparados com os resultados obtidos pelos termohigrômetros, podemos ver que o método empírico produz resultados pouco exatos e precisos, enquanto que o psicômetro produz resultados mais próximos à realidade, com exceção do grupo 3.
Com os resultados, é possível ver que os valores auferidos por meio de métodos de aferição, apresentam números semelhantes, no entanto, é evidente que em alguns momentos, há diferenças expressivas de valores, os quais se mostram distante dos outros ou não enquadram com o padrão apresentado. Isso pode ser devido a dois fatores: a calibragem do equipamento, uma vez que eles mesmos em sua fabricação já aponta a sua margem de erro ou o calibramento do equipamento utilizado pode estar desregulado, ou o erro humano, onde no momento de conferir os valores, o vapor d’água no lado externo do copo pode ter sido condensado em temperaturas menores em relação às que foram apontadas.
Conclusões
Todos os processos tiveram papel importante na capacitação dos alunos em gerar, tratar e analisar os dados estatísticos, além de levar em consideração os fatores que podem ou não atrapalhar e sempre estar atento aos detalhes. Bem assim, conceitos como acurácia e precisão abordados anteriormente destacam a importância de uma calibração dos equipamentos que por acaso serão usados como instrumentos de medição. Com isso, observamos que a manutenção desses instrumentos, é fundamental para garantir as medições mais realistas, e com os resultados corretos tomar as melhores decisões para a conservação dos acervos. Além disso, os testes apesar de simples, mostram como um profissional da conservação preventiva atua na prática, pois antes mesmo de se mexer em uma obra deve-se ater às características climáticas que o envolvem, pois é o primeiro e principal meio de preservação. Com isso vemos que para o cuidado dos bens culturais essa exatidão não é necessária, pois podemos trabalhar com a estatística para se aproximar do valor que seria ideal e realista sem causar danos para o patrimônio.
Referências
PD: Psychrometric Chart. © Dr. Andrew J. Marsh, 2018. Disponível em: <https://drajmarsh.bitbucket.io/psychro-chart2d.html>.
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