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Distribuição de Renda e Tributação

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RESUMO DE SETOR PÚBLICO
5 cortes principais da distribuição de renda:
Funcional (quanto da renda do setor privado assume a forma de lucros e quanto são salários)
Pessoal (que percentual da renda fica com qual percentil da população)
Regional (como se distribuem os recursos entre as diversas unidades do país)
Governo vs. Setor Privado (qual parcela da renda é apropriada pelo governo)
Federativo (divisão entre União, estados e municípios)
HISTÓRICO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO (não cai, pois já caiu na P2)
EVOLUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA
COMPOSIÇÃO DA RECEITA TRIBUTÁRIA
Principais impostos → PIS e Cofins
Após a CF 1988 → Aumento das contribuições, não divididas entre estados e municípios (apropriadas somente pela União) como percentual do PIB → Com o aumento da descentralização das receitas tributárias no pós-reforma de 88, a União aumenta a carga das contribuições do Cofins e sobre o lucro líquido para aumentar sua receita disponível.
Alta participação do ICMS (imposto sobre circulação de bens e serviços) no total da receita tributária, atingindo cerca de 7,5% do PIB na época da publicação do livro
IR retido na fonte → maior taxação dos rendimentos de capital devido aos juros elevados no fim dos anos 90 (período analisado)
IPI → Imposto sobre um número reduzido de bens que são a) produzidos por um pequeno número de empresas; b) consumidos por parcela expressiva da população; e c) não-essenciais. Ex.: automóveis, cigarros, bebidas alcóolicas.
A DISTRIBUIÇÃO DA RECEITA TRIBUTÁRIA POR NÍVEIS DE GOVERNO
Governo federal → impostos que requerem centralização administrativa que facilita a cobrança (ex.: IR) ou que afetam todo o país (ex.: impostos sobre o comércio exterior) → arrecada, portanto, IR e tributos/contribuições vistos na tabela do livro
Governos locais → tributação do patrimônio físico (ex.: IPTU) e impostos incidentes sobre a renda de serviços
Dentre os quais: Estados e DF → imposto sobre transmissão causa mortis e doações; ICMS; IPVA
Municípios → IPTU; ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Intervivos); IVV (Imposto sobre Vendas e Varejo de Combustíveis Líquidos e Gasosos); ISS (Imposto sobre Serviços); etc.
Os impostos arrecadados pelas unidades administrativas compõem a receita tributária bruta. A disponível depende do valor que cada uma delas recebe menos o que ela repassa para as outras. No caso da União a receita bruta é maior que a disponível, pois ela repassa receitas para os Estados e municípios. No caso dos municípios é menor, pois eles recebem transferências dos União e dos Estados. Nestes, por fim, a receita disponível depende do recebimento de transferência da União menos o repasse para os municípios.
HISTÓRICO DA DISTRIBUIÇÃO POR NÍVEIS DE GOVERNO
Durante o período democrático dos anos 60, o Governo federal detinha uma proporção maior que os Estados e ainda maior que os municípios da receita disponível. Depois, em 1965, após uma reforma descentralizadora das receitas, as proporções eram de 55% (União); 35% (Estados) e 10% (municípios). Já na ditadura militar houve uma reversão do processo de descentralização, com a redução do percentual transferido do IPI/IR, com a vinculação a aplicações definidas pela União dos recursos destinados a Estados e municípios dos fundos de participação/especial/participações nos impostos únicos e, principalmente, com a contínua centralização das alíquotas do ICM. Ou seja, não houve só uma queda no percentual das transferências a Estados e municípios mas também uma redução na autonomia destes com a imposição de vinculações dessas transferências à União e com a interferência da esfera federal na geração e normatização desses recursos.
Com a exaustão do Milagre Econômico (por volta de 1973), o aumento dos incentivos fiscais enfraqueceu a capacidade de arrecadação da União, e os Estados e municípios já começavam a esboçar uma reação à centralização que freou o processo. 
Ao fim da década a crise financeira das unidades subnacionais levou à elevação dos percentuais de partilha dos fundos de participação. Houve também a criação da reserva especial dos fundos de participação para o N e NE, com critérios de distribuição definidos, e a absorção pela União das isenções de ICM referentes às exportações.
A partir de 1983 houve uma volta da descentralização de recursos, tanto por um excessivo aumento no montante das transferências como pela queda da capacidade da União de arrecadar, comparada às unidades subnacionais. A participação da União na receita disponível caiu 10% e, na arrecadação, cerca de 5% entre 1983 e 1988. As transferências aumentaram de forma tão expressiva devido à preferência pelos Estados e municípios por elas em detrimento das receitas obtidas por arrecadação deles mesmos, somado à omissão do governo federal na concepção do novo sistema tributário. Houve expressivo aumento no percentual de repasse do IPI e do IR para o FPE e para o FPM, bem como do total transferido pelos Estados aos municípios.
A perda de recursos disponíveis da União, decorrente do exposto acima junto à eliminação de cinco impostos (a criação do ICMS veio da combinação destes com o ICM), requeria ajustes, como a descentralização também de encargos. A CF de 1988 não previu os mecanismos, no entanto, que permitiriam tal processo. Além disso garantiu a disponibilidade de recursos para a Saúde e a Educação, áreas em que os recursos são mais descentralizáveis. 
Essa falta de articulação entre os recursos e os encargos gerou piora da qualidade da tributação e dos serviços públicos.
A CF de 1988 objetivava o fortalecimento da Federação, o que implicou no aumento da autonomia das unidades subnacionais e, portanto, mais descentralização. Ela reduziu, portanto, os recursos disponíveis para a União, atráves do aumento da transferência e limitação das suas bases impostivas, sem ao mesmo tempo prover mecanismos que permitissem uma descentralização ordenada dos encargos. Para compensar as suas perdas, a União adotou medidas que pioraram ainda mais a qualidade da tributação e dos serviços públicos. Devido à alta percentagem de transferências nas receitas do IR e do IPI, a União decidiu recompor sua receita disponível com impostos menos eficientes do ponto de vista econômico, mas que não eram compartilhados.
PROBLEMAS DO SISTEMA TRIBUTÁRIO
O nível agregado da taxação – Embora o sistema tributário brasileiro seja eficiente na sua capacidade de gerar receitas, o grande volume da carga tributária representa um ônus. Ela é comparável à de países europeus e muito mais alta que a da maioria da América Latina. Nos países europeus, parte expressiva dessa carga tributária è devido às contribuições sociais para a previdência. Ajustando a carga tributária para o nível de renda per capita, a brasileira é inferior à da maioria dos países de renda alta porém superior à dos países de renda média, tal como o Brasil. A tributação do Brasil é regressiva e concentrada principalmente em bens e serviços em detrimento da renda, sendo mais regressiva até que a de alguns países latino-americanos com renda per capita inferior. Consequentemente, é necessário não apenas diminuir o nível agregado da carga tributária mais tributar mais a renda, o que permite tributar os fatores de produção em vez da produção em si.
A falta de equidade – A tributação sobre a renda, especialmente sobre a de pessoas físicas, é muito mais baixa no Brasil que em países de renda comparável. Uma maior tributação das pessoas físicas favorece a progressividade, uma vez que ela pode ser dosada de acordo com a renda e tem menor possibilidade de ser transferida para os produtos ou consumidores. Ou seja, é necessária a utilização mais intensa e progressiva do IRPF (imposto de renda sobre a pessoa física). O aperfeiçoamento da tributação sobre a renda pode ser feito com alterações em leis ordinárias, e é essencial para tal a melhora da qualidade da administração fiscal para reduzir os altos níveis de sonegação existentes, garantindo uma boa qualidade do sistema tributário e justiça fiscal. Isso requer uma reforma a administração fazendária paraaumentar a arrecadação de impostos cuja cobrança é mais difícil e, em compensação, reduzir a de outros que são prejudiciais à eficiência do sistema econômico.
OS EFEITOS SOBRE A COMPETITIVIDADE
Além de tudo isso, a forte presença de tributos cumulativos no Brasil reduz a competitividade dos bens produzidos nele tanto internamente quanto externamente, devido ao oneroso custo dos tributos sobre o produto. A União tem demonstrado, no entanto, preferência por este tipo de tributo por ser de fácil arrecadação e não ser sujeito à partilha com estados e municípios. Para reduzir o impacto sobre as exportações, tem-se usado compensações para os exportadores, solução paliativa e menos abrangente que uma reforma tributária que aumente a competitividade dos produtos. No mercado doméstico, o impacto se fez sentir com a globalização e a formação de blocos econômicos regionais. 
As elevadas contribuições sobre a folha de salário geram encargos trabalhistas muito mais altos que o salário dos trabalhadores, o que estimula a informalidade e portanto reduz a incidência das mesmas contribuições. Já quanto à tributação do fluxo de bens, tanto o IPI quanto o ICMS são atualmente incompatíveis com uma tributação de VA de boa qualidade. No caso do ICMS, a legislação tornou-se tão complicada que é difícil um contribuinte conhecê-la integralmente, que dirá cumpri-la.
É preciso, portanto, alterar as regras de tributação aplicáveis às transações interestaduais que estimulam as guerras fiscais e a sonegação e dificultam a introdução de aprimoramentos, bem como 
a desoneração dos bens de capital e exportações. Além disso, é necessária a harmonização da tributação pelo ICMS e ISS, evitando a tributação duas vezes dos serviços do CI.
AS PROPOSTAS DE REFORMA DO SISTEMA
Qualquer proposta de reforma do sistema tributário do país deve levar em conta os processos ocorrentes na economia mundial, em especia a globalização e a formação e fortalecimento de blocos econômicos. Devido ao oneroso custo da carga tributária brasileira, o objetivo de uma reforma tributária deve ser principalmente o de aumentar a qualidade da tributação.
É importante considerar as restrições políticas e econômicas à imposição de mudanças radicais, no entanto, o que geraria uma descontinuidade e desorganizaria o processo produtivo. Deve-se entender a reforma como uma tentativa de melhorar o que já existe.
Uma reforma adequada deve levar em conta que é essencial minimizar o impacto negativo da carga tributária sobre a competitividade e a eficiência do setor produtivo, bem como promover a harmonização fiscal e combater a sonegação. É preciso também reduzir a sua complexidade, reduzindo custos de administração. Isso só é factível reduzindo em certa medida a autonomia das unidades subnacionais sobre a legislação tributária, devido à crescente preocupação com coordenação entre políticas públicas e com o impacto da tributação sobre as atividades produtivas. 
Além disso, é necessária a harmonização da tributação a nível internacional.
Portanto, são necessárias: coordenação entre as esferas do governo; simplificação dos sistemas de imposto de modo a explorar de forma nacionalmente uniforme as três principais bases tributárias (consumo, renda e propriedade); redução dos impostos cumulativos para melhorar a competitividade; redução dos encargos sobre as importações; redução das contribuições incidentes sobre salários (ainda que em todo o mundo elas formem a base de sustentação dos sistemas previdenciários); melhorar a progressividade aumentando a participação da tributação sobre a renda (especialmente de pessoas físicas); melhora da qualidade da administração fiscal (uma vez que, sem ela, sonegação leva a alíquotas de impostos mais altas e, portanto, a mais sonegação, prejudicando muito mais os contribuintes que os sonegadores); harmonização da tributação pelo ICMS e ISS para evitar a bitributação de serviços do CI
Além disso, é necessário harmonizar os subsistemas tributários domésticos para evitar guerras fiscais (o ICMS é regido por leis subnacionais) e a concessão ilimitada de incentivos fiscais, isto é, alterar as regras dos fluxos interestaduais (o que implica alteração no montante e na distribuição interestadual dos recursos tributários, portanto é recomendado a adoção do princípio dos destinos).
A harmonização da tributação dos serviços por um imposto sobre o VA é algo extremamente complexo e requer vários estudos sobre as regras de tributação usadas em outros países e sua adaptação ao caso brasileiro.
A forte redistribuição de recursos entre os agentes da sociedade, provocada pela reforma tributária, implica perdedores e ganhadores no curto prazo, o que dificulta a aprovação de uma reforma de boa qualidade num ambiente democrático. Além disso, a reforma tributária deve ser entendida como parte de um amplo processo de reforma do Estado e não de forma isolada, o que também deve resultar de um amplo debate e por conseguinte da aprovação do Congresso.
(A SER ESCRITO AINDA) – O debate sobre a reforma tributária