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A IMPORTANCIA DA REFORMA TRIBUTARIA PARA O DESENVOLVIMENTO E TECIA RODRIGUES DOS SANTOS

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0 
 
 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ 
FACULDADE CEARENSE 
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA REFORMA TRIBUTÁRIA 
PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
TÉCIA RODRIGUES DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA - CE 
2012 
 
1 
 
TÉCIA RODRIGUES DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA REFORMA TRIBUTÁRIA 
PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO BRASIL 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Faculdade Cearense, como 
requisito obrigatório para a obtenção do título de 
Bacharel em Ciências Contábeis. 
 
Prof. Orientador: Liana Márcia Costa Vieira Marinho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA - CE 
2012 
 
2 
 
 
TÉCIA RODRIGUES DOS SANTOS 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA REFORMA TRIBUTÁRIA 
PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO BRASIL 
 
 
 
Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Ciências Contábeis, como 
parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis, 
outorgado pela Faculdade Cearense - FAC e encontra-se à disposição dos interessados na 
Biblioteca da referida Universidade. 
A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita de acordo 
com as normas de ética científica. 
Aprovado em ____/____/____ 
 
 
 
 
_________________________________________________ 
Prof. Ms.Liana Márcia Costa Vieira Marinho 
(orientador) 
 
 
 
_________________________________________________ 
Dra Márcia 
Membro da banca examinadora 
 
 
 
__________________________________________________ 
Dr.Paulo Henrique 
Membro da banca examinadora 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais: Maria de Lourdes 
Rodrigues dos Santos e Leonidas Pereira dos Santos, 
por todo amor, apoio e carinho que encontro neles e por 
sempre acreditarem em mim, me dando motivação para 
continuar seguindo em frente. 
4 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
A Deus, porque tudo posso naquele que me fortalece e quem me fortalece é Ele; 
Aos meus pais, Lourdes e Leonidas que sempre incentivaram minha educação e que 
me ensinaram o valor do trabalho e da dedicação para alcançarmos nossos ideais, e, com 
muito amor, carinho e atenção, fizeram com que chegasse até aqui, sempre acreditando em 
minhas realizações; 
A minha irmã Lilian, pela dedicação e disponibilidade de ter me acompanhado durante 
todo o processo de construção dessa monografia; 
Ao meu primo Riod Prata, pela preocupação, paciência e apoio em todos os 
momentos; 
Aos meus colegas de classe, em especial, Darlane Mirele e Paula Santiago que 
desenvolvemos muitas atividades juntas e com quem convivi muitas alegrias; 
À Faculdade Cearense, onde encontrei um ambiente acolhedor; 
A todos os professores que contribuíram para a minha formação educacional; 
A minha orientadora Liana Marinho, que me apoiou e me incentivou para a realização 
deste trabalho, sempre paciente e solícita e acreditou na minha capacidade de realizar um 
grande trabalho; 
A todos que compartilharam de alguma forma esse momento da minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Se há pessoas que não estudam ou que, se estudam, 
não aproveitam, elas que não se desencorajem e não 
desistam (...) se há pessoas que não praticam o bem ou 
que, mesmo que o pratiquem, não podem aplicar nisso 
todas as suas forças, elas que não se desencorajem e não 
desistam; o que outros fariam numa só vez, elas o farão 
em dez, o que outros fariam em cem vezes, elas o farão 
em mil, porque aquele que seguir verdadeiramente esta 
regra da perseverança, por mais ignorante que seja, 
tornar-se-á uma pessoa esclarecida, por mais fraco que 
seja, tornar-se-á necessariamente forte. 
 
Confúcio 
6 
 
RESUMO 
 
 
O crescimento pelo o qual o Brasil vem passando diante da crise internacional está levantando 
questões que idealizam a tão sonhada Reforma Tributária no Brasil. A reforma tem sido 
amplamente discutida há décadas pelos produtores e consumidores que vêem a necessidade de 
que o governo crie uma proposta que venha simplificar e harmonizar o atual Sistema 
Tributário Nacional para garantir maior eficiência e competitividade à produção brasileira, 
reduzindo a carga fiscal que incide sobre os mesmos, para que com isso haja uma produção 
mais eficiente e contribuição para o crescimento das empresas em todo o território nacional. A 
reforma tributária é um assunto muito polêmico e complexo, porque trata de tributo, que é um 
fato que gera muitos conflitos e deve ser tratado com objetividade e neutralidade. Tendo em 
vista a complexidade e necessidade da importância de se fazer uma Reforma Tributária no 
Brasil, o presente trabalho tem como objetivo trazer questões que podem tornar essa 
implantação possível com o propósito de destacar pontos positivos e negativos que possam 
causar no cenário político, econômico e social brasileiro. Para tanto, foi realizado inicialmente 
uma pesquisa bibliográfica acerca do assunto, com ênfase a proposta do Valor Agregado. 
Deste modo foi possível concluir que a criação de um Imposto sobre Valor Agregado aponta 
para a necessidade de um imposto uniforme como forma de eliminar a guerra fiscal entre os 
Estados, bem como a dificultar a sonegação, visto que fundamenta a simplificação, economia 
e eficácia dos procedimentos de fiscalização e arrecadação do tributo. 
 
Palavras-chave: Reforma Tributária no Brasil, Sistema Tributário Nacional, Tributo, Guerra 
Fiscal, Valor Agregado e Simplificação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
ABSTRACT 
 
 The growth by which Brazil has been undergoing in front of the crisis is raising questions 
that idealize the long awaited Tributary Reform in Brazil. The reform has been widely 
discussed for decades by producers and consumers who see the need for the government build 
a proposal that will simplify and harmonize the current National Tax System in order to 
ensure improved efficiency and competitiveness of the Brazilian production, reducing the tax 
burden on them, so that there‟s a more efficient production and contribution to the growth of 
companies throughout the national territory. Tributary reform is a very polemical and 
complex theme, because it deals with a tribute, and it‟s a matter that generates a lot of 
conflicts and must be treated objectively and impartiality. Considering the complexity of the 
importance and need of making a Tributary Reform in Brazil, the present study aims to bring 
issues that can make possible this deployment in order to highlight strengths and weaknesses 
that may occur in the political, economic and social brazilian scenario. For this, was initially 
carried out a bibliographic research on the subject with emphasis on the proposed Added 
Value. Thus it was concluded that the creation of a Value Added Tax points to the need for a 
uniform tax as a way of eliminating the tax war between the States, and to hinder tax evasion, 
seen underlying the simplification, the economy and the effectiveness of the monitoring and 
collection of tribute. 
 
Keywords: Tributary Reformin Brazil, National Tax System, Tribute, War Tax, Added Value 
and Simplification. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
LISTAS DE SIGLAS 
 
 
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
CF – Constituição Federal 
COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social 
CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de 
Créditos e Direitosde Natureza Financeira 
CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido 
CTN – Código Tribunal Nacional 
ICMS – Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de 
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) 
IE – Imposto de Exportação 
II – Imposto de Importação de Produtos Estrangeiros 
IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados 
IR- Imposto de Renda 
ISS – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza 
IVA – Imposto sobre Valor Adicionado 
LC – Lei Complementar 
PASEP – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público 
PIB – Produto Interno Bruto 
PIS – Programa de Integração Social 
SIMPLES NACIONAL - Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e 
Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte 
STN – Sistema Tributário Nacional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
LISTAS DE GRÁFICOS 
 
 
Gráfico 1 – Carga Tributária total – primeiro e último ano de mandato – Governos: 
1947 - 2010 ............................................................................................................................... 34 
Gráfico 2 – Carga Tributária total por competência (União, Estados e Municípios) .............. 35 
Gráfico 3 – Carga Tributária total por finalidade (Receita Fiscal, Previdência Social e 
Contribuições Sociais) ............................................................................................................. 36 
Gráfico 4 – Carga Tributária total por finalidade por base de incidência ................................ 37 
Gráfico 5 – Carga Tributária Total – Brasil – percentagem(%) do PIB – arrecadação de 
impostos federais + estaduais + municipais ............................................................................. 38 
Gráfico 6 – Carga Tributária total – % do PIB – Evolução: 1995-2010 .................................. 39 
Gráfico 7 – Carga Tributária Estadual – todos Estados brasileiros .......................................... 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
LISTAS DE QUADROS 
 
 
 
Quadro 1 – Impostos: Conheça os países com pior retorno ao contribuinte. .......................... 22 
Quadro 2 – Propostas de Reforma Tributária .......................................................................... 46 
Quadro 3 – Principais pontos da proposta que o governo deve enviar ao Congresso ............. 46 
Quadro 4 – Síntese das principais alterações propostas na Reforma Tributária ..................... 48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
LISTAS DE TABELAS 
 
 
 
Tabela 1 – Exemplo da nova proposta do ICMS 1 .................................................................. 50 
Tabela 2 – Exemplo da nova proposta do ICMS 2 .................................................................. 50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
Sumário 
 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13 
1.1 Contextualização ......................................................................................................................... 13 
1.2 Problemática ............................................................................................................................... 15 
1.3 Hipótese para a solução do problema ....................................................................................... 15 
1.4 Objetivo ...................................................................................................................................... 15 
1.5 Metodologia ................................................................................................................................ 16 
2 REFORMA TRIBUTÁRIA.......................................................................................... 17 
2.1 Conceito ...................................................................................................................................... 17 
2.2 Princípios ..................................................................................................................................... 18 
2.3 Objetivos ..................................................................................................................................... 18 
2.4 Importância ................................................................................................................................. 19 
2.5 Benefícios da Reforma Tributária ............................................................................................... 20 
3 O IMPACTO DA REFORMA TRIBUTÁRIA NO BRASIL ................................... 21 
3.1 Dificuldades enfrentadas pelos empresários .................................................................................. 23 
3.1.1 Certidão Negativa de Débitos ...................................................................................................... 23 
3.1.2 Obrigações Acessórias .................................................................................................................. 25 
3.1.3 Abuso de Autoridade ................................................................................................................... 30 
3.1.4 Fiscalização ................................................................................................................................... 30 
3.1.5 Outras dificuldades ...................................................................................................................... 30 
3.2 As dificuldades do STN para o crescimento econômico do Brasil................................................... 30 
3.3 Análise da carga tributária analisada através de números ............................................................. 33 
4 UM MODELO IDEAL ................................................................................................. 41 
4.1 Proposta de Reforma Tributária ................................................................................................. 45 
4.2 Novo modelo de proposta pelo Imposto sobre Valor Agregado (IVA) ....................................... 47 
4.3 Impactos e desdobramentos ...................................................................................................... 47 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 56 
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 59 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 Contextualização 
 
O Brasil é um país que possui uma carga tributária muito alta para seus contribuintes. 
Por conta disso, a sociedade brasileira já vem questionando há algumas décadas a necessidade 
de se implantar uma Reforma Tributária no Brasil, uma vez que o alto custo dos tributos que, 
além de ser excessivo para o bolso dos brasileiros, não traz um retorno adequado e justo para 
sua população. E como se não bastasse, o contribuinte ainda é obrigado a gastar com 
educação, saúde e segurança privadas, já que o serviço público não os oferece com qualidade. 
A falta de controle dos gastos públicos e desvios de finalidade nos três níveis de 
governo (União, estados e municípios) causam transtornos para os brasileiros. A arrecadação 
cresce proporcionalmente ao gasto público e a situação social do país vai de mal a pior. A 
saúde, a educação e a segurança pública estão precárias. É arriscado abrir um pequeno 
negócio no Brasil, pois o governo tem interesse em ajudar apenas as grandes empresas, 
emprestando e financiando através do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico e Social). Todos os anos há um aumento substancial no recolhimento dos 
impostos.A alta tributação do país deveria ao menos justificar o bem estar da população. No 
entanto, contrasta com o péssimo e ineficiente serviço público. Uma mudança é necessária 
para que o governo possa reduzir gastos e investir adequadamente nos serviços pelos quais os 
contribuintes pagam absurdamente caro. 
 As expectativas de um sistema tributário que impulsione o crescimento econômico e 
aumente a produtividade da economia do país é muito grande. Desde a Constituição Federal 
de 1988, que reformou amplamente o papel do Estado na economia, a tributação causou 
grande parte das deficiências do sistema tributário nacional. A partir daí, a carga tributária só 
tem aumentado, pois criou um sistema de financiamento insuficiente para o tamanho do 
Estado nela contemplado. Por conta disso, o governo federal teve que promulgar uma Carta 
Magna, na qual trouxe uma série de tributos para completar o financiamento do Estado 
visando apenas à arrecadação, sem se preocupar com regras econômicas de tributação. 
Criaram-se a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), em 1989; e o Imposto 
Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF), com vigência em 1993, que em 1996 foi 
substituído como Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) que foi 
sucessivamente prorrogada. 
14 
 
Muitos países já reformaram sua tributação ao longo dos últimos anos, em maior ou 
menor escala. Os Estados Unidos é um exemplo, cujo Tax Reform Act de 1986 representou a 
maior alteração no imposto de renda federal desde que se tornou um imposto pago pela maior 
parte dos cidadãos, a partir da II Guerra Mundial [Auerbach e Slemrod, 1997]. 
De alguns elementos comuns que podem listar as inúmeras diferenças entre as 
reformas tributárias empreendidas em vários países destaca-se: diminuição do número de 
alíquotas e de seu valor marginal máximo no imposto de renda da pessoa física; redução de 
alíquotas das corporações; e aumento da participação de impostos sobre consumo em 
detrimento de impostos sobre a renda. A introdução de qualquer tributo piora a situação dos 
tributados porque terão menos recursos para consumir ou trabalharão mais se não quiserem 
consumir menos. Quando se consideram os benefícios recebidos pelos contribuintes, a sua 
situação pode ficar melhor que antes do tributo, quando, por exemplo, o governo fornece um 
bem público ou completa um mercado. 
Indiscutivelmente, o sistema público brasileiro precisa contar com uma fonte 
duradoura de recursos, para fazer frente ao aumento da expectativa de vida da população e aos 
crescentes custos tecnológicos necessários a um atendimento de qualidade. De acordo com o 
Centro de Pesquisa para Economia e Negócios, o Brasil é o 6º PIB do mundo, mas não 
oferece serviços adequados para a sua população. Em vez de criar novos tributos, há muito 
tempo o país poderia ter feito uma ampla reforma tributária e fiscal. 
 O sistema atual beneficia os ricos e prejudica a classe média e os pobres que pagam 
mais impostos proporcionalmente à renda que têm do que os ricos. O que justifica essa 
realidade é que a arrecadação tributária é feita principalmente por meio de impostos indiretos, 
que incidem sobre o consumo e são embutidos nos preços. A correção das distorções pode 
gerar recursos para áreas prioritárias como a saúde, educação e segurança. Esse quadro 
precisa urgentemente de mudanças. 
O Brasil precisa contemplar o principio da progressividade dos tributos, com maior 
taxação sobre as fortunas, heranças e lucros. As alíquotas devem incidir de forma crescente, 
conforme aumenta a base de cálculo e em compensação isentar a cesta básica, vestuário e 
transportes, que pesam muito no gasto das famílias mais pobres, e diminuir os impostos sobre 
o consumo. A Constituição já prevê essas medidas, porém não as executa. Essa mudança é 
necessária e importante para garantir-se condições de promoção de justiça social e redução 
das desigualdades de renda. Segundo o Deputado Federal Paulo Teixeira, apesar de toda 
distribuição de renda a partir do governo Lula, hoje, 10% da população controla 50% da renda 
nacional. Os milionários têm vantagens fiscais absurdas quando compram jatinhos, iates e 
15 
 
helicópteros e não pagam sequer o IPVA desses bens luxuosos. Os privilégios concedidos aos 
milionários têm sido questionados na Europa e nos Estados Unidos, onde a crise já provocou 
a perda de 20 milhões de postos de trabalho. Nos EUA, o centro do capitalismo mundial, o 
presidente Barack Obama enviou ao Congresso projeto em que trata da maior taxação dos 
ricos. Ele explicou que isso não é nenhuma revolução nem estímulo à luta de classes, trata-se 
de pura matemática: os que ganham mais devem pagar mais. 
 Os sistemas tributários e fiscais refletem as opções tomadas pelas sociedades, para 
definir que tipo de bens e serviços públicos querem ter. Os serviços públicos exigem cada vez 
mais recursos. Para reverter à situação, tem-se que buscar novas fontes de financiamento, sem 
comprometer a classe média e os pobres. Implementar reformas é sempre difícil. Mas o Brasil 
tem condições de fazer uma reforma que resulte na construção de um país mais justo, 
compatível com um mundo próspero, pacífico e sustentável. 
 
1.2 Problemática 
 
O problema para este trabalho estabelece-se da seguinte forma: Que modelo ou 
condições podem ser implantados na Reforma Tributária do Brasil? 
 Considerando essa realidade, esta monografia busca colaborar na reflexão de ideais e 
possibilidades de se implantar uma reforma tributária no Brasil. 
 
1.3 Hipótese para a solução do problema 
 
Quanto à hipótese para a solução deste problema, acredita-se no modelo de tributação 
pelo IVA como uma ferramenta capaz de impulsionar o crescimento econômico e aumento à 
produtividade da economia do país. Acredita-se também, que uma reforma tributária 
abrangente é um jogo de soma positiva em que todos ganham eficiência econômica, 
eliminação das distorções que prejudicam os investimentos e mais crescimento. 
 
1.4 Objetivo 
 
 Discorrer sobre um modelo de reforma tributária para o Brasil. 
16 
 
1.5 Metodologia 
 
A metodologia de pesquisa possuiu caráter exploratório, com o objetivo de buscar os 
principais conceitos através de consultas e análises criticas a livros que discorrem sobre o 
assunto abordado neste trabalho, além de pesquisa documental englobando pesquisas a 
documentos físicos como: livros, textos, artigos, revistas, publicações, pesquisa virtual com a 
utilização dos recursos disponíveis na internet mediante consulta a sites relacionados ao 
assunto pesquisado, e entre outros. 
O ensaio monográfico foi dividido em cinco capítulos. O primeiro trata da introdução, 
onde apresentam-se o objeto da pesquisa e informações sobre as estratégias metodológicas 
utilizadas para a realização do estudo. 
No capítulo 2 é abordado conceito, importância e benefícios da Reforma Tributária, 
destacando as vantagens de sua implantação no Brasil. 
O capítulo 3 trata dos impactos da reforma tributária em nosso país, apresentando as 
dificuldades inevitáveis em se implantar uma reforma tributária, as dificuldades do STN para 
o crescimento econômico do Brasil e um estudo da carga tributária analisada através de 
números. 
O capítulo 4 analisa um modelo ideal de tributação baseado no novo modelo de 
tributação do Valor Agregado, destacando também seus impactos e desdobramentos. 
No quinto capítulo apresentam-se as considerações finais, e após, foram colocadas as 
referências bibliográficas e anexas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
2 REFORMA TRIBUTÁRIA 
 
A Reforma Tributária tem sido objeto de discussões tanto por parte dos produtores 
como pelos consumidores que estão cansados de pagar tão caro pelas mercadorias e de volta 
receber um serviço tão precário dos órgãos públicos. Diante disto, pretende-se mostrar a 
importância de seimplantar uma reforma tributária no Brasil, entre o ideal e o possível diante 
do contexto nacional em que as empresas se encontram. 
A reforma tributária deve ser inserida no país de acordo com sua necessidade, 
extensão e ambiente. E acredita-se que é através da reforma tributária que o Brasil poderá 
oferecer condições verdadeiramente dignas e leais aos seus contribuintes e obter melhores 
resultados para atingir aos objetivos de todos. 
A redução do ônus tributário que asfixia a produção pode abrir uma alternativa 
importante para a política de estabilização dos preços. A redução de impostos pode ser a única 
saída para evitar o aumento da ilegalidade e da marginalização que erodem as bases de 
arrecadação e inviabilizam os orçamentos governamentais. Ao mesmo tempo, a redução dos 
impostos que oneram o custo da alimentação do trabalhador pode facilitar o acordo em torno 
da questão salarial. Menos impostos, maior arrecadação, menores preços, melhor alimentação, 
são pontos importantes para o entendimento. 
O tema tem se tornado um sonho para todos os brasileiros, que cobram do governo que 
ela seja feita de maneira justa e adequada para a sua população. 
Serão abordados neste capitulo conceitos, princípios, objetivos, importância e 
propostas da Reforma Tributária. 
 
2.1 Conceito 
 
Segundo a Receita Estadual do Maranhão, Reforma Tributária é uma mudança na atual 
estrutura e na legislação de impostos, taxas e contribuições vigente no país. Ela afetará a vida 
da população, dos empresários e dos governos federal, estaduais e municipais, pois mexerá 
com os recursos que são transferidos dos particulares para manter o sistema estatal e os 
serviços públicos, como segurança, educação, saúde, saneamento básico entre outros. 
A Reforma Tributária é a simplificação do sistema tributário nacional com o objetivo 
de reduzir impostos e os encargos para os contribuintes e controlar práticas evasivas tanto de 
18 
 
caráter fraudulento para evitar sonegações e estimular o planejamento Tributário, além de 
desburocratizar o recolhimento de tributos. 
 
2.2 Princípios 
 
Os princípios da reforma tributária são: fortalecer os vínculos de co-responsabilidade 
entre o Estado e o cidadão contribuinte, de forma a inscrever a reforma tributária no âmbito 
das reformas estruturais que visam â modernização das instituições, ao aperfeiçoamento da 
democracia e ao fortalecimento do regime federativo; eliminar os entraves tributários que 
sufocam a atividade produtiva e dificulta a modernização dos parques industrial e agrícola e 
impõem dificuldades crescentes à sustentação de padrões de competitividade compatíveis 
com a integração da economia brasileira ao mercado internacional; e assegurar o 
cumprimento das regras básicas da justiça fiscal, mediante tratamento seletivo dos impostos, 
em função da capacidade econômica do contribuinte e do grau de essencialidade das 
mercadorias consumidas pela população brasileira. 
 
2.3 Objetivos 
 
Os objetivos da reforma tributária são: reduzir o número de Impostos e a simplificação 
dos procedimentos de cobrança, através da exploração das poucas bases tributárias conhecidas 
como o consumo, renda e propriedade, de forma ampla e abrangente, buscando corrigir as 
distorções provocadas pela situação atual, na qual o ônus tributário recai sobre um número 
cada vez menor de contribuintes; eliminar toda a incidência tributária que onera os 
investimentos e a exportação, para que os anseios de modernização econômica e progresso 
social não sejam prejudicados; garantia de recursos públicos indispensáveis à recuperação e à 
modernização da infra-estrutura de transportes, energia e telecomunicações. 
A seletividade na tributação do consumo é um objetivo importante para a melhoria do 
padrão de vida do trabalhador brasileiro, devendo ser implantada na sua plenitude, Para tanto, 
será necessário estabelecer que o imposto sobre ò consumo seja integralmente cobrado no 
local onde o produto é consumido, adotando-se o princípio do destino na cobrança do imposto 
sobre o valor agregado. A adoção do princípio do destino no imposto sobre o consumo 
contribui também para tornar estreita a relação entre a receita estadual e o consumo de seus 
19 
 
habitantes-eleitores. Frear a expansão descontrolada de contribuições sociais que incidem 
sobre o faturamento e o lucro das empresas, dado o efeito perverso que exercem sobre a 
produção e os investimentos também é muito importante. Essas contribuições constituem as 
principais anomalias do sistema, devendo eliminar os motivos que têm provocado o seu 
crescimento. O problema relaciona-se não apenas com as questões específicas de 
necessidades de financiamento da seguridade social, mas também com a base para a definição 
do montante dos Fundos de Participação dos Estados e Municípios na receita federal. 
Enquanto a ampliação das contribuições for uma saída para contornar as dificuldades 
criadas pela elevação da participação de estados e municípios na receita do Imposto de Renda 
e do IPI, o difícil equilíbrio regional na distribuição das rendas públicas será duplamente 
afetado de forma negativa pela redução do montante dos Fundos e pela maior concentração 
dos gastos da seguridade social nas regiões de maior densidade econômica e demográfica. O 
aumento recente dessas contribuições é nocivo também do ponto de vista do próprio 
financiamento da previdência social, pois reduz as possibilidades de crescimento das receitas 
provenientes da contribuição providenciaria pelo efeito negativo que exercem sobre a 
produção, os investimentos e a geração de empregos. 
Muito mudaria com a Reforma Tributária, pois modificaria a estrutura legislativa e 
fiscal, taxas e contribuições, vigente no Brasil. Ela afetaria a toda a população, a iniciativa 
privada, o setor público, bancário e também o Governo Federal, Estadual e Municipal, pois 
mudaria a forma como os recursos são transferidos das pessoas físicas e jurídicas para manter 
o sistema estatal e os serviços públicos, como segurança, educação, saúde, saneamento básico 
entre outros. 
 
2.4 Importância 
 
 O termo reforma significa uma idéia de melhoria, de aperfeiçoamento. Em todas as 
lutas em que a sociedade buscou por uma reforma foi para que a mesma fosse beneficiada. Na 
área da tributação isto não é diferente. Como se sabe, o Sistema Tributário Nacional é muito 
complexo e impede que o cidadão comum entenda-o e sua carga tributária é imensamente 
elevada, chegando aos níveis de confisco da renda do cidadão. Daí a importância de uma 
urgente implantação de reforma tributária em nosso país que passe pela diminuição da carga 
tributária e também por sua simplificação. 
20 
 
 Não se vê pontos negativos relevantes em uma reforma tributária. Mas é preciso que a 
sociedade esteja atenta pelo fato de que a fome do Estado é tão grande que ao invés de uma 
diminuição da carga tributária ele lhe imponha o seu aumento. 
 O crescimento econômico está abrindo um grande avanço na consolidação da 
estabilidade macroeconômica, caracterizado por uma política econômica voltada para a 
aceleração do crescimento, mas não tem uma política de inclusão social e redução das 
desigualdades que está longe da base das ações do governo. 
O desafio, neste momento, é criar condições para consolidar os avanços e acelerar 
ainda mais o crescimento econômico e a redução das desigualdades sociais e regionais. É 
neste contexto que se justifica a necessidade de se implantar uma reforma tributária no Brasil, 
resultado de um amplo apelo dos contribuintes ao longo do último ano com Estados, 
Municípios, trabalhadores e empresários, com o objetivo de racionalizar nosso sistema 
tributário e ampliar o potencial de crescimento do país. 
A Reforma Tributária ideal eliminará os obstáculos para uma produção mais eficiente 
e menos custosa, reduzindo a carga fiscal que incide sobreprodutores e consumidores, 
estimulando a formalização das empresas e permitirá o desenvolvimento mais equilibrado de 
Estados e Municípios em todas as regiões brasileiras. 
 
2.5 Benefícios da Reforma Tributária 
 
 Há várias razões pelas quais a Reforma Tributária contribui para acelerar o potencial 
de crescimento do País. Algumas medidas importantes resultariam em um modelo ideal, como 
demonstra a Cartilha da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda (2008), que destacam: 
 
 a simplificação e desburocratização do sistema tributário, reduzindo significativamente o 
número de tributos e o custo de cumprimento das obrigações tributárias acessórias pelas 
empresas; 
 o aumento da formalidade, distribuindo mais eqüitativamente a carga tributária: os que hoje 
pagam impostos pagarão menos, e aqueles que não cumprem suas obrigações tributárias 
passarão a contribuir; 
 a eliminação das distorções da estrutura tributária, diminuindo o custo dos investimentos e 
das exportações; 
 a eliminação da guerra fiscal, resultando em aumento dos investimentos e da eficiência 
econômica; 
 o avanço importante na política de desoneração, reduzindo o custo tributário para as 
empresas formais, para os consumidores e ampliando a competitividade do País; 
 o aperfeiçoamento da política de desenvolvimento regional, introduzindo mecanismos mais 
eficientes de desenvolvimento das regiões mais pobres. 
21 
 
3 O IMPACTO DA REFORMA TRIBUTÁRIA NO BRASIL 
 
De acordo com a 14ª edição do Boletim Economia Brasileira em Perspectiva, feito 
pelo Ministério da Fazenda, de 2002 a 2011, o gasto primário teve um crescimento de 15,7% 
do Produto Interno Bruto (PIB) para 17,5% do PIB. Diante dessa realidade, constata-se que o 
governo federal não se esforça para diminuir gastos, contrata mais funcionários e aumenta 
anualmente a carga tributária. O superávit primário do governo foi possível pelo aumento da 
carga tributária, que elevou as despesas para os contribuintes. 
O tributo tem a finalidade de suprir recursos ao Estado para custear o bem-estar da 
sociedade. Duas questões essenciais envolvem o debate do modelo de tributação atual: a 
construção de um sistema mais simples de administração e a diminuição da carga total de 
tributos. O governo conhece a complexidade tributária, principalmente entre os tributos a 
incidir sobre os bens e serviços. Conhece a multiplicidade de formas de apuração (que 
abrange mais de cinco mil legislações diferentes), alíquotas e bases de cálculo aplicáveis aos 
tributos. Evidentemente, a criação do IVA vem a facilitar a vida do contribuinte. Mas não se 
pode discutir a reforma tributária somente pela ótica da arrecadação. 
Um estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) revela que uma 
família que ganha até dois salários mínimos tem 45,8% de sua renda corroída pelos impostos 
indiretos. Essa proporção diminui consideravelmente conforme a renda da família aumenta. 
Os impostos sobre consumo e serviços não levam em conta a capacidade contributiva das 
pessoas, explica Letícia do Amaral, advogada tributarista e vice-presidente do Instituto de 
Planejamento Tributário (´Carga tributária penaliza a todos, sobretudo os mais pobres´ 
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/peso-dos-tributos-e-uma-incognita-para-populacao). 
A incidência da carga tributária deveria se concentrar mais para a renda e menos para 
o consumo para assim amenizar o peso tributário conforme a capacidade contributiva. 
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu publicamente em seu governo a 
pesada carga tributária brasileira – de 33,58% do PIB, uma das mais altas do mundo. E 
justificou que ela constitui condição fundamental para que o país possua um estado atuante. 
“Todos os países desenvolvidos, que têm sistema de bem-estar social, têm carga tributária 
bem mais elevada, em cerca de 50% do PIB”, comparou Lula, em julho. Sua sucessora, Dilma 
Rousseff, repete o raciocínio. A presidenta tem afirmado que a carga tributária brasileira é 
razoável. 
22 
 
Um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) 
mostra em lista com 30 países pesquisados, o Brasil é que oferece o pior retorno em 
benefícios à população dos valores arrecadados por meio dos impostos. O levantamento 
avaliou os países com as maiores cargas tributários do mundo, relacionando estes dados ao 
Produto Interno Bruto (PIB) e ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de cada nação. 
O resultado é expresso no Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade (IRBES). 
No Brasil, a carga tributária equivale a 35,13% do PIB. Em 2011, o IRBES do país foi 
de 135,83 pontos, o pior resultado no grupo de 30 economias pesquisadas. Itália, Bélgica e 
Hungria vêm em seguida no ranking. 
 
 
 
Quadro 1 - Impostos: Conheça os países com pior retorno ao contribuinte 
Fonte: IBPT 
 
O Brasil tem carga tributária excessiva e baixa qualidade do serviço prestado. As 
despesas públicas aumentam anualmente e a Receita Federal aperta as exigências impostas 
aos contribuintes para manter a receita tributária ascendente. A produção em massa de 
legislações e normas tributárias é subproduto da voracidade na arrecadação. Poucos 
23 
 
conseguem estar em dia com todas as dívidas e normas tributárias. Oito em cada dez empresas 
do País têm alguma pendência tributária, afirma João Geraldo Piquet Carneiro, presidente do 
Instituto Hélio Beltrão. 
A economia cresce e pressiona a infra-estrutura, como na questão aérea, dos portos e 
da energia elétrica. O governo não investe nas áreas sob seu comando nem cria condições 
para o investimento do setor privado. É preciso dar sustentabilidade a atual fase de expansão 
da economia. Num espaço de três décadas, o Brasil cresceu bastante. 
A lei de responsabilidade fiscal permite a expansão dos gastos, desde que se mantenha 
o orçamento equilibrado. Daí, os governantes resolveram então continuar aumentando as 
despesas por meio do crescimento da receita. Resultado: a carga tributária explodiu. Cresce 
consecutivamente a cada ano. A única forma de controlar o governo é colocar uma limitação 
no orçamento (em percentual do PIB). As contribuições federais são os piores problemas do 
nosso sistema tributário como, a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social 
(COFINS), a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e o Programa de Integração 
Social (PIS). Elas representam 10% do PIB. 
 
3.1 Dificuldades enfrentadas pelos empresários 
 
3.1.1 Certidão Negativa de Débitos 
 
Uma pesquisa elaborada pela Revista Valor, em 2006, mostrou que em um grupo de 
117 empresas escolhidas através de anuário ´200 Maiores´ publicado por Valor, 92,7% dos 
grupos empresariais retardaram ou perderam negócios devido a dificuldades em conseguir a 
tempo a Certidão Negativa de Débitos (CND). 
As dificuldades para conseguir a certidão não apenas atrapalham a vida das empresas, 
como também sobrecarregam o Judiciário, assinala Elidie Bifano, consultora da 
PricewaterhouseCoopers, empresa realizadora da pesquisa. Para 60,4% das empresas 
entrevistadas, o impedimento para a obtenção da CND decorre de diferenças irrelevantes. 
As ações das empresas para apurar e pagar impostos, como a manutenção de livros, o preparo 
e a entrega de documentos e a atualização de informações, representam os custos da 
tributação oculta, explica Elidie Bifano (Valor, São Paulo, 28 jun. 2006, p. A2). 
24 
 
Ou seja, a atividade produtiva no país, além das dificuldades naturais dos negócios e 
da asfixiante carga tributária, sofre com uma imensa dificuldade alojada nos meandros da 
Administração Pública para a obtenção de certidões de regularidade fiscal. 
As dificuldades para a obtenção da CND são um entrave tipicamente brasileiro aos 
negócios. Na Europa e nos EUA, não existe documento similar à CND. A China, por 
exemplo, exige apenas para remessa de recursos ao exterior.Na Índia, devido à simplificação 
das regras tributária a certidão é utilizada como um direito do contribuinte de demonstrar o 
cumprimento de suas obrigações fiscais. 
Pré-requisito para as empresas participarem de licitações públicas ou obterem 
empréstimos em bancos oficiais, a CND é um obstáculo à atividade empresarial, de acordo 
com muitas companhias brasileiras. Numa pesquisa com 117 grupos empresariais, 92,7% 
relataram ter perdido ou atrasado negócios em funções de dificuldades em obter a CND no 
tempo necessário, concluiu estudo da Pricewaterhouse-Coopers (Valor, São Paulo, 03 ago. 
2007, p. A2). 
Apenas uma entre 38 companhias listadas na Bovespa conseguiu obter 
automaticamente a CND, de acordo com pesquisa acadêmica coordenada pelo prof. Fábio 
Pereira Ribeiro, do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte). A falta de obtenção da 
CND não significa necessariamente a existência de passivo fiscal em aberto, esclarece Fábio 
Ribeiro (Gazeta Mercantil, São Paulo 19 set. 2007, p. A-12). 
A maioria das empresas pesquisadas afirmam já ter perdido ou retardado negócios pela 
dificuldade de obter a certidão negativa de débito (CND) para comprovar sua regularidade 
fiscal. E essas empresas apontam, ainda, que o retorno de débitos já baixados no sistema da 
Receita Federal é o problema mais freqüente para a obtenção da CND. 
Apontada por alguns como entrave no dia-a-dia das empresas, a CND, emitida 
conjuntamente pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e pela Procuradoria Geral 
da Fazenda Nacional (PGFN), é, na verdade, um instrumento de moralização há muito tempo 
almejado pela Fazenda Nacional e representa um aperfeiçoamento do sistema. Hoje, são 
expedidas por mês cerca de 1,2 milhões de CNDs conjuntas pela internet e apenas cerca de 16 
mil são emitidas nas unidades da Receita e da PGFN, afirma Jorge Rachid (´A CND não é um 
entrave para as empresas´. Valor, São Paulo, 09 nov. 2007, p. E4), secretário da Receita 
Federal do Brasil. 
Proposta de ampliação do prazo de validade da CND e de flexibilização das normas 
para a sua emissão foi apresentada ao ministro Guido Mantega, da Fazenda, por um grupo de 
empresas, entre as quais a Ambev e a Sadia (Valor, São Paulo, 16 nov. 2007, p. E1). 
25 
 
Diante dessa realidade, fica claro que a comprovação do pagamento de tributos é 
muito desgastante para as empresas brasileiras. 
 
3.1.2 Obrigações Acessórias 
 
A obrigação acessória tem o objetivo de viabilizar o controle dos fatos relevantes para 
o surgimento de obrigações principais. O inadimplemento de uma obrigação tributária, seja 
principal ou acessória, é uma não-prestação, da qual decorre uma sanção, explica Hugo de 
Brito Machado (´Curso de direito tributário´. 27a. ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 140). 
Mesmo quando instituídos por lei, configurem ou não obrigações tributárias 
acessórias, os deveres administrativos impostos aos contribuintes devem obediência aos 
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Se ferem tais princípios, são 
inconstitucionais, afirma Hugo de Brito Machado (´Obrigação tributária acessória e os 
princípios da legalidade e da razoabilidade´ in ´Grandes questões atuais do direito tributário, 
2004, p. 139). 
Dispõe o CTN: 
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. 
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o 
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o 
crédito dela decorrente. 
§ 2º A obrigação acessória decorrente da legislação tributária e tem por objeto as 
prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da 
fiscalização dos tributos. 
 
As obrigações acessórias representam uma burocracia fiscal, pois como guias de 
recolhimento podem elevar a carga tributária sobre o setor produtivo. Os custos operacionais 
tributários, representados pelos custos para garantir o recolhimento dos tributos e pelos gastos 
para cumprir todas as obrigações acessórias têm grande impacto. Para a maioria das empresas, 
o custo de conformidade compromete o seu faturamento anual. A quantidade de exigências 
fiscais interfere na competitividade dos negócios das empresas, além de gerar altos custos. 
Segundo o entendimento de Eliana Raposo Maltinti, a fiscalização é um poder-dever 
conferido às entidades tributantes de executarem atos de verificação do cumprimento de 
obrigações tributárias (´Direito tributário´, 2006, p. 123). 
26 
 
As atividades de atendimento regulatório (atendimento às diversas necessidades de 
órgãos do governo) consomem 7,6% do tempo administrativo das empresas brasileiras. Na 
América Latina, a média é 4,1%. As companhias abertas destinam, em média, 0,33% do seu 
faturamento às despesas necessárias para custear a burocracia para cumprir as obrigações 
fiscais por conta do grande número de normas. Quanto menor a empresa, maior o percentual; 
nas empresas com faturamento anual inferior a R$ 100 milhões, pode atingir 1,7%. O alto 
custo e a dificuldade para cumprir as obrigações fiscais decorrem da excessiva quantidade de 
normas regulando a área, concluiu pesquisa encomendada pela Federação do Comércio do 
Estado de São Paulo (FECOMÉRCIO-SP) e realizada por economistas da Fundação Instituto 
e Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (FIPE-USP) (Gazeta Mercantil, São 
Paulo, 29 maio 2006, p. A-8). 
O desenvolvimento econômico, segundo a professora Maria Helena Zockun, 
coordenadora da pesquisa, depende da redução do número de tributos, imposição de alíquotas 
únicas por tributo, neutralidade dos tributos quanto às fontes de rendimentos, redução nu 
número de normas, regras claras, ausência de exceções, estabilidade das regras e formulários 
simples (id.). 
O Brasil é o pior de todos na comparação do Banco Mundial no quesito de tempo 
necessário para um contribuinte administrar e recolher tributos. As empresas brasileiras 
gastam, em média, 2.600 horas por ano com a administração tributária, enquanto as empresas 
de Cingapura gastam 49 horas (Exame, São Paulo: Abril, n. 903, 10 out. 2007, p. 169). 
 
3.1.3 Abuso de autoridade 
 
De acordo com o artigo 316 do Código Penal, o excesso de exação do agente fiscal 
constitui crime tipificado. Mesmo com inúmeras ações, por parte do Fisco, maculaturas dos 
direitos do cidadão, raramente o contribuinte utiliza o art. 316. 
 
Dispõe o 1º do art. 316 do Código Penal: 
 
 “Se o funcionário público exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria 
saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou 
gravoso, que a lei não autoriza: Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e 
multa”.. 
27 
 
A Constituição, aplicada no Direito Tributário, estabelece o princípio da segurança 
jurídica envolvida na formulação de normas claras, precisas e coerentes de modo a resguardar 
requisitos como: os cidadãos deverão perceber com clareza seus direitos e obrigações; os 
agentes fiscais deverão ser os executores da lei, sem interpretações caprichosas ou arbitrárias; 
os juízes encarregados de decidir as controvérsias entre a Fazenda e os cidadãos devem 
corrigir qualquer desvio. 
O sistema tributário do Brasil limita a economia e a preservação do regime e dos 
direitos individuais. Mas há limitações ao poder de tributar. Como disse John Marshall, juiz 
da Suprema Corte dos EUA: ´O poder de tributar é o poder de destruir´ (´The power to tax is 
the power to destroy´). O contribuinte não pode ter seus direitos legalmente estabelecidos 
alterados com suposto fundamento no interesse público. 
Os artigos 145 a 156 da CF de 1988, que tratam do Sistema Tributário, prevêem 
limites à tributação. Dentre esses limites, a legalidade estrita (art. 150, I) e não lata, como no 
art. 5º, I; a tipicidade fechada e não aberta; e a reserva da lei formal de maneira absoluta e não 
elástica, como no direito privado. De acordo com o princípioda legalidade estrita, somente a 
exigência contida nitidamente na lei pode ser cobrada. O Fisco tem o poder amplo de criar a 
tributação por ato legislativo, mas, após a sua publicação, não pode alargar ou estender esse 
poder por meio de interpretações extensivas, integrações analógicas ou atos 
desconsiderativos, exigindo tributos por aproximação legal. A aplicação da lei tributária não 
pode sujeitar-se a opiniões de agentes fiscais, comprometidos em gerar, cada vez mais, 
receitas para um Estado incapaz de reduzir as despesas correntes e enxugar a parte 
esclerosada da máquina administrativa. No direito tributário, voltado para a defesa do 
contribuinte, o julgador, na dúvida, decide a favor do contribuinte (CTN, art. 112). 
 
3.1.4 Fiscalização 
 
A fiscalização é um poder-dever conferido às entidades tributantes de executarem atos 
de verificação do cumprimento de obrigações tributárias, segundo o entendimento de Eliana 
Raposo Maltinti (´Direito tributário´, 2006, p. 123). 
As operações de fiscalização da Receita Federal geraram autuações de R$ 40,2 bilhões 
em 2011, recorde histórico e valor 21,8% superior ao verificado em 2010. De acordo com 
balanço divulgado pelo próprio órgão, 382.412 procedimentos se referem à revisão de 
declarações. Os outros 24.157 são auditorias externas. Entre as pessoas jurídicas, a 
28 
 
participação maior foi do setor industrial, com R$ 10,8 bilhões. Entre as pessoas físicas, R$ 
632 milhões são autuações sobre proprietários e dirigentes de empresas. Em 33% dos casos, 
foram encaminhadas ao Ministério Público Federal representações da Receita para fins 
penais, devido a indícios de crimes contra ordem tributária ou contra a Previdência Social. 
Cabe à legislação tributária regular a competência e os poderes das autoridades 
administrativas em matéria de fiscalização, na forma do art. 194 do Código Tributário 
Nacional (CTN). Mas a Administração Pública está vinculada ao princípio da legalidade, 
previsto no art. 37 da Constituição Federal (CF), e deve garantir ao contribuinte o direito 
previsto no art. 5º, II (não será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei). O art. 145, § 1º, da CF prevê expressamente a vinculação da atividade de 
fiscalização à lei, assinala Hugo de Brito Machado Segundo (´Código tributário nacional: 
anotações à Constituição, ao código tributário nacional e às leis complementares 87/1996 e 
116/2003´. São Paulo: Atlas, 2007, p. 371). 
O avanço dos tentáculos do Estado contra o cada vez mais indefeso cidadão é uma 
característica do Estado moderno. No Brasil, o cidadão não é cidadão, mas um mero 
administrado. O Estado se assemelha a um verdadeiro senhor feudal da Idade Média. O 
cidadão fica cada vez mais indefeso. Seus representantes, por serem autoridades, fazem lei 
sem a participação do contribuinte, quase sempre em causa própria, e depois assenhoram-se 
dos mais variados instrumentos de pressão para assegurar-se de „direitos‟, muitas vezes 
ilegítimos. No campo tributário, o Estado é avassalador, e o tributo é o mais importante 
instrumento do poder. O retorno em serviços públicos é apenas um efeito colateral. Na 
cobrança do IPTU, a administração prefere por facilidade a utilização do correio para a 
entrega da notificação do lançamento dos débitos. Com a presunção de recebimento, cabe ao 
contribuinte provar a falta da entrega da notificação (produção de prova negativa), uma prova 
não-difícil, mas impossível, afirma Ives Gandra da Silva Martins („A prova negativa‟, 2006, 
p. A-12). 
Em países da América Latina, o princípio da ilegalidade eficaz possui tanta 
importância e peso como o princípio da legalidade. Em 1978, foi discutida em Congresso 
Interamericano realizado em Buenos Aires, uma tese que defende que toda a arrecadação 
realizada ilegalmente pelo Estado e não contestada pelo contribuinte, por temor, falta de 
recursos ou conhecimento, transforma-se igualmente em receita orçamentária. 
 
3.1.5 Outras dificuldades 
29 
 
As empresas ainda enfrentam dificuldades com inadimplência fiscal, 
irresponsabilidade dos agentes públicos, coação ilegal, impugnação de ato de infração, sigilo 
fiscal, crime de sonegação fiscal, dentre outros. 
Quanto à inadimplência fiscal, não é correto afirmar que qualquer pagamento a menor 
de imposto é sonegação. A falta de pagamento (inadimplência fiscal) é diferente do ato de 
sonegar, que é a intenção deliberada de fraudar a apuração do imposto devido. Sonegação 
Fiscal é diferente também, de elisão fiscal que significa planejamento tributário. 
A elisão fiscal é reconhecida como tal, quando um contribuinte recorre a uma 
combinação engenhosa ou que ele efetua uma operação particular se baseando sobre uma 
convenção não atingida pela legislação fiscal em vigor. Ele usa o texto legal sem o violar: ele 
sabe utilizar habilmente uma brecha do arsenal fiscal (André Margairaz in La Fraude Fiscale 
et Ses Sucédanés). 
A elisão fiscal não está sujeita às sanções legais, pois ela procede de uma regra 
jurídica centenária e defende que os contribuintes que dispõem de vários meios para chegar a 
um resultado idêntico têm o direito de optar por aquele que lhes permite pagar o menor 
imposto possível. 
O exaurimento da instância administrativa, como condição pela oferta de ação penal 
por crime de supressão ou redução de tributos, é questão pacificada pelo STF. A imposição de 
recurso ao Conselho de Contribuintes dá ao contribuinte o direito de solicitar o trancamento 
de eventual ação penal ajuizada pelo Ministério Público por crime contra a ordem tributária, 
entende o ministro Hamilton Carvalhido, do STJ. Os efeitos da prescrição, no entanto, ficam 
suspensos até o julgamento definitivo do processo administrativo (Processo: RHC 15331, 
julgado em 05 jan. 2006). 
O crime de sonegação fiscal está tipificado no art. 1º da Lei nº 8.137, de 1990. 
Estados usam a ação criminal por sonegação para forçar o pagamento da dívida pelos 
empresários, baseados em prática tradicional na administração tributária federal e do Instituto 
Nacional do Seguro Social (INSS). O Rio de Janeiro firmou convênio com o Ministério 
Público local para a troca de informações sobre devedores do Estado, inspirado na experiência 
bem-sucedida de Minas Gerais, pioneiro na medida, a partir do início de 2005. Na mesma 
linha, já firmaram acordos de cooperação Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Pernambuco. 
Para escapar do risco de ações penais, os empresários preferem pagar logo a dívida. A 
quitação, antes do ajuizamento da denúncia, livra o sonegador da punição penal. O processo 
penal pode determinar, no caso de fraude, a desconsideração da personalidade jurídica da 
empresa devedora e ajudar na ação de execução proposta pelo Fisco. Boa parte dos R$ 300 
30 
 
milhões em fase de execução por Minas Gerais é bens de sócios de empresas devedoras. A 
desconsideração da personalidade jurídica da empresa é algo dificilmente constatado nas 
ações de execuções fiscais (Valor, São Paulo, 30 jun. 2006, E1). 
 
3.2 As dificuldades do STN para o crescimento econômico do Brasil 
 
A tributação é a principal barreira que atrasa o crescimento econômico do país. A 
carga tributária é alta para todos os setores da economia, principalmente, se comparada a de 
países desenvolvidos, penalizando todas as suas atividades. Além de dificultar o investimento, 
a excessiva carga tributária reduz a competitividade dos produtos nacionais no comércio 
internacional. 
Para o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o sistema tributário 
nacional é injusto, resultando de cinco problemas interrelacionados: o sistema tributário é 
regressivo e a carga é mal distribuída, o retorno social é baixo em relação à carga tributária, a 
estrutura tributária desincentiva as atividades produtivas e a geração de emprego, o pacto 
federativo é inadequado em relação às suas competências tributárias, responsabilidadese 
territorialidades e há ausência de cidadania tributária (CDES, 2009, PG.7). 
Ou seja, são muitas distorções, leis em excesso e muitos impostos que são cobrados de 
forma errada e exagerada, e a população sofre com os precários serviços públicos e 
desempregos. O STN deve reformar urgentemente o nosso sistema tributário, pois a carga 
tributária já passou do limite da realidade econômica. A estrutura de cobrança dos impostos, 
com exigência de pagamento antecipado na fase de investimento, antes de iniciar a operação, 
é uma cultura enterrada no mundo moderno, mas ainda não conseguimos romper esse traço 
cultural, afirma Jorge Gerdau Johannpeter106, presidente do grupo Gerdau, com dezesseis 
fábricas no exterior e dez no Brasil. 
Segundo relatório da ´Standard & Poor´s (S&P)´ (2006), a elevada carga fiscal e as 
perspectivas de crescimento modestas são os fatores que separam o Brasil do grau de 
investimento. 
Essas duas vulnerabilidades econômicas prejudicam o Brasil numa comparação com 
países já classificados como ´grau de investimento´ (economias consideradas de alto retorno 
para os investidores e baixo risco). Ainda a dois degraus abaixo do primeiro nível do ´grau de 
investimento´, o Brasil tem por desafio a implementação das reformas necessárias à 
aceleração do ritmo de crescimento e a redução das vulnerabilidades fiscais. A melhoria das 
31 
 
perspectivas de crescimento depende da implantação pró-ativa de medidas econômico-fiscais 
e não-fiscais (id.). 
O Banco Mundial avalia a governança dos países pelos seguintes fatores (relatório 
´Governance matters 2006´, divulgado em 15 set. 2006): 
 
 voz e responsabilidade (mede direitos políticos, civis e humanos); estabilidade política e 
ausência de violência (mede a probabilidade de mudanças ou ameaças violentas ao governo, 
incluído o terrorismo); 
 eficácia do governo (mede a competência da burocracia e a qualidade da prestação do serviço 
público); qualidade do clima regulador (mede a incidência de políticas pouco favoráveis ao 
mercado); 
 estado de direito (mede a qualidade da execução dos contratos, da atuação da polícia e dos 
tribunais, incluída a independência judiciária e a incidência de crime); 
 controle da corrupção (mede o abuso do poder público para benefício privado, incluindo a 
corrupção de pequena e grande dimensão, além da detenção do poder pelas elites). 
 
O Estado brasileiro, em vez de melhorar a gestão dos recursos, optou por multiplicar a 
receita tributária para compensar o crescente déficit público. Não sobram recursos para 
investimentos públicos. O sistema tributário apresenta claros sinais de esgotamento, porque 
amarra o crescimento, reduz a geração de empregos e estimula a sonegação. Tão grave quanto 
à estrutura de tributos é o processo incessante de emissão de novas normas e instruções. 
Somente com uma reforma tributária o Brasil poderá aumentar sua eficiência competitiva e 
reduzir as desigualdades sociais, concluiu o presidente do grupo Gerdau, Jorge Gerdau 
Johannpeter (Valor, São Paulo, 27 set. 2006, p. A2). 
O baixo crescimento do Brasil pode ser explicado fundamentalmente pela política 
fiscal. O Brasil precisa amadurecer para acelerar o crescimento e desenvolvimento 
econômico, mas isso só será possível quando incluir reformas trabalhista, previdenciária e 
judiciária, além de políticas efetivas de comércio exterior, e acima de tudo, adotar medidas 
para redução e simplificação da carga tributária e a redução dos gastos públicos. Porém, o país 
possui mais duas restrições: problemas no setor elétrico, incapaz de fornecer energia para 
sustentar expansão dessa magnitude; e a baixa taxa de investimentos (Folha de S. Paulo, 15 
nov. 2006, p. B7). 
Os bancos e os investidores sempre vêem o Brasil com imensas possibilidades e 
oportunidades. Mas oportunidades passam. Há muita expectativa positiva, mas ao mesmo 
tempo todos sabem das dificuldades políticas. Ninguém espera nada espetacular, mas apenas 
32 
 
bons sinais, como foi a Lei de Responsabilidade Fiscal no passado, tipo de medida capaz de 
permitir aos investidores ´ancorar´ suas expectativas, analisa Ramón Aracena, economista 
responsável pelo monitoramento do Brasil no Instituto de Finanças Internacionais (Folha de S. 
Paulo, São Paulo, 31 dez. 2006, p. B5). 
São conquistas do Brasil: estabilidade de preços, superávit no balanço de pagamento, 
redução da dívida externa e melhoria no gerenciamento da dívida pública interna. Mas há uma 
paralisia no processo de implementação de políticas macroeconômicas, um afrouxamento e 
uma deterioração da qualidade da política fiscal (aumento do salário mínimo acima do nível 
defendido pela própria equipe econômica e crescimento do déficit da previdência). O aumento 
do salário mínimo, além da produtividade, tem de ser repassado como custo e preço para a 
sociedade. A aceleração do crescimento é uma possibilidade difícil de ser alcançada no 
segundo mandato do presidente Lula, avalia Paulo Leme, diretor de pesquisa de países 
emergentes do Goldman Sachs (Valor, São Paulo, 15 jan. 2007, p. A14). 
Paulo Leme disse ainda que a política econômica continuará alicerçada em inflação 
baixa, balanço de pagamentos sólido e meta de superávit primário. Qualitativamente, no 
entanto, houve ligeira deterioração, notável a partir de março de 2006 (saída do ministro 
Antonio Palocci). Mudou a convicção de manter superávits primários maiores, de conter o 
crescimento do gasto corrente e de continuar implementando reformas estruturais (como a lei 
de falência), fundamentais para o aumento da produtividade. Faltam ao governo lucidez, 
convencimento e orientação para a adoção das medidas necessárias a um programa 
abrangente e complexo destinado à retomada do crescimento sustentável. Esse programa 
inclui reformas estruturais, ajuste fiscal, abertura da economia, reformas microeconômicas e 
do mercado trabalhista (id). 
O Brasil está deixando passar a oportunidade de realizar as mudanças necessárias para 
ganhar velocidade de crescimento. O País poderia crescer à taxa de 8% ao ano se eliminasse 
obstáculos como juros altos, política tributária asfixiante, burocracia excessiva ao 
empreendedorismo e leis trabalhistas inflexíveis. O Brasil possuiu muitos recursos naturais, 
vasto mercado interno e já demonstrou capacidade tecnológica, como no caso da Embraer, 
assinala Malcolm Stevenson Forbes Jr., presidente da Editora Forbes (Folha de S. Paulo, São 
Paulo, 30 maio 2007, p. B4). 
O Brasil precisa crescer e, para tanto, necessita de um Estado mais leve e mais 
eficiente. Só dessa forma podemos pensar numa estimulação decisiva dos investimentos 
produtivos em nosso País e, portanto, em mais emprego e mais renda. Os problemas da infra-
estrutura dependem de recursos públicos e também da facilitação de investimentos privados 
33 
 
nos setores de energia, porto, aeroportos, rodovias, ferrovias e tantos outros. Da mesma 
maneira, a melhoria do ensino, da educação e das condições de segurança dependem 
basicamente de investimentos governamentais. Em suma, dinheiro não está faltando para o 
governo. Falta é uma boa gestão dos recursos arrecadados. É hora de economizar gastos 
correntes para reverter o excesso de arrecadação em investimentos de longo prazo, conclui 
Antônio Ermírio de Moraes, empresário (´O governo e a CPMF´. Diário do Nordeste, 
Fortaleza, 12 ago. 2007, p. 3. 
A queda da carga na indústria geraria um ganho na arrecadação e poderia criar muitos 
empregos e mais rendimentos em forma de salários e remunerações do capital investido. 
 
3.3 Análise da carga tributária através de números 
 
Nesse capítulo também é abordado um estudo sobre a carga tributária no Brasil 
analisado através de números. Para tanto, temos como base o olhar analítico sobre o Brasil 
através, do site Brasil Fatos e Dados (http://brasilfatosedados.wordpress.com), bem como a 
utilização de alguns gráficospara complementar essa pesquisa. 
A definição de carga tributária é obtida a partir da análise da arrecadação tributária 
total em comparação ao Produto Interno Bruto (PIB). Traduz a parcela do PIB transferida ao 
setor público por meio de tributos. Indica o custo de financiamento do Estado imposto à 
sociedade brasileira, explica Pontes (2004, p. 146). 
A carga tributária brasileira, atrelada ao nível de gastos governamentais, sufoca a 
economia e impede as empresas de conseguirem atingir o máximo de sua produtividade. O 
governo precisa reduzir seus gastos para permitir o aumento do investimento. 
A atual carga tributária brasileira tem um peso significativo no custo das empresas e 
chega a inviabilizar certos setores, principalmente aqueles os sujeitos à concorrência chinesa 
mais de perto, avalia José Roberto Mendonça de Barros, economista (Valor, São Paulo, 13 
jun. 2006, p. A12). 
No gráfico 1, é demonstrada a evolução comparativa da carga tributária no Brasil entre 
os governos de Dutra até Lula nos períodos de 1947 a 2010 em relação ao PIB. 
 
34 
 
 
 
Gráfico 1 – Carga Tributária total – primeiro e último ano de mandato – Governos: 1947-2010 
 Fonte: http://brasilfatosedados.wordpress.com 
 
É evidente que a carga só tem aumentado ao longo dos anos. Em quase todos os 
governos, a carga foi elevada durante os dois mandatos de cada governo e cresceu em 20,8 % 
de 1947 a 2010. Fica claro que reforma tributária não foi prioridade em nenhum desses 
governos. 
A reforma tributária foi tentada no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, só que 
enviada em bloco para o Congresso. No primeiro mandato, o próprio presidente Lula chegou 
ir ao Legislativo, acompanhado dos 27 governadores para dar entrada na proposta de reforma 
política e tributária, que acabou não acontecendo em seu governo. No segundo mandato, Lula 
fez nova tentativa, convocou entidades empresariais e sindicais e partidos políticos para 
construir uma proposta de reforma tributária que também não foi aprovada. 
A reforma tributária poderia acontecer agora, na gestão Dilma Roussef, pois seu 
governo ainda conta com alta popularidade. "Eu quero discutir progressividade tributária. Por 
que quem compra um carro à prestação paga IPVA, e os ricos que têm iate e jatinho particular 
não pagam?, disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Henrique (2011) 
 Nos gráficos 3, 4 e 5 estão apresentadas a repartição da Carga Tributária Total 
(tributos/impostos/contribuições federais, estaduais, municipais) por: a) competência (União, 
Estados e Municípios), b) por finalidade (Receita Fiscal, Previdência Social e Contribuições 
Sociais), e c) por base de incidência (consumo, renda, propriedade, seguridade social e outros) 
35 
 
– em percentual (%) e pontos percentuais (p.p) da carga tributária total brasileira, no período 
2005-2009. 
 
a) competência (União, Estados e Municípios) 
 
 
 
Gráfico 2 – Carga Tributária total por competência (União, Estados e Municípios) 
Fonte: http://brasilfatosedados.wordpress.com 
 
A União obtém a maior fatia da carga tributária, seguida pelo Governo do Estado e 
Governo Municipal. O que preocupa é que essas três esferas administrativas arrecadam 
recursos tão altos e, no entanto, não os devolve de forma digna e acessível para toda sua 
população. 
No ano de 2011 a União arrecadou quase R$ 1 trilhão. Os estados e municípios 
ficaram pertos, todos juntos, de 500 bilhões (ICMS, IPVA, IPTU, ITCD, ISS, ITBI). Temos 
então que a nossa carga tributária alcançou R$ 1,5 trilhão, ou 37% do Produto Interno Bruto 
(PIB). Não se compreende a falta de logística, infraestrutura em geral, a precária saúde e o 
péssimo sistema educacional. A população estaria no dever de perguntar, se fosse esclarecida, 
para onde o dinheiro está indo e os parcos resultados de sua aplicação. Essa é outra questão. 
 
b) por finalidade (Receita Fiscal, Previdência Social e Contribuições Sociais) 
 
36 
 
 
 
Gráfico 3 – Carga Tributária total por finalidade (Receita Fiscal, Previdência Social e Contribuições 
Sociais) 
Fonte: http://brasilfatosedados.wordpress.com 
 
Receita Fiscal refere-se às receitas da União, dos Estados e dos Municípios 
decorrentes da arrecadação de tributos. Esta consumiu 61,7% da carga tributária total por 
finalidade. A Receita Fiscal do Governo é constituída por Imposto, Contribuições e Outras 
Receitas. Como exemplo, temos: Imposto de Renda, IPI, IOF, COFINS, CSLL, Cide, a 
extinta CPMF pertencia a essa categoria. Outras Receitas - dividendos, concessões, e etc. 
A Contribuição Social é um tributo destinado a custear atividades estatais específicas, 
que não são inerentes ao Estado. Tem como destino a intervenção no domínio econômico 
(exemplo: FGTS), o interesse das categorias econômicas ou profissionais (exemplo: 
Contribuição Sindical) e o custeio do sistema da seguridade social (exemplo: Previdência 
Social). É de competência privativa da União. 
A previdência social é um seguro social, mediante contribuições previdenciárias, com 
a finalidade de prover subsistência ao trabalhador, em caso de perda de sua capacidade 
laborativa. É administrada pelo Ministério da Previdência Social e as políticas referentes a 
essa área são executadas pela autarquia federal denominada Instituto Nacional do Seguro 
Social (INSS). Todos os trabalhadores formais recolhem, diretamente ou por meio de seus 
empregadores, Contribuições Previdenciárias para o Fundo de Previdência. 
No gráfico a seguir, é demonstrada a carga tributária por base de incidência em 
porcentagem (%) da carga total. 
37 
 
c) por base de incidência (consumo, renda, propriedade, seguridade social e outros) – em 
percentual (%) e pontos percentuais (p.p) 
 
 
 
Gráfico 4 – Carga Tributária total por finalidade por base de incidência 
Fonte: http://brasilfatosedados.wordpress.com 
 
A maior tributação está concentrada no consumo. Isso quer dizer que quem mais sofre 
com a incidência dos impostos é o consumidor. Em 2010, a Receita Federal arrecadou R$ 545 
bilhões em impostos, sem contar o dinheiro destinado à Previdência Social. Daquele total, 
metade resultou de taxações sobre o consumo de produtos e serviços pelos brasileiros. Só a 
outra metade mordeu renda, lucro, patrimônio e movimentação financeira. Segundo estudo de 
2008 da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), chamado 
Consumption Taxes Trends, em nenhum país ligado ao organismo, à tributação do consumo 
ultrapassa 25%. 
Essa distribuição do ônus fiscal é considerada injusta porque as pessoas que vivem 
com menos dinheiro não poupam. Compram alimentos, bebidas, roupas, e todos estes gastos 
pagam imposto. Já os ricos conseguem guardar. E sempre procuram aplicar em atividades 
lucrativas e pouco tributadas. Como a aquisição de terras, por exemplo. No ano passado, os 
fazendeiros pagaram R$ 500 milhões de Imposto Territorial Rural (ITR). A COFINS, 
contribuição embutida no preço de todos os produtos, rendeu ao governo 280 vezes mais, R$ 
140 bilhões. 
38 
 
“Precisamos fazer com que quem ganha menos pague menos e quem ganha mais, 
pague mais, afirmou o deputado Claudio Puty (PT-PA), presidente da Comissão de Finanças e 
Tributação da Câmara dos Deputados (Proposta de reforma tributaria do governo ignora 
distribuição injusta, Portal Economia e infra-estrutura, 11 de maio de 2011). 
 
Composição dos principais tributos/impostos/contribuições – federais, estaduais e municipais 
– em porcentagens (%) da carga tributária total: 
 
 
 
Gráfico 5 - Carga Tributária Total – Brasil – percentagem(%) do PIB – arrecadação de impostos federais 
+ estaduais + municipais – Evolução: 1947-2010 e 1995-2010 – média por década e anual –FHC e Lula 
Fonte: http://brasilfatosedados.wordpress.com 
 
 
O gráfico 6 mostra a composição dos principais tributos em % da carga total referente 
ao ano de 2008. O ICMS éo imposto que mais arrecada recursos e atingiu 21,1% da carga 
total, seguido pelo Imposto de Renda, com 18,7%, Previdência Social (15,8%), 
COFINS(12,5%) e demais tributos. 
O gráfico 7 compara a evolução da Carga Tributária Total em relação ao PIB no 
período de 1995 a 2010 entre os governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula. 
 
 
 
 
39 
 
 
 
Gráfico 6 - Carga Tributária Total – % do PIB – Evolução: 1995-2010 
Fonte: http://brasilfatosedados.wordpress.com 
 
O governo Fernando Henrique Cardoso, compreendido entre 1995 a 2002, obteve uma 
média de 28,7%. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, 2003-2010, alcançou uma média de 
33,4%, atingindo os dois governos 29,3% do PIB. 
A carga tributária evoluiu muito ao longo dos anos. No início do mandato de FHC, a 
carga tributária atingia 27,2% do PIB e no fim do mandato de Lula já alcançávamos 34,6% de 
nosso PIB. Ou seja, durante esse período não houve uma preocupação desses governos com a 
reforma tributária, que há muito tempo é esperada tão ansiosamente por todos os produtores e 
consumidores brasileiros. 
O gráfico 8 mostra a Carga Tributária aproximada de cada Estado da Federação 
brasileira, levando em conta a sua receita específica e as outras receitas administradas pela 
União e inseridas proporcionalmente na carga total estadual em percentagem (%) do PIB. 
40 
 
 
 
Gráfico 7 - Carga Tributária Estadual – todos Estados brasileiros – percentagem(%) do PIB Brasil 
proporcional à sua participação no mesmo – comparação com carga tributária total Brasil – 2010 
Fonte: http://brasilfatosedados.wordpress.com 
 
O Estado de São Paulo é o que mais contribui para a composição do PIB nacional com 
47%. O DF vem em seguida com 43%. O Estado do Ceará segue na 4° posição contribuindo 
com 38%. Os Estados da região Norte são os que menos contribuem para a composição de 
nosso PIB. A média brasileira (todos os Estados) é de 34%. A região Sul e Sudeste são as que 
contribuem mais significativamente para a composição do PIB nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
4 UM MODELO IDEAL 
 
O que se espera da Reforma Tributária é um sistema mais justo e simplificado. Para o 
professor de contabilidade da Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade da 
Universidade de São Paulo (FEA), Carlos Alberto Pereira que participa de um grupo de 
estudos na área de tributação, a reforma tributária proposta pelo governo não é uma iniciativa 
integrada, mas sim um conjunto de ações isoladas. Não parece ser uma reforma que vise sanar 
as distorções, os problemas do sistema como um todo, são ações mais pontuais, argumenta o 
prof. Carlos Alberto (2007), que considera o sistema tributário brasileiro muito complexo, 
pois é composto por poucas regras, muitas exceções e muda constantemente. 
E acrescenta: essa complexidade acaba gerando muita dificuldade para as empresas 
atenderem à legislação fiscal e isso assusta o contribuinte, e que continua: além da carga 
tributária que incide sobre as operações e renda das empresas, a produção, o consumo e a 
comercialização também são altamente tributados. De certa forma, isso é um impedimento 
para a economia se desenvolver. Segundo o professor, o melhor caminho para uma reforma 
fiscal seria promover uma simplificação do sistema, que provocaria uma adesão espontânea 
do contribuinte, reduzindo, assim, a informalidade e a sonegação, bem como trazendo 
benefícios para a economia brasileira. 
A reforma tributária deve gerar uma tributação mais equânime, mais justa, que permita 
o crescimento, desenvolvimento e, ao mesmo tempo, ofereça serviços de qualidade em torno 
desse tributo. Além disso, deveria promover uma simplificação do sistema tributário, defende 
o prof. Carlos Alberto. 
A carga tributária brasileira é extremamente alta para o nível de renda do país, além 
de não ser condizente com a qualidade dos serviços prestados pelo governo à população mais 
pobre. O Estado não fornece todo o serviço com a qualidade que a população espera, mas 
cobra muito caro por eles, esclarece a pesquisadora da FIPE, Maria Helena (2006), que 
considera o sistema tributário do Brasil inadequado, pela carência de alguns atributos que 
tornam a economia mais eficiente, isto é, que permitem à economia tirar o máximo proveito 
dos seus recursos, em termos de crescimento. 
Para Maria Helena, o bom sistema tributário deve ser neutro, ou seja, não interferir 
no preço relativo dos bens; também precisa ser eficaz, isto é, deve conseguir extrair dos 
impostos aquilo que a lei determinou. O sistema legal está montado para arrecadar 54% do 
PIB, mas extrai 34%. Ou seja, ele não é eficaz e nem poderia ser, porque a população não 
42 
 
aceita pagar tanto e acaba partindo para sonegação por não ter condições de arcar com esse 
alto nível de extração fiscal, ressalta Maria Helena, que ainda aponta a necessidade de o 
sistema ser equânime, respeitando a capacidade contributiva de cada cidadão, e reduzir as 
alíquotas dos impostos indiretos (PIS, COFINS, CPMF, IPI, ICMS, entre outros). 
Maria Helena afirma que, embora o governo tenha sido habilidoso para trazer 
empresas para a formalidade, reduzindo a carga tributária através de sistemas especiais como 
o Super Simples, essa iniciativa é muito ruim para o país, pois cria sistemas tributários 
diferenciados para as mesmas empresas e destrói as condições de concorrência entre estas. 
Conforme a pesquisadora, o sistema está muito distorcido, impedindo o país de crescer de 
uma maneira mais saudável, mesmo sendo preservada a arrecadação do governo. Teriam que 
ser feitas muitas alterações, mas é tão grande a mudança a ser feita pelo governo que este tem 
medo de perder a arrecadação e, por isso, não se mexe, não se move, conclui. 
Segundo Maria Helena, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) vem 
desenvolvendo pesquisas na área de gestão tributária desde o final da década de 80. Em 2006, 
a Federação do Comércio encomendou um trabalho à Fundação, que resultou em uma 
proposta de reforma tributária que prevê a simplificação do sistema de tributação. As idéias 
extraídas desse estudo foram amplamente divulgadas e oferecidas para o governo e o 
Congresso. 
 Quase ninguém tem dúvidas de que o Brasil esteja precisando de uma reforma 
tributária. O que se tem hoje é um emaranhado tributário, com distorções entre os estados, 
tributação perversa e aumento constante da tributação não dão para falar em uma reforma 
fiscal do governo, pois, o que está se fazendo são remendos tributários com pequenos 
benefícios, que aumentam a arrecadação do Estado e diminuem o tamanho do setor privado. 
 O sistema tributário precisa se adequar, reduzindo a ganância e voracidade dos 
governos no âmbito da arrecadação de tributos, para, assim, gerar crescimento econômico no 
País. Sabemos que o modelo tributário ideal é algo difícil devido as mais variadas correntes 
de pensamento, que tratam essa matéria de maneira distinta, mas é preciso encontrar um 
denominador comum que permita primeiro, a diminuição da carga tributária, porque sabemos 
que há um sem número de tributos que o País apresenta aos seus cidadãos, seja para a 
iniciativa privada, seja para os indivíduos como um todo. 
É necessário diminuir a carga tributária e fazer com que o número de impostos se 
racionalize de maneira que possa permitir à população uma realidade muito mais econômica, 
saudável e com mais eficácia para todos os setores, seja para os contribuintes, seja para o 
Estado brasileiro. O ideal seria que essa reforma tributária também permitisse uma melhor 
43 
 
distribuição da partilha dos tributos que a Nação arrecada. Grande parte do tributo que paga o 
povo brasileiro é concentrada na União. Os Estados e os municípios têm seus 18%, mas a 
União tem uma primazia, uma preponderância, que faz com que o poder político da União 
fique mais acentuado. 
A preservação da autonomia tributária dos

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