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PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO PÚBLICO Luciane Rosa de Oliveira Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer o que prevê o art. 165 da Constituição Federal de 1988. Empregar a legislação e as normas necessárias para a execução do PPA e da LOA. Especificar os prazos para a execução do PPA e da LOA. Introdução Neste capítulo, você vai estudar as normas para a elaboração e a execução do Plano Plurianual (PPA) e da Lei Orçamentária Anual (LOA). Dentre elas, destacam-se o art. 165 da Constituição Federal de 1988, que estabelece o PPA e a LOA, a Lei nº. 4.320, de 17 de março de 1964, a Lei Complementar nº. 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal, LRF), e as demais legislações orçamentárias, além de regulamentos de órgãos de elaboração e controle. A primeira parte do capítulo apresenta e analisa o art. 165 da CF/1988 e seus parágrafos. Você vai estudar a elaboração do projeto do PPA, da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da LOA e as leis e normas que executam as determinações do art. 165. A segunda parte do capítulo trata da legislação e das normas específicas para a execução do PPA e de seus desdobramentos nas LDOs e nos orçamentos anuais nos quatro anos do PPA. Você vai compreender como se dá o acompanhamento das receitas — estimadas durante a fase de orçamento — e das despe- sas referentes a gastos, programas e projetos das diferentes esferas de governo — fixadas na fase de orçamento. Por fim, você vai conferir os prazos para a execução do PPA e da LOA, com base nas legislações e normas abordadas ao longo do capítulo. A Constituição de 1988 e o orçamento público Lei fundamental e suprema, na qual se baseia toda a legislação brasileira, incluindo a legislação orçamentária, a CF/1988 (BRASIL, 1988) está no topo do ordenamento jurídico do país. Após a promulgação da CF, em 5 de outubro de 1988, e de suas disposições transitórias, toda a legislação orçamentária do país passou a se basear — ou ser atualizada via emendas a leis complemen- tares — na Constituição. Na CF/1988 (BRASIL, 1988), em seu Título VI — Da Tributação e do Orçamento, Capítulo II — Das Finanças Públicas, Seção II — Do orçamento, constam cinco artigos, descritos a seguir. O art. 165 estabelece o PPA, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais. O art. 166 estabelece que os projetos de lei relativos ao PPA, às di- retrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais devem ser apreciados (aprovados) pelo Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado). O art. 167, em linhas gerais, impõe restrições à gestão pública em temas relativos ao orçamento. O art. 168 estabelece um prazo no mês para transferência de recursos do Poder Executivo aos demais Poderes. O art. 169 impõe limite à despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. O que prevê o art. 165 da Constituição Para efeito de normas referentes à elaboração e execução do PPA de governo e da LOA, o art. 165 determina que “[…] leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão (I) o plano plurianual, (II) as diretrizes orçamentárias e (III) os orçamentos anuais” (BRASIL, 1988, documento on-line). Esse art. tem nove parágrafos, descritos a seguir. § 1º — Plano Plurianual. O Poder Executivo deve elaborar um plano plurianual de quatro anos e preparar um projeto de lei para sua aprovação, estabelecendo “[…] de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual2 da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada” (BRA- SIL, 1988, documento on-line). § 2º — Lei de Diretrizes Orçamentárias. O Poder Executivo deve elaborar diretrizes orçamentárias, metas e prioridades e preparar um projeto de lei para sua aprovação, incluindo despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientação para a elaboração da lei orçamentária anual, dispo- sições sobre alterações na legislação tributária e estabelecimento de política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento (BRASIL, 1988). § 3º — Relatório resumido de execução orçamentária. O Poder Execu- tivo deve publicar “[…] até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária” (BRASIL, 1988, documento on-line). § 4º — Planos e programas. Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na Constituição devem ser “[…] elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados (aprovados) pelo Congresso Nacional” (BRASIL, 1988, documento on-line). § 5º — Lei Orçamentária Anual. O Poder Executivo deve coordenar a elaboração de um orçamento anual e preparar um projeto de lei para sua aprovação, o qual deve compreender: I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público (BRASIL, 1988, documento on-line). § 6º — Demonstrativo de Receitas e Despesas. O projeto de lei orçamentá- ria deve ser “[…] acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia” (BRASIL, 1988, documento on-line). § 7º — Redução de desigualdades inter-regionais. Os orçamentos pre- vistos devem estar compatibilizados com o PPA e ter “[…] entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional” (BRASIL, 1988, documento on-line). 3Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual § 8º — Rigor orçamentário. A LOA não deve conter “[…] dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei” (BRASIL, 1988, documento on-line). § 9º — Gestão financeira. Estabelece que lei complementar deve ser elaborada para: I – dispor sobre exercício financeiro, vigência, prazos, elaboração e organiza- ção do plano plurianual, das leis de diretrizes orçamentárias e orçamentária anual; II – estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta, e condições para a instituição e funcionamento de fundos; e III – dispor sobre critérios para a execução equitativa e procedimentos que devem ser adotados quando houver impedimentos legais e técnicos, cumpri- mento de restos a pagar e limitação das programações de caráter obrigatório, para a realização do disposto no parágrafo 11º do artigo 166, parágrafo que trata de emendas individuais no Congresso ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias (BRASIL, 1988, documento on-line). A gestão orçamentária Analisando-se sob a perspectiva da administração pública, verifi ca-se que o art. 165 da CF (BRASIL, 1988) prevê a elaboração de ferramentas formais de gestão, descritas a seguir. Um planejamento estratégico de médio prazo, que corresponde ao mandato de quatro anos do governo eleito e deve incluir diretrizes, objetivos e metas para despesas de capital e programas de duração continuada para o período. Este é o PPA. Um planejamento tático anual de desdobramento do PPA em metas e prioridades para o ano subsequente ao de sua elaboração.Este é o Projeto de LDO (PLDO), que, depois de aprovado, resulta na LDO. Um planejamento operacional anual de desdobramento da LDO com- binado às atividades previstas nas operações das diversas áreas do governo, em que se estabelecem planos de ação associados a prazos (cronogramas de execução) e a recursos financeiros de orçamento de receitas e despesas. Este corresponde à LOA, que une o planejamento operacional ao orçamento público. Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual4 Uma projeção de fluxo de caixa, baseada na estimativa de receitas (entradas de caixa) e na fixação de despesas da LOA (saídas de caixa), com possibilidade de contingenciamento de despesas. Este é o orçamento público, que, quando já aprovado e em execução, permite a gestão do fluxo de caixa. Relatórios de monitoramento e de controle, cujo detalhamento em leis complementares permite verificar os resultados sociais do PPA e os dados financeiros do orçamento associado a esses resultados. A análise comparada das leis de PPA, LDO e LOA com os resultados fornece a base tanto para um controle interno, como faz a Controladoria Geral da União em relação ao orçamento da União, como para um controle externo, como faz o Tribunal de Contas da União. O Quadro 1 sintetiza as ferramentas de gestão previstas no art. 165 da CF. Fonte: Adaptado da Constituição Federal de 1988. PPA Planejamento estratégico de governo Período: quatro anos Diretrizes, objetivos e metas LDO Planejamento tático (derivado do PPA) Período anual: exercício financeiro Diretrizes e prioridades LOA Planejamento operacional (derivado da LDO + orçamento das operações) Período anual: exercício financeiro Estimativa de receitas e fixação de despesas (fluxo de caixa) Quadro 1. Síntese do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orça- mentária Anual O que se verifica, portanto, é um orçamento com base legal, com indicativo de ferramentas específicas de gestão — planejamento, execução e controle —, que fornece apoio à decisão em aspectos políticos relevantes, incluindo a sua aprovação no Poder Legislativo, a transição de governos e a opinião pública. 5Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual A CF (BRASIL, 1988) está dividida em nove títulos, que tratam (I) Dos Princípios Funda- mentais, (II) Dos Direitos e Garantias Fundamentais, (III) Da Organização do Estado, (IV) Da Organização dos Poderes, (V) Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas, (VI) Da Tributação e do Orçamento, (VII) Da Ordem Econômica e Financeira, (VIII) Da Ordem Social, (IX) Das Disposições Constitucionais Gerais. O Título VI da Constituição trata especificamente da tributação e do orçamento. Esse título tem dois capítulos, um que trata do sistema tributário nacional, e outro que trata das finanças públicas. O Capítulo II — Das Finanças Públicas tem uma seção para normas gerais e outra para o orçamento público. Essa última seção — a Seção II — possui cinco arts., entre os quais está o art. 165, que estabelece o PPA, a LDO e a LOA. Saiba mais acessando a CF/1988, disponível no link a seguir. Para saber mais sobre o orçamento público, leia com atenção o Título VI — Da Tributação e do Orçamento. https://qrgo.page.link/31BJU Legislação e normas para execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual O processo de orçamento público no Brasil segue um ciclo de fases específi cas — o ciclo orçamentário —, com as seguintes fases principais: planejamento; aprovação; execução; controle e avaliação. As fases de planejamento e aprovação podem ser subdivididas nas fases de planejamento e aprovação do PPA, da LDO e da LOA. Desse modo, o ciclo orçamentário pode ser analisado em um contexto de oito fases. A Figura 1 apresenta essas fases. Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual6 Figura 1. Fases do ciclo orçamentário, com destaque para a execução orçamentária. Fonte: Adaptada de Sanches (1983). A fase de execução orçamentária, conforme mostra o fluxo da Figura 1, requer a LOA aprovada, a qual deve incluir estimativa de receitas e fixação de despesas operacionais e investimentos do PPA, ou seja, “[…] despesas de capital e outras delas decorrentes e [...] as relativas aos programas de duração continuada” (BRASIL, 1988, art. 165). O orçamento de receitas e despesas operacionais deve seguir a lei de orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal (Lei nº. 4.320/1964) (BRASIL, 1964), a LRF e demais legislações orçamentárias, geralmente descritas em um manual, como o Manual Técnico de Orçamento (MTO) da Secretaria de Orçamento Federal (SOF). A legislação e as normas a serem seguidas para a elaboração e a execução do orçamento são as sintetizadas a seguir. A CF de 1988, que, conforme visto anteriormente, prevê a lei do PPA, a LDO e a LOA. As leis complementares: ■ a Lei nº. 4.320/1964, que estabelece normas para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal; e ■ a LRF, que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. As leis ordinárias: ■ a lei do PPA, que, de acordo com a Câmara dos Deputados, “[…] estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e ou- 7Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual tras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada” (BRASIL, Câmara dos Deputados, 2019); ■ a LOA, que “[…] estabelece os Orçamentos da União, por intermédio dos quais são estimadas as receitas e fixadas as despesas do governo federal. Na sua elaboração, cabe ao Congresso Nacional avaliar e ajustar a proposta do Poder Executivo, assim como faz com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e o Plano Plurianual (PPA)” (BRASIL, Câmara dos Deputados, 2019); e ■ a LDO, que “[…] estabelece quais serão as metas e prioridades para o ano seguinte. Para isso, fixa o montante de recursos que o governo pretende economizar; traça regras, vedações e limites para as des- pesas dos Poderes; autoriza o aumento das despesas com pessoal; regulamenta as transferências a entes públicos e privados; disciplina o equilíbrio entre as receitas e as despesas; indica prioridades para os financiamentos pelos bancos públicos” (BRASIL, Câmara dos Deputados, 2019). Outras normas e orientações, que são fornecidas pelo Poder Executivo (presidência da República, Ministério da Economia, Secretaria do Tesouro Nacional, SOF, entre outros) por meio de portarias, decretos- -lei e manuais técnicos. Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual8 Para ler na íntegra as leis e normas para elaboração e execução do orçamento público brasileiro, acesse os links a seguir. CF/1988 https://qrgo.page.link/31BJU Lei Complementar nº. 4320/1964 https://qrgo.page.link/DJZ6j LRF https://qrgo.page.link/dfXsG Lei orçamentária nº. 13.898/2019 https://qrgo.page.link/Wh34n Lei orçamentária nº. 13.808/2019 https://qrgo.page.link/XMZkn PPA 2020-2023 https://qrgo.page.link/ccMPi MTO de apoio aos processos orçamentários da União, elaborado pela SOF https://qrgo.page.link/Giq7W Nota: a legislação orçamentária é permanentemente atualizada. A LDO e a LOA são renovadas a cada ano, e o PPA é renovado a cada quatro anos. Os links das versões mais atualizadas dessas leis se alteram com o tempo. Aqui estão registrados os links mais recentes do PPA, da LDO e da LOA, até o momento em que este capítulo foi escrito para publicação. A Figura 2 mostra uma síntese da legislação e das normas para execução do PPA e da LOA. 9Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual Figura 2. Legislação e normas para aexecução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual. Fonte: Adaptada de Brasil ([2020a]). A execução do Plano Plurianual O PPA e seu respectivo projeto de lei são elaborados no primeiro ano de governo nas esferas federal, estadual, municipal e do Distrito Federal, para um período de quatro anos, atendendo ao § 1º do art. 165 da CF (BRASIL, 1988). O PPA 2020-2023(BRASIL, 2019) do governo federal, por exemplo, tem por objetivos, refl etindo políticas públicas do governo em exercício, orientar a atuação governamental e defi nir diretrizes, objetivos, metas e programas. Esse PPA inclui (BRASIL, 2019): programas finalísticos, que é o conjunto de ações orçamentárias e não orçamentárias de um órgão ou entidade da administração pública, visando a enfrentar problemas da sociedade, conforme objetivos e metas; programas de gestão, que é o “[…] conjunto de ações orçamentárias e não orçamentárias, que não são passíveis de associação aos progra- mas finalísticos, relacionadas à gestão da atuação governamental ou à manutenção da capacidade produtiva das empresas estatais” (BRASIL, 2019, documento on-line); Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual10 investimentos plurianuais prioritários, que é o “[…] conjunto de investimentos selecionados que impactam programas finalísticos em mais de um exercício financeiro” (BRASIL, 2019, documento on-line); e investimentos plurianuais das empresas estatais não dependentes, que é o “[…] conjunto de investimentos que se enquadram nas hipóteses previstas no- PPA 2020-2023 e abrangem as empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto, cujas programações não constem integralmente do Orçamento Fiscal ou da Seguridade Social” (BRASIL, 2019, documento on-line). O PPA, uma vez aprovado, é base para a LDO, cujo fim é detalhar as prio- ridades do PPA, ou seja, planejar os programas e investimentos do PPA que serão executados no período anual seguinte ao de sua elaboração. O PPA de quatro anos tem seus programas e investimentos enquadrados na perspectiva anual da LDO. A LDO, uma vez aprovada, é a base para a LOA. Os programas e investi- mentos do PPA e da LDO se caracterizam por possuírem ações orçamentárias e não orçamentárias. Sendo uma ação orçamentária, ou seja, que necessita de recursos financeiros públicos, essa ação, para ser executada, deve estar obrigatoriamente na LOA do ano previsto de sua execução. Assim, a ação orçamentária associada a programas e investimentos do PPA e da LDO deve ser planejada e orçada em conformidade com a legislação orçamentária em vigência. A execução do PPA, seguindo a legislação e as normas apresentadas, ocorre, portanto, na parte que requer ações orçamentárias previstas em programas e investimentos, na execução da LOA. A estrutura de programas e investimentos do PPA, desse modo, passa para a estrutura da LOA. No caso do PPA 2020-2023 da esfera federal, por exemplo, seu projeto de lei determina que: § 1º As ações orçamentárias serão discriminadas exclusivamente nas leis orçamentárias anuais. § 2º Cada ação orçamentária estará vinculada a um único programa, exceto as ações padronizadas. § 3º As vinculações entre ações orçamentárias e programas constarão das leis orçamentárias anuais. § 4º As ações não orçamentárias serão vinculadas aos programas e serão disponibilizadas na internet, incluídos os respectivos valores, na forma a ser definida pelo Poder Executivo federal (BRASIL, 2019, documento on-line). 11Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual A Figura 3 mostra a estrutura legal das leis ordinárias que integra o pla- nejamento (PPA) e a execução orçamentária (LOA). Figura 3. Estrutura do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orça- mentária Anual. Fonte: Adaptada de Brasil ([2020a]). O exemplo a seguir mostra como planejamento e orçamento público se integram a partir da definição constitucional do PPA, da LDO e da LOA. Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual12 Violência escolar e bullying O problema: violência escolar e bullying em escolas públicas de ensino infantil, fundamental e médio. O programa: “Paz nas escolas”. Os objetivos do programa: ■ resolução de conflitos violentos e bullying; ■ prevenção de conflitos violentos e bullying; e ■ educação para a paz. Ações previstas: ■ capacitar gestores escolares e professores para a resolução e prevenção de conflitos; ■ contratar pedagogos para trabalhar no acompanhamento de alunos e na orien- tação de gestores e professores; ■ desenvolver atividades escolares que auxiliem na prevenção de conflitos violentos e bullying, nas áreas de artes plásticas, música e esporte. Ações orçamentárias: ■ despesas com capacitação de gestores escolares e professores; ■ despesas de pessoal — pedagogos e professores de arte, música e educação física; ■ despesas com materiais e equipamentos de artes, música e esportes. Responsável: Ministério da Educação, em parceria com governos estaduais e municipais. A execução da Lei Orçamentária Anual A execução orçamentária, pela defi nição do Ministério da Economia, é “[…] o processo que consiste em programar e realizar despesas levando-se em conta a disponibilidade fi nanceira da administração e o cumprimento das exigências legais” (BRASIL, 2015, documento on-line). Uma vez aprovada, a LOA indica valores fi nanceiros disponibilizados — créditos consignados — às áreas do governo que os orçaram para as datas programadas. Assim, a execução orçamentária se realiza com a utilização desses créditos de acordo com o orçamento, ou seja, de acordo com a LOA. 13Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual Após o crédito utilizado, a despesa é paga na data programada. A execução financeira é quando se realiza o pagamento de despesas. Crédito, portanto, é o termo para designar o lado orçamentário e os recursos para o lado financeiro. As execuções orçamentária e financeira estão, portanto, associadas: uma se refere à utilização do recurso, e a outra, ao efetivo pagamento. Existe uma diferença entre crédito e recurso financeiro no orçamento público. Crédito é o valor programado e disponível — consignado — no orçamento, para ser utilizado de acordo com a LOA. Recurso financeiro é o valor em dinheiro utilizado para o pagamento de despesas, que corresponde ao crédito utilizado. A utilização do crédito é chamada de execução orçamentária. O desembolso do caixa para pagar as despesas é chamado de execução financeira. A União possui um sistema chamado Sistema Integrado de Administração Financeira, do governo federal. Esse sistema contábil tem por finalidade realizar todo o processamento, o controle e a execução financeira, patrimonial e contábil do governo federal brasileiro. As informações de orçamento são inseridas nesse sistema sob a responsabilidade da SOF, que gera o documento Nota de Dotação (ND). A dotação orçamentária é o crédito orçamentário, e a ND, o seu documento comprobatório. Com a dotação orçamentária registrada, tem-se início a execução orçamen- tária, que se dá em três etapas: empenho, liquidação e pagamento. Empenho é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado a obrigação de pagamento, em conformidade com a Lei nº. 4320/1964. Dá-se com a realização de despesa correspondente à dotação orçamentária. Liquidação é a verificação do direito de recebimento adquirido pelo credor, quando se comprova que o credor cumpriu todas as obrigações constantes do empenho e prepara os dados (identificação da despesa, do valor e do credor) para o pagamento. Pagamento é a entrega de numerário ao credor do Estado, extinguindo, dessa forma, o débito ou a obrigação. Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual14 A Figura 4 sumariza as etapasenvolvidas na execução orçamentária. Figura 4. Etapas da execução orçamentária. Fonte: Adaptada de Brasil ([2020a]). Prazos para a execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual A execução do PPA e da LOA ocorre nos períodos — exercícios fi nanceiros — subsequentes à sua aprovação. Os períodos de elaboração do planejamento e dos projetos de lei referentes ao PPA, à LDO e à LOA, assim como sua apreciação e aprovação pelo Poder Legislativo, possuem um descompasso que é importante observar. Como a execução do orçamento ocorre no ano subsequente ao de sua preparação e aprovação (ano do exercício financeiro), o PPA de quatro anos compreende os três anos do mandato do governante, do segundo ao quarto ano de mandato, e um ano do governo seguinte. Dessa forma, todo primeiro ano de governo terá a execução do orçamento preparada pelo governo anterior e baseada no PPA do governo anterior. A Figura 5 mostra a relação entre o PPA, a LDO e a LOA nos governos. Figura 5. Relação entre o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orça- mentária Anual entre governos. Fonte: Adaptada de Brasil (1988). 15Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual Os prazos para a elaboração dos projetos de lei do PPA, da LDO e da LOA são previstos na CF e nos regimentos internos do Congresso Nacional, para a esfera federal, na Constituição Estadual e no regimento interno da Assem- bleia Legislativa, para a esfera estadual, e na Lei Orgânica do Município e no regimento interno da Câmara Municipal, para os municípios. Na União, os prazos são estabelecidos conforme descrito a seguir. Projetos de lei: ■ o projeto de lei do PPA deve ser enviado ao Congresso Nacional até 31 de agosto do primeiro ano de mandato do presidente eleito e deve ser aprovado até o dia 15 de dezembro, sendo que o recesso parlamentar não inicia até essa aprovação — esses prazos são importantes pois, em 31 de dezembro, encerra-se o exercício anual vigente; ■ o PLDO deve ser enviado pelo Poder Executivo ao Legislativo até 15 de abril e deve ser aprovado por este até 30 de junho, sendo que o recesso parlamentar de meio de ano não inicia até a aprovação; ■ o PLOA deve ser enviado do Poder Executivo ao Legislativo até 31 de agosto e deve ser aprovado até 15 de dezembro. Execuções do PPA e da LOA: ■ a execução do PPA ocorre entre 1º de janeiro do segundo ano de mandato do governante eleito e 31 de dezembro do primeiro ano de mandato do governo seguinte; e ■ a execução da LOA ocorre entre 1º de janeiro e 31 de dezembro do ano seguinte ao de sua aprovação. Outros (cronogramas, relatórios e apresentação de contas): ■ o cronograma mensal de desembolso e a programação financeira devem ser divulgados até 30 dias após a publicação da LOA pelo Poder Executivo, de acordo com as determinações da LRF; ■ o cumprimento da meta fiscal deve ser verificado e analisado pelo Poder Executivo a cada dois meses, e, caso seja necessário, este deve solicitar contingenciamento de despesas; ■ o relatório bimestral de acompanhamento da execução orçamentária deve ser divulgado pelo Poder Executivo até 30 dias após o final de cada bimestre; ■ o relatório de gestão fiscal para comparação das despesas com pessoal e o montante da dívida pública com os limites previstos na legisla- ção, de acordo com a LRF, deve ser divulgado por cada um dos três Poderes até 30 dias após o final de cada quadrimestre; Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual16 ■ a apresentação de contas do Poder Executivo ao Legislativo deve ocorrer até 60 dias após a abertura da sessão legislativa (15 de feve- reiro), e o Poder Legislativo deve julgar as contas apresentadas pelo Executivo — para isso, não há prazo fixado; ■ o parecer prévio do Tribunal de Contas sobre as contas dos três Poderes deve ser emitido até 60 dias após seu recebimento. A Figura 6 apresenta uma síntese dos prazos para elaboração, aprovação e execução do PPA, da LDO e da LOA. Figura 6. Prazos para elaboração, aprovação e execução do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual. Fonte: Adaptada de Brasil ([2020b]). Considerações finais Embora exista esse descompasso entre o mandato do governante e o período de execução do PPA, o art. 165 da CF/1988 estabelece um processo orçamentário que estrutura e viabiliza a execução do planejamento desse governante. A associação de leis complementares — Lei nº. 4.320/1964 e LRF — com leis ordinárias de planejamento e orçamento — PPA, LDO e LOA — permite às diferentes esferas de governo a gestão necessária para a execução e o controle de seu planejamento. Assim, torna-se possível o funcionamento efi ciente do planejamento e do orçamento público. 17Normas para elaboração e execução do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual BRASIL. Câmara dos Deputados. Leis Orçamentárias. 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