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Alessandra Luiz dos Santos DESENVOLVIMENTO TÁTIL E SUAS IMPLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS CEGAS O texto ‘‘Desenvolvimento tátil e suas implicações na educação de crianças cegas’’ de Harold C. Grifin e Paul J. Gerber fala que a base para utilizar o tato no ensino está no conhecimento de seu desenvolvimento através de atividades que estimulem apropriadamente. Assim, o texto busca descrever como ocorre o desenvolvimento da modalidade tátil dentro da prática da educação de crianças cegas. Dentre as formas de ensino especial para crianças com deficiência visual, é possível destacar que a modalidade tátil possui muitos resultados confiáveis no que diz respeito à sua aplicação. Mas de fato, falar sobre o tato pode se dizer que isso vai além de um sentido, pois busca introduzir para a criança percepção e interpretação através da exploração sensorial. Nesse sentido indica o texto: As informações obtidas por meio do tato têm de ser adquiridas sistematicamente, e reguladas de acordo com o desenvolvimento, para que os estímulos ambientais sejam significativos. Ao contrário, o sentido da visão, que se desenvolveu com o passar do tempo, pode captar as informações instantaneamente e pode também processar nuances de informação por meio de “input” sensorial. (GRIFIN; GERBER, 1996, p. 1) O autor descreve que de modo que a modalidade visual é ausente, há de se pensar em experiências alternativas de desenvolvimento. Assim, explora-se mais o desenvolvimento tátil nesse sentido que, segundo o texto, ocorre em diferentes fases, sendo as seguintes: A primeira fase diz respeito à consciência da qualidade tátil de objetos mais precisamente sobre os aspectos do desenvolvimento. Nesse sentido, o texto aponta, que o sentido do tato inicia com as questões de textura, temperaturas e consistências de objetos. Nesse momento, as crianças, através do uso das mãos e com os movimentos podem aprender sobre contornos e tamanhos, por exemplo, que iniciam em movimentos mais gerais, chegando a focar mais nos detalhes posteriormente. Segundo autores apontam, a criança com deficiência visual pode aprender melhor com objetos que já fazem parte do ambiente que exploram naturalmente, mas que esse crescimento de desenvolvimento sobre a forma como eles conhecem os objetos através do sentido tátil, tende a melhorar conforme a criança fica mais velha. Esses métodos foram observados primeiramente com crianças de olhos vendados. Em alguns pontos foi possível observar que a visão muitas vezes antecipava o sentido tátil, que se sobressai geralmente quando o objeto está em mãos. Assim, a consciência sobre o tátil diz respeito ao aprendizado de movimentação das mãos para explorar objetos. As crianças cegas, tendem a explorar os objetos também com as mãos, além da linha mediana do corpo buscando conhecer diferentes texturas e contraste como mole e duro, macio e áspero e etc. Isso vai sendo aperfeiçoado aos poucos conforme as técnicas a serem utilizadas, mudando sempre em questões de texturas e tamanhos. A segunda fase trata do conceito e reconhecimento de forma, trata então de outro nível do desenvolvimento do tátil que é nesse ponto sobre o contato do todo com as partes. Nesse momento, segundo os estudos aplicados, crianças portadoras de deficiência visual possuem o conceito de orientação de uma figura tátil no espaço, porém fraco. Logo, quanto mais complexo o objeto, mais tempo leva para que o aluno cego aprenda mais sobre os detalhes e consiga identifica-lo. Nesse período para crianças cegas o contexto da idade também reflete diretamente no modo como esse aprendizado ou esse desenvolvimento de conhecimento é feito. Os componentes aqui são a clareza e a simplicidade do desenho e exploração do objeto de modo que começa o ensino às crianças de modo a demonstrar formas que possuam ao mesmo tempo tamanhos menores e formas mais simples. A partir disso, segure o texto: Mais tarde, esses mesmos objetos devem ser ensinados em tamanho maior, o que talvez necessite que as crianças se movam em torno do objeto para explorar sua forma. Por exemplo, as crianças podem explorar o formato geral de um quadro de giz, andando ao redor dele para descobrir o formato total de um objeto grande demais para se ter nas mãos. (GRIFIN; GERBER, 1996, p. 3) Assim, são introduzidos objetos mais complexos, passa-se de formas tridimensionais para bidimensionais conforme o desenvolvimento do aprendizado dessas crianças. Eles devem passar então a aprender formas de objetos mais complexos em diferentes dimensões. A terceira fase fala sobre a representação gráfica que é o próximo passo depois da exploração das formas. Aqui, o que se ensina é a perspectiva espacial por meio de representação gráfica dos objetos. Aqui começa então o trabalho dito anteriormente com as figuras tridimensionais com objetos sólidos. Essas representações são feitas através de relevo, linhas, além claro das formas geométricas sendo introduzida pouco a pouco peça por peça uma vez que a apresentação de uma figura completa, pode trazer confusão a criança e por esse motivo ela deve conhecer aos poucos as formas e cada componente que formam aquele objeto. O texto aponta para a dificuldade para crianças deficientes visuais quanto a leitura tátil de mapas. Segundo estudos feitos, as crianças que demonstram mais facilidade para realizar essa leitura são as que optam para a leitura na totalidade do mapa acompanhando os traços das linhas. A quarta e última fase trata dos Sistemas de simbologia. É o estágio final do desenvolvimento da modalidade tátil. Dentre os sistemas utilizados, um dos mais presentes é o Braille. O reconhecimento dos caracteres que compõem o Braille está relacionado com os pontos em relevo que esse sistema proporciona. De acordo com o texto, onde os pontos são mais salientes e dispersos, a leitura é mais fácil. Nos sistemas de simbologia a representação não necessita ter qualquer semelhança com o objeto original e somente destacar ou significar aquele objeto retratado. Para aprender Braille, por exemplo, o processo de memorização dos pontos da cela é o que faz o aprendizado ser mais fácil. Portanto, conforme o que o texto sugeriu, o aprendizado da modalidade tátil trata- se de um processo de crescimento gradual ou sequencial. Ou seja, o início do contato com essas fases deve ser justamente o que sugerem, num primeiro momento mais simples e assim gradualmente devem ser inseridos contextos mais complexos. O texto remonta que não é papel exclusivo de educadores esse da apresentação das formas, do ensinamento de movimentos mas também dos pais, onde todos esses agentes devem promover o estimulo adequado para as crianças com deficiência visual desde a infância e buscar acompanhar seu crescimento ao passo que vai introduzindo novas formas e desafiando esses indivíduos a descobrirem novas possibilidades fazendo assim o primeiro passo para o desenvolvimento cognitivo que também possui fases e graus de complexidades diferentes. REFERÊNCIAS GRIFFIN, Harold; GERBER, Paul. Desenvolvimento tátil e suas implicações na educação de crianças cegas. In: Revista do Instituto Benjamin Constant, Ed. 05. Rio de Janeiro: IBC, 1996. Disponível em: <http://www.ibc.gov.br/images/conteudo/revistas/benjamin_constant/1996/edicao-05- novembro/DESENVOLVIMENTO_TATIL_E_SUAS_IMPLICACOES_NA_EDUCA CAO_DE_CRIANCAS_CEGAS_5_1996.pdf> Acesso em: 23 mai. 2021