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Alessandra Luiz dos Santos A EDUCAÇÃO DE PESSOAS CEGAS NO BRASIL Sabe-se que a educação no Brasil perpassa por diversas questões preocupantes. Desde problemas com evasão escolar, baixo rendimento de alunos, adaptações de conteúdos e também de atualizações de recursos didáticos e tecnologias. Não somente isso, existem certas preocupações com o processo de educação para determinados grupos de pessoas que necessitam de cuidados especiais durante o ensino, como por exemplo, portadores de deficiência visual. O texto de João Roberto Franco e Tárcia Regina da Silveira Dias intitulado como A educação de pessoas cegas no Brasil, busca, demonstrar um pouco através do contexto histórico demonstrar como ocorre o ensino especial para essas pessoas e apontar algumas das principais dificuldades existidas durante esse caminho percorrido até os dias atuais. Segundo o texto aponta, o primeiro momento de contato com uma tentativa para o ensino especial para portadores de deficiência visual data de 1835 em uma tentativa legislativa. No entanto, essa primeira tentativa não obteve sucesso e o projeto de lei, que era o instrumento proposto para o ensino, foi arquivado. O assunto só volta a tona e há a criação da primeira escola para cegos no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, em 1954 inaugurada por D. Pedro II. A escola denominada naquela época como Imperial Instituto dos Meninos Cegos é atualmente o Instituto Benjamin Constant de muita tradição no ensino para alunos cegos. Dessa forma, o Instituto em questão se manteve como a única instituição totalmente especializada para cegos no cenário brasileiro, apesar de o Estado passar a fornecer um apoio mais efetivo para pessoas com deficiências visuais e até mesmo auditivas. Assim foi até 1926, que é o ano de inauguração de outro instituto voltado ao ensino especial para cegos, em Belo Horizonte, o Instituto São Rafael. Conforme consta no texto, entre os anos de 1920 até 1940 o aumento de instituições especializadas para o ensino de pessoas cegas é notório visto a criação de escolas nos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul em 1927, em 1935 em Pernambuco, em 1936 no estado da Bahia e no Estado de Santa Catarina em 1944. No que diz respeito à formação de professores especializados para o ensino a deficientes visuais, ainda em caráter de curso nesse momento uma vez que em caráter de Educação Superior alguns anos depois como será dito mais adiante, em 1945 foi criado o Instituto de Educação Caetano de Campos. Nesse contexto, houve a questão da Segunda Guerra Mundial. Ao mesmo tempo em que há o avanço de impressões de livros em Braille nesses anos, houve também o aumento de assistência para pessoas com deficiências visuais ocasionadas pela Guerra, buscando também introduzir a instrução do ensino especial para essas pessoas com nova realidade. A partir disso começou a aceitação de alunos cegos em Universidades. Em 1961 a Lei de Diretrizes e Bases nº 4.024/61 buscou integrar, através do papel, a educação para pessoas com deficiência visual com o ensino regular. Como dito, essa determinação ficou apenas no papel uma vez que o Estado não viabilizou a proposta deixando esse ensino a cargo de instituições privadas subvencionadas pelo governo. Como já relatado, houve anteriormente as primeiras tentativas para a formação de professores especializados em ensino especial para cegos, mas como curso. A Educação Superior para professores de Educação Especial começou somente em 1970 no Estado de São Paulo. Com os avanços sobre as questões de direitos de pessoas com deficiência, principalmente através de políticas públicas, há de se citar, conforme o próprio texto buscou, em 1986 houve a criação da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Houve também a criação da Secretaria de Educação Especial, ou seja, passou-se a trazer mais tentativas de assegurar um tratamento igualitário para essas pessoas de maiores tentativas para o acesso à educação. Ainda assim, o texto expõe sobre os problemas de pessoas cegas no ensino. Apesar disso, o acesso e a permanência da pessoa cega na escola ainda são muito escassos. Estima-se que apenas 1% da população com deficiência visual recebem algum tipo de atendimento educacional (SILVA, 1986; AMARAL, 1994; BRASIL, 1994). (FRANCO; DIAS, 2007, p. 4) Franco e Dias indicam que a história sobre a Educação Especial no Brasil reflete questões de baixa oferta de serviços e de recursos financeiros. Segundo os autores, desde a criação do primeiro Instituto especializado no ensino, o Estado têm sido muito omisso no que diz respeito a conceder efetivamente o acesso às pessoas que necessitavam de atendimento. Como o próprio texto delimita em certo momento, durante a criação desse Instituto, o número de pessoas no Brasil com deficiência visual era extremamente desproporcional com o número que o Instituto atendia justamente por ser naquele período o único sistema de ensino especial existente. O Imperial Instituto dos Meninos Cegos atendia, em 1872, a 35 alunos, sendo que destes, 20 pagavam pelos seus estudos. Segundo Mazzotta (1996), a população de cegos no Brasil naquela época era de 15.848 pessoas, números estes que nos dão a clareza da precariedade dos serviços face às necessidades da população com deficiência visual. (FRANCO; DIAS, 2007, p. 1) Ao passo que as políticas passaram a tentar trazer mais criação desses ensinos especiais, o Estado ainda não conseguia dar uma resposta satisfatória pela demanda. O processo de inclusão social não acompanhou a tempo as necessidades dessas pessoas. Dessa forma, como o próprio texto aponta, existe a necessidade de mudança no contexto como um todo da educação e buscar introduzir o caráter democrático que deve buscar considerar todos os segmentos que fazem parte do processo educacional. E como um movimento democrático, as mudanças fundamentais no contexto da escola só podem ser realizadas pela participação efetiva dos vários segmentos envolvidos no processo educacional. O processo de mudança deve seguir os mesmos princípios democráticos subjacentes ao paradigma de inclusão (BRASIL, 2001). (FRANCO; DIAS, 2007, p. 4) Nesse sentido é preciso refletir o que é preciso para que as escolas estejam de fato alinhadas para oferecer o atendimento necessário para alunos deficiência visual, para que eles não tenham que recorrer a ensino privativo que grande parte da população não dispõe de recursos o suficiente para arcar. Assim, conforme pode ser extraído da leitura do texto, o Estado, portanto, deve estar articulado com as necessidades especiais de portadores de deficiência visual e promover a inserção do ensino regular para esses alunos, além de capacitar professores para que estejam preparados com a realidade de alunos especiais dentro do ensino regular. REFERÊNCIAS FRANCO,João Roberto; DIAS, TR da S. A Educação de Pessoas Cegas no Brasil. Avesso do Avesso, v.5,p. 74-81,2007 Disponível em: <http://www.feata.edu.br/downloads/revistas/avessodoavesso/v5_artigo05_educacao.pd f> Acesso em: 23 mai. 2021