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Texto SCHMIDT, M. L. S; OSTRONOFF, V.H. Oficinas de criatividade: elementos para a explicitação de propostas teórico-práticas. In: MORATO, H.T.P. (Org.). Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa: Novos Desafios. Casa do Psicólogo, 1999. Síntese As Oficinas de Criatividade propiciam aos participantes a possibilidade de expressar-se por meio de recursos plásticos e corporais. Durante os encontros, as demandas grupais são desocultadas e o oficineiro possui como papel principal a facilitação dos processos criativos do grupo. Principais ideias A principal propriedade das Oficinas de Criatividade é a promoção de um ambiente em que possam ser desenvolvidas experiências coletivas e individuais a partir de materiais expressivos, sendo eles o próprio corpo, linguagem ou produções plásticas. Dado o exposto, faz-se um recorte para o papel do oficineiro dentro deste espaço, que é a facilitação e clarificação dos processos criativos. Aqui o foco está sobre a relação com o outro, não se colocando em um lugar de detentor do conhecimento e sim favorecedor da convivência grupal, liberdade de expressão através de uma escuta atenta e respeitosa. Existe um direcionamento básico para a Oficina acontecer, este possui como intuito propiciar um canal em que os participantes consigam expressar-se através dos recursos expressivos que são disponibilizados. As produções confeccionadas, trazem à tona experiências tanto de cunho pessoal quanto coletivo. Estas atividades são capazes de revelar e ampliar potenciais criativos por meio de meios não-verbais e não-racionais, estes que geram por si só, uma vivência profunda e transformadora. As oficinas são marcadas pela sua flexibilidade e abertura, entretanto existe uma organização mínima a fim de distribuir vagamente o tempo. Os encontros possuem aproximadamente duas horas que se constituem em um aquecimento, elaboração da atividade e fechamento. Caso seja necessário a divulgação das Oficinas de Criatividade, é importante que se tenha em mente a população alvo, duração, o local onde ocorrerá e a partir disto, haverá um sistema de inscrições e seleção de participantes. O oficineiro realiza intervenções, porém estas são feitas apenas para facilitar os processos criativos dos participantes, sempre observando os movimentos e possibilidades do grupo. As realizações confeccionadas no grupo não serão interpretadas psicologicamente e sim compreendidas a partir dos significados concedidos por cada pessoa. Sobre os recursos expressivos, utiliza-se o corpo como favorecedor da sensibilização, expressão e conscientização, em que os participantes entrem em contato com o próprio corpo como um lugar de tensões, relaxamentos, prazer ou até desprazer. Estas atividades voltadas a corporeidade, além de enriquecedoras, provocam sentimentos de inteireza e consistência. Os recursos plásticos por sua vez geram a materialização da experiência pessoal, tornando-a tateável possuindo como objetivo, a exteriorização e expressividade criativa. Tais atividades instituem contato com o belo, flexibilização da crítica e abertura para imaginação. A constituição do grupo, é um aspecto importante a ser mencionado, uma vez que este possuirá suas singularidades e demandas específicas. Neste sentido, cabe ao oficineiro compreender quais são estas demandas, a movimentação e expectativas do grupo sobre os encontros, a percepção das necessidades grupais, auxiliam minimamente no estabelecimento de objetivos, alcances e limites. Quando o trabalho é feito dentro de instituições é considerável levar em conta as possíveis questões que as oficinas podem provocar; sejam elas na rotina da instituição ou na modificação das relações daquele espaço. Muitas questões podem ser mobilizadas tais como curiosidade, hostilidade, desprezo ou contentamento dos demais integrantes da organização. Conclusão As Oficinas de Criatividade, acabam por romper diversos paradigmas, promovendo um espaço de expressão dos processos criativos. Os encontros geram fortalecimento de vínculos entre os integrantes do grupo, capacidade de reflexão e possibilidade de manifestar-se através de outros canais de expressão com o próprio corpo ou recursos plásticos, estes que geram efeitos significativos por meio das experiências pessoais e coletivas.