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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA POLITÉCNICA ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO E GESTÃO DE ATIVOS NA INDÚSTRIA 4.0 DJALMA SILVA JUNIOR EMERSON GOMES DA SILVA JOÃO ALBERTO DE CAMPOS RIELA ROGERIO CAMPOS VITORINO DA SILVA REDUÇÃO DE CUSTO E AUMENTO DE CONFIABILIDADE COM SISTEMA DE LUBRIFICAÇÃO AUTOMÁTICO IOT CURITIBA 2023 DJALMA SILVA JUNIOR EMERSON GOMES DA SILVA JOÃO ALBERTO DE CAMPOS RIELA ROGERIO CAMPOS VITORINO DA SILVA REDUÇÃO DE CUSTO E AUMENTO DE CONFIABILIDADE COM SISTEMA DE LUBRIFICAÇÃO AUTOMÁTICO IOT Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Engenharia de Manutenção e Gestão de Ativos na Indústria 4.0 da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Manutenção. Orientador: Prof. Dr. Anderson Luis Szejka CURITIBA 2023 Página reservada para ficha catalográfica que deve ser confeccionada após apresentação e alterações sugeridas pela banca examinadora. Deve ser impressa no verso da folha de rosto. A Biblioteca da PUCPR oferece o serviço gratuitamente. Para solicitar, necessário enviar o trabalho para o email biblioteca.processamento@pucpr.br Em até 48h a ficha será encaminhada para o email do solicitante. mailto:biblioteca.processamento@pucpr.br DJALMA SILVA JUNIOR EMERSON GOMES DA SILVA JOÃO ALBERTO DE CAMPOS RIELA ROGERIO CAMPOS VITORINO DA SILVA REDUÇÃO DE CUSTO E AUMENTO DE CONFIABILIDADE COM SISTEMA DE LUBRIFICAÇÃO AUTOMÁTICO IOT Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Engenharia de Manutenção e Gestão de Ativos na Indústria 4.0 da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Manutenção. COMISSÃO EXAMINADORA _____________________________________ Professor 1(Titulação e nome completo) Instituição 1 _____________________________________ Professor 2 (Titulação e nome completo) Instituição 2 _____________________________________ Professor 3 (Titulação e nome completo) Instituição 3 Cidade, ____ de ________ de 2023. Dedicamos este trabalho aos profissionais da área, estudantes e qualquer pessoa interessada em conhecimento. AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus Agradecemos a família e amigos pelos momentos dedicados a especialização Agradecemos aos professores da PUCPR pelo conhecimento compartilhado O Bluetooth foi criado para conectar pessoas e simplificar a forma como compartilhamos informações. É incrível ver como essa tecnologia se tornou parte essencial do nosso dia a dia. (Dr. Jaap Haartsen, 1994) RESUMO Uma parcela significativa de falhas em motores elétricos advém de outras falhas ocorridas em seus rolamentos. Falhas em rolamentos oriundas da lubrificação inadequada. A indústria, a fim de se manter concorrente em um ambiente altamente competitivo, se utiliza de novos produtos e processos. A utilização de tecnologias da chamada indústria 4.0, permite evoluções em vários setores. Para eliminar a falha por lubrificação, uma indústria, alterou o método de aplicação do lubrificante. O método manual, com manutentor lubrificador e pistola de lubrificação deu lugar ao método automático com tecnologia bluetooth, gerenciada através de smartphone. Através de uma revisão de literatura acompanhado de um estudo de caso real, foi possível comparar os dois métodos, identificando as vantagens e desvantagens de cada um. Constatou-se que o emprego do lubrificador automático foi benéfico a companhia, podemos citar como resultados principais a redução na frequência do trabalho realizado em condição insegura, trabalho em altura e gerenciamento remoto do lubrificador. Palavras-chave: Lubrificação automática. Indústria 4.0. IoT. Custos. ABSTRACT A significant portion of failures in electric motors comes from other failures in their bearings. Bearing failures due to inadequate lubrication. The industry, in order to remain competitive in a highly competitive environment, uses new products and processes. The use of so-called industry 4.0 technologies allows for developments in various sectors. To eliminate lubrication failure, one industry changed the lubricant application method. The manual method, with lubricator and grease gun, gave way to the automatic method with bluetooth technology, managed through a smartphone. Through a literature review accompanied by a real case study, it was possible to compare the two methods, identifying the advantages and disadvantages of each one. It was found that the use of the automatic lubricator was beneficial to the company, we can mention as main results the reduction in the frequency of work carried out in unsafe conditions, work at height and remote management of the lubricator. Key-words: Automatic lubrication. Industry 4.0. IoT. Cost. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1- Lubrificação dos motores elétricos ............................................................. 16 Figura 2- Força de atrito (Fat) resultante da força (F) ............................................... 17 Figura 3- Detalhe da superfície ................................................................................. 17 Figura 4- Fórmula para força de atrito ....................................................................... 18 Figura 5- Principais óleos lubrificantes ...................................................................... 20 Figura 6- Representação da adsorção física do Hexadecanol a um metal não reativo .................................................................................................................................. 22 Figura 7- Principais causas de falhas em rolamentos ............................................... 23 Figura 8- Anel interno de rolamento com sintoma de escamamento. Possível causa: Lubrificação deficiente. .............................................................................................. 24 Figura 9- Anel interno de rolamento com sintoma de descascamento. Possível causa: Lubrificação deficiente. .................................................................................. 25 Figura 10- Anel interno de rolamento com sintoma de arranhaduras. Possível causa: Lubrificação deficiente. .............................................................................................. 26 Figura 11- Marcas de escorregamento por excesso de graxa .................................. 27 Figura 12- Rolo de rolamento com marcas de escorregamento................................ 27 Figura 13- Lubrificação manual. ................................................................................ 29 Figura 14 – Lubrificador automático .......................................................................... 30 Figura 15- Lubrificador automático da Eximport, Lubepont Bluetooth ....................... 35 Figura 16- Telas do aplicativo ................................................................................... 36 Figura 17- Laminador de grãos ................................................................................. 37 Figura 18- Lubrificadores automáticos instalados ..................................................... 37 Figura 19- Checagem pelo smartphone .................................................................... 38 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Ocorrência, possíveis causas e ações corretivas para escamamento em rolamentos.................................................................................................................24 Tabela 2- Ocorrência, possíveis causas e ações corretivas para descascamento em rolamentos................................................................................................................. 25 Tabela 3- Ocorrência, possíveis causas e ações corretivas para arranhadura em rolamentos................................................................................................................. 26 Tabela 4- Ocorrência, possíveis causas e ações corretivas para escorregamento em rolamentos................................................................................................................. 27 Tabela 5- Vantagens e desvantagens da lubrificação manual .................................. 28 Tabela 6- Vantagens e desvantagens da lubrificação automática ............................ 30 Tabela 7 - Redução nas atividades de manutenção ................................................. 39 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS PTP Permissão para Trabalho Perigoso F Força Fat Força de atrito P Força peso SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13 1.1 PROBLEMATIZAÇÃO .................................................................................. 14 1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 14 1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 15 1.2 JUSTIFICATIVA............................................................................................ 15 1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................... 15 2 ESTADO ANTERIOR ................................................................................... 16 3 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................... 17 3.1 ATRITO E DESGASTE ................................................................................. 17 3.2 LUBRIFICAÇÃO ........................................................................................... 19 3.2.1 Lubrificantes ............................................................................................... 20 3.2.1.1 Graxa ............................................................................................................ 21 3.3 CARACTERISTICAS DOS LUBRIFICANTES .............................................. 21 3.4 FILME LUBRIFICANTE ................................................................................ 21 3.5 FALHAS DE LUBRIFICAÇÃO EM ROLAMENTOS ...................................... 22 3.6 MÉTODOS PARA LUBRIFICAÇÃO DE ROLAMENTOS ............................. 28 3.6.1 Método manual ........................................................................................... 28 3.6.2 Método automático ..................................................................................... 29 3.7 PREMISSAS PARA TRABALHO EM ALTURA ............................................ 31 3.8 TECNOLOGIA DE COMUNICAÇÃO SEM FIO ............................................ 33 4 ESTADO FUTURO ....................................................................................... 34 4.1 LUBRIFICADOR AUTOMÁTICO LUBEPONT BLUETOOTH ....................... 34 4.2 APLICAÇÃO DO LUBRIFICADOR AUTOMÁTICO LUBEPONTO ............... 37 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................................... 38 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS OU CONCLUSÃO ........................................... 40 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41 GLOSSÁRIO ............................................................................................................. 43 13 1 INTRODUÇÃO Elementos de máquinas como rolamentos, necessitam de lubrificação para evitar defeitos oriundos do atrito, perceptíveis pelo ruído, que geram aquecimento e que vão provocar desgaste até chegar ao ponto de ruptura. A fim de garantir maior vida útil para rolamentos é imprescindível que seja feito um gerenciamento da lubrificação deste ativo. Dentro do gerenciamento da lubrificação, temos o plano de lubrificação que é o procedimento de como executar um serviço. O plano deve conter informações por exemplo de “quando” e “como” realizar a lubrificação de determinado item, além de informações do lubrificante. O “quando” realizar a lubrificação está relacionada a informações do fabricante do equipamento e sua utilização, por exemplo, horas de funcionamento. O “como” realizar a lubrificação se relaciona ao método utilizado para realização do serviço de lubrificação, se é de forma manual ou automática e quais as ferramentas necessárias para execução. O processo de lubrificação industrial segue evoluindo para atender as novas demandas. A automação e conectividade estão sendo cada vez mais empregadas para realização dessa tarefa. A lubrificação realizada de forma automática e que comunica com alguns sistemas de gerenciamento de manutenção já são realidade em algumas plantas industriais no Brasil. Processos complexos e principalmente lugares de difícil acesso para manutentores, estão recebendo essa tecnologia de lubrificação automática e comunicação afim de diminuir riscos de acidente com pessoas e falhas de equipamentos. Ao longo deste trabalho, serão descritos os métodos usados para a aplicação manual e automática de lubrificantes em um determinado equipamento industrial, importância da lubrificação, vantagens e desvantagens de cada método, compreendendo que a lubrificação é uma etapa necessária para se garantir o funcionamento dos ativos com segurança e disponibilidade. Por fim, será apresentado um estudo de caso de uma empresa que implementou um sistema remoto de lubrificação automática, mostrando os resultados obtidos após a adoção deste sistema de gerenciamento automático gerando uma maior segurança e controle na aplicação do lubrificante, reduzindo custos e garantindo um melhor desempenho dos equipamentos. 14 1.1 PROBLEMATIZAÇÃO Um dos maiores causadores de falhas em motores elétricos é o desgaste de rolamentos. De acordo com WWW.TRACTIAN.COM. Ebook Motores elétricos (2023, p. 46): As falhas do rolamento podem acontecer por diversos motivos: Lubrificação inadequada 34%; Desalinhamento 20%; Contaminação 19%; Erros de montagem 18%; Causas desconhecidas 6,2%; Armazenagem e manuseio desconhecidos 2,8%. Um fator que potencializa quebras em motores elétricos e que foi identificado para estudo de caso é a posição de equipamentos que necessitam de lubrificação recorrente. Devido a características de processos (altura e espaços confinados), a alocação em plantas industriais de motores elétricos, muitas vezes desfavorecem atividades de manutenção, sendo a lubrificação muitas vezes negligenciada. Foi identificada uma oportunidade de melhoria na lubrificação de motores elétricos onde o lubrificador deve-se utilizar uma escada para acesso ao ponto de lubrificação. Essa condição promove além de risco de queda do colaborador, incerteza da quantidade de lubrificante reposto no equipamento, pois a condição ergonômica desfavorece a aplicação do produto no ativo. 1.1.1 Objetivo Geral Descrever como uma indústria, do setor de agronegócio, conseguiu economizar dinheiro investindo em ferramentas com tecnologias da chamada 4º Revolução Industrial. A mudança ocorreu nas rotinas de lubrificação de alguns motores elétricos que necessitavam de acompanhamento constante. 15 1.1.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos do trabalho são: a) Apresentar a importância da lubrificação; b) Comparar os métodos anterior e atual do processo de lubrificação da indústria em estudo;c) Mostrar a economia gerada após a aplicação da tecnologia. 1.2 JUSTIFICATIVA O uso de dispositivos de lubrificação automático, contribui para a redução do tempo de manutenção e aumento da vida útil do equipamento. Este sistema também pode contribuir na prevenção de falhas, melhorando a segurança do trabalhador, reduzindo os riscos de acidentes. Por fim, a implementação de um sistema de lubrificadores automáticos contribuirá para o sucesso do negócio, proporcionando maior produtividade e retorno ao investimento. 1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Através de uma abordagem mais qualitativa, foi realizado a seguinte sequência para elaboração do trabalho: Revisão da literatura: Esta etapa consistiu na realização de uma pesquisa bibliográfica sobre temas relevantes que contribui para compreensão deste trabalho. Foram buscados estudos sobre atrito; lubrificação; principais defeitos em rolamentos oriundos da má lubrificação; métodos de lubrificação; premissas para trabalho em altura; tecnologia de comunicação Bluetooth. Estudo de Caso: Apresentação de um caso em que se realizou mudança no método de lubrificação de rolamentos em motores elétricos. O uso de lubrificadores automáticos com comunicação remota perante a lubrificação manual. 16 2 ESTADO ANTERIOR A lubrificação era feita de forma manual e exigia algumas considerações: 1. Exposição do manutentor lubrificador realizando atividades em altura. 3,2m do nível do solo; 2. Impossibilidade de realizar atividades não planejadas de inspeção ou lubrificação devido à falta de aprovadores da liberação de trabalho perigosos PTP, que é um procedimento de análise de risco que permite o trabalhador realizar trabalhos considerados perigosos; 3. Dosagem incorreta de lubrificante pois muitas vezes o lubrificador com bomba manual ficava em posição desfavorável não conseguindo injetar a quantidade certa de lubrificante; 4. Desgaste do bico graxeiro provocando o extravasamento de graxa e contaminação do local. Na Figura 1, temos o lubrificador realizado a lubrificação dos rolamentos do motor elétrico. Se utiliza de uma bomba manual de graxa e uma escada para acesso ao ponto. Figura 1- Lubrificação dos motores elétricos Fonte: os autores, 2022. 17 3 REVISÃO DA LITERATURA 3.1 ATRITO E DESGASTE Segundo MENDES DE SOUZA, A. et al. (2018), atrito é uma força que surge sempre que dois corpos entram em contato, CARRETEIRO, RONALD P. (2006) ainda complementa que sempre que uma superfície se move em relação a outra superfície, haverá uma força contraria a esse movimento. Esta força chama-se atrito, ou resistência ao movimento. A Figura 2, um desenho que representa a força de atrito gerada pela ação da força F. Figura 2- Força de atrito (Fat) resultante da força (F) Fonte: Adaptado, https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/forca-atrito.htm CARRETEIRO, RONALD P. (2006), em seu livro diz que as superfícies solidas, mesmo as mais polidas, apresentam asperezas e irregularidades, Figura 3, e que o modo como essas superfícies se relacionam quando em contato, caracterizam os mecanismos de atrito, sendo eles de cisalhamento e adesão. Figura 3- Detalhe da superfície Fonte: Adaptado, https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/forca-atrito.htm https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/forca-atrito.htm 18 Ainda segundo o autor, o atrito com cisalhamento ocorre quando o pico de duas superfícies entra em contato entre si, o atrito se desenvolve pela resistência, consequentemente há a ruptura desses picos. Já o atrito com adesão, ocorre quando as superfícies em contato apresentam áreas relativamente planas em vez de picos, o atrito se desenvolve pela soldagem a frio dessas microáreas. O atrito pode ser do tipo sólido ou fluido. Quando temos o contato de dois corpos sólidos, o atrito ainda se divide em dois subgrupos: atrito deslizante e atrito de rolamento. CARRETEIRO, RONALD P. (2006), explica que atrito de deslizamento é quando uma superfície se desloca diretamente em contato com outra. Já o atrito de rolamento se dá através de rotação de corpos cilíndricos ou esféricos, colocados entre superfícies em movimento. Quando existir uma camada fluida (liquida ou gasosa), separando as superfícies em movimento, temos o atrito fluido. O fluido que forma essa camada chama-se lubrificante. CARRETEIRO, RONALD P. (2006), explica ainda que quando a força de atrito impede o movimento, o atrito é estático. No entanto, se o movimento se inicia o atrito é cinético. Segundo HALLIDAY, DAVID, (1916), a força de atrito cinética e estática, pode ser determinada pela equação da Figura 4: Figura 4- Fórmula para força de atrito F = μ ∗ Fn Fonte: Halliday, David, 1916-2010. Fundamentos de física, volume 1: mecânica F = Força de atrito (N) µ = Coeficiente de atrito cinético ou estático (adimensional) Fn = Força normal (N) Os coeficientes de atrito cinético e estático são adimensionais e devem ser determinados experimentalmente, seus valores dependem das propriedades tanto do corpo quanto da superfície. As forças de atrito são inevitáveis na vida diária. Se não fôssemos capazes de vencê-las, fariam parar todos os objetos que estivesse se movendo e todos os eixos que estivessem girando, acrescenta HALLIDAY, DAVID, (1916). 19 Contudo, o atrito é responsável por uma parcela razoável se não for o total na geração do desgaste de componentes que ficam em contato. HALLIDAY, DAVID, (1916), exemplifica que 20% da gasolina consumida por um automóvel são usados para compensar o atrito das peças do motor e da transmissão. CARRETEIRO, RONALD P. (2006), reitera dizendo que a força de atrito em superfícies lubrificadas é menor do que em superfícies secas. A partir da informação do autor, predizemos que em algumas situações, a redução da força de atrito é benéfica. 3.2 LUBRIFICAÇÃO Segundo CARRETEIRO, RONALD P. (2006), se for possível separar por um lubrificante as superfícies em movimento, de modo a evitar ou reduzir o contato entre elas é possível observar: 1. Reduzem-se as forças de atrito, pois a resistência dos fluidos ao deslocamento é muito menor que as forças de adesão e cisalhamento; 2. Reduz-se o desgaste, por evitar o contato sólido das superfícies. A formação de uma camada de fluido ou filme de fluido pode ser obtida de duas maneiras: 1. Lubrificação hidrostática – se estiverem as superfícies imóveis, o fluido é pressurizado no espaço entre elas, separando-as pela ação da pressão; 2. Lubrificação hidrodinâmica – quando o filme do fluido se desenvolve entre as superfícies, em virtude do próprio movimento relativo das superfícies. EDUARDO CASTRO DA SILVA, et al. (2017), complementa dizendo que lubrificar é aplicar uma substância (lubrificante) entre duas superfícies em movimento relativo, formando uma película, que evita o contato direto entre as superfícies, promovendo diminuição do atrito, e consequentemente do desgaste e da geração do calor. 20 3.2.1 Lubrificantes EDUARDO CASTRO DA SILVA, et al. (2017), diz que a principal função de um lubrificante é a formação de uma película que impede o contato direto entre as duas superfícies que se movem relativamente entre si. Com isso, o atrito entre as partes é reduzido a níveis mínimos quando comparado ao contato direto, exigindo uma menor força e evitando o desgaste dos corpos. Em LUBRIFICAÇÃO INDUSTRIAL: TIPOS DE LUBRIFICANTES E MÉTODOS. 2022. Os lubrificantes foram classificados em fluidos, pastosos, sólidos e gasosos. Para os fluidos temos os óleos lubrificantes; pastosos são as graxas; sólidos o grafite e; gasosos nitrogênio e hélio. CARRETEIRO, RONALD P. (2006), em seu livro, expõe que as principais bases para formulação de um fluido lubrificante, geralmente são originárias do petróleo. Bases que quando combinadas com aditivos, lhes conferem propriedadesfísicas ou químicas adicionais. Os fluidos lubrificantes industriais, nos dias de hoje, podem ser exclusivamente de origem mineral, óleos obtidos apenas do refino de petróleo cru, semi-sintéticos ou óleos exclusivamente sintéticos, estes, resultado de reações químicas de subprodutos do petróleo e que possuem características superiores ao somente mineral. Na Figura 5, os principais tipos de óleos lubrificantes industriais. Figura 5- Principais óleos lubrificantes Fonte: Adaptado. Qual óleo devo usar: Mineral, semissintético ou sintético. 2021 21 3.2.1.1 Graxa Resumindo o que CARRETEIRO, RONALD P. (2006), expõe em seu livro, definimos graxa como sendo um fluido muito usado como lubrificante em equipamentos. Uma combinação de um fluido com um espessante, resultando em um produto homogêneo com qualidades lubrificantes. Sua consistência pode variar desde o estado semifluido até sólido. As graxas são empregadas nos pontos em que os óleos não seriam eficazes, em virtude de sua tendência natural a escorrer, por mais viscoso que sejam. São usadas, também, quando é conveniente formar um selo protetor, evitando-se a entrada de contaminantes, como por exemplo, rolamentos. 3.3 CARACTERISTICAS DOS LUBRIFICANTES Existem uma infinidade óleos lubrificantes para uso em diversas finalidades. Essa diversidade fica por conta das possíveis características físicas e químicas do produto que se quer. CARRETEIRO, RONALD P. (2006), apresenta algumas características físicas e químicas dos óleos lubrificantes, dentre elas, a viscosidade, principal índice para escolha de um lubrificante para lubrificação hidrodinâmica. CARRETEIRO, RONALD P. (2006), diz que viscosidade de um fluido é a propriedade que determina o valor de sua resistência ao cisalhamento. A viscosidade é devida, primeiramente, à interação entre as moléculas do fluido. Popularmente a viscosidade é o corpo do lubrificante. Um óleo viscoso ou de grande viscosidade é “grosso” e flui com dificuldade. Um óleo de pouca viscosidade é “fino” e escorre facilmente. A viscosidade de um óleo é inversamente proporcional a sua fluidez e que a viscosidade do óleo lubrificante se altera com a variação de temperatura. 3.4 FILME LUBRIFICANTE A forma básica de adesão do lubrificante a uma superfície, segundo CARRETEIRO, RONALD P. (2006), se dá por adsorção física. Em contato com a superfície metálica, a molécula do óleo se orienta perpendicularmente à superfície, formando uma camada espessa ou filme bastante aderida. A Figura 6 representa esse fenômeno. 22 Figura 6- Representação da adsorção física do Hexadecanol a um metal não reativo Fonte: Adaptado CARRETEIRO, RONALD P. (2006) Em SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDÚSTRIAL (1997), diz que para que haja formação de película lubrificante, é necessário que o fluído apresente adesividade, para aderir às superfícies e ser arrastada por elas durante o movimento, e coesividade, para que não haja rompimento da película. A propriedade que reúne a adesividade e a coesividade de um fluido é denominada oleosidade. 3.5 FALHAS DE LUBRIFICAÇÃO EM ROLAMENTOS Aproximadamente 36% das falhas prematuras de rolamentos ocorrem devido a lubrificação inadequada, como o excesso, a falta ou o tipo incorreto de lubrificante. Em 14% dos casos, as falhas de rolamentos ocorrem em função de contaminação através de vedações ou práticas de manuseio de lubrificante inadequadas. (SVENSKA KULLAGER FABRIKEN, 2017 p. 124). Na Figura 7, as principais causas de falhas observadas em rolamentos. 23 Figura 7- Principais causas de falhas em rolamentos Fonte: adaptado SVENSKA KULLAGER FABRIKEN, 2017 p. 164. CARRETEIRO, RONALD P. (2006), argumenta que muito embora o objetivo imediato da lubrificação seja reduzir o atrito, ele considera que a finalidade última da lubrificação seja diminuir o desgaste. Ele completa dizendo que todos os corpos sofrem a ação inexorável do desgaste com o decorrer do tempo e que logicamente, duas superfícies em movimento, uma contra a outra, também sofrerão. Os rolamentos, são notoriamente elementos de máquinas que tem sua função modificada pela ação da força de atrito. Conforme orientações do fabricante, NSK, em DIAGNÓSTICO RÁPIDO DE OCORRÊNCIA EM ROLAMENTOS (2016), os objetivos da lubrificação são a redução do atrito e do desgaste interno que pode causar falha prematura. Ainda no DIAGNÓSTICO RÁPIDO DE OCORRÊNCIA EM ROLAMENTOS (2016), NSK, o fabricante explica que os rolamentos corretamente cuidados podem ser usados por um longo período, em geral, até a vida de fadiga, contudo, há casos de ocorrências inesperadamente rápidas que não permitem a utilização continuada. Estas ocorrências prematuras em relação à vida de fadiga, são os limites de uso, naturalmente denominadas de quebras ou acidentes que na sua grande maioria têm como causas: a falta de cuidados quanto a instalação, utilização e lubrificação; a penetração de partículas estranhas do exterior e a falta ao considerar a influência do calor no eixo e alojamento. 24 Abaixo, alguns exemplos de desgastes ocasionados por problemas de lubrificação: 1. Escamamento A Tabela 1 exemplifica o desgaste por escamamento e na Figura 8 uma foto representando o defeito. Tabela 1- Ocorrência, possíveis causas e ações corretivas para escamamento em rolamentos OCORRÊCIA POSSÍVEIS CAUSAS AÇÕES CORRETIVAS Quando um rolamento gira com carga, ocorre a saída de material pela fadiga do aço nas superfícies dos elementos rolantes ou as superfícies das pistas dos anéis interno e externo. Contaminação por partículas, ou por água; Lubrificação deficiente, lubrificante inadequado. Melhorar o método de vedação, prevenir a oxidação durante as paradas; utilizar lubrificantes com viscosidade adequada, melhorar o método de lubrificação Fonte: adaptado NSK, Diagnóstico Rápido de Ocorrência em Rolamentos. 2016. Figura 8- Anel interno de rolamento com sintoma de escamamento. Possível causa: Lubrificação deficiente. Fonte: adaptado NSK, Diagnóstico Rápido de Ocorrência em Rolamentos. 2016. 25 2. Descascamento (peeling) A Tabela 2 exemplifica o desgaste por descascamento e na Figura 9 uma foto representando o defeito. Tabela 2- Ocorrência, possíveis causas e ações corretivas para descascamento em rolamentos OCORRÊCIA POSSÍVEIS CAUSAS AÇÕES CORRETIVAS Pequenos pontos aparecem na superfície das pistas e elementos rolantes. Com o desprendimento do material, surgirá posteriormente, o escamamento. Lubrificante inadequado; Contaminação por partículas. Selecionar lubrificante apropriado; melhorar os mecanismos de vedação. Fonte: adaptado NSK, Diagnóstico Rápido de Ocorrência em Rolamentos. 2016. Figura 9- Anel interno de rolamento com sintoma de descascamento. Possível causa: Lubrificação deficiente. Fonte: adaptado NSK, Diagnóstico Rápido de Ocorrência em Rolamentos. 2016. 26 3. Arranhadura A Tabela 3 exemplifica o desgaste por arranhadura e na Figura 10 uma foto representando o defeito. Tabela 3- Ocorrência, possíveis causas e ações corretivas para arranhadura em rolamentos OCORRÊCIA POSSÍVEIS CAUSAS AÇÕES CORRETIVAS Marcas na superfície da pista e dos corpos rolantes. Deficiência na lubrificação; consistência da graxa muito alta. Utilizar graxa menos consistente; selecionar lubrificante adequado. Fonte: adaptado NSK, Diagnóstico Rápido de Ocorrência em Rolamentos. 2016. Figura 10- Anel interno de rolamento com sintoma de arranhaduras. Possível causa: Lubrificação deficiente. Fonte: adaptado NSK, Diagnóstico Rápido de Ocorrência em Rolamentos. 2016. 27 4. Escorregamento A Tabela 4 exemplifica o desgaste por escorregamento. Na Figura 11, marcas de escorregamento em anel interno de rolamento de rolos. Já a Figura 12, rolos derolamento também com marcas de escorregamento, causadas por lubrificação deficiente. Tabela 4- Ocorrência, possíveis causas e ações corretivas para escorregamento em rolamentos OCORRÊCIA POSSÍVEIS CAUSAS AÇÕES CORRETIVAS Escorregamento é a danificação da superfície das pistas e elementos rolantes provocados pelo rompimento do filme de lubrificação. Alta velocidade e baixa carga; Acelerações e desacelerações repentinas; Lubrificante inadequado; Entrada de água. Utilizar graxa menos consistente; selecionar lubrificante adequado. Fonte: adaptado NSK, Diagnóstico Rápido de Ocorrência em Rolamentos. 2016. Figura 11- Marcas de escorregamento por excesso de graxa Fonte: adaptado NSK, Diagnóstico Rápido de Ocorrência em Rolamentos. 2016. Figura 12- Rolo de rolamento com marcas de escorregamento Fonte: adaptado NSK, Diagnóstico Rápido de Ocorrência em Rolamentos. 2016. 28 3.6 MÉTODOS PARA LUBRIFICAÇÃO DE ROLAMENTOS A operação de lubrificação pode ser manual ou automática. Na aplicação manual, o lubrificador é o responsável por aplicar o lubrificante, normalmente se utilizando de alguma ferramenta para isso. Na modalidade automática, um dispositivo, normalmente operado por sistemas eletromecânicos, promovem a aplicação do produto. Existem uma variedade enorme de métodos e ferramentas para executar a lubrificação de elementos industriais. O presente trabalho, a fim de elucidar as principais situações, apresentará o método manual e automático mais empregados na indústria, que são a pistola manual e o lubrificador automático de ponto único. 3.6.1 Método manual De acordo com SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDÚSTRIAL. Programa de Certificação de Pessoal de Manutenção: Lubrificação Mecânica. Vitória, 1997: Nesse método a graxa é introduzida por intermédio do pino graxeiro de uma bomba manual. Na Tabela 5, as vantagens e desvantagens do método de lubrificação manual por pistola. Tabela 5- Vantagens e desvantagens da lubrificação manual VANTAGENS DESVANTAGENS Possibilidade de inspeção sensitiva toda vez que se é realizada a lubrificação; Necessidade de pelo menos uma pessoa em todas as rotinas de lubrificação; Riscos inerentes a pontos de lubrificação de difícil acesso; Possibilidade de o lubrificador negligenciar a lubrificação; Desperdício de lubrificante, (lubrificação até escorrer o excesso). Fonte: Adaptado. SVENSKA KULLAGER FABRIKEN. Produtos SKF para manutenção e lubrificação: Grupo Skf, 2017. 29 A Figura 13, um exemplo de lubrificação de mancal por método manual por pistola. Figura 13- Lubrificação manual. Fonte: Adaptado. SVENSKA KULLAGER FABRIKEN. Produtos SKF para manutenção e lubrificação: Grupo Skf, 2017. 3.6.2 Método automático O lubrificador automático é um recipiente com conexão para mancal, contendo lubrificante e um sistema de acionamento formado por baterias e célula a gás que promovem a aplicação do fluido no rolamento. De acordo com SVENSKA KULLAGER FABRIKEN. Produtos SKF para manutenção e lubrificação: Grupo Skf, 2017. 204 p. (Catálogo). Os lubrificadores automáticos são instalados em pontos de lubrificação únicos e dispensam automaticamente a quantidade adequada de lubrificante para a aplicação. Especialmente quando os pontos de lubrificação são difíceis de acessar por razões de segurança ou por sua localização na instalação industrial, os lubrificadores automáticos podem oferecer a solução. 30 Na Tabela 6, as vantagens e desvantagens do método de lubrificação automática. Tabela 6- Vantagens e desvantagens da lubrificação automática VANTAGENS DESVANTAGENS Lubrificação automática e periódica sem a necessidade de uma pessoa; Segurança operacional; Economia devido a dosagem ideal e periódica do lubrificante; Redução atividades de inspeção em lubrificadores de difícil acesso; Eliminação de falhas na rota de lubrificação; Aumento da disponibilidade do equipamento; Aumento da hora disponível do lubrificador para outras atividades; Acompanhamento de modo online o status do lubrificador. (Se existem falhas, qual o volume de produto, regulagem da taxa de dosagem). Custo de aquisição; Descarte correto do recipiente devido componentes eletroeletrônicos. Fonte: Adaptado. SVENSKA KULLAGER FABRIKEN. Produtos SKF para manutenção e lubrificação: Grupo Skf, 2017. A Figura 14, um exemplo de lubrificador automático. Figura 14 – Lubrificador automático Fonte: Adaptado. SVENSKA KULLAGER FABRIKEN. Produtos SKF para manutenção e lubrificação: Grupo Skf, 2017. 31 3.7 PREMISSAS PARA TRABALHO EM ALTURA De acordo com a NR-35, considera-se trabalho em altura toda atividade executada acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de queda. Segundo Brender e Silveira (2020), os principais pontos para queda em altura normalmente são: perda de equilíbrio, passos em falsos, escorregões, falta de proteção como o guarda corpo, falhas de instalações ou dispositivos de proteção, métodos incorretos de trabalho, contato acidental com fios de alta tensão e inaptidão do trabalhador à atividade. A norma NR-35 estabelece obrigatoriedades para o contratante e para o contratado a fim de assegurar melhor forma possível a segurança dos empregados e pessoas ao redor. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). NR-35 – TRABALHO EM ALTURA, 2012, p.1, cabe ao empregador: a) garantir a implementação das medidas de proteção estabelecidas nesta Norma; b) assegurar a realização da Análise de Risco - AR e, quando aplicável, a emissão da Permissão de Trabalho - PT; c) desenvolver procedimento operacional para as atividades rotineiras de trabalho em altura; d) assegurar a realização de avaliação prévia das condições no local do trabalho em altura, pelo estudo, planejamento e implementação das ações e das medidas complementares de segurança aplicáveis; e) adotar as providências necessárias para acompanhar o cumprimento das medidas de proteção estabelecidas nesta Norma pelas empresas contratadas; f) garantir aos trabalhadores informações atualizadas sobre os riscos e as medidas de controle; g) garantir que qualquer trabalho em altura só se inicie depois de adotadas as medidas de proteção definidas nesta Norma; h) assegurar a suspensão dos trabalhos em altura quando verificar situação ou condição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja possível, i) estabelecer uma sistemática de autorização dos trabalhadores para trabalho em altura; j) assegurar que todo trabalho em altura seja realizado sob supervisão, cuja forma será definida pela análise de riscos de acordo com as peculiaridades da atividade; k) assegurar a organização e o arquivamento da documentação prevista nesta Norma. Já o colaborador, deve cumprir com os procedimentos estabelecidos pelo empregador, além de colaborar com a implementação dos itens estabelecidos pela norma e zelar pela segurança e saúde de outras pessoas que possam vir a ser afetadas pelas ações do trabalho realizado. De acordo com Carlos (2015), a norma determina o treinamento dos funcionários por parte do empregador com profissional capacitado e proficiência comprovada, envolvendo tanto conhecimentos práticos quanto teóricos, com carga 32 horária mínima de oito horas e periodicidade bienal, devendo ser abordado no treinamento: • Normas regulamentadores ligadas ao trabalho em altura; • Análise de riscos, riscos potências e medidas de prevenção; • Sistemas e equipamentos de proteção coletiva e individual; • Acidentes típicos em trabalhos de altura; • Consulta em situações de emergência; A norma também estabelece que é necessário um planejamento antecipado e organização para realizar a atividade, além disso a aptidão para trabalho em altura deve ser consignada no atestado de saúde ocupacional do trabalhador. O planejamentodeve abordar, medidas para evitar o trabalho sempre que possível, medidas que eliminem o risco de queda dos trabalhadores e medidas que minimizem as consequências da queda. Além disso o trabalho em altura sempre deve ser realizado sobre supervisão. Segundo a NR-35 deve-se considerar as influências externas que possam alterar as condições do local de trabalho já previstas na análise de risco, no qual a mesma deve considerar o local em que os serviços serão executados e ao redor, o isolamento e sinalização, estabelecer pontos de ancoragem, verificar condições meteorológicas adversas, queda de matérias e ferramentas, trabalho simultâneos que apresentem riscos, condições impeditivas, sistema de comunicação e a forma de supervisão. Atividades não rotineiras de trabalho em altura devem ser previamente autorizadas por meio da permissão de trabalho, informando o local, e período valido da atividade além disso deve ser assinada pelo responsável da área. Durante a execução das atividades o colaborador deve estar equipado com o sistema de proteção contra quedas, no qual deve ser adequado à tarefa, ser selecionado de acordo com Análise de Risco, selecionado por profissional qualificado em segurança do trabalho, ter resistência para suportar a força máxima aplicável prevista quando de uma queda, atender às normas técnicas nacionais ou normas internacionais aplicáveis, ter todos os seus elementos compatíveis e submetidos a uma sistemática de inspeção, distância de queda livre, fator de queda, utilização de 33 um elemento de ligação que garanta um impacto de no máximo 6 kN e análise da zona livre de queda (NR-35, 2019, p.6). NR-35 estabelece que o sistema de proteção contra quedas, deve conter o sistema de ancoragem, elemento de ligação e equipamento de proteção individual certificados. 3.8 TECNOLOGIA DE COMUNICAÇÃO SEM FIO Segundo Lima e Gonçalves (2009) em 1998, a era das redes sem fio havia começado exigindo desenvolver uma maneira rápida e eficiente de se conectar em distâncias curtas. Isto é porque a interconexão entre dispositivos pessoais que aparecem todos os dias estava se tornando cada vez mais complexa. Dispositivos mais antigos usavam cabos RS232 e cada fabricante usando configurações de pinos padrão do seu aparelho, gerava a necessidade de um cabo por dispositivo. Desta forma a ideia era criar uma conexão rápida e segura sem a necessidade de uma estrutura do provedor. Para resolver este problema, a Ericsson (maior fabricante telefones celulares da época), IBM, Intel, Nokia e Toshiba juntas formaram o Bluetooth Special Industry Group (SIG). A missão do grupo é desenvolver e promover esta nova tecnologia de comunicação sem fio e espalhar por todo o mundo, escolhendo a hora Banda ISM (Industrial, Científica, Médica) de 2,4 GHz para operar essa tecnologia, uma vez que, por acordos internacionais, não era preciso licença. O nome Bluetooth vem de uma analogia com o sobrenome do rei dinamarquês Harald Blatand que ficou conhecido por combinar tribos da noruega, sueco e Dinamarca no século X. Como o objetivo do Bluetooth é interconectar dispositivos, pessoais e novas tecnologias, apresentam esta referência. O nome era temporário, mas é bem recebido e mantido. Logotipo nascido da união duas letras características do alfabeto dinamarquês do século X, (Hagall) e (Berkanan) corresponde às letras H e B do alfabeto latino. Com o objetivo de acelerar a difusão de novas tecnologias no mercado, o SIG disponibiliza especificação Bluetooth, isenta de royalties, para empresas participantes de um grupo de interesse. Mas essas empresas só podem combinar Bluetooth com o objetivo de promovê-lo no mercado. Assim que anunciou a proposta, abordou a SIG por várias empresas. Em poucos meses, tinha 400 membros. No primeiro semestre 34 de 1999, a primeira versão da especificação foi fornecida para membro da equipe. O público em geral só pode acessar depois (Lima e Gonçalves ,2009). Segundo Kinast (2009) a conexão dos dispositivos Bluetooth opera em 79 frequências diferentes no espectro de rádio de 2,45 GHz. Ao conectar dois dispositivos, como um smartphone com smartband, ele seleciona aleatoriamente um dos 79 canais ou tenta outro canal se já estiver sendo usado por outro par de dispositivos próximos. Depois que um par de dispositivos estiver "emparelhado", eles se lembrarão um do outro, a menos que você diga para esquecer. 4 ESTADO FUTURO A fim de melhorar a atividade de lubrificação de rolamentos em motores elétricos, foi identificado uma oportunidade de melhoria. Instalar um sistema de lubrificação automático onde o lubrificante é dosado de forma correta, na quantidade certa, no tempo certo e ainda que poderá ser monitorado remotamente, para identificação de avisos e falhas. Como a planta industrial em estudo tem inúmeros pontos que necessitam de lubrificação, priorizamos para testes equipamentos de difícil acesso. 4.1 LUBRIFICADOR AUTOMÁTICO LUBEPONT BLUETOOTH Para atender os requisitos de segurança e mantenabilidade, foi adotado o lubrificador automático da Eximport, Lubepont Bluetooth, no qual são especificados para lubrificação de ponto único. Segundo a fabricante WWW.EXIMPORT.COM.BR. Lubeponto bluetooth: Lubepont Bluetooth são ideais para lubrificar rolamentos, correntes, guias lineares e engrenagens abertas. Lubeponto Bluetooth é um lubrificador automático habilitado para Bluetooth que pode ser monitorado e controlado por um aplicativo em um dispositivo móvel dentro do alcance do Bluetooth (5- 20m) sem ter acesso físico ao lubrificador. 35 A Figura 15, uma imagem do lubrificador automático. Figura 15- Lubrificador automático da Eximport, Lubepont Bluetooth Fonte: Adaptado. WWW.EXIMPORT.COM.BR. Lubeponto bluetooth. Para usar, basta baixar o aplicativo PulsarLube BT no Google Play ou na App Store, fazer o cadastro e conectar ao seu Lubeponto Bluetooth. O prazo de reposição de graxa é de 1 a 12 meses. Pressão de operação de 30 bar a 60 bar, o Lubeponto Bluetooth funciona automaticamente e pode ser montado em qualquer posição. O aplicativo reconhece o lubrificador desde que esteja dentro do alcance de detecção do Bluetooth, permitindo que você localize o lubrificador, monitore seu status e altere as configurações de maneira fácil e conveniente. 36 A Figura 16, temos a tela do aplicativo de gerenciamento do lubrificador automático. Figura 16- Telas do aplicativo Fonte: Fonte: Adaptado. WWW.EXIMPORT.COM.BR. Lubeponto bluetooth. Características • Fornece quantidades exata de lubrificante; • Simples de instalar em máquinas novas ou já em uso; • Mínima manutenção e possui alta durabilidade; • Alimentado por bateria 37 4.2 APLICAÇÃO DO LUBRIFICADOR AUTOMÁTICO LUBEPONTO O equipamento escolhido para receber os lubrificadores foi o laminador. Na Figura 17, uma imagem do equipamento. Figura 17- Laminador de grãos Fonte: Os autores, 2022. No detalhe da Figura 18, o motor elétrico que recebeu dois lubrificadores automáticos lubeponto. Figura 18- Lubrificadores automáticos instalados Fonte: Os autores, 2022. 38 Na Figura 19, o manutentor lubrificador realiza a verificação do lubrificador automático através do smartphone, conectado via Bluetooth. Figura 19- Checagem pelo smartphone Fonte: Os autores, 2022. 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS Os resultados obtidos foram em diferentes âmbitos, como: • Segurança Redução na frequência de acesso ao motor elétrico, trabalho em altura: 83% de redução de exposição em Trabalho em Altura; Eliminação de uso de bomba de graxa e seus riscos ergonômicos associados. • Meio ambiente Eliminação do extravasamento de graxa devido mal posicionamento ou desgaste do bico graxeiro; Dosagem do lubrificante de maneira constante e dimensionada para cada tipode elemento de máquina, evitando o desperdício. • Produtividade Redução no tempo de inspeção do lubrificador; Aumento na disponibilidade de mão de obra para outras atividades técnicas; 39 Ampliação do método de lubrificação para outros equipamentos da planta; Gestão da rotina de lubrificação através de plataforma remota, disponibilizada na nuvem. A tabela 7, uma comparação entre o antes e depois da utilização dos lubrificadores automáticos. Redução em 99% de horas de manutenção dos ventiladores da Expander. Tabela 7 - Redução nas atividades de manutenção Fonte: Os autores, 2022. • Financeiro Foi necessário um investimento de R$ 29.918,28 porém o projeto apresentou um saving de R$ 202.500,00, apenas para a laminadora relacionado com falha no motor elétrico. 40 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS OU CONCLUSÃO A adoção de mudanças no ambiente industrial, muitas vezes vem acompanhada de receio por parte de pessoas envolvidas. Não foi esse o casso. Os lubrificadores acompanharam de perto a implementação das mudanças, muitas vezes, sugerindo novos locais para implantação da tecnologia. A partir dos resultados obtidos e com base na revisão bibliográfica a aplicação do sistema de lubrificação automático, possibilitou ganhos satisfatórios e consideráveis para empresa. A atividade de acesso aos motores para substituição de lubrificadores ainda ocorrerá, mas com uma frequência menor que antes, devido ao acompanhamento pelo manutentor do status, através de um smartphone, isso ao nível do solo, sem necessidade de escadas. O principal ganho obtido com o projeto apresentou-se por meio do setor financeiro com um investimento de R$ 29.918,28, e apresentando um retorno sobre investimento dessa aplicação superior a 500% em um ano em um único ativo, mostrando que o projeto é altamente rentável. Para projetos futuros, acreditamos que seja viável o estudo para aplicação em outros ativos e replicação do sistema em outras plantas do grupo. 41 REFERÊNCIAS BENDER, Paula rebello; SILVEIRA, Thauan Heder Faria da. Dificuldades para implantação da NR 35: Trabalho em altura. 2020. 69 p. Trabalho de Conclusão de Curso (GRADUAÇÃO) - Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça, 2020. Disponível em: <https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/15425/1/TCC%20CON CLUIDO.pdf>. Acesso em: 5 abr 23. CARLOS, Caroline Leal. Identificação dos riscos em obras de edificações residenciais na realização de trabalho em altura. 2015. 53 p. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, CAMPO MOURÃO, 2015. Disponível em: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/6302/4/CM_COECI_2015_2_04.pdf. Acesso em: 3/04/ 2023. Carreteiro, Ronald P. (Ronald P.) Lubrificantes e lubrificação industrial / Ronald P. Carreteiro, Pedro Nelson A. Belmiro. – Rio de Janeiro: Interciência: IBP, 2006. Eduardo Castro da Silva, et al. (2017). Lubrificantes e seus avanços tecnológicos na manutenção. Engenharia Mecânica. UniBh EXIMPORT. Lubeponto bluetooth. Disponível em : <https://eximport.com.br/produto/lubeponto-bluetooth/>. Acesso em: 21 mai. 23. Mundo Educação. Força e atrito. 2023. Disponível em: <https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/forca-atrito.htm>. Acesso em 02/04/2023. Halliday, David, 1916-2010. Fundamentos de física, volume 1 : mecânica / David Halliday, Robert Resnick, Jearl Walker ; tradução e revisão Ronaldo Sérgio de Biasi. – Rio de Janeiro : LTC, 2012. KINAST, PRISCILLA. O que é bluetooth, como funciona e quais as suas versões? Oficina da Net, 31/08/2020. Disponível em: <https://www.oficinadanet.com.br/tecnologia/32633-o-que-e-bluetooth-como- funciona-e-quais-as-suas-versoes>. Acesso em: 25/042023. LIMA, Alex Chaves Rocha; GONÇALVES, Guilherme Lima. Transmissão de áudio sem fio por tecnologia bluetooth. 2009. 35 p. Trabalho de conclusão de curso (graduação) - Universidade de Brasilia Faculdade de Tecnologia, [S. l.], 2009. Disponível em: <https://bdm.unb.br/bitstream/10483/1363/1/2009_AlexLima_GuillhermeGoncalves.p df>. Acesso em: 2/052023. Mendes de Souza, A. et al. (2018). Estudo sobre lubrificação em rolamentos e desenvolvimento de um tribômetro método reichert, REVISTA ENIAC PESQUISA, 7(1), pp. 82–96. Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). NR-35 – Trabalho em altura. Portaria nº 313, de 23 de março de 2012, atualizada pela Portaria nº 4.218, de20 de dezembro de 2022. Brasília, DF: MTE, 2012. 42 SVENSKA KULLAGER FABRIKEN. Produtos skf para manutenção e lubrificação: Grupo Skf, 2017. 204 p. (Catálogo). Disponível em: <https://0901d1968019d1ed_pdf_preview_medium.pdf> (skf.com). Acesso em: 30/04/23 SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDÚSTRIAL. Programa de certificação de pessoal de manutenção: lubrificação mecânica. Vitória, 1997. Disponível em: <http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM285/Conte%FAdos/Complementos/Apostila% 20Lubrificacao.pdf>. Acesso em: 30/04/2023. TRACTIAN. Lubrificação industrial: tipos de lubrificantes e métodos. 2022. Disponível em: <https://tractian.com/blog/lubrificacao-industrial-entenda-os-tipos-e- sua-importancia>. Acesso em 29/04/23. TRACTIAN. Ebook Motores elétricos. Disponível em: < https://tractian- webpage.s3.us-east-1.amazonaws.com/ebooks/pt/ebook-motores-eletricos.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2023. VALVOLINE. Qual óleo devo usar: mineral, semissintético ou sintético. 2021. Disponível em: < https://valvoline.com.br/qual-oleo-devo-usar-mineral-semissintetico- ou-sintetico/>. Acesso em 29/04/23. 43 GLOSSÁRIO Bluetooth – É um padrão de tecnologia sem fio de curto alcance usado para troca de dados entre dispositivos fixos e móveis em distâncias curtas.