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Telencéfalo, tronco encefálico e Diencéfalo

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Neuroanatomia Humana
Telencéfalo e Diencéfalo
Desenvolvimento do material
Filipe Gabriel Reis Monteiro
1ª Edição
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autorização, por escrito, da Afya.
Sumário
Telencéfalo e Diencéfalo
Para Início de Conversa... ............................................................................... 3
Objetivos ......................................................................................................... 3
1. Breve História sobre a Evolução do Sistema Nervoso ..................... 4
2. Cérebro ......................................................................................................... 5
2.1 Telencéfalo ............................................................................................... 6
2.2 Diencéfalo ................................................................................................ 12
Referências ......................................................................................................... 15
Para Início de Conversa...
De todos os sistemas corporais, talvez o que guarde a maior quantidade 
de mistérios seja o sistema nervoso. É incrível como, em uma visão 
filosófica, esse sistema, diferentemente dos outros, consegue pensar e 
estudar sobre si mesmo. Vivemos buscando respostas sobre o que nos 
diferencia dos outros animais, sobre o que nos torna humanos, e essa 
busca incessante é feita por, talvez, o sistema que evolutivamente nos 
distanciou dos demais seres vivos. Ao mesmo tempo que esse fato por si 
só já é surpreende, quando somado à singularidade de um indivíduo, a 
todas as características e expressões emocionais únicas que podem ser 
experimentadas por bilhões de seres humanos ao redor do mundo, só 
nos deixa mais cientes de que sabemos muito pouco sobre tudo.
Neste capítulo, não teremos a pretensão de abordar tudo sobre o sistema 
nervoso, mas dar o primeiro passo já será suficiente para entendermos 
o impacto que ele tem na nossa vida profissional. Por isso, faremos um 
resumo sobre a evolução desse sistema, dividindo-o segundo a visão 
anatômica, e, finalmente, conheceremos a primeira - e talvez mais 
complexa - parte dele: o cérebro.
Objetivos
 ▪ Diferenciar sistema nervoso central de sistema nervoso periférico.
 ▪ Identificar as áreas funcionais do telencéfalo e do diencéfalo.
Neuroanatomia Humana 3
1. Breve História sobre a Evolução 
do Sistema Nervoso
A evolução da espécie humana é marcada por diversos eventos 
interessantes, e muitos deles nos permitiram dar saltos em direção ao 
topo da cadeia biológica de complexidade, quando o assunto é sistema 
nervoso. Para entendermos todo potencial que esse sistema guarda, 
faremos um resumo sobre como a evolução o moldou; mas, como essa 
tal evolução é um fenômeno regido pelo acaso, temos que tomar cuidado 
para que o discurso a seguir não seja interpretado como uma série de 
eventos intencionais.
A habilidade de andar sobre duas “patas” (bipedalismo) não é algo 
comum entre as espécies animais, e até mesmo entre os seres que a 
apresentam notamos que seu uso não é tão desenvolvido como em nós 
seres humanos. Apesar de ser uma característica que vale a pena ter seu 
estudo aprofundado, nosso objetivo não é entender sobre o aparelho 
locomotor do homem, mas, sim, entender como sua evolução impactou 
no desenvolvimento de maior complexidade nervosa. Nesse contexto, 
andar exclusivamente utilizando duas “patas” liberou nossas mãos para 
que pudessem ser utilizadas em tarefas mais complexas, evento que 
estimulou a criatividade humana e impulsionou muito a evolução do 
sistema nervoso.
Aos poucos, alguns indivíduos mais aptos começaram a desenvolver 
ferramentas para caça e sobrevivência, o que deve ter aumentado 
muito suas chances de reprodução e expectativa de vida - assim, 
provavelmente, tinham tempo para passar seus conhecimentos para a 
nova geração de filhos. 
Com o tempo, podemos imaginar que a associação das ferramentas 
descobertas com as novas estratégias de sobrevivência tornou a vida 
energeticamente menos dispendiosa, enquanto as ofertas de substratos 
energéticos começavam a aumentar. Nesse palco energeticamente 
favorável e cheio de novas habilidades e informações, algumas áreas do 
sistema nervoso começaram a aumentar em tamanho e complexidade, 
fazendo com que os humanos se distanciassem a passos longos das 
demais espécies, a cada nova descoberta.
Acabamos de notar como as habilidades motoras foram importantes 
para a evolução do sistema nervoso e como elas agiram de maneira 
positiva para o desenvolvimento da criatividade, uma habilidade que, 
embora não seja exclusiva da espécie humana, se manifesta em nós com 
maior complexidade; mas elas não foram as únicas aquisições evolutivas 
que moldaram esse sistema.
Com os seres humanos se reproduzindo mais e vivendo mais, fica 
evidente um problema antigo que há muito precisava de solução: a 
proteção da prole. A preocupação em proteger o filhote dos perigos que 
Neuroanatomia Humana 4
estavam sempre à espreita deve ter aumentado, ao ponto de pressionar 
os indivíduos mais criativos a “entenderem” que viver sozinho era 
mais perigoso do que viver em conjunto. Mas, para viver em conjunto, 
indivíduos precisam compartilhar desejos e preocupações; essa 
necessidade provavelmente impulsionou o desenvolvimento de uma 
comunicação mais complexa, dando origem a, talvez, uma das nossas 
maiores “joias raras”: a linguagem.
A linguagem não só moldou a nossa história, permitindo a criação 
de comunidades e complexas culturas, como também aumentou de 
maneira significativa a complexidade do nosso sistema nervoso, levando 
ao desenvolvimento de habilidades sociais, empatia, capacidade de se 
expressar e refletir sobre a vida e sobre o futuro. Podemos procurar 
de uma ponta a outra do reino animal e arriscaremos a dizer que não 
encontraremos sistema nervoso igualmente ou tão complexo quanto o 
apresentado por seres humanos.
2. Cérebro
Das várias partes que formam o Sistema Nervoso Central (SNC) do 
ser humano, é bem provável que nenhuma se assemelhe ao cérebro, 
quando o assunto é complexidade morfofuncional. O cérebro é a parte 
mais volumosa do encéfalo; protegido pelos ossos do neurocrânio, ele é 
composto pelo telencéfalo, que forma a parte mais superior do sistema 
nervoso, e o diencéfalo, que, normalmente, só pode ser visto em cortes 
anatômicos específicos. Juntas, essas duas regiões estão envolvidas 
com a maior parte das habilidades complexas que nós manifestamos, 
por exemplo: o aprendizado, a linguagem, a criatividade, o raciocínio, a 
memória, a personalidade e o estado emocional do indivíduo.
Sua complexidade funcional pode estar envolvida com uma intrincada 
morfologia, rica em estruturas, a qual passaremos a conhecer adiante.
Para conseguirmos dar prosseguimento ao assunto, é de extrema 
importância que tenhamos na memória a divisão anatômica do SNC. Para 
facilitar o resgate desse conteúdo, a Tabela 1 traz, de maneira objetiva, as 
principais estruturas encontradas nesse sistema.
Sistema Nervoso Central
Encéfalo
Medula 
Espinal
Cérebro Tronco Encefálico Cerebelo
Telencéfalo Diencéfalo Mesencéfalo Ponte Bulbo
Tabela 1: Divisão anatômica do sistema nervoso central. Fonte: Elaborada pelo autor.
Neuroanatomia Humana 5
Além de proteger as estruturas encefálicas, alguns dos ossos que 
compõem o neurocrânio também nos ajudam na nomeação de certas 
regiões telencefálicas. Para que haja um senso de familiaridade com os 
nomes que serão revelados no decorrer do conteúdo deste capítulo, a 
Figura 1 faz uma revisão da anatomia do neurocrânio.
Figura 1: A figura (A) mostra a divisão anatômica dos ossos do crânio. Em cinza, os ossos que 
compõem o neurocrânio, e, em laranja, os ossos que compõem o viscerocrânio. A figura (B) 
mostra os ossos que compõem o crânio. Fonte: Adaptada de Schünke(2019). 
2.1 Telencéfalo
O telencéfalo é, sem dúvida, a parte mais volumosa do SNC. Originado, 
durante o período embrionário, a partir da vesícula secundária 
telencefálica, ele é formado por dois hemisférios cerebrais (um 
esquerdo e o outro direito) que são separados parcialmente por uma 
extensa fissura longitudinal e unidos por inúmeros feixes nervosos 
que cursam de um lado ao outro e dão origem à estrutura anatômica 
nomeada como corpo caloso.
Os hemisférios cerebrais são os locais de maior integração em relação ao 
processamento de informações. Eles estão associados a todas as funções 
motoras complexas e a todas as funções cognitivas que nos diferenciam 
de outras espécies.
Externamente, é visível que a superfície do telencéfalo é pregueada. 
Essas pregas, apesar de inicialmente parecerem uma 
característica dispensável, são evidências evolutivas 
da expansão de sua superfície funcional sem 
que houvesse, necessariamente, o aumento do 
volume telencefálico total, o que acarretaria 
o aumento da caixa craniana. Já imaginou 
como seria ter um crânio duas, ou até três 
vezes maior? Poderíamos esperar várias 
desvantagens vindas desse crescimento. 
Essas pregas formadas pelo córtex cerebral 
são anatomicamente chamadas de giros.
Neuroanatomia Humana 6
A superfície funcional do telencéfalo é formada por substância cinzenta 
e é nomeada como córtex cerebral. Já suas áreas mais profundas são 
formadas por substância branca, os núcleos da base (“ilhas” de substância 
cinzenta rodeadas por substância branca), e as cavidades ventriculares, 
por onde corre um líquido cefalorraquidiano (Figura 2).
Figura 2: Corte coronal do cérebro. Através desse corte, é possível ver que os giros e 
sulcos telencefálicos são formados por substância cinzenta (majoritariamente formada 
por corpos de neurônios), e que a região mais profunda é formada por substância branca 
(majoritariamente formada por axônios). Em meio à substância branca, há ilhas de 
substância cinzenta, chamadas de núcleos. Fonte: Adaptada de Schünke (2019).
Cada um dos giros apresentados pelo córtex cerebral é delimitado por 
depressões, de profundidades variáveis, chamadas de sulcos. Apesar de a 
quantidade e disposição desses sulcos variarem muito entre indivíduos, 
alguns deles são constantes e recebem nomes, além de serem utilizados 
para delimitar certas regiões dos hemisférios cerebrais.
Já que estamos falando sobre os hemisférios cerebrais, vale ressaltar 
que, embora ambos sejam morfologicamente quase simétricos, 
comumente existe uma clara assimetria funcional entre eles. Por 
exemplo, o hemisfério esquerdo, normalmente, exibe áreas que 
estão relacionadas a funções mais complexas, como a produção e a 
compressão da linguagem, sendo, por 
muitas vezes, visto como “hemisfério 
dominante” pelos acadêmicos.
Falamos sobre alguns sulcos 
constantes serem utilizados 
para delimitar certas regiões 
dos hemisférios cerebrais. 
Essas regiões são chamadas 
de lobos cerebrais e são 
nomeadas de acordo com 
os ossos do crânio que se 
Neuroanatomia Humana 7
situam sobre cada uma delas, embora 
seus limites não correspondam aos 
limites desses ossos.
Como é mostrado na Figura 3, o lobo 
frontal é o mais anterior de todos 
e está separado posteriormente do 
lobo parietal pelo sulco central, e 
inferiormente do lobo temporal 
pelo sulco lateral. Na área mais 
posterior do telencéfalo, está o 
lobo occipital, que é separado do 
lobo parietal e temporal a partir da 
linha imaginária que segue o sulco 
parietoccipital. Existe, também, um 
quinto lobo, denominado de lobo 
da ínsula, que, por estar localizado 
profundamente nos hemisférios, 
acaba sendo “ocultado” pelas 
áreas circunvizinhas, sendo visível 
apenas quando os lobos frontal e 
parietal são removidos (Figura 4).
Figura 4: Lobo da ínsula mostrado a partir do deslocamento dos lobos parietal e temporal. 
Fonte: Adaptada de Schünke (2019).
A palavra “límbico” tem origem no latim. Ela se origina da palavra “limbus”, 
que significa “borda” ou “margem”. O termo foi usado, na anatomia, para 
se referir a uma região de transição na base do cérebro, que é a área onde 
o córtex cerebral (a parte externa do cérebro) se encontra, com estruturas 
mais antigas e profundas relacionadas às emoções e à memória.
Figura 3: Regiões do telencéfalo. (A) vista 
lateral do hemisfério esquerdo; (B) vista 
medial do hemisfério direito; e (C) vista 
inferior do telencéfalo. Através da vista medial 
dos hemisférios, é possível identificar uma 
região sobre o corpo caloso, que por motivos 
históricos, é nomeado como lobo límbico. 
Fonte: Adaptada de Schünke (2019).
Neuroanatomia Humana 8
Além de delimitar os lobos telencefálicos, os sulcos também nos 
ajudam encontrar áreas funcionais interessantes sob o córtex cerebral. 
Vamos usar o sulco central como ponto de partida; anteriormente a ele, 
encontraremos o giro pré-central, no qual se localiza a área motora 
primária; perpendicularmente ao giro pré-central, na parte mais superior 
do lobo frontal, dois outros, que estão envolvidos com a função motora, 
são encontrados: o giro frontal superior (área pré-motora) e o giro frontal 
médio (área motora suplementar) (Figura 5). Pelo nome dessas áreas, 
fica fácil compreender que elas estão envolvidas com o planejamento 
motor, enquanto a área motora primária está envolvida com a execução 
das ações planejadas.
Diante da existência de um giro frontal superior e médio, você deve estar 
se perguntando: “existe um giro frontal inferior?” Sim, ele existe, e no 
hemisfério esquerdo ele é chamado de área de Broca, em homenagem 
ao neurologista francês de nome Pierre Paul Broca (1824-1880). 
Em 1861, Broca tratou um paciente chamado Louis Victor Leborgne que 
tinha uma grave dificuldade em se expressar falando, isso porque ele 
tinha perdido a maior parte da sua capacidade de “falar as palavras”. Após 
a morte de Leborgne, o neurologista examinou seu cérebro e identificou 
uma lesão no giro frontal inferior do hemisfério esquerdo, concluindo 
que essa área estava envolvida na produção da fala. Essa região foi, 
posteriormente, nomeada como a “área de Broca”, em sua homenagem.
Como é de se perceber, o lobo frontal apresenta outros giros além dos 
supracitados, muitos deles com formas irregulares e genericamente 
denominados orbitários. Além disso, também é possível encontrar 
profundamente, nesse lobo, um sulco que apresenta a função olfatório.
Figura 5: Giros e sulcos telencefálicos. O desenho esquemático mostra, em verde, o lobo frontal 
sendo separado do lobo parietal, em amarelo, pelo sulco central (linha vermelha), e do lobo 
temporal, em ciano, pelo sulco lateral (linha vermelha). O lobo occipital é mostrado na parte 
mais posterior do desenho, com a cor vermelha. Fonte: Adaptada de Schünke (2019).
Neuroanatomia Humana 9
Depois dessa exploração do lobo frontal, devemos voltar ao sulco 
central, onde encontraremos, posteriormente, adjacente a ele, o giro 
pós-central, região que abriga a função somestésica primária e faz parte 
do lobo parietal. A somestesia refere-se à percepção e à consciência dos 
estímulos sensoriais relacionados ao corpo e ao ambiente externo, por 
exemplo: sentir dor, pressão, temperatura e vibração, ter propriocepção 
(consciência sobre a posição do corpo), e sentir estímulos na pele.
O lobo temporal, por sua vez, é considerado, por muitos, como o córtex 
auditivo e tem três giros visíveis na lateral. Do sulco lateral, conhecido 
em parágrafos anteriores, até a parte mais inferior dessa região, são 
encontrados: o giro temporal superior, médio e inferior; esses giros, em 
conjunto, estão associados a funções como o processamento auditivo, 
discriminação de sons e memória auditiva. Além disso, o lobo temporal 
do hemisfério esquerdo está associado a várias características da 
linguagem, sendo nele encontrada a área de Wernick (no giro temporal 
superior), que está envolvida com a compreensão da linguagem.
As áreas de Broca e de Wernick estão intimamente conectadas pelofascículo arqueado; juntas, elas cuidam da compreensão da linguagem e 
da produção da fala. Lesões nessas regiões podem dar origem às famosas 
afasias expressivas (de Broca) e receptiva (de Wernick), que ceifam do 
indivíduo parte da capacidade de se expressar falando ou compreender o 
que está sendo falado, respectivamente.
Ainda no lobo temporal, em uma visão medial dos hemisférios, é possível 
ver a presença de giros que se prolongam até o lobo occipital, onde 
fazem conexão. Normalmente, descrevemos o lobo occipital como córtex 
visual. Esses giros, compartilhados pelos dois lobos tratados aqui, são, 
por esse motivo, chamados de giros occipitotemporais e, curiosamente, 
estão envolvidos na interpretação de informações visuais complexas, 
por exemplo, a interpretação de objetos complexos, rostos, cenas, e o 
reconhecimento de letras e palavras.
Já que estamos falando da visão medial de um hemisfério, podemos dizer 
que, dessa forma, somos capazes de reconhecer dois giros importantes no 
lobo occipital: o primeiro, e mais próximo do lobo temporal, o giro para-
hipocampal, que está associado com o processamento da memória espacial 
e de navegação, essencial para a orientação do indivíduo no ambiente, além 
de estar envolvido com a memória episódica, que é a capacidade de lembrar 
de eventos específicos e suas circunstâncias; o segundo, e mais distante do 
lobo temporal, é o giro lingual, uma das regiões visuais primárias, envolvido 
com a identificação de informações visuais simples, como cores e formas, 
antes de repassá-las para os giros occipitotemporais, que, como visto 
anteriormente, processam informações mais complexas. 
Além desses dois giros, no lobo occipital também encontramos o 
cúneo, uma área próxima ao giro lingual e que está envolvida com 
o processamento de informações visuais, como detalhes visuais, 
identificação de padrões e movimento (Figura 6).
Neuroanatomia Humana 10
Figura 6: Vista medial do hemisfério cerebral direito. Fonte: Adaptada de Schünke (2019).
Localizada profundamente em ambos os lobos temporais, encontramos 
uma estrutura telencefálica, com formato que lembra um cavalo 
marinho, que está envolvida com a formação, consolidação e 
recuperação da memória. Essa estrutura, por conta de seu formato, é 
denominada hipocampo. 
O hipocampo é uma região tão curiosa e que fomenta tantas pesquisas 
o envolvendo, que ele, por muitas vezes, é o protagonista não só de 
aulas acadêmicas, como também de filmes e livros. Acredita-se que essa 
estrutura do lobo temporal esteja intimamente relacionada à memória 
de longo prazo, que trabalha, principalmente, as lembranças e as associa 
com situações emocionais a fim de preparar o indivíduo para evitar 
situações que trouxeram sofrimento, ou encarar, mais uma vez, situações 
que o permitiram sentir prazer. O hipocampo é uma das principais 
estruturas límbicas que aparecem no telencéfalo, e podemos ter a 
certeza de que o conteúdo dela não se limitará a este único parágrafo.
Sobre o lobo da ínsula, cabe dizer que muito sobre ele ainda é um 
mistério para a neurociência, já que o conhecemos menos do que os 
demais lobos, e ainda menos do que gostaríamos. Existem conjecturas 
na literatura de que ele medeia funções complexas como características 
sociais, tomada de decisões e aspectos comportamentais.
Devemos prosseguir para a área mais interna do cérebro, onde 
encontraremos o diencéfalo, a parte do SNC que está envolvida 
com funções como o controle hormonal, ciclo vigília e sono, controle 
emocional, dentre outras que serão importantes para o entendimento de 
futuros temas de outras disciplinas.
Neuroanatomia Humana 11
2.2 Diencéfalo
O diencéfalo é uma estrutura globosa localizada profundamente no 
cérebro, e, por isso, para que possa ser completamente visualizado, é 
necessário que haja a retirada completa das estruturas telencefálicas. 
O corte sagital mediano do cérebro também permite a visualização parcial 
do diencéfalo. Apesar de nos trazer poucos detalhes anatômicos, sua 
“praticidade” o torna a forma mais utilizada nas aulas de neuroanatomia.
Segundo critérios morfofisiológicos, o diencéfalo é dividido em quatro 
regiões: (1) tálamo, (2) hipotálamo, (3) epitálamo e (4) subtálamo (Figura 
7). Apesar de apresentarem características funcionais bem distintas, os 
limites anatômicos dessas regiões, em um corte sagital mediano, são 
pouco precisos. 
Apesar dessa dificuldade, começaremos nosso estudo localizando 
o tálamo. No corte sagital mediano, ele se encontra no centro do 
diencéfalo, envolvendo a aderência intertâmica, uma importante 
comissura que estabelece conexão entre o tálamo do lado esquerdo e 
direito do cérebro. Sim, o tálamo é formado por duas massas ovoides, 
localizadas em cada um dos lados do cérebro, que estão quase que 
totalmente separadas pelo terceiro ventrículo.
Figura 7: Metade direita de um diencéfalo mostrado a partir da vista medial. 
Fonte: Adaptada de Schünke (2019).
O tálamo é majoritariamente formado por substância cinzenta disposta em 
núcleos (anterior, posterior, medial, mediano e lateral). Fisiologicamente, 
esses núcleos são importantes regiões de processamento para várias 
funções primárias, como visão, tato, paladar, olfato, entre outras que 
são encaminhadas para suas respectivas áreas corticais. Acredita-se 
Neuroanatomia Humana 12
que o tálamo também desempenhe um importante papel de filtração 
das informações que realmente são relevantes de serem processadas 
superiormente e elimina as que são dispensáveis (Figura 8).
Figura 8: Exemplo de conexão entre tálamo e telencéfalo. Através desse sistema, são filtradas 
informações que devem ser levadas a áreas superiores de processamento e informações que 
devem ser ignoradas. Fonte: Adaptada de Schünke (2019).
Anteriormente ao tálamo, uma depressão se prolonga inferoposteriormente e 
é chamada de sulco hipotalâmico. Como é de se esperar, abaixo desse sulco 
encontraremos o hipotálamo (Figura 9), a região do diencéfalo que mantém 
conexão com a hipófise e várias estruturas límbicas, como o hipocampo, 
núcleo amigdaloide e córtex pré-frontal. Além disso, anteriormente a essa 
região do diencéfalo, encontraremos estruturas como o quiasma óptico, 
que transporta as informações visuais dos olhos direito e esquerdo para o 
hemisfério cerebral de lado oposto; o túber cinéreo, que controla a função 
endócrina da hipófise; e os corpos mamilares, que desempenham importante 
papel na formação e recuperação da memória e regulação do sistema límbico.
Figura 9: Divisão morfofuncional do hipotálamo. Fonte: Adaptada de Schünke (2019).
Neuroanatomia Humana 13
Antes de prosseguirmos, é importante termos uma base morfofuncional 
sobre a supracitada hipófise. Conhecida, antigamente, como glândula 
pituitária, a hipófise é uma pequena glândula localizada na base 
do cérebro, logo abaixo do hipotálamo. Apesar de seu tamanho, ela 
desempenha um papel crucial no corpo humano, regulando a produção 
e a liberação de diversos hormônios que controlam o crescimento de um 
indivíduo, seu metabolismo e os ciclos reprodutivos. 
A hipófise é vista pelos fisiologistas como uma glândula “mestre”, em 
função de sua forte influência sobre a atividade das demais glândulas 
corporais. Apesar de ser uma estrutura interessante, deixaremos para 
falar mais sobre a hipófise em um outro momento.
O termo “pituitária” vem do latim e é composto pela palavra “pituita”, 
que significa “muco nasal”, e o sufixo “-aria”, que é usado para indicar que 
algo está “relacionado a”. Esse termo foi dado por Galenus, pai da antiga 
anatomia, por dois motivos: pela proximidade com a cavidade nasal e 
por acreditar que essa glândula produzia muco nasal capaz de controlar 
diversos aspectos funcionais do corpo.
Tendo em vista as características que foram citadas e a riqueza de suas 
conexões, acreditamos que o hipotálamo está relacionado com o controle 
de funções corporais como: o comportamento emocional, ciclo circadiano, 
ingesta alimentar e hídrica, e controle datemperatura corporal.
Posteriormente ao tálamo, também separado pelo sulco hipotalâmico, 
encontraremos o epitálamo, que desempenha um importante papel 
endócrino com sua glândula pineal, a qual também controla o ciclo 
circadiano através da secreção da famosa melatonina.
A melatonina é um hormônio que tem sua produção influenciada pela luz 
e pela falta desta. Ela é capaz de sinalizar para o corpo quando ele precisa 
“descansar”. Hoje em dia, vemos muitas pessoas que têm distúrbios 
do sono, graças aos avanços científicos, fazendo a suplementação de 
melatonina como forma de tratamento.
Para finalizarmos, avançaremos para uma pequena região localizada na 
parte posteroinferior do diencéfalo, na transição com o mesencéfalo, e lá 
encontraremos o subtálamo. Como ele não é uma estrutura superficial, 
só pode ser visualizado em secções, preferencialmente coronais. 
Nessa pequena região, encontramos alguns núcleos envolvidos com a 
regulação da resposta motora e integração sensoriomotora, além de 
estar associada a diversos casos patogênicos, como o mal de Parkinson.
O desenvolvimento funcional do sistema nervoso humano nos tornou 
diferentes dos demais seres vivos que vivem na Terra. Essa complexidade 
trouxe para nós um grande desafio ao estudar esse sistema - desafio este 
Neuroanatomia Humana 14
que profissionais ao redor de todo o mundo tentam diminuir, formulando 
métodos de classificação para cada um de seus componentes. 
Neste capítulo, vimos a divisão do sistema nervoso e tiramos o cérebro, 
sua parte mais superior, para um estudo mais de perto. Percebemos que, 
além de apresentar uma riqueza de estruturas, a complexidade funcional 
dessa primeira região estudada já é assustadora. Embora, às vezes, todo 
esse conhecimento possa parecer impossível de se assimilar, com o 
tempo, a dedicação supera o medo, e o que fica é a curiosidade de ler os 
próximos capítulos.
Referências
AGUR, A. M. R.; DALLEY II, A. F.; MOORE, K. L. Fundamentos de anatomia 
clínica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. 
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o sistema nervoso. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 
COSENZA, R. M. Fundamentos de neuroanatomia. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2013.
GIRON, P. A. Princípios de anatomia humana: atlas e texto. 2. ed. Caxias 
do Sul: EDUSC, 2009. 
LENT, R. Cem bilhões de neurônios? Conceitos fundamentais da 
neurociência. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2010. 
MENESES, M. S. Neuroanatomia aplicada. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2011. 
SCHÜNKE, M. Coleção - Atlas de Anatomia 3 Volumes. Grupo GEN, 2019. 
SNELL, R. S. Neuroanatomia clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2021. 
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de 
anatomia e fisiologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 
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