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è Estudar as classes dos principais protozoários humanos; è Explicar a fisiopatologia da doença de chagas e o ciclo parasitário; è Compreender as manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento da doença de chagas (epidemiologia e fatores de risco); Protozoarios Introdução • Os protozoários englobam todos os organismos protistas, eucariotas, constituídos por uma única célula, sem diferenciação em tecidos; • Protozoários apresentam as mais variadas formas, processos de alimentação, locomoção e reprodução e para cada função existe uma organela própria: è Núcleo: bem definido e revestido por membrana nuclear. Alguns protozoários têm apenas um núcleo, outros tem dois ou mais núcleos semelhantes; è Aparelho de golgi: síntese de carboidratos e condensação da secreção proteica; è Retículo endoplasmático: liso – síntese de esteroides e granuloso – síntese de proteínas; è Mitocôndrias: produção de energia, ausente em alguns grupos de espécies; è Lisossoma: permite a digestão intracelular de partículas; è Microtúbulos: formam o citoesqueleto. Participam dos movimentos celulares (contração e distensão) e na composição de flagelos e cílios; è Flagelos, cílios e pseudópodes: locomoção e nutrição; • Quanto à morfologia, os protozoários apresentam grandes variações, conforme sua fase evolutiva e meio a que estejam adaptados; è Trofozoíto: é a forma ativa do protozoário, na qual ele se alimenta e se reproduz por diferentes processos; è Cisto: é uma forma vegetativa de resistência. O protozoário secreta uma parede resistente que o protegerá quando estiver em um meio impróprio ou em fase de latência (podem ser encontrados em tecidos ou fezes dos hospedeiros); è Gameta: é a forma sexuada, que aparece em espécies do filo Apicomplexa; APG 5 – O inimigo mora ao lado Amanda Rocha Turma XV è Oocisto: é uma forma resultante de reprodução sexuada. Reprodução • Quanto a reprodução, pode ser assexuada ou sexuada; Nutrição • Quanto ao tipo de alimentação, os protozoários pode ser: è Holofíticos ou autotróficos: são os que, a partir de grãos ou pigmentos citoplasmáticos conseguem sintetizar energia a partir da luz solar (fotossíntese); è Holozoicos ou heterotróficos: ingerem partículas orgânicas de origem animal (por fagocitose – partículas sólidas, ou pinocitose – partículas líquidas), digerem- nas e, posteriormente, expulsam os metabólitos; è Saprozoicos: “absorvem” substâncias orgânicas de origem vegetal, já decompostas e dissolvidas em meio líquido; è Mixotróficos: quando são capazes de se alimentar por mais de um dos métodos acima descritos; Excreção • Pode ser feita por meio de dois mecanismos: è Difusão dos metabólitos através da membrana; è Expulsão dos metabólitos através de vacúolos contráteis; Respiração • Podemos encontrar dois tipos principais: è Aeróbicos: são protozoários que vivem em meio rico em oxigênio; è Anaeróbicos: quando vivem em ambientes pobres em oxigênio, como os parasitos do trato digestivo; Locomoção • A movimentação dos protozoários é feita com auxílio de uma ou associação de duas ou mais organelas: è Pseudópodes; è Flagelos; è Cílios; è Microtúbulos subpeculiares que permitem a locomoção por flexão, deslizamento ou ondulação; Amanda Rocha Turma XV Classificação dos protozoários de importância médica Principais grupos de protozoários que parasitam humanos è GIARDÍASE: infecção no intestino delgado causada pela Giárdia lamblia. Atinge principalmente crianças, frequentemente em todo o mundo e em locais com condições sanitárias precárias. A transmissão ocorre de pessoa para pessoa por meio das fezes contaminadas com cistos do protozoário, alimentos ou água contaminados ou entre parceiros sexuais; è AMEBÍASE: a contaminação pode ocorrer por meio de várias espécies diferentes, entretanto as de maior frequência no ser humano são: Entamoeba, Histolytica e Entamoeba Coli. A contaminação tem início com o contato com água ou alimentos contaminados. è TRICOMONÍASE: Protozoário trichomonas vaginalis. Causa infecção no trato geniturinário do homem e da mulher e não sobrevive fora dele. O homem é vetor da doença, sua transmissão ocorre por meio da relação sexual com parceiro contaminado. è TOXOPLASMOSE: Protozoário toxoplasma gondii. Possui hospedeiro intermediário. O ciclo de transmissão inclui gatos (hospedeiro intermediário). A contaminação ocorre por meio de contato com as fezes de gato contaminadas, ou pela ingestão de água ou alimentos contaminados. Introdução • A doença de Chagas foi descrita pela primeira vez em 1909, pelo médico e cientista brasileiro Carlos Chagas. Em caso único na história da medicina, ele descreveu, além da doença, o seu agente etiológico, o ciclo de transmissão, os hospedeiros vertebrados e os vetores, bem como as manifestações clínicas da fase aguda no primeiro caso humano estudado; • A tripanossomíase americana ou doença de Chagas é causada pelo protozoário flagelado Trypanossoma cruzi, cujo ciclo de vida transcorre entre insetos vetores e hospedeiros mamíferos; Amanda Rocha Turma XV Doenca de Chagas • A OMS classifica a doença de Chagas entre as 20 doenças tropicais mais negligenciadas, constituindo um importante problema social e econômico nas Américas, com predomínio na América Latina; • Com base no achado de DNA do parasito em tecidos de múmias de civilizações pré-colombianas, acredita-se que T. cruzi infecte populações humanas há, pelo menos, 4.000 anos; Trypanosoma cruzi • Segundo a classificação tradicional, T. cruzi pertence à ordem Kinetoplastidae, que reúne protozoários com cineplasto (uma estrutura intramitocondrial); • Trypanossoma cruzi apresenta grande diversidade biológica, associada à sua distribuição geográfica, ao grande número de mamíferos que podem ser infectados e, potencialmente, à variedade das manifestações clínicas e de resposta ao tratamento em pacientes; • No fim da década de 1970, técnica bioquímicas e moleculares evidenciaram a existência de extensa diversidade genética em T. cruzi. Esses resultados levaram à criação de diferentes tipos de classificações; • Os isolados de T. cruzi foram inicialmente agrupados com base em padrões de migração de isoenzimas em eletroforese. Cada grupo de isolados com características semelhantes, com base nesse critério, forma um zimodema; • Com o desenvolvimento de técnicas de tipagem molecular e de sequenciamento de DNA, surgiram novos critérios para classificar isolados e cepas de T. cruzi; • Com base nas diferenças de tamanho de produtos de digestão do kDNA (DNA do citoplasto), são os agrupamentos conhecidos como esquizodemas; • No final da década de 1990, observou-se que T. cruzi podia ser classificado em dois grupos majoritários, T. cruzi I e T. cruzi II, a partir da análise de sequencias dos genes de RNA ribossômico; • Com a análise de maior número de isolados e cepas, o grupo T. cruzi II foi progressivamente subdividido em IIa, IIb, IIc, IId e IIe; • Em 2009, chegou-se a um consenso que reconhece o agrupamento dos isolados em seis linhagens genéticas denominadas unidades discretas de tipagem (DUT, sigla em inglês), numerados com algarismos romanos de I a VI; Amanda Rocha Turma XV Aspectos biológicos • Os principais estágios do parasito encontrados em diferentes porções do tubo digestório do vetor são os epimastigotas (capazes de dividir-se, mas não de infectar células) e os tripomastigotas metacíclicos (estágios infectantes, mas sem capacidade de dividir-se); • Descrevem-se também outros estágiosintermediários, de presença transitória, como o esferomastigota (estágio capaz de replicação sem flagelo aparente); • No hospedeiro mamífero, predominam os amastigotas (estágios capazes de dividir-se, mas pouco infectantes para as células) no interior das células nucleadas) e os tripomastigotas (não se reproduzem, mas são muito infectantes) na corrente sanguínea; • Os amastigotas de T. cruzi são tipicamente arredondados ou ovoides, medem aproximadamente 3 a 5 micrômetros de diâmetro; • Os tripomastigotas são formas extracelulares alongadas, de aproximadamente 15 µm de comprimento; • No hospedeiro vertebrado, os tripomastigotas são encontrados majoritariamente no sangue, e são conhecidos como tripomastigotas sanguíneos. • Os tripomastigotas não se reproduzem, mas são as principais formas infectantes do parasito. • Os epimastigotas são estágios extracelulares alongados, medem aproximadamente 20 µm de comprimento; Aspectos clínicos • A doença de Chagas apresenta duas fases: aguda e crônica; è Fase aguda: • A fase aguda inicia-se no momento da infecção e é caracterizada parasitemia patente e pelos baixos títulos de anticorpos específicos de classe igG; • A maior parte das infecções agudas é assintomática ou inaparente. O quadro clínico da doença de Chagas aguda Amanda Rocha Turma XV tipicamente se instala nos primeiros dias ou meses após a infecção primária (geralmente entre 1 e 2 semanas após a transmissão vetorial) e dura entre 4 e 12 semanas, quando não há tratamento; • Caracteriza-se por febre baixa e mal-estar acompanhados de linfadenopatia e de hepatoesplenomegalia; • Quase sempre são encontrados sinais eletrocardiográficos sugestivos de miocardite, embora nem sempre acompanhados de expressão clínica; • Podem ser observados sinais associados à porta de entrada do parasito, como sinal de Romaña (edema biplapebral unilateral que sugere entrada do parasito pela mucosa da conjuntiva) ou o chagoma de inoculação (lesão cutânea eritematosa e endurecida, porém indolor, que se desenvolve no sítio da penetração do parasito); • Em 1 a 5% dos casps decorrentes de transmissão vetorial, a fase aguda é grave; • As complicações mais comuns, nesses casos, são miocardite e a meningoencefalite; • Sugere-se, entretanto, que as infecções adquiridas por via oral são mais frequentemente acompanhadas por miocardite grave, potencialmente levando a óbito; è Fase crônica: • A fase crônica inicia-se entre algumas semanas e uns poucos meses depois de adquirida a infecção e é caracterizada pela ausência de parasitemia patente e por uma intensa resposta imune humoral, com predomínio de anticorpos de tipo igG; • Pode ser indeterminada ou sintomática; • A forma indeterminada é aquela que vem após a fase aguda, em que o indivíduo permanece assintomático; • Cerca de 70% dos indivíduos cronicamente infectados têm a forma indeterminada, de duração variável, podendo estender-se por alguns meses ou muitos anos, até o fim da vida do paciente; • Eventualmente, a forma indeterminada pode evoluir para formas sintomáticas ou determinadas, das quais as mais comuns são as cardíacas e as digestivas; • Na forma cardíaca, que acomete cerca de 20 a 30% dos indivíduos infectados, a manifestação clínica mais comum é a insuficiência cardíaca congestiva, acompanhada de alterações eletrocardiográficas típicas como o bloqueio completo do ramo direito e, frequentemente, o hemibloqueio anterior esquerdo; Amanda Rocha Turma XV • Em casos avançados, ocorre cardiomegalia. • Arritmias complexas e morte súbita são relativamente comuns; • Nas câmaras cardíacas (especialmente no ventrículo esquerdo) formam-se trombos que, ao se desprenderem, causam embolia sistêmica grave, como AVC isquêmico; • Em paciente imunocomprometidos, uma infecção chagásica crônica pode reativar-se, ex. HIV Amanda Rocha Turma XV