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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3 1. SENTENÇA ........................................................................................... 4 1.1. Sentença no Processo de conhecimento .............................................. 5 1.1.1. Sentença terminativa ............................................................................. 5 1.1.2. Sentenças definitivas ou de mérito ...................................................... 14 1.1.3. Preponderância do mérito ................................................................... 16 1.2. Elementos da sentença ....................................................................... 16 1.3. Sentença liquida .................................................................................. 22 1.4. Vícios da sentença .............................................................................. 22 1.5. Fatos supervenientes .......................................................................... 24 1.6. Publicação da sentença e alteração posterior ..................................... 25 1.7. Hipoteca judiciária ............................................................................... 26 1.8. Remessa necessária ........................................................................... 27 1.8.1. Duplo grau obrigatório e exceções à regra .......................................... 28 1.9. Julgamento de ações de prestação de fazer e não fazer e de entregar coisa...... .............................................................................................. 29 1.9.1. Conversão em perdas e danos ............................................................ 31 1.9.2. Sentença e emissão de declaração de vontade .................................. 33 2. COISA JULGADA ............................................................................... 33 2.1. Coisa julgada formal e coisa julgada material ..................................... 35 2.2. Limites objetivos da coisa julgada ....................................................... 37 2.2.1. O fim da ação declaratória incidental e a resolução da questão prejudicial..... ....................................................................................... 40 2.2.2. O que não está sujeito aos efeitos da coisa julgada ............................ 42 2.2.3. Exceções ao efeito da coisa julgada .................................................... 42 2.3. Limite subjetivo da coisa julgada ......................................................... 43 2.4. Preclusão ............................................................................................. 45 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 47 INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 1. SENTENÇA De acordo com o art. 203, § 1º, do CPC, “Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução”. Classificando assim como na fase de conhecimento põe fim e na execução extingue a relação jurídica processual. Resolvendo assim duas questões doutrinárias, a primeira segundo Gonçalves (2017): Ainda na vigência do CPC de 1973, mesmo com as reformas apresentadas pela Lei n. 11.232/2005, a sentença passou a ser definida exclusivamente pelo seu conteúdo, grande maioria da doutrina continuava entendendo que um pronunciamento judicial só poderia ser qualificado como tal se encerrasse o processo ou a fase de conhecimento. O CPC atual valeu-se da conjugação dos dois critérios para definir a sentença, constitui sentença o pronunciamento judicial que se identifica: a) por seu conteúdo, que deve estar em consonância com o disposto nos arts. 485 e 487 do CPC; b) por sua aptidão ou de pôr fim ao processo, nos casos de extinção sem resolução de mérito ou em que não há necessidade de execução ou ainda nos processos de execução por título extrajudicial; ou à fase cognitiva, nos casos de sentença condenatória, que exige subsequente execução. Já a segunda questão resolvida trata da modificação da Lei n. 11.232/2005 sobre o sistema originário, ao estabelecer que o processo, desde a apresentação da petição inicial até a satisfação do credor, era um só. Devido essa nova Deixou de haver um processo autônomo e independente de execução de sentença condenatória. Anteriormente se constituía o processo de conhecimento e o posterior de execução, agora foi substituído por um único processo, com fases distintas, nas quais se pode identificar a cognitiva e a executiva, conhecido pela doutrina de “processo sincrético”, por conter em seu bojo fases processuais de natureza distinta. Com isso, o réu passou a ser citado uma vez só. “ 5 1.1. Sentença no Processo de conhecimento O processo de conhecimento é a fase para produção de provas, a fase a qual os fatos são levados ao juiz competente com a finalidade de que o juiz aplique a sentença positivando o direito ao caso. No processo de conhecimento as decisões podem ser classificadas como terminativas ou definitivas. 1.1.1. Sentença terminativa São conhecidas como terminativas as decisões que põe fim a fase de conhecimento sem resolução do mérito conforme seguem previstas no art. 485 do código de processo civil: Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: I - indeferir a petição inicial; II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; VIII - homologar a desistência da ação; IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e X - nos demais casos prescritos neste Código. § 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias. § 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado. § 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado. § 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação. § 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença. 6 § 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requerimento do réu. § 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. (BRASIL, 2015) A sentença terminativa não impede que se proponha nova ação (exceto em alguns casos previstos no art. 486, visto que a decisão não alcançou a resolução da matéria discutida devido algum vício processual. Na observação de algum vício processual, para que o juiz extinga o processo sem resolução do mérito, ele deverá primeiro oferecer a parte que corrija o vício, conforme o Art. 317 DO CPC. “Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício. ” (BRASIL. 2015). Conforme já citamos o art. 485 e que neles estão previstos os casos para que o juiz ponha fim ao processo sem resolução do mérito, vejamos breves comentários explicativos acerca dos casos previstos: Indeferimento da petição inicial (inc. I): Gonçalves (2017) comenta sobre o indeferimento da petição inicial: “Esse item remete ao art. 330 do código de processo civil, que prevê em sua redação uma lista de causas de indeferimento. Todas elas implicarão a extinção do processo sem resolução de mérito e podem ser reconhecidas pelo juiz de ofício, antes que o réu tenha sido citado. O indeferimento da inicial pressupõe que o juiz nem sequer tenha determinado a citação do réu. Quando a extinção do processo ocorrer mais tarde, depois da citação, em razão de qualquer outra das causas previstas no art. 485, não haverá propriamente indeferimento da inicial. Também não pode ser considerada como tal a sentença de improcedência de plano, proferida na forma do art. 332 do CPC, já que ela extingue o processo com resolução de mérito. “ Paralisação do processo por mais de um ano por negligência das partes (inc. II): 7 “O processo para ser extinto nessa hipótese, é indispensável a determinação judicial de intimação pessoal da parte para que dê andamento ao feito, em cinco dias. Somente depois de transcorrido o prazo sem a devida manifestação, poderá ocorrer a extinção. Essa hipótese é relativamente rara, uma vez que, de acordo com o inciso III, se o autor abandonar a causa por mais de trinta dias, e, intimado pessoalmente, não praticar o ato ou a diligência que lhe cabe, o juiz já poderá dar o processo por extinto. Mas isso exige prévio requerimento do réu, nos termos da Súmula 240, do Superior Tribunal de Justiça. Pode ocorrer que o autor abandone o processo, mas o réu não requeira a extinção. O processo ficará paralisado, porque o juiz não poderá extingui-lo de ofício. Ultrapassado um ano, a extinção poderá ser decretada, mesmo que o réu não a requeira. “ (GONÇALVES, 2017). Abandono da causa, pelo autor, por mais de trinta dias (inc III.): Seguindo a doutrina de Gonçalves (2017) sobre o inciso III que trata do abandono da causa, pelo autor, por mais de trinta dias, “é indispensável a prévia intimação pessoal do autor para que, em cinco dias, dê andamento ao feito, sob pena de extinção. Mesmo nos casos de permanência inerte do autor, a extinção pelo juiz só estará autorizada mediante solicitação do réu. É o que dispõe a Súmula 240 do STJ: “A extinção do processo, por abandono de causa pelo autor, depende de requerimento do réu”. A razão dessa súmula é vedar a permissão ao autor de obter a extinção do processo porque não o quer mais, sem que haja o consentimento do réu. A desistência para que ocorra nos autos após a manifestação do réu citado, é necessário o consentimento do réu. Ora, o autor a quem não mais interesse o andamento do processo poderia, em vez de desistir, abandoná-lo, o que levaria à extinção do processo sem que o réu consentisse. Mediante isso, coube ao o STJ, por meio da súmula, exigir prévio requerimento do réu para a extinção. Se o réu ainda não tiver apresentado resposta, desnecessário o seu requerimento para a extinção do processo, pelo 8 juiz. A intimação do autor deve ser pessoal, por carta, mandado ou edital, se ele estiver desaparecido. ” Ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido do processo (inc. IV): Gonçalves (2017) aduz que “a redação do inciso IV do artigo 485 do código de processo civil trata dos pressupostos processuais de validade, aos quais caberia a possibilidade de acrescentar os de eficácia. São matérias que podem ser conhecidas de ofício. A falta de qualquer deles deverá ser sanada, quando possível. Por exemplo, se falta a uma das partes capacidade processual ou postulatória, o juiz fixará prazo para regularização. Não sanado o vício, extinguirá o processo sem resolução de mérito. “ A doutrina ainda aduz: Nem sempre a falta de pressuposto processual gerará a extinção. Há situações em que provocará a nulidade dos atos processuais já realizados e a necessidade de repeti-los, mas não a extinção. Por exemplo, caso se constate que o juízo é incompetente ou o juiz impedido, os autos serão remetidos para o competente e imparcial, que, se necessário, determinará a repetição dos atos. Mas não a extinção do processo. Em regra, os pressupostos processuais cuja falta enseja a extinção do processo são os relacionados às partes, sobretudo ao autor, a quem interessa o prosseguimento. (GONÇALVES, 2017. P. 511). Quando houver perempção, litispendência ou coisa julgada (inc. V): São os pressupostos processuais negativos, que devem ser examinados de ofício pelo juiz. A litispendência e a coisa julgada têm em comum a existência de outra ação idêntica (com os mesmos três elementos): na primeira, tal ação ainda está em andamento e, na segunda, já foi definitivamente julgada. A perempção é a perda do direito de ação, imposta a quem, por três vezes anteriores, deu causa à extinção do processo por abandono. O CPC, art. 486, autoriza àquele cujo processo foi extinto sem resolução de mérito a repropositura da mesma ação. Mas, para isso, o vício que ensejou a primeira extinção deve ter sido sanado (§ 1º). No caso da litispendência, somente com a prova de que ela deixou de existir será admitida a nova ação. No caso da perempção e da coisa julgada, o vício será permanente, o que obstará a repropositura, excetuado, quanto a esta última, a possibilidade de que tenha sido desconstituída por ação rescisória ou ação declaratória de ineficácia. (GONÇALVES, 2017. P. 511-512). 9 Quando houver ausência de legitimidade ou de interesse processual (Inc. VI): “O acolhimento da teoria abstratista eclética traduz ação como direito a uma resposta de mérito. Mas condicionado: o juiz só emitirá o provimento de mérito se preenchidas as condições da ação, o que ele deve examinar de ofício. Antes do mérito, ele verificará duas ordens de questões preliminares: os pressupostos processuais e as condições de ação. A sua falta pode levar à extinção do processo. ” (GONÇALVES, 2017. P. 512). Quando acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência (Inc. VII): “Vem prevista no art. 1º da Lei n. 9.307/96, que autoriza as pessoas capazes a convencionar a arbitragem para dirimir conflitos relacionados a interesses patrimoniais disponíveis. A convenção de arbitragem é também um pressuposto processual negativo, porque impede às partes o acesso ao Judiciário, diante do que foi convencionado. Da existência de convenção de arbitragem, o juízo não poderá conhecer de ofício. “ (GONÇALVES, 2017. P. 512). Quando houver desistência da ação (Inc. VIII): O autor pode desistir da ação proposta. Ao fazê-lo, estará postulando a extinção do processo, sem exame do mérito. Não se confunde com a renúncia, em que o autor abre mão do direito material discutido, e o juiz extingue o processo com julgamento de mérito. A desistência pode ser requerida e homologada até a prolação de sentença em primeira instância. Depois, não mais, como decidiu o Supremo Tribunal Federal no RE 163.976-1/MG, DJU 16/04/1996. Se ela for manifestada depois de oferecida contestação, a sua homologação dependerá da anuência do réu, conforme art. 485, § 4º. Se o réu não a ofereceu, tornando-se revel, desnecessário o consentimento. O consentimento do réu se justifica porque, depois da resposta, ele pode querer que o juiz examine as suas razões e profira sentença de mérito, com o que a decisão tornar-se-á definitiva, vedada a reiteração, que não seria obstada pela simples desistência. Mas o réu, ao manifestar eventual discordância, 10 deverá fundamentá-la, expondo as suas razões. Se apenas silenciar, ou manifestar discordância sem nenhum fundamento, ou com algum que não seja razoável, o juiz homologará a desistência. Havendo litisconsórcio passivo, a desistência dependerá da anuência de todos os que tiverem apresentado contestação. Se houver desistência em relação a apenas um dos réus, só este precisará consentir, desde que já tenha respondido. Nesse caso, a desistência repercutirá sobre o prazo de resposta do corréu, conforme CPC, art. 335, § 2º. Quando há mais de um réu, o prazo de contestação para todos eles só flui do instante em que todos estiverem citados (CPC, art. 231, § 1º). Pode ocorrer que um tenha sido citado, e esteja aguardando a citação dos demais, para que seu prazo de resposta possa fluir. Se o autor desistir da ação em relação aos demais, o citado deverá ser intimado para que o seu prazo corra. Há uma hipótese legal em que a desistência da ação, mesmo depois da contestação, independe da anuência do réu. Trata-se daquela prevista no art. 1.040, § 1º, do CPC, quando a ação, em curso no primeiro grau de jurisdição, versar sobre questão jurídica afetada para o julgamento de recurso repetitivo. Se o autor propuser uma ação versando sobre determinada questão, idêntica àquela que é objeto do recurso paradigma, resolvida a questão em sentido contrário ao proposto pelo interessado, poderá ele desistir da ação, agora fadada ao insucesso, independentemente de consentimento do réu. Caso a desistência ocorra antes da contestação, o autor ficará isento de custas e honorários de sucumbência. Caso ocorra depois, eles serão devidos. (GONÇALVES, 2017. P. 513). Quando houver morte da parte, nos casos que a ação for considerada intransmissível (inc. IV): “Existem ações de caráter personalíssimo, que não podem ser transmitidas aos herdeiros ou sucessores da parte, em caso de falecimento. As ações de separação judicial e divórcio são exemplos: com o falecimento de qualquer dos cônjuges, o processo será extinto, sem resolução de mérito, de ofício pelo juiz. Outro é a interdição, quando ocorre o falecimento do interditando. “ (GONÇALVES, 2017. P. 513). Nos demais casos previstos no CPC (Inc X): “A lei pode prever outras hipóteses de extinção sem resolução de mérito. São exemplos: a inércia do autor em promover a citação de litisconsorte necessário, ou em promover a substituição do seu representante legal ou do seu advogado, em caso de falecimento. “ (GONÇALVES, 2017. P. 514). 11 1.1.1.1. Juízo de retratação nas sentenças terminativas Novidade no CPC de 2015 as apelações interpostas das sentenças terminativas, está no § 7º do art. 485: “interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar- se”. (BRASIL, 2015). Trata-se do reconhecimento do efeito regressivo à apelação, podendo o juiz analisando a apelação, redecidir. Não é possível a retratação de ofício, cabendo somente mediante apelação da parte. No entanto o legislador não se preocupou em informar se caberia retratação antes da oferta das contrarrazões, a doutrina entende que não: “Não está claro no dispositivo, diferentemente do que se dá nos casos do art. 331 e do § 4º do art. 334, se o juízo de retratação dá-se antes ou depois de oportunizada à parte contrária a oferta de contrarrazões. O melhor entendimento, forte no princípio constitucional do contraditório e na compreensão de processo cooperativo, é de o magistrado permitir a prévia apresentação das contrarrazões. A única exceção é do inciso I do art. 485 quando a rejeição da petição inicial for liminar, caso em que prevalece a disciplina específica do art. 331. “ (BUENO, 2016. P.425) Bueno também explica como funciona o juízo de retratação: Com as contrarrazões ou, pelo menos, depois de a parte ser intimada para apresentá-las, o magistrado terá cinco dias para se retratar. Se voltar atrás, o processo prosseguirá em direção ao proferimento de sentença de mérito, salvo se ocorrer ou surgir algum outro fato que impeça seu exame, justificando o proferimento de outra sentença com fundamento no art. 485. Na hipótese de a sentença ser mantida, os autos serão encaminhados ao Tribunal para julgamento do apelo (art. 1.010, § 3º). Questão interessante é saber se, a propósito deste § 7º, o magistrado pode determinar o saneamento do vício que justificou o proferimento da sentença terminativa. A resposta mais apropriada com o sistema do CPC de 2015 é a positiva. Não só por causa do dever- poder geral de saneamento previsto no inciso IX do art. 139, mas também por causa da possibilidade da postulação ser reproduzida, ainda que com a devida sanação dos vícios, nos moldes do § 1º do art. 486. Admitir, destarte, que o processo seja reaberto e prossiga de maneira devida, doravante, otimiza, em todos os sentidos, a prestação jurisdicional. É entendimento que se harmoniza com a eficiência processual querida desde o “modelo constitucional do direito processual civil” e enfatizada no art. 4º do CPC de 2015. (BUENO, 2016. P.425) 12 1.1.1.2. Possibilidade de repropor a ação extinta sem resolução do mérito Conforme já introduzido acerca da sentença terminativa não impede que se proponha nova ação, exceto em alguns casos previstos no art. 486: Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação. § 1º No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito. § 2º A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado. § 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito. (BRASIL, 2015.) https://images.unsplash.com/photo-1450101499163 13 Dando seguimento a interpretação do art. 486 BUENO (2016) complementa: “O § 1º do art. 486 evidencia que a nova demanda pressupõe a “correção do vício que levou à extinção do processo sem resolução de mérito”, isso ocorrerá nas ações que houverem litispendência, rejeição da petição inicial, falta de pressupostos processuais de existência e/ou de validade, ilegitimidade ou falta de interesse processual e existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer a sua competência. Se faz importante a ressalva que a correção do “vício” em relação à ilegitimidade ou à falta de interesse terá grande probabilidade de conduzir à alteração da demanda inicial, o que basta para viabilizar a sua propositura, a despeito da permissão do § 1º do art. 486. Quando não houver a correção do vício, como se procederá, por exemplo, quando a dívida ainda não vencida vencer-se, conforme a observância do dispositivo do § 1º, ele parece supor que o novo fato seja alegado e justificado na petição inicial, até como forma de evitar qualquer defeito de litigância de má- fé. O § 2º do art. 486 estabelece que a petição inicial não será “despachada”, isto é, não se proferirá juízo de admissibilidade nela sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado devidos pelo processo anterior. É regra que, trazendo à lembrança o art. 92, atrita com o inciso XXXV do art. 5º da CF. O § 3º do art. 486, ocupa-se com a perempção, instituto que também merece ser descartado diante do “modelo constitucional”. É importante também tratar que o § 3º do art. 486 veda que o autor requeira, ao Estado-juiz, pela quarta vez, aquela mesma tutela jurisdicional em face do réu, ainda que resguarde a ele a possibilidade de alegar seu direito em defesa. “ Segue o autor acerca da perempção: “A perempção é pressuposto processual negativo que, se presente, inibe a formação e o desenvolvimento válido do processo. É a hipótese de o autor ter formulado o mesmo pedido, com base na mesma causa de pedir em face do réu 14 três vezes anteriores e ter dado ensejo à extinção do processo sem resolução de mérito por abandono de causa em cada uma delas. ” (BUENO, 2016. P. 426) 1.1.2. Sentenças definitivas ou de mérito Denominadas sentenças definitivas de mérito, são aquelas que põe fim ao processo e resolvem a relação jurídica material conforme a redação do art. 487 do CPC: Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição; III - homologar: a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção; b) a transação; c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332 , a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.(BRASIL, 2015.) Seguindo o padrão de ensino acerca do item 1.1.1 também seguem alguns comentários explicativos sobre os casos que o magistrado decidirá o litígio com resolução do mérito: Quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor da ação ou reconvenção (Inc. I): “É a sentença de mérito por excelência; o juiz, depois de examinar as questões preliminares, relacionadas aos pressupostos processuais e às condições de ação, julgará o pedido. ” (GONÇALVES. 2017. P. 517) Quando o juiz pronunciar, de ofício ou a requerimento, a decadência ou a prescrição (Inc. II): “Ambas podem ser reconhecidas de ofício, e causam o indeferimento da inicial, se o juiz as detecta de início. Se não reconhecidas desde logo, podem ser pronunciadas a qualquer tempo, salvo em recursos especial e extraordinário, que pressupõem prequestionamento. Mas antes de pronunciá-las, deve o juiz cumprir o determinado no art. 10 do CPC. Cumpre ao Direito Civil estabelecer a distinção http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art332%C2%A71 15 entre prescrição e decadência, e quais os prazos de uma e outra. ” (GONÇALVES. 2017. P. 517) Quando o juiz homologar (inc. III) nesse caso são três hipóteses, sendo elas: Quando o juiz homologar reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou reconvenção: “Pressupõe que o direito discutido no processo seja disponível, e que o réu tenha poderes para fazê-lo. O juiz acolherá o pedido, proferindo sentença definitiva, já que o reconhecimento versará não sobre matéria processual, mas sobre o direito substancial discutido. “ (GONÇALVES. 2017. P. 517) Quando o juiz homologar transação: A transação também pressupõe direitos e interesses disponíveis. É negócio jurídico civil, bilateral, em que as partes, por concessões recíprocas, acordam sobre a questão discutida. Vale desde que haja acordo de vontade entre elas, e pressupõe o preenchimento dos requisitos gerais dos negócios jurídicos: partes capazes, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei. A força obrigatória da transação não depende da homologação judicial, mas da manifestação bilateral de vontades. A homologação servirá apenas para encerrar o processo. Por isso, mesmo que o acordo não esteja homologado, aqueles que o firmaram não podem voltar atrás unilateralmente. Pode haver um distrato, um novo acordo de vontades que altere ou extinga o anterior. Caso a transação imponha obrigação a um dos contratantes, não cumprida voluntariamente, dar-se-á início à fase de execução: a sentença homologatória não terá posto fim ao processo, mas tão somente à fase de cognição, sucedida pela de execução. A transação pode ser celebrada em qualquer fase do processo, mesmo depois da sentença, ainda que tenha transitado em julgado, ou já na fase de execução. Não haverá ofensa à coisa julgada material, porque a sentença regulava uma situação de conflito. Desde que verse sobre direito disponível, as partes, de comum acordo, podem regular a situação de outra maneira, por meio da transação. Se a transação for parcial, o processo prosseguirá quanto ao restante. O objeto da transação pode ultrapassar o objeto litigioso: o art. 515, II, do CPC, considera título executivo judicial a sentença homologatória de autocomposição judicial, sem nenhuma ressalva quanto ao seu objeto. (GONÇALVES. 2017. P. 518) Quando o juiz homologar a renúncia à pretensão formulada na ação ou reconvenção: “A situação assemelha-se à do reconhecimento jurídico do pedido, com a diferença de que a renúncia é do autor. Também atinge o direito material, e pressupõe que ele seja disponível. ” (GONÇALVES. 2017. P. 518) 16 1.1.3. Preponderância do mérito O que se te em discussão aqui é a redação do art. 486: “Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485. ” (BRASIL, 2015). Observa-se a inovação do CPC, vemos que aqui há uma preocupação do legislador em sempre buscar a resolução do mérito, visto que a não solução do mérito por vezes acaba apenas prorrogando a solução do litígio. Vejamos a explicação acerca da redação do presente artigo feita por AUGUSTO: “Isso significa, na prática, o seguinte: se o juiz deparar com uma situação que autorize a extinção do feito sem resolução do mérito em favor do réu, como o indeferimento da petição inicial por inépcia, por exemplo, mas for possível o juiz julgar, pelo mérito, a improcedência do pedido, deve preferir – porque preponderante – essa última solução. ” (AUGUSTO, 2018. P. 283) GONÇALVES complementa: O art. 488 do CPC, valendo-se do princípio da instrumentalidade das formas, estabelece que “Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485”. Se o juiz teria de acolher uma preliminar arguida pelo réu na contestação, daquelas enumeradas no art. 337, que levam à extinção sem resolução de mérito, mas percebe que, não fosse a preliminar, seria possível julgar o mérito, pois já há nos autos todos os elementos para tanto, e a sentença seria de improcedência (portanto, uma sentença favorável ao réu, a quem aproveitaria o acolhimento da preliminar), o juiz prolatará a sentença de mérito. Afinal, se ele já sabe que o pedido não pode ser acolhido, melhor que já profira sentença definitiva, que examine a questão de fundo. (GONÇALVES, 2017. P. 678-679) 1.2. Elementos da sentença Toda e qualquer sentença, seja ela com ou sem resolução de mérito deve trazer elementos essenciais a ela, esses elementos estão positivados na redação do art. 489 do CPC: Art. 489. São elementos essenciais da sentença: 17 I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. § 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão. § 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa- fé. (BRASIL, 2015) O primeiro requisito essencial é o relatório (Inc. I): “Antes de passar à exposição dos fundamentos e à decisão propriamente dita, o juiz fará um relatório, que deverá conter os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo. Trata-se de exigência que visa assegurar que ele tenha tomado conhecimento do que há de relevante para o julgamento, garantia do devido processo legal, que deverá ser observada sob pena de nulidade. ” (GONÇALVES, 2017. P. 675) O segundo requisito é o fundamento (inc II): “A sentença deverá ser fundamentada, conforme mandamento constitucional previsto no artigo 93, IX, da Constituição Federal. 18 O juiz deve apresentar as razões pelas quais acolhe ou rejeita o pedido formulado na petição inicial, apreciando os seus fundamentos de fato e de direito (causas de pedir) e os da defesa. O que foi decidido como motivação não faz coisa julgada material e pode ser rediscutido em outros processos. A falta de fundamentação, no entanto, causa nulidade da sentença, cabendo ao juiz pronunciar-se sobre todas as questões essenciais que possam repercutir sobre o resultado, sob pena de ser citra petita. ” (GONÇALVES, 2017) Ainda acerca dos fundamentos há uma série de incisos no §1º do art. 489 que definem quando ela não será considerada fundamentada, trazendo assim regras do que o juiz não poderá se utilizar para fundamentar a sentença Gonçalves (2017) os enumera e comenta: 1) a decisão que se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida: É necessário que o juiz, para que proceda a aplicação da lei ou ato normativo no caso concreto, esclareça a relação das normas aplicadas com o caso. Ao proferir a sentença, o juiz se utiliza do desenvolvimento de um raciocínio silogístico, visto que parte de uma premissa maior - tratando-se do disposto no ordenamento jurídico - para uma premissa menor – o que se refere ao caso concreto - para que se obtenha uma conclusão. É preciso que a sentença indique com clareza em que medida aquela norma invocada pode funcionar como premissa maior, aplicável ao caso concreto sub judice. 2) a decisão que empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso: Possui grande semelhança com o apresentado na situação anterior. É preciso clareza às pessoas que lerão a sentença, a decisão ou a razão pela qual determinado conceito jurídico foi invocado e de que forma se aplica ao caso concreto. 3) a decisão que invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão: Um caso concreto ao ser submetido a jurisdição do juiz é examinado, porém não pode ser considerada como fundamentada uma decisão 19 que segue modelos padrões genéricos que possam ser aplicados de forma geral, não somente para aquela situação concreta, mas de forma geral. É preciso que o juiz fundamente sua decisão de forma exclusiva para o caso em que ela foi proferida. Fórmulas genéricas do tipo “foram preenchidos os requisitos”, sem a indicação concreta das razões pelas quais o juiz assim o considera, não são admissíveis. 4) A decisão que não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador: Nesse caso, não há necessidade de sempre que o juiz proferir uma sentença se pronunciar sobre todas as causas de pedir e fundamentos de defesa, pois se ficar desde logo demonstrada que uma das causas de pedir constitui por si só elemento suficiente para o acolhimento do pedido, o juiz proferirá sentença de procedência, sem precisar examinar as demais. Por exemplo: se alguém postula a anulação de contrato porque firmado por incapaz sem assistência, e porque foi coagido a assiná-lo, haverá um só pedido, mas duas causas de pedir, cada qual suficiente, por si só, para o acolhimento do pedido. Se uma ficar demonstrada desde logo, o juiz poderá julgar, sem examinar as demais; o mesmo em relação aos fundamentos da defesa: se um só ficar provado, e for suficiente para levar à improcedência do pedido, o juiz poderá sentenciar, afastando a pretensão inicial, sem examinar os demais. O que não é possível é o juiz rejeitar a pretensão do autor, sem examinar todos os fundamentos de fato e de direito por ele invocados; ou acolher, sem examinar todos os fundamentos da defesa. (GONÇALVES, 2017. P. 676-677) 5) a decisão que se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos: O juiz ao aplicar determinado ato normativo, tem como dever esclarecer o cabimento daquela aplicação ao caso concreto, não pode ocorrer de forma diferente quando o juiz invoca precedente ou enunciado de súmula. É preciso que o julgador explique ao leitor por que o precedente ou a súmula podem ser aplicados naquele caso concreto que ele está julgando. 20 A respeito dessa hipótese, o Enunciado 11 da ENFAM dispõe: “Os precedentes a que se referem os incisos V e VI do § 1º do art. 489 do CPC/2015 são apenas os mencionados no art. 927 e no inciso IV do art. 932”. E o Enunciado 9 estabelece: “É ônus da parte, para os fins do disposto no art. 489, § 1º, V e VI do CPC/2015, identificar os fundamentos determinantes ou demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento, sempre que invocar jurisprudência, precedente ou enunciado de súmula”. (GONÇALVES. 2017. P. 677) 6) a decisão que deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento: essa hipótese pressupõe que uma das partes invoque súmula, jurisprudência ou precedente e que o juiz não os aplique. Ele deve justificar a razão de não os aplicar, demonstrando que não se ajustam ao caso concreto que está decidindo. Mas a redação do dispositivo merece crítica, já que o juiz pode deixar de acolher jurisprudência ou precedente invocado pela parte, por discordar da solução adotada, a menos que se trate de precedente vinculante. Só nesse caso é que o juiz, para deixar de aplicá-lo, terá de demonstrar a distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. “ Por fim o terceiro requisito é o Dispositivo (Inc. III): É a parte final da sentença, em que o juiz decide se acolhe, rejeita o pedido ou se extingue o processo, sem examiná-lo. É a conclusão do silogismo judicial, em que se examina se a pretensão formulada pelo autor na petição inicial pode ou não ser apreciada e, em caso afirmativo, se pode ou não ser acolhida. Todos os pedidos formulados na petição inicial (e na contestação, nos casos de ação dúplice ou na reconvenção) devem ser examinados pelo juiz, sob pena de a sentença ser citra petita. Se houver mais de uma ação, embora único o processo, a sentença, também única, deverá examinar todas as pretensões formuladas. É o que ocorrerá havendo reconvenção e denunciação da lide, por exemplo. Em contrapartida, o juiz não pode examinar pretensões não formuladas. Ao promover o julgamento, deve ficar adstrito à ação que foi proposta, observando as partes, as causas de pedir e os pedidos, elementos identificadores da ação. Sob pena de a sentença ser extra ou ultra petita, não pode conceder pretensões em relação a pessoas que não foram parte; nem fundamentar a sua pretensão em causas de pedir não formuladas ou conceder algo diferente ou a mais do que foi postulado. Além disso, é preciso que haja coerência entre o dispositivo e a fundamentação. Somente o dispositivo da sentença de mérito se revestirá da autoridade da coisa julgada material. O art. 491 do CPC estabelece 21 que nas ações relativas à obrigação por quantia, ainda que o pedido formulado seja genérico, o juiz definirá desde logo a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização de juros, se for o caso, salvo se não for possível determinar de modo definitivo o montante devido ou se a apuração do valor devido depender da produção de prova de realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim reconhecida na sentença. A Súmula 318 do Superior Tribunal de Justiça estabelece: “Formulado pedido certo e determinado, somente o autor tem interesse recursal em arguir o vício da sentença ilíquida”. Diante do que dispõe o art. 503, § 1º, do CPC, também será decidida no dispositivo da sentença a questão prejudicial, apreciada incidentemente, desde que preenchidos os requisitos do art. 503, § 1º, incisos I, II e III, do CPC. Essa decisão terá força de coisa julgada material. (GONÇALVES, grifo do autor. 2017. P. 677-678) https://image.freepik.com/vetores-gratis/conceito-de-propriedade-intelectual-ilustrado_52683- 48609.jpg 22 1.3. Sentença liquida Sentença líquida é aquela que já traz o valor da condenação, AUGUSTO nos traz uma breve explicação: “Líquida é a sentença que já traz o valor da condenação, ou seja, já estipula o quantum devido (principal + correção + juros+ despesas processuais), independentemente de liquidação posterior. ” (AUGUSTO, 2018. P. 286). Seguimos ainda com outras considerações do autor: Quando a ação for relativa à obrigação de pagar quantia (dívida de valor), a sentença (ou o acórdão, quando este modificar a sentença), sempre que possível, deverá ser líquida, definindo o valor da obrigação, assim entendido como a extensão da obrigação, o índice de correção monetária aplicável e seu termo inicial, e a periodicidade da capitalização dos juros, se houver. Não sendo possível proferir sentença líquida, seja porque não for possível apurar desde logo, o valor devido, ou porque a apuração do quantum seja feita em liquidação de sentença (arts. 509 a 512 do CPC). (AUGUSTO, 2018. P. 286) 1.4. Vícios da sentença A sentença é um ato processual que põe fim a relação jurídica processual com ou sem resolução do mérito, para alcançar essa finalidade deve se preencher os requisitos de validade e de eficácia, sob pena de nulidade, o tema em questão traz uma restrição ao juiz em decidir somente o que foi pedido na ação pelas partes: “O juiz, por força do princípio da inércia, fica adstrito a julgar as pretensões postas em juízo, observados os fundamentos de fato indicados na inicial e respeitadas as partes. Ele só pode julgar a ação que foi proposta. Se a sentença não mantiver essa correlação, poderá haver nulidade. A sentença pode ser extra petita, ultra petita ou citra petita. “ (GONÇALVES, 2017. P. 680-681) Conforme o ensinamento de GONÇALVES veremos acerca do vício da sentença que pode ser extra petita, ultra petita ou citra petita. 23 Sendo assim vejamos com relação a Sentença “extra petita”, que de forma simples e objetiva será aquela em que o juiz ao decidir a ação fará de forma diferente da que foi proposta, ignorando a causa de pedir ou pedido, sendo um exemplo: “o autor pede indenização por danos materiais e a sentença condena o réu a pagar alimentos. ” (AUGUSTO, 2018. P.287). Segue a redação do art. 492: “É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional. “ (BRASIL, 2015). Observa-se que a redação do art. citado traz os casos em que é vedado ao juiz, limitando o seu poder na decisão a qual deve se referir apenas ao pedido postulado em juízo, GONÇALVES explica com relação a “extra petita”: O juiz só pode inovar em relação aos fundamentos jurídicos do pedido, já que ele os conhece (jura novit curia), mas não em relação aos fáticos, nem em relação aos pedidos. Se o fizer, a sentença será extra petita. Há grande discussão a respeito do tipo de vício que a acomete, se nulidade absoluta ou ineficácia. Para aqueles que admitem esta última, a diferença seria que o vício não se sana nem mesmo com o transcurso in albis do prazo da ação rescisória, ao passo que naquela, ultrapassado o prazo, o vício teria sido sanado. A questão é controvertida, embora prevaleça o entendimento de que haverá nulidade, sanável por ação rescisória, caso haja o trânsito em julgado. Há, no entanto, forte corrente doutrinária que sustenta a ineficácia de sentença, que padecerá de um vício insanável. Há casos, excepcionais, em que a lei autoriza o juiz a conceder algo que não corresponde exatamente àquilo que foi pedido, sem que sua sentença possa ser considerada extra petita. Nas ações possessórias, consideradas fungíveis pelo art. 554 do CPC, permite-se que o juiz defira um remédio possessório diferente daquele que foi postulado. O art. 497 do CPC também o autoriza a, se não for possível o cumprimento específico das obrigações de fazer ou não fazer, conceder providência que assegure o resultado prático equivalente ao do adimplemento. Mas essas hipóteses são excepcionais: a regra determina que ele se atenha à pretensão formulada. (GONÇALVES, 2017. P. 680-681) Dando sequência, trataremos da sentença “ultra petita”: “É aquela em que o juiz julga a pretensão posta em juízo, mas condena o réu em quantidade superior à pedida. O art. 492 do CPC veda que ele o faça. O vício é menos grave que o anterior, porque o juiz proferiu sentença da natureza que foi pedida e concedeu o objeto postulado. Apenas o fez em quantidade superior. Por isso, se 24 houver recurso, não haverá necessidade de o tribunal declará-la nula, bastando- lhe que reduza a condenação aos limites do que foi postulado. Se houver trânsito em julgado, caberá ação rescisória, cujo objeto será apenas desconstituir a sentença, naquilo que ela contenha de excessivo. “ (GONÇALVES, 2017. P. 681- 682) A sentença “citra petita” é quando o juiz deixa de apreciar um ou mais pedidos, ocorrendo assim em omissão, por fim vejamos o conceito da sentença: Por citra petita denominamos aquela em que o juiz deixa de apreciar uma das pretensões postas em juízo, não aprecia um dos pedidos, quando houver cumulação. Cumpre ao juiz, ao proferir a sua sentença, examinar todas as pretensões formuladas pelo autor, na inicial, e pelo réu, em reconvenção ou na própria contestação, nas ações de natureza dúplice. Se não o fizer, quais serão as providências que o prejudicado deve tomar? São várias as possibilidades. A providência mais adequada será opor embargos de declaração, nos quais se pedirá ao juiz que supra a omissão e se pronuncie a respeito da pretensão, sanando o vício. Se o prejudicado não opuser embargos de declaração, mas apelação, invocando a omissão da sentença, o tribunal poderá: a) anulá-la, e determinar a restituição dos autos à instância de origem, para que profira outra, desta feita completa, se não puder desde logo examinar o pedido; b) julgar o pedido não apreciado, em vez de anular a sentença, desde que todos os elementos para tanto estejam nos autos (art. 1.013, III). Se não houver interposição de recurso, e a sentença transitar em julgado, surgirá um problema. Qual a providência adequada a ser tomada pelo interessado, que deseja que o pedido a respeito do qual a sentença foi omissa seja apreciado? Parece-nos, como já dito, que não será caso de ação rescisória, que serve para rescindir o que foi decidido, e não para que se decida o que não foi. Tampouco parece ser necessário ajuizar ação declaratória de ineficácia. O correto será o interessado ajuizar nova ação, reapresentando o pedido não apreciado. (GONÇALVES, 2017. P. 682) 1.5. Fatos supervenientes O art. 493 permite a incidência de fatos novos constatados de ofício ou a requerimento da parte, ocorre que constatado de ofício deve ser determinada a oitiva das partes com relação ao fato, antes da decisão, vejamos sua redação: “Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a 25 decisão. Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes sobre ele antes de decidir. ” (BRASIL, 2015) A redação somente trata da necessidade de oitiva das partes com relação a decisão de ofício, segundo Bueno (2016): “Trata-se de mais uma aplicação concreta do contraditório e da vedação das “decisões-surpresa”, que, se não decorresse suficientemente do “modelo constitucional”, encontra fundamento legal bastante no art. 9º e no art. 10. Tanto assim que, a despeito do silêncio do dispositivo, não há por que duvidar que fato novo trazido ao processo por uma das partes deve ser submetido ao contraditório da outra para que, somente depois, possa ser apreciado pelo magistrado. “ AUGUSTO aponta uma ressalva importante, o fato superveniente será apurado na ação, mas não alterará a causa de pedir: Apesar do fenômeno da litiscontestação, que é imutável, a sentença deve refletir o estado de fato da lide no momento da decisão. Por essa razão é que o juiz deve tomar em consideração qualquer fato superveniente que venha ou possa influenciar no julgamento. Fato superveniente é o que ocorreu após o ajuizamento da ação e da resposta do réu, ou que, já existente, só foi apurado no decorrer do processo, desde que não altere a causa de pedir. (AUGUSTO, 2018 P. 287) 1.6. Publicação da sentença e alteração posterior Como regra geral o juiz não pode alterar a sentença já proferida, ressalvados os casos previstos no art. 494: “ Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo; II - por meio de embargos de declaração. ” (BRASIL, 2015) É importante enfatizar acerca da publicação referida no artigo em discussão. “A publicação a que se refere a lei não é aquela feita no Diário Oficial, para intimação das partes, mas em cartório, quando restitui os autos, com sentença. E, quando ela é proferida em audiência de instrução e julgamento, à medida que vai ditando ao escrevente; “ (GONÇALVES, 2017. P. 683). 26 Sendo assim sabendo quando é considerada publicada a sentença, ela não poderá ser alterada exceto nos casos de correção de ofício ou a requerimento da parte por inexatidões materiais ou erros de cálculo ou por meio de embargos de declaração, segue a explicação doutrinária acerca dos casos: a) houver necessidade de lhe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou lhe retificar erros de cálculo. Há sentenças que contêm erros materiais evidentes — equívocos no nome das partes, inversão manifesta da condenação nas verbas de sucumbência, erro na indicação de um artigo de lei, equívocos datilográficos — ou erros de conta. Esses vícios podem ser corrigidos de ofício ou a requerimento das partes, e a qualquer tempo, independentemente da interposição de recurso. Podem ser sanados mesmo depois do trânsito em julgado, sem necessidade de ação rescisória ou qualquer outra medida. Essa forma de correção não suspende nem interrompe o prazo para interposição de outros recursos. Nada impede que esse tipo de erro seja objeto ainda de embargos de declaração, que, embora desnecessários, poderão ser utilizados. b) forem opostos embargos de declaração. É o recurso adequado quando a sentença padecer de erro material, omissão, contradição ou obscuridade. Ao saná-los, pode ocorrer que o juiz altere a sentença. Mas não se admite que eles sejam usados para modificar a sentença, sem que ela padeça dos vícios supramencionados, para que o juiz possa reapreciar a prova ou reavaliar as questões de mérito. Esses são os mecanismos para que a sentença possa ser corrigida ou alterada pelo próprio juiz que a prolatou. Há outros mecanismos que permitem que ela seja corrigida ou alterada por órgão distinto, como os recursos em geral e a ação rescisória. (GONÇALVES, 2017. P. 683) 1.7. Hipoteca judiciária Está previsto no art. 495 do código de processo civil: “A decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em dinheiro e a que determinar a conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária. “ (BRASIL, 2015). Hipoteca é um efeito secundário e imediato da sentença, que será uma garantia a parte credora na fase de execução, conferindo a ela ainda o direito de preferência caso haja demais credores, bastando apenas apresentação da cópia da sentença ao cartório de registro de imóveis e comunicação da parte que fez o registro ao juízo no prazo de 15 dias para que a parte contrária tome ciência. 27 Seguimos assim com o ensinamento de Gonçalves (2017): “A hipoteca é um direito real de garantia, e tem por finalidade atribuir ao credor hipotecário direito de preferência sobre o produto da excussão do bem gravado. Normalmente, é fruto de convenção, mas pode ser também judicial ou legal. A prevista como efeito secundário das sentenças condenatórias é a judicial, que tem sido pouquíssimo usada. ” Dando continuidade aos ensinamentos do doutrinador são pressupostos da hipoteca judiciária: Que haja sentença ou decisão condenatória em dinheiro ou em obrigação que se converta em prestação pecuniária, ainda que a condenação seja genérica, esteja pendente recurso dotado de efeito suspensivo ou esteja pendente arresto de bens do devedor, ou ainda quando o credor possa promover o cumprimento provisório da decisão; a sentença de improcedência, em princípio, não gera direito à hipoteca judiciária, mas ela pode ser constituída para assegurar o pagamento da verba de sucumbência em que o autor vencido tenha sido condenado; Que haja o registro, na forma da Lei de Registros Públicos. A hipoteca é direito real, e, como recai sobre imóveis, só se considera constituída com o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Só assim ela adquire eficácia erga omnes. A hipoteca judiciária será registrada no Oficial de Registro de Imóveis independentemente de ordem judicial, bastando que o interessado apresente ao Oficial cópia da sentença condenatória. Feito o registro, a parte comunicará o juízo no prazo de 15 dias, e este intimará a parte contrária, para que dele tome conhecimento. A hipoteca judiciária, depois de registrada, estabelece o direito de preferência do credor que a obteve sobre os demais credores. (GONÇALVES, grifo nosso. 2017. P. 691) 1.8. Remessa necessária Sobre remessa necessária a doutrina aduz que: “Trata-se de benefício concedido à Fazenda Pública. As sentenças contra ela proferidas, em que haja sucumbência, não transitam em julgado, senão depois de reexaminadas pela instância superior. Mesmo que não haja recurso voluntário das partes, a eficácia da sentença depende de tal reexame. Esse privilégio se mantém no sistema, e não foi reconhecida a sua inconstitucionalidade. Argumenta-se que, como os bens da Fazenda são públicos, conviria que as sentenças que lhe impõem sucumbência fossem examinadas por juízes mais experientes, que compõem os tribunais. “ (GONÇALVES, 2017. P. 98) 28 1.8.1. Duplo grau obrigatório e exceções à regra Conforme conceituado no item 1.8 por GONÇALVES, as sentenças contra a fazenda pública que produza efeitos devem ser reexaminadas pelo tribunal, daí o nome remessa necessária, pois cabe um reexame da sentença pelo tribunal, independentemente da existência de recurso das partes pois é uma condição de eficácia da sentença. Façamos a leitura do art. 496 do CPC: Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. § 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á. § 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa necessária. § 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público. § 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em: I - súmula de tribunal superior; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. (BRASIL, 2015) Com a leitura, vemos que o duplo grau é obrigatório nas decisões proferidas contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público e nos embargos à execução que julgarem procedentes, no todo ou em parte, mas há exceções à 29 regra conforme vimos na redação do artigo 496, sendo assim vejamos a explicação a seguir com relação as exceções: Não haverá quando “a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: I — 1.000 salários mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; II — 500 salários mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; III — 100 salários mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público” (art. 496, § 3º). O dispositivo visa afastar a remessa nos casos em que a sucumbência da Fazenda for de pequena monta, conforme os limites acima mencionados. Se ela for ré, não haverá a remessa se a condenação, ou o proveito econômico obtido pelo autor, limitar-se a esse montante; se for autora, se a diferença entre o que foi pedido e o que for obtido não ultrapassar esse valor. A Súmula 490 do Superior Tribunal de Justiça, publicada em 1º de agosto de 2012, já afastava as dúvidas sobre a necessidade de o valor da condenação ou do proveito ser líquido. Essa exigência tornou- se expressa no § 3º do art. 496. A razão é evidente: se não há liquidez, não é possível conhecer, de antemão, o quantum debeatur, para saber se o montante se limita ao estabelecido na lei. A inexigibilidade não constitui óbice a que a Fazenda, insatisfeita, valha-se do recurso voluntário. A outra hipótese de exclusão é a da sentença que “estiver fundada em: I — súmula de tribunal superior; II — acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III — entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV — entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa”. A exclusão, nesses casos, justifica-se, seja qual for o valor da sucumbência da Fazenda, uma vez que a remessa só serviria para retardar o desfecho do processo, sem resultado útil para a Fazenda, diante da existência de jurisprudência consolidada nos tribunais. Também não haverá remessa necessária das sentenças proferidas no Juizado Especial Federal, ainda que contra a Fazenda Pública, nos termos do art. 13 da Lei n. 10.259/2001; nem das sentenças proferidas nos Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, em conformidade com o disposto no art. 11 da Lei n. 12.153/2009. (GONÇALVES, 2017. P. 1112) 1.9. Julgamento de ações de prestação de fazer e não fazer e de entregar coisa As figuras “do Julgamento das Ações Relativas às Prestações de Fazer, de Não Fazer e de Entregar Coisa”, estão previstas nos arts. 497 a 500, 30 progredimos para pontos importantes com relação a cada uma conforme os ensinamentos de BUENO, sendo a primeira Prestações de fazer ou não fazer: O primeiro dos dispositivos a ser evidenciado nesse contexto é o art. 497, que preserva a segura diretriz do caput do art. 461 do CPC de 1973 e a preferência pela “tutela específica” ou, quando menos, o “resultado prático equivalente” quando se tratar de obrigações – o CPC de 2015 prefere, certamente porque entende a palavra mais genérica, “prestações” – de fazer ou de não fazer. Por “tutela específica” deve ser compreendida a busca da satisfação do direito desejado pelo autor tal qual se daria na hipótese de adimplemento voluntário da prestação no plano material. O “resultado prático equivalente” é um minus em relação àquele desiderato, mas é um estágio anterior à conversão da obrigação em perdas e danos. Trata-se da obtenção da satisfação ainda que de maneira diversa da que decorreria do adimplemento voluntário da prestação. O consumidor, por exemplo, contratou festa infantil com o tema “princesas”. Dias antes da data marcada, recebe ligação do local onde a festa será realizada comunicando a impossibilidade de manter aquela temática. Diante disso, o consumidor postula perante o Estado-juiz a realização da festa, tal qual contratada. É esta a tutela específica. Na impossibilidade real de conservar o mesmo tema, a despeito das técnicas judiciais empregadas para tanto, o resultado prático equivalente será a realização de festa infantil com outro tema, diverso do contratado, que possa satisfazer o consumidor. Caso contrário, a hipótese será de conversão em perdas e danos (art. 499). O parágrafo único do art. 497 é novidade na perspectiva textual, espelhando a segura e correta orientação doutrinária capitaneada por Luiz Guilherme Marinoni. O dispositivo evidencia a irrelevância da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo nos casos em que a tutela específica é dirigida a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de ilícito, ou a sua remoção. As normas relativas ao cumprimento da decisão que tenha como conteúdo o disposto no art. 497 são as dos arts. 536 a 537. (BUENO, 2016. P. 436-437) Agora sobre Prestações de entrega de coisa: “O art. 498, de seu turno, estabelece as regras a serem observadas quando se tratar de decisão que determine a entrega de coisa: “na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação”. O parágrafo único ocupa-se com a disciplina de quem tem o direito de individuar a coisa. O autor precisará fazer a escolha na petição inicial. Se couber ao réu – e isto é questão que é resolvida na perspectiva do direito material e, se for o caso, de contrato existente entre as partes –, ele deverá entregá-la já individuada no prazo a ser fixado pelo magistrado para tanto. As normas relativas ao 31 cumprimento da decisão que tenha como conteúdo o disposto no art. 498 são as do art. 538. ” (BUENO, 2016. P. 437) 1.9.1. Conversão em perdas e danos Evidenciado acerca das prestações de fazer, não fazer e da entrega da coisa, há a possibilidade de requerer perdas e danos conforme evidenciado no art. 499 do CPC: “A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente. ” (BRASIL, 2015) Conforme a leitura do artigo é correto afirmar que a obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa só caberá conversão em perdas e danos, se o autor requerer ou se for impossível a tutela específica ou a obtenção da tutela pelo resultado prático equivalente, ademais vejamos informações importantes acerca da conversão em perdas e danos: Questão interessante é saber em que momento o autor pode formular este pedido. Sem dúvida alguma, o pedido pode ser formulado desde logo na petição inicial, nem que seja em cumulação eventual, ou seja, o autor pedirá a tutela específica (o fazer, o não fazer ou a entrega de coisa, conforme o caso); caso não seja possível, pedirá o seu resultado prático equivalente (que, em rigor, depende das peculiaridades materiais de cada uma daquelas modalidades obrigacionais e, até mesmo, do que foi ajustado entre as partes). Por fim, poderá pedir o equivalente monetário daquelas obrigações na hipótese de nem a tutela específica nem o resultado prático equivalente mostrarem-se possíveis. A hipótese, assim examinada, é de mera cumulação de pedidos, a não oferecer maiores dificuldades. Pode, contudo, o autor formular o pedido de perdas e danos na efetivação de tutela provisória concedida em seu favor ou na etapa de cumprimento de sentença, justamente quando verifica que o que lhe foi reconhecido pela sentença (a tutela jurisdicional que lhe foi reconhecida) restou frustrado: que se mostrou impossível a obtenção da tutela específica e/ou o resultado prático equivalente. Dito de outro modo: considerando que o seu direito em forma específica ou pelo resultado prático equivalente não pode ser satisfeito, cabe ao autor pedir a sua conversão em perdas e danos. Ouvida a parte contrária, o juiz decidirá. Acolhido o pedido, a efetivação da tutela provisória ou a etapa de cumprimento de sentença será reiniciada após este incidente predominantemente cognitivo, em direção à satisfação do direito convertido em dinheiro. Se houver necessidade de apuração daquele valor, as regras relativas à liquidação deverão ser empregadas (arts. 509 a 512). Se o quantum debeatur não for além de mero cálculo aritmético, o autor o apresentará 32 ao requerer o início da etapa de cumprimento de sentença com observância do art. 524. A conversão em perdas e danos disciplinada pelo art. 499 não se confunde com a cobrança de eventuais multas impostas ao réu para compeli-lo ao cumprimento da obrigação na forma específica ou, quando menos, para obtenção do resultado prático equivalente. É esta a razão de ser do art. 500, que permite verdadeira “cumulação” de cobranças: a da indenização (o resultado da conversão da tutela específica ou do resultado prático equivalente pelos motivos apanhados pelo art. 499) e da multa fixada para compelir o réu à performance específica e que, justamente por força da conversão operada com fundamento naquele dispositivo, mostrou-se inócua. Sua inocuidade, contudo, não significa que seu valor não seja exigível, no que o art. 500 é claro. O art. 537 traz disciplina mais bem acabada que a do CPC de 1973 com relação à multa, enaltecendo seu caráter coercitivo, evidenciado pelo art. 500. (BUENO, 2016. P. 438) https://images.unsplash.com/photo 33 1.9.2. Sentença e emissão de declaração de vontade Sobre a redação do art. 501 do CPC, BUENO explica: “Sempre que o pedido de tutela jurisdicional for o de emissão de declaração de vontade, a sentença de procedência transitada em julgado produzirá todos os efeitos da declaração não emitida. Trata-se de hipótese em que o caráter de substitutividade da jurisdição é irrecusável. ” (BUENO, 2016. P. 439) 2. COISA JULGADA Expressamente prevista na Constituição Federal de 88 como direito e garantia fundamental, mais precisamente no art. 5º inciso XXXVI: “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;” (BRASIL, 1988). Acompanhemos também a redação do CPC em seu artigo 502 sobre a coisa julgada: “Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. ” (BRASIL, 2015). Certamente a coisa julgada é uma forma de efetivação da segurança jurídica, visto que as decisões não poderão mais ser modificadas após o trânsito em julgado da sentença. Gonçalves (2017) explica que “a coisa julgada é tratada na Constituição Federal como um dos direitos e garantias fundamentais. O art. 5º, XXXVI, estabelece que a lei não poderá retroagir, em prejuízo dela. Essa garantia advém da necessidade de não alteração das decisões judiciais, a partir de um determinado ponto. Caso as decisões pudessem ser alteradas a qualquer momento, a segurança jurídica poderia até mesmo ser extinta. Ao poder judiciário cabe a função de solucionar os conflitos de interesse, buscando a pacificação social. Ora, se a solução pudesse ser eternamente questionada e revisada, a paz ficaria definitivamente prejudicada. A função da coisa julgada é assegurar que os efeitos decorrentes das decisões judiciais não possam mais ser modificados, se tornem definitivos. É fenômeno diretamente 34 associado a segurança jurídica, quando o conflito ou a controvérsia é definitivamente solucionado. “ Ainda sobre coisa julgada, Bueno (2016) afirma que “a coisa julgada possui expressa garantia como direito fundamental conforme previsão constitucional do inciso XXXVI do art. 5º. Na ampla perspectiva do instituto, o referido dispositivo se trata concomitantemente do “direito adquirido” e do “ato jurídico perfeito”, de técnica adotada para garantir a estabilidade de determinadas manifestações do Estado-juiz, pondo-as a salvo inclusive dos efeitos de novas leis que queiram eliminar aquelas decisões ou, quando menos, seus efeitos. Neste sentido, a coisa julgada é uma, dentre tantas, forma de garantir maior segurança jurídica aos jurisdicionados. Esta percepção, contudo, é insuficiente. ” O autor ainda aduz: A análise do direito infraconstitucional, da forma como o CPC de 2015 disciplina a coisa julgada em seus arts. 502 a 508, é indispensável, até para colocar em evidência as novidades que, naquele plano, o infraconstitucional, foram trazidas (e em harmonia com o “modelo constitucional”) ao tema. (...) A imutabilidade refere-se à impossibilidade de a coisa julgada ser desfeita ou alterada. Ao menos é esta a regra considerando que a “ação rescisória” dos arts. 966 a 975 é técnica conhecida pelo direito processual civil brasileiro para o desfazimento da coisa julgada. No contexto do art. 502, é o meio pelo qual o próprio ordenamento jurídico admite suplantar aquela imutabilidade. A indiscutibilidade relaciona-se com a impossibilidade de questionar o que já foi decidido e transitou materialmente em julgado. É o que a doutrina em geral chama de “função ou efeito negativo” da coisa julgada e que permite ao réu invocar a coisa julgada anterior em sua contestação (art. 337, VII). (...). A indiscutibilidade também significa a necessária observância do que já foi decidido por quem é alcançado pela coisa julgada (limites subjetivos) e pelo próprio Estado-juiz. Não há mal nenhum em querer nominar esta faceta do fenômeno como “função ou efeito positivo” da coisa julgada, iniciativa em geral feita pela doutrina. Há outra pertinente questão a ser enfrentada: quais decisões ficam sujeitas à coisa julgada? Parte da resposta está no próprio art. 502: as decisões de mérito, cujo referencial é, também para cá, o rol do art. 487. Note, prezado leitor, decisões e não apenas sentenças de mérito. O CPC de 2015 aceita expressamente que decisões interlocutórias sejam de mérito com aptidão para transitar em julgado e não é por razão diversa que o art. 502 refere-se ao gênero e a nenhuma decisão em espécie, diferentemente do que fazia o CPC de 1973. É o que ocorre, por exemplo, com as decisões que julgam antecipada e parcialmente o mérito (art. 356, § 3º) ou as que rejeitam liminarmente a reconvenção nos casos de improcedência liminar do pedido (art. 332) ou com fundamento em algum dos incisos do art. 487. Mas não é só. Continuo a entender, como já fazia no volume 2, tomo I, do meu Curso 35 sistematizado, que somente decisões de mérito com cognição exauriente são aptas a transitarem em julgado. Não é, bem sei, prezado leitor, o que se lê no precitado art. 502. Parece ser, contudo, o que ainda decorre do sistema processual civil. Não fosse assim e certamente o legislador não teria explicitado a hipótese do § 6º do art. 304 a respeito da estabilização da tutela provisória antecipada requerida em caráter antecedente. Por fim, resta saber quando a decisão transita em julgado. De acordo com o art. 502, está preservada a relação entre a ausência (não interposição) ou o esgotamento dos recursos cabíveis de decisões de mérito fundadas em cognição exauriente. (BUENO, 2016. P. 439-440) Gonçalves ressalta: A sentença produz numerosos efeitos. Pode condenar o réu, constituindo um título executivo; constituir ou desconstituir uma relação jurídica ou declarar algo, afastando uma incerteza que existia entre os litigantes. E, ainda, produzir efeitos secundários, já examinados. Ora, a coisa julgada não é um dos efeitos da sentença, mas uma qualidade deles: a sua imutabilidade e indiscutibilidade. Foi a partir dos estudos de Liebman que se delineou com maior clareza a distinção entre a eficácia da sentença e a imutabilidade de seus efeitos. O trânsito em julgado está associado à impossibilidade de novos recursos contra a decisão, o que faz com que ela se torne definitiva, não podendo mais ser modificada. Há casos em que ela já produz efeitos, pode ser executada, mas não há ainda o trânsito em julgado, pois eventuais recursos ainda pendentes não são dotados de eficácia suspensiva. A eficácia da decisão ou sentença não está necessariamente condicionada ao trânsito em julgado, mas à inexistência de recursos dotados de efeito suspensivo. (GONÇALVES, 2017. P.692) 2.1. Coisa julgada formal e coisa julgada material A coisa julgada formal e a material são duas formas de manifestação do mesmo fenômeno, pois a coisa julgada é uma. Gonçalves introduz o tema da seguinte forma: ”é comum que se diga que há duas espécies de coisa julgada: a formal e a material. Mas isso não é tecnicamente exato, porque ela é um fenômeno único. A material e a formal não são propriamente dois tipos, espécies de coisa julgada, mas duas formas de manifestação do mesmo fenômeno. A formal é a imutabilidade dos efeitos da sentença no próprio processo em que foi proferida; e a material, a imutabilidade dos efeitos da decisão de mérito em qualquer outro processo. “ (GONÇALVES, 2017. P.692) 36 Especificamente sobre a coisa formal: É a manifestação da coisa julgada no próprio processo em que a sentença ou o acórdão foi proferido. É fenômeno interno ao processo a impossibilidade de modificar-se a sentença ou acórdão, quando já não caibam mais recursos, seja porque foram esgotadas as possibilidades recursais, seja porque o recurso adequado não foi interposto no prazo legal. Todas as sentenças e acórdãos, em determinado momento, tornar-se-ão imutáveis, pois é limitado o estoque de recursos no ordenamento jurídico. Chegará o momento em que eles se esgotarão: todo processo há de ter um fim. Quando isso ocorrer, e não couberem mais recursos, ou porque se esgotaram, ou porque transcorreu o prazo de interposição, haverá a coisa julgada formal. Ela guarda semelhança com a preclusão, tanto que alguns a denominam “preclusão máxima”. A preclusão também consiste na impossibilidade de modificação do ato judicial, contra o qual não caibam mais recursos. A diferença é que a coisa julgada pressupõe o encerramento do processo. Nenhuma outra modificação poderá ser feita, e o que ficou decidido não será mais discutido naquele processo, que já se encerrou. Mas o aspecto formal da coisa julgada não esclarece sobre a possibilidade de repropositura de idêntica ação, porquanto se restringe ao processo em que a sentença ou acórdão foi proferido. Todos os tipos de sentença, as que resolvem o mérito e as que extinguem o processo sem examiná-lo, ficam sujeitas à coisa julgada formal, seja no âmbito da jurisdição voluntária, seja no da contenciosa. (GONÇALVES, 2017. P.693) Agora, tratando-se de coisa julgada material: A coisa julgada pode ainda manifestar-se por um outro aspecto, que a doutrina denomina coisa julgada material. Consiste não mais na impossibilidade de modificação da decisão no processo em que foi proferida, mas na projeção externa dos seus efeitos, que impede que a mesma questão, já decidida em caráter definitivo, volte a ser discutida em outro processo. É, sobretudo, essa manifestação da coisa julgada que se presta a trazer segurança jurídica aos litigantes, aos quais não basta apenas que o processo se encerre, mas que a questão litigiosa seja definitivamente dirimida, não podendo mais ser discutida, em nenhum outro processo, assegurada a pacificação do conflito. De outro modo, a todo o momento os litigantes poderiam tornar à questão, e as decisões judiciais pouco valor teriam. A vedação a que se rediscuta o objeto litigioso exige que tenha havido decisão judicial a respeito da pretensão posta em juízo, pois, se o juiz extinguiu o processo sem resolução de mérito, a renovação da demanda não implicará rediscussão do que foi decidido, mas nova tentativa de obter do Judiciário um exame do pedido. A coisa julgada material pressupõe decisão de mérito, que aprecie a pretensão posta em juízo, favorável ou desfavoravelmente ao autor. O exame do mérito pode ser feito na sentença, mas também em decisão interlocutória, por meio da qual o juiz promova o julgamento antecipado parcial de mérito. Ambas terão força de coisa julgada material,