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POS - A´PSTOILA SENTENÇA-E-COISA-JULGADA

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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3 
1. SENTENÇA ........................................................................................... 4 
1.1. Sentença no Processo de conhecimento .............................................. 5 
1.1.1. Sentença terminativa ............................................................................. 5 
1.1.2. Sentenças definitivas ou de mérito ...................................................... 14 
1.1.3. Preponderância do mérito ................................................................... 16 
1.2. Elementos da sentença ....................................................................... 16 
1.3. Sentença liquida .................................................................................. 22 
1.4. Vícios da sentença .............................................................................. 22 
1.5. Fatos supervenientes .......................................................................... 24 
1.6. Publicação da sentença e alteração posterior ..................................... 25 
1.7. Hipoteca judiciária ............................................................................... 26 
1.8. Remessa necessária ........................................................................... 27 
1.8.1. Duplo grau obrigatório e exceções à regra .......................................... 28 
1.9. Julgamento de ações de prestação de fazer e não fazer e de entregar 
coisa...... .............................................................................................. 29 
1.9.1. Conversão em perdas e danos ............................................................ 31 
1.9.2. Sentença e emissão de declaração de vontade .................................. 33 
2. COISA JULGADA ............................................................................... 33 
2.1. Coisa julgada formal e coisa julgada material ..................................... 35 
2.2. Limites objetivos da coisa julgada ....................................................... 37 
2.2.1. O fim da ação declaratória incidental e a resolução da questão 
prejudicial..... ....................................................................................... 40 
 
 
 
 
2.2.2. O que não está sujeito aos efeitos da coisa julgada ............................ 42 
2.2.3. Exceções ao efeito da coisa julgada .................................................... 42 
2.3. Limite subjetivo da coisa julgada ......................................................... 43 
2.4. Preclusão ............................................................................................. 45 
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 47 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Prezado aluno, 
 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao 
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o 
tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos 
ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não 
hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de 
atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso 
da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
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1. SENTENÇA 
 
De acordo com o art. 203, § 1º, do CPC, “Ressalvadas as disposições 
expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio 
do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do 
procedimento comum, bem como extingue a execução”. Classificando assim 
como na fase de conhecimento põe fim e na execução extingue a relação jurídica 
processual. Resolvendo assim duas questões doutrinárias, a primeira segundo 
Gonçalves (2017): Ainda na vigência do CPC de 1973, mesmo com as reformas 
apresentadas pela Lei n. 11.232/2005, a sentença passou a ser definida 
exclusivamente pelo seu conteúdo, grande maioria da doutrina continuava 
entendendo que um pronunciamento judicial só poderia ser qualificado como tal 
se encerrasse o processo ou a fase de conhecimento. 
O CPC atual valeu-se da conjugação dos dois critérios para definir a 
sentença, constitui sentença o pronunciamento judicial que se identifica: 
a) por seu conteúdo, que deve estar em consonância com o disposto nos 
arts. 485 e 487 do CPC; 
b) por sua aptidão ou de pôr fim ao processo, nos casos de extinção sem 
resolução de mérito ou em que não há necessidade de execução ou ainda nos 
processos de execução por título extrajudicial; ou à fase cognitiva, nos casos de 
sentença condenatória, que exige subsequente execução. 
Já a segunda questão resolvida trata da modificação da Lei n. 
11.232/2005 sobre o sistema originário, ao estabelecer que o processo, desde a 
apresentação da petição inicial até a satisfação do credor, era um só. Devido 
essa nova Deixou de haver um processo autônomo e independente de execução 
de sentença condenatória. 
Anteriormente se constituía o processo de conhecimento e o posterior 
de execução, agora foi substituído por um único processo, com fases distintas, 
nas quais se pode identificar a cognitiva e a executiva, conhecido pela doutrina 
de “processo sincrético”, por conter em seu bojo fases processuais de natureza 
distinta. Com isso, o réu passou a ser citado uma vez só. “ 
 
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1.1. Sentença no Processo de conhecimento 
 
O processo de conhecimento é a fase para produção de provas, a fase 
a qual os fatos são levados ao juiz competente com a finalidade de que o juiz 
aplique a sentença positivando o direito ao caso. No processo de conhecimento 
as decisões podem ser classificadas como terminativas ou definitivas. 
 
1.1.1. Sentença terminativa 
 
São conhecidas como terminativas as decisões que põe fim a fase de 
conhecimento sem resolução do mérito conforme seguem previstas no art. 485 
do código de processo civil: 
 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: 
I - indeferir a petição inicial; 
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência 
das partes; 
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor 
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; 
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de 
desenvolvimento válido e regular do processo; 
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de 
coisa julgada; 
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; 
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou 
quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; 
VIII - homologar a desistência da ação; 
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível 
por disposição legal; e 
X - nos demais casos prescritos neste Código. 
§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada 
pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias. 
§ 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes pagarão 
proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será 
condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de 
advogado. 
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, 
VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer 
o trânsito em julgado. 
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento 
do réu, desistir
da ação. 
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença. 
 
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§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da 
causa pelo autor depende de requerimento do réu. 
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os 
incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. (BRASIL, 
2015) 
 
A sentença terminativa não impede que se proponha nova ação (exceto 
em alguns casos previstos no art. 486, visto que a decisão não alcançou a 
resolução da matéria discutida devido algum vício processual. Na observação de 
algum vício processual, para que o juiz extinga o processo sem resolução do 
mérito, ele deverá primeiro oferecer a parte que corrija o vício, conforme o Art. 
317 DO CPC. “Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá 
conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício. ” (BRASIL. 
2015). Conforme já citamos o art. 485 e que neles estão previstos os casos para 
que o juiz ponha fim ao processo sem resolução do mérito, vejamos breves 
comentários explicativos acerca dos casos previstos: 
 
Indeferimento da petição inicial (inc. I): 
 
Gonçalves (2017) comenta sobre o indeferimento da petição inicial: 
“Esse item remete ao art. 330 do código de processo civil, que prevê em sua 
redação uma lista de causas de indeferimento. Todas elas implicarão a extinção 
do processo sem resolução de mérito e podem ser reconhecidas pelo juiz de 
ofício, antes que o réu tenha sido citado. 
O indeferimento da inicial pressupõe que o juiz nem sequer tenha 
determinado a citação do réu. Quando a extinção do processo ocorrer mais 
tarde, depois da citação, em razão de qualquer outra das causas previstas no 
art. 485, não haverá propriamente indeferimento da inicial. Também não pode 
ser considerada como tal a sentença de improcedência de plano, proferida na 
forma do art. 332 do CPC, já que ela extingue o processo com resolução de 
mérito. “ 
 
Paralisação do processo por mais de um ano por negligência das partes 
(inc. II): 
 
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“O processo para ser extinto nessa hipótese, é indispensável a 
determinação judicial de intimação pessoal da parte para que dê andamento ao 
feito, em cinco dias. Somente depois de transcorrido o prazo sem a devida 
manifestação, poderá ocorrer a extinção. Essa hipótese é relativamente rara, 
uma vez que, de acordo com o inciso III, se o autor abandonar a causa por mais 
de trinta dias, e, intimado pessoalmente, não praticar o ato ou a diligência que 
lhe cabe, o juiz já poderá dar o processo por extinto. Mas isso exige prévio 
requerimento do réu, nos termos da Súmula 240, do Superior Tribunal de Justiça. 
Pode ocorrer que o autor abandone o processo, mas o réu não requeira 
a extinção. O processo ficará paralisado, porque o juiz não poderá extingui-lo de 
ofício. Ultrapassado um ano, a extinção poderá ser decretada, mesmo que o réu 
não a requeira. “ (GONÇALVES, 2017). 
 
Abandono da causa, pelo autor, por mais de trinta dias (inc III.): 
 
Seguindo a doutrina de Gonçalves (2017) sobre o inciso III que trata do 
abandono da causa, pelo autor, por mais de trinta dias, “é indispensável a prévia 
intimação pessoal do autor para que, em cinco dias, dê andamento ao feito, sob 
pena de extinção. Mesmo nos casos de permanência inerte do autor, a extinção 
pelo juiz só estará autorizada mediante solicitação do réu. 
É o que dispõe a Súmula 240 do STJ: “A extinção do processo, por 
abandono de causa pelo autor, depende de requerimento do réu”. A razão dessa 
súmula é vedar a permissão ao autor de obter a extinção do processo porque 
não o quer mais, sem que haja o consentimento do réu. 
A desistência para que ocorra nos autos após a manifestação do réu 
citado, é necessário o consentimento do réu. Ora, o autor a quem não mais 
interesse o andamento do processo poderia, em vez de desistir, abandoná-lo, o 
que levaria à extinção do processo sem que o réu consentisse. 
Mediante isso, coube ao o STJ, por meio da súmula, exigir prévio 
requerimento do réu para a extinção. Se o réu ainda não tiver apresentado 
resposta, desnecessário o seu requerimento para a extinção do processo, pelo 
 
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juiz. A intimação do autor deve ser pessoal, por carta, mandado ou edital, se ele 
estiver desaparecido. ” 
 
Ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido do 
processo (inc. IV): 
 
Gonçalves (2017) aduz que “a redação do inciso IV do artigo 485 do 
código de processo civil trata dos pressupostos processuais de validade, aos 
quais caberia a possibilidade de acrescentar os de eficácia. São matérias que 
podem ser conhecidas de ofício. A falta de qualquer deles deverá ser sanada, 
quando possível. Por exemplo, se falta a uma das partes capacidade processual 
ou postulatória, o juiz fixará prazo para regularização. Não sanado o vício, 
extinguirá o processo sem resolução de mérito. “ A doutrina ainda aduz: 
 
Nem sempre a falta de pressuposto processual gerará a extinção. Há 
situações em que provocará a nulidade dos atos processuais já 
realizados e a necessidade de repeti-los, mas não a extinção. Por 
exemplo, caso se constate que o juízo é incompetente ou o juiz 
impedido, os autos serão remetidos para o competente e imparcial, 
que, se necessário, determinará a repetição dos atos. Mas não a 
extinção do processo. Em regra, os pressupostos processuais cuja 
falta enseja a extinção do processo são os relacionados às partes, 
sobretudo ao autor, a quem interessa o prosseguimento. 
(GONÇALVES, 2017. P. 511). 
 
Quando houver perempção, litispendência ou coisa julgada (inc. V): 
 
São os pressupostos processuais negativos, que devem ser 
examinados de ofício pelo juiz. A litispendência e a coisa julgada têm 
em comum a existência de outra ação idêntica (com os mesmos três 
elementos): na primeira, tal ação ainda está em andamento e, na 
segunda, já foi definitivamente julgada. A perempção é a perda do 
direito de ação, imposta a quem, por três vezes anteriores, deu causa 
à extinção do processo por abandono. O CPC, art. 486, autoriza àquele 
cujo processo foi extinto sem resolução de mérito a repropositura da 
mesma ação. Mas, para isso, o vício que ensejou a primeira extinção 
deve ter sido sanado (§ 1º). No caso da litispendência, somente com a 
prova de que ela deixou de existir será admitida a nova ação. No caso 
da perempção e da coisa julgada, o vício será permanente, o que 
obstará a repropositura, excetuado, quanto a esta última, a 
possibilidade de que tenha sido desconstituída por ação rescisória ou 
ação declaratória de ineficácia. (GONÇALVES, 2017. P. 511-512). 
 
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Quando houver ausência de legitimidade ou de interesse processual 
(Inc. VI): 
 
“O acolhimento da teoria abstratista eclética traduz ação como direito a 
uma resposta de mérito. Mas condicionado: o juiz só emitirá o provimento de 
mérito se preenchidas as condições da ação, o que ele deve examinar de ofício. 
Antes do mérito, ele verificará duas ordens de questões preliminares: os 
pressupostos processuais e as condições de ação. A sua falta pode levar à 
extinção do processo. ” (GONÇALVES, 2017. P. 512). 
 
Quando acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem 
ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência (Inc. VII): 
 
“Vem prevista no art. 1º da Lei n. 9.307/96, que autoriza as pessoas 
capazes a convencionar a arbitragem para dirimir conflitos relacionados a 
interesses patrimoniais disponíveis. A convenção de arbitragem é também um 
pressuposto processual negativo, porque impede às partes o acesso ao 
Judiciário, diante do que foi convencionado. Da existência de convenção de 
arbitragem, o juízo não poderá conhecer de ofício. “ (GONÇALVES, 2017. P. 
512). 
 
Quando houver desistência da ação (Inc. VIII): 
 
O autor pode desistir da ação proposta. Ao fazê-lo, estará postulando 
a extinção do processo, sem exame do mérito. Não se confunde com 
a renúncia, em que
o autor abre mão do direito material discutido, e o 
juiz extingue o processo com julgamento de mérito. A desistência pode 
ser requerida e homologada até a prolação de sentença em primeira 
instância. Depois, não mais, como decidiu o Supremo Tribunal Federal 
no RE 163.976-1/MG, DJU 16/04/1996. Se ela for manifestada depois 
de oferecida contestação, a sua homologação dependerá da anuência 
do réu, conforme art. 485, § 4º. Se o réu não a ofereceu, tornando-se 
revel, desnecessário o consentimento. O consentimento do réu se 
justifica porque, depois da resposta, ele pode querer que o juiz examine 
as suas razões e profira sentença de mérito, com o que a decisão 
tornar-se-á definitiva, vedada a reiteração, que não seria obstada pela 
simples desistência. Mas o réu, ao manifestar eventual discordância, 
 
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deverá fundamentá-la, expondo as suas razões. Se apenas silenciar, 
ou manifestar discordância sem nenhum fundamento, ou com algum 
que não seja razoável, o juiz homologará a desistência. Havendo 
litisconsórcio passivo, a desistência dependerá da anuência de todos 
os que tiverem apresentado contestação. Se houver desistência em 
relação a apenas um dos réus, só este precisará consentir, desde que 
já tenha respondido. Nesse caso, a desistência repercutirá sobre o 
prazo de resposta do corréu, conforme CPC, art. 335, § 2º. Quando há 
mais de um réu, o prazo de contestação para todos eles só flui do 
instante em que todos estiverem citados (CPC, art. 231, § 1º). Pode 
ocorrer que um tenha sido citado, e esteja aguardando a citação dos 
demais, para que seu prazo de resposta possa fluir. Se o autor desistir 
da ação em relação aos demais, o citado deverá ser intimado para que 
o seu prazo corra. Há uma hipótese legal em que a desistência da 
ação, mesmo depois da contestação, independe da anuência do réu. 
Trata-se daquela prevista no art. 1.040, § 1º, do CPC, quando a ação, 
em curso no primeiro grau de jurisdição, versar sobre questão jurídica 
afetada para o julgamento de recurso repetitivo. Se o autor propuser 
uma ação versando sobre determinada questão, idêntica àquela que é 
objeto do recurso paradigma, resolvida a questão em sentido contrário 
ao proposto pelo interessado, poderá ele desistir da ação, agora 
fadada ao insucesso, independentemente de consentimento do réu. 
Caso a desistência ocorra antes da contestação, o autor ficará isento 
de custas e honorários de sucumbência. Caso ocorra depois, eles 
serão devidos. (GONÇALVES, 2017. P. 513). 
 
Quando houver morte da parte, nos casos que a ação for considerada 
intransmissível (inc. IV): 
 
“Existem ações de caráter personalíssimo, que não podem ser 
transmitidas aos herdeiros ou sucessores da parte, em caso de falecimento. As 
ações de separação judicial e divórcio são exemplos: com o falecimento de 
qualquer dos cônjuges, o processo será extinto, sem resolução de mérito, de 
ofício pelo juiz. Outro é a interdição, quando ocorre o falecimento do interditando. 
“ (GONÇALVES, 2017. P. 513). 
 
Nos demais casos previstos no CPC (Inc X): 
 
“A lei pode prever outras hipóteses de extinção sem resolução de mérito. 
São exemplos: a inércia do autor em promover a citação de litisconsorte 
necessário, ou em promover a substituição do seu representante legal ou do seu 
advogado, em caso de falecimento. “ (GONÇALVES, 2017. P. 514). 
 
 
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1.1.1.1. Juízo de retratação nas sentenças terminativas 
 
Novidade no CPC de 2015 as apelações interpostas das sentenças 
terminativas, está no § 7º do art. 485: “interposta a apelação em qualquer dos 
casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-
se”. (BRASIL, 2015). Trata-se do reconhecimento do efeito regressivo à 
apelação, podendo o juiz analisando a apelação, redecidir. Não é possível a 
retratação de ofício, cabendo somente mediante apelação da parte. No entanto 
o legislador não se preocupou em informar se caberia retratação antes da oferta 
das contrarrazões, a doutrina entende que não: 
“Não está claro no dispositivo, diferentemente do que se dá nos casos 
do art. 331 e do § 4º do art. 334, se o juízo de retratação dá-se antes ou depois 
de oportunizada à parte contrária a oferta de contrarrazões. O melhor 
entendimento, forte no princípio constitucional do contraditório e na 
compreensão de processo cooperativo, é de o magistrado permitir a prévia 
apresentação das contrarrazões. A única exceção é do inciso I do art. 485 
quando a rejeição da petição inicial for liminar, caso em que prevalece a 
disciplina específica do art. 331. “ (BUENO, 2016. P.425) 
Bueno também explica como funciona o juízo de retratação: 
 
Com as contrarrazões ou, pelo menos, depois de a parte ser intimada 
para apresentá-las, o magistrado terá cinco dias para se retratar. Se 
voltar atrás, o processo prosseguirá em direção ao proferimento de 
sentença de mérito, salvo se ocorrer ou surgir algum outro fato que 
impeça seu exame, justificando o proferimento de outra sentença com 
fundamento no art. 485. Na hipótese de a sentença ser mantida, os 
autos serão encaminhados ao Tribunal para julgamento do apelo (art. 
1.010, § 3º). Questão interessante é saber se, a propósito deste § 7º, 
o magistrado pode determinar o saneamento do vício que justificou o 
proferimento da sentença terminativa. A resposta mais apropriada com 
o sistema do CPC de 2015 é a positiva. Não só por causa do dever-
poder geral de saneamento previsto no inciso IX do art. 139, mas 
também por causa da possibilidade da postulação ser reproduzida, 
ainda que com a devida sanação dos vícios, nos moldes do § 1º do art. 
486. Admitir, destarte, que o processo seja reaberto e prossiga de 
maneira devida, doravante, otimiza, em todos os sentidos, a prestação 
jurisdicional. É entendimento que se harmoniza com a eficiência 
processual querida desde o “modelo constitucional do direito 
processual civil” e enfatizada no art. 4º do CPC de 2015. (BUENO, 
2016. P.425) 
 
 
12 
 
1.1.1.2. Possibilidade de repropor a ação extinta sem resolução do mérito 
 
Conforme já introduzido acerca da sentença terminativa não impede que 
se proponha nova ação, exceto em alguns casos previstos no art. 486: 
 
Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta 
a que a parte proponha de novo a ação. 
§ 1º No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos 
dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação 
depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução do 
mérito. 
§ 2º A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do 
pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado. 
§ 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em 
abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o 
mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de 
alegar em defesa o seu direito. (BRASIL, 2015.) 
 
 
https://images.unsplash.com/photo-1450101499163 
 
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Dando seguimento a interpretação do art. 486 BUENO (2016) 
complementa: 
“O § 1º do art. 486 evidencia que a nova demanda pressupõe a “correção 
do vício que levou à extinção do processo sem resolução de mérito”, isso 
ocorrerá nas ações que houverem litispendência, rejeição da petição inicial, falta 
de pressupostos processuais de existência e/ou de validade, ilegitimidade ou 
falta de interesse processual e existência de convenção de arbitragem ou 
quando o juízo arbitral reconhecer a sua competência. 
Se faz importante a ressalva que a correção do “vício” em relação à 
ilegitimidade ou à falta de interesse terá grande probabilidade de conduzir à 
alteração da demanda inicial, o que basta para viabilizar a sua propositura, a 
despeito da permissão do § 1º do art. 486. 
Quando não houver a correção do vício, como se procederá, por 
exemplo, quando a dívida ainda não vencida vencer-se, conforme a observância 
do dispositivo do § 1º, ele parece supor que o novo fato seja alegado e justificado
na petição inicial, até como forma de evitar qualquer defeito de litigância de má-
fé. 
O § 2º do art. 486 estabelece que a petição inicial não será 
“despachada”, isto é, não se proferirá juízo de admissibilidade nela sem a prova 
do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado devidos 
pelo processo anterior. É regra que, trazendo à lembrança o art. 92, atrita com o 
inciso XXXV do art. 5º da CF. 
O § 3º do art. 486, ocupa-se com a perempção, instituto que também 
merece ser descartado diante do “modelo constitucional”. É importante também 
tratar que o § 3º do art. 486 veda que o autor requeira, ao Estado-juiz, pela quarta 
vez, aquela mesma tutela jurisdicional em face do réu, ainda que resguarde a 
ele a possibilidade de alegar seu direito em defesa. “ Segue o autor acerca da 
perempção: 
“A perempção é pressuposto processual negativo que, se presente, inibe 
a formação e o desenvolvimento válido do processo. É a hipótese de o autor ter 
formulado o mesmo pedido, com base na mesma causa de pedir em face do réu 
 
14 
 
três vezes anteriores e ter dado ensejo à extinção do processo sem resolução 
de mérito por abandono de causa em cada uma delas. ” (BUENO, 2016. P. 426) 
 
1.1.2. Sentenças definitivas ou de mérito 
 
 Denominadas sentenças definitivas de mérito, são aquelas que põe fim 
ao processo e resolvem a relação jurídica material conforme a redação do art. 
487 do CPC: 
 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; 
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de 
decadência ou prescrição; 
III - homologar: 
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou 
na reconvenção; 
b) a transação; 
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. 
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332 , a 
prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja 
dada às partes oportunidade de manifestar-se.(BRASIL, 2015.) 
 
Seguindo o padrão de ensino acerca do item 1.1.1 também seguem 
alguns comentários explicativos sobre os casos que o magistrado decidirá o 
litígio com resolução do mérito: 
Quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor da ação ou 
reconvenção (Inc. I): “É a sentença de mérito por excelência; o juiz, depois de 
examinar as questões preliminares, relacionadas aos pressupostos processuais 
e às condições de ação, julgará o pedido. ” (GONÇALVES. 2017. P. 517) 
Quando o juiz pronunciar, de ofício ou a requerimento, a decadência ou 
a prescrição (Inc. II): “Ambas podem ser reconhecidas de ofício, e causam o 
indeferimento da inicial, se o juiz as detecta de início. 
Se não reconhecidas desde logo, podem ser pronunciadas a qualquer 
tempo, salvo em recursos especial e extraordinário, que pressupõem 
prequestionamento. Mas antes de pronunciá-las, deve o juiz cumprir o 
determinado no art. 10 do CPC. Cumpre ao Direito Civil estabelecer a distinção 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art332%C2%A71
 
15 
 
entre prescrição e decadência, e quais os prazos de uma e outra. ” 
(GONÇALVES. 2017. P. 517) 
Quando o juiz homologar (inc. III) nesse caso são três hipóteses, sendo 
elas: Quando o juiz homologar reconhecimento da procedência do pedido 
formulado na ação ou reconvenção: “Pressupõe que o direito discutido no 
processo seja disponível, e que o réu tenha poderes para fazê-lo. 
O juiz acolherá o pedido, proferindo sentença definitiva, já que o 
reconhecimento versará não sobre matéria processual, mas sobre o direito 
substancial discutido. “ (GONÇALVES. 2017. P. 517) 
Quando o juiz homologar transação: 
 
A transação também pressupõe direitos e interesses disponíveis. É 
negócio jurídico civil, bilateral, em que as partes, por concessões 
recíprocas, acordam sobre a questão discutida. Vale desde que haja 
acordo de vontade entre elas, e pressupõe o preenchimento dos 
requisitos gerais dos negócios jurídicos: partes capazes, objeto lícito e 
forma prescrita ou não defesa em lei. A força obrigatória da transação 
não depende da homologação judicial, mas da manifestação bilateral 
de vontades. A homologação servirá apenas para encerrar o processo. 
Por isso, mesmo que o acordo não esteja homologado, aqueles que o 
firmaram não podem voltar atrás unilateralmente. Pode haver um 
distrato, um novo acordo de vontades que altere ou extinga o anterior. 
Caso a transação imponha obrigação a um dos contratantes, não 
cumprida voluntariamente, dar-se-á início à fase de execução: a 
sentença homologatória não terá posto fim ao processo, mas tão 
somente à fase de cognição, sucedida pela de execução. A transação 
pode ser celebrada em qualquer fase do processo, mesmo depois da 
sentença, ainda que tenha transitado em julgado, ou já na fase de 
execução. Não haverá ofensa à coisa julgada material, porque a 
sentença regulava uma situação de conflito. Desde que verse sobre 
direito disponível, as partes, de comum acordo, podem regular a 
situação de outra maneira, por meio da transação. Se a transação for 
parcial, o processo prosseguirá quanto ao restante. O objeto da 
transação pode ultrapassar o objeto litigioso: o art. 515, II, do CPC, 
considera título executivo judicial a sentença homologatória de 
autocomposição judicial, sem nenhuma ressalva quanto ao seu objeto. 
(GONÇALVES. 2017. P. 518) 
 
Quando o juiz homologar a renúncia à pretensão formulada na ação ou 
reconvenção: “A situação assemelha-se à do reconhecimento jurídico do 
pedido, com a diferença de que a renúncia é do autor. Também atinge o direito 
material, e pressupõe que ele seja disponível. ” (GONÇALVES. 2017. P. 518) 
 
 
16 
 
1.1.3. Preponderância do mérito 
 
O que se te em discussão aqui é a redação do art. 486: “Desde que 
possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a 
quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485. ” (BRASIL, 
2015). Observa-se a inovação do CPC, vemos que aqui há uma preocupação do 
legislador em sempre buscar a resolução do mérito, visto que a não solução do 
mérito por vezes acaba apenas prorrogando a solução do litígio. Vejamos a 
explicação acerca da redação do presente artigo feita por AUGUSTO: 
“Isso significa, na prática, o seguinte: se o juiz deparar com uma situação 
que autorize a extinção do feito sem resolução do mérito em favor do réu, como 
o indeferimento da petição inicial por inépcia, por exemplo, mas for possível o 
juiz julgar, pelo mérito, a improcedência do pedido, deve preferir – porque 
preponderante – essa última solução. ” (AUGUSTO, 2018. P. 283) 
GONÇALVES complementa: 
 
O art. 488 do CPC, valendo-se do princípio da instrumentalidade das 
formas, estabelece que “Desde que possível, o juiz resolverá o mérito 
sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria 
eventual pronunciamento nos termos do art. 485”. Se o juiz teria de 
acolher uma preliminar arguida pelo réu na contestação, daquelas 
enumeradas no art. 337, que levam à extinção sem resolução de 
mérito, mas percebe que, não fosse a preliminar, seria possível julgar 
o mérito, pois já há nos autos todos os elementos para tanto, e a 
sentença seria de improcedência (portanto, uma sentença favorável ao 
réu, a quem aproveitaria o acolhimento da preliminar), o juiz prolatará 
a sentença de mérito. Afinal, se ele já sabe que o pedido não pode ser 
acolhido, melhor que já profira sentença definitiva, que examine a 
questão de fundo. (GONÇALVES, 2017. P. 678-679) 
 
1.2. Elementos da sentença 
 
Toda e qualquer sentença, seja ela com ou sem resolução de mérito 
deve trazer elementos essenciais a ela, esses elementos estão positivados na 
redação do art. 489 do CPC: 
 
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: 
 
17 
 
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, 
com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais
ocorrências havidas no andamento do processo; 
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de 
direito; 
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as 
partes lhe submeterem. 
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela 
interlocutória, sentença ou acórdão, que: 
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, 
sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; 
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo 
concreto de sua incidência no caso; 
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra 
decisão; 
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo 
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem 
identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o 
caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou 
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de 
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. 
§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e 
os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que 
autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que 
fundamentam a conclusão. 
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de 
todos os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-
fé. (BRASIL, 2015) 
 
O primeiro requisito essencial é o relatório (Inc. I): “Antes de passar à 
exposição dos fundamentos e à decisão propriamente dita, o juiz fará um 
relatório, que deverá conter os nomes das partes, a identificação do caso, com 
a suma do pedido e da contestação, bem como o registro das principais 
ocorrências havidas no andamento do processo. 
Trata-se de exigência que visa assegurar que ele tenha tomado 
conhecimento do que há de relevante para o julgamento, garantia do devido 
processo legal, que deverá ser observada sob pena de nulidade. ” 
(GONÇALVES, 2017. P. 675) 
O segundo requisito é o fundamento (inc II): “A sentença deverá ser 
fundamentada, conforme mandamento constitucional previsto no artigo 93, IX, 
da Constituição Federal. 
 
18 
 
O juiz deve apresentar as razões pelas quais acolhe ou rejeita o pedido 
formulado na petição inicial, apreciando os seus fundamentos de fato e de direito 
(causas de pedir) e os da defesa. 
O que foi decidido como motivação não faz coisa julgada material e pode 
ser rediscutido em outros processos. 
A falta de fundamentação, no entanto, causa nulidade da sentença, 
cabendo ao juiz pronunciar-se sobre todas as questões essenciais que possam 
repercutir sobre o resultado, sob pena de ser citra petita. ” (GONÇALVES, 2017) 
Ainda acerca dos fundamentos há uma série de incisos no §1º do art. 
489 que definem quando ela não será considerada fundamentada, trazendo 
assim regras do que o juiz não poderá se utilizar para fundamentar a sentença 
Gonçalves (2017) os enumera e comenta: 
1) a decisão que se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de 
ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida: É 
necessário que o juiz, para que proceda a aplicação da lei ou ato normativo no 
caso concreto, esclareça a relação das normas aplicadas com o caso. 
Ao proferir a sentença, o juiz se utiliza do desenvolvimento de um 
raciocínio silogístico, visto que parte de uma premissa maior - tratando-se do 
disposto no ordenamento jurídico - para uma premissa menor – o que se refere 
ao caso concreto - para que se obtenha uma conclusão. É preciso que a 
sentença indique com clareza em que medida aquela norma invocada pode 
funcionar como premissa maior, aplicável ao caso concreto sub judice. 
2) a decisão que empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem 
explicar o motivo concreto de sua incidência no caso: Possui grande semelhança 
com o apresentado na situação anterior. 
É preciso clareza às pessoas que lerão a sentença, a decisão ou a razão 
pela qual determinado conceito jurídico foi invocado e de que forma se aplica ao 
caso concreto. 
3) a decisão que invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer 
outra decisão: Um caso concreto ao ser submetido a jurisdição do juiz é 
examinado, porém não pode ser considerada como fundamentada uma decisão 
 
19 
 
que segue modelos padrões genéricos que possam ser aplicados de forma geral, 
não somente para aquela situação concreta, mas de forma geral. 
É preciso que o juiz fundamente sua decisão de forma exclusiva para o 
caso em que ela foi proferida. Fórmulas genéricas do tipo “foram preenchidos os 
requisitos”, sem a indicação concreta das razões pelas quais o juiz assim o 
considera, não são admissíveis. 
4) A decisão que não enfrentar todos os argumentos deduzidos no 
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador: 
Nesse caso, não há necessidade de sempre que o juiz proferir uma sentença se 
pronunciar sobre todas as causas de pedir e fundamentos de defesa, pois se 
ficar desde logo demonstrada que uma das causas de pedir constitui por si só 
elemento suficiente para o acolhimento do pedido, o juiz proferirá sentença de 
procedência, sem precisar examinar as demais. 
 
Por exemplo: se alguém postula a anulação de contrato porque firmado 
por incapaz sem assistência, e porque foi coagido a assiná-lo, haverá 
um só pedido, mas duas causas de pedir, cada qual suficiente, por si 
só, para o acolhimento do pedido. Se uma ficar demonstrada desde 
logo, o juiz poderá julgar, sem examinar as demais; o mesmo em 
relação aos fundamentos da defesa: se um só ficar provado, e for 
suficiente para levar à improcedência do pedido, o juiz poderá 
sentenciar, afastando a pretensão inicial, sem examinar os demais. O 
que não é possível é o juiz rejeitar a pretensão do autor, sem examinar 
todos os fundamentos de fato e de direito por ele invocados; ou 
acolher, sem examinar todos os fundamentos da defesa. 
(GONÇALVES, 2017. P. 676-677) 
 
5) a decisão que se limitar a invocar precedente ou enunciado de 
súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o 
caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos: O juiz ao aplicar 
determinado ato normativo, tem como dever esclarecer o cabimento daquela 
aplicação ao caso concreto, não pode ocorrer de forma diferente quando o juiz 
invoca precedente ou enunciado de súmula. É preciso que o julgador explique 
ao leitor por que o precedente ou a súmula podem ser aplicados naquele caso 
concreto que ele está julgando. 
 
 
20 
 
A respeito dessa hipótese, o Enunciado 11 da ENFAM dispõe: “Os 
precedentes a que se referem os incisos V e VI do § 1º do art. 489 do 
CPC/2015 são apenas os mencionados no art. 927 e no inciso IV do 
art. 932”. E o Enunciado 9 estabelece: “É ônus da parte, para os fins 
do disposto no art. 489, § 1º, V e VI do CPC/2015, identificar os 
fundamentos determinantes ou demonstrar a existência de distinção no 
caso em julgamento ou a superação do entendimento, sempre que 
invocar jurisprudência, precedente ou enunciado de súmula”. 
(GONÇALVES. 2017. P. 677) 
 
6) a decisão que deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência 
ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no 
caso em julgamento ou a superação do entendimento: essa hipótese pressupõe 
que uma das partes invoque súmula, jurisprudência ou precedente e que o juiz 
não os aplique. 
Ele deve justificar a razão de não os aplicar, demonstrando que não se 
ajustam ao caso concreto que está decidindo. Mas a redação do dispositivo 
merece crítica, já que o juiz pode deixar de acolher jurisprudência ou precedente 
invocado pela parte, por discordar da solução adotada, a menos que se trate de 
precedente vinculante. 
Só nesse caso é que o juiz, para deixar de aplicá-lo, terá
de demonstrar 
a distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. “ 
Por fim o terceiro requisito é o Dispositivo (Inc. III): 
 
É a parte final da sentença, em que o juiz decide se acolhe, rejeita 
o pedido ou se extingue o processo, sem examiná-lo. É a 
conclusão do silogismo judicial, em que se examina se a pretensão 
formulada pelo autor na petição inicial pode ou não ser apreciada e, 
em caso afirmativo, se pode ou não ser acolhida. Todos os pedidos 
formulados na petição inicial (e na contestação, nos casos de ação 
dúplice ou na reconvenção) devem ser examinados pelo juiz, sob pena 
de a sentença ser citra petita. Se houver mais de uma ação, embora 
único o processo, a sentença, também única, deverá examinar todas 
as pretensões formuladas. É o que ocorrerá havendo reconvenção 
e denunciação da lide, por exemplo. Em contrapartida, o juiz não 
pode examinar pretensões não formuladas. Ao promover o julgamento, 
deve ficar adstrito à ação que foi proposta, observando as partes, 
as causas de pedir e os pedidos, elementos identificadores da ação. 
Sob pena de a sentença ser extra ou ultra petita, não pode conceder 
pretensões em relação a pessoas que não foram parte; nem 
fundamentar a sua pretensão em causas de pedir não formuladas ou 
conceder algo diferente ou a mais do que foi postulado. Além disso, é 
preciso que haja coerência entre o dispositivo e a fundamentação. 
Somente o dispositivo da sentença de mérito se revestirá da 
autoridade da coisa julgada material. O art. 491 do CPC estabelece 
 
21 
 
que nas ações relativas à obrigação por quantia, ainda que o pedido 
formulado seja genérico, o juiz definirá desde logo a extensão da 
obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo 
inicial de ambos e a periodicidade da capitalização de juros, se for o 
caso, salvo se não for possível determinar de modo definitivo o 
montante devido ou se a apuração do valor devido depender da 
produção de prova de realização demorada ou excessivamente 
dispendiosa, assim reconhecida na sentença. A Súmula 318 do 
Superior Tribunal de Justiça estabelece: “Formulado pedido certo e 
determinado, somente o autor tem interesse recursal em arguir o vício 
da sentença ilíquida”. Diante do que dispõe o art. 503, § 1º, do CPC, 
também será decidida no dispositivo da sentença a questão prejudicial, 
apreciada incidentemente, desde que preenchidos os requisitos do art. 
503, § 1º, incisos I, II e III, do CPC. Essa decisão terá força de coisa 
julgada material. (GONÇALVES, grifo do autor. 2017. P. 677-678) 
 
 
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22 
 
 
1.3. Sentença liquida 
 
Sentença líquida é aquela que já traz o valor da condenação, AUGUSTO 
nos traz uma breve explicação: “Líquida é a sentença que já traz o valor da 
condenação, ou seja, já estipula o quantum devido (principal + correção + juros+ 
despesas processuais), independentemente de liquidação posterior. ” 
(AUGUSTO, 2018. P. 286). Seguimos ainda com outras considerações do autor: 
 
Quando a ação for relativa à obrigação de pagar quantia (dívida de 
valor), a sentença (ou o acórdão, quando este modificar a sentença), 
sempre que possível, deverá ser líquida, definindo o valor da 
obrigação, assim entendido como a extensão da obrigação, o índice de 
correção monetária aplicável e seu termo inicial, e a periodicidade da 
capitalização dos juros, se houver. 
Não sendo possível proferir sentença líquida, seja porque não for 
possível apurar desde logo, o valor devido, ou porque a apuração do 
quantum seja feita em liquidação de sentença (arts. 509 a 512 do 
CPC). (AUGUSTO, 2018. P. 286) 
 
1.4. Vícios da sentença 
 
A sentença é um ato processual que põe fim a relação jurídica 
processual com ou sem resolução do mérito, para alcançar essa finalidade deve 
se preencher os requisitos de validade e de eficácia, sob pena de nulidade, o 
tema em questão traz uma restrição ao juiz em decidir somente o que foi pedido 
na ação pelas partes: 
“O juiz, por força do princípio da inércia, fica adstrito a julgar as 
pretensões postas em juízo, observados os fundamentos de fato indicados na 
inicial e respeitadas as partes. Ele só pode julgar a ação que foi proposta. Se a 
sentença não mantiver essa correlação, poderá haver nulidade. A sentença pode 
ser extra petita, ultra petita ou citra petita. “ (GONÇALVES, 2017. P. 680-681) 
Conforme o ensinamento de GONÇALVES veremos acerca do vício da 
sentença que pode ser extra petita, ultra petita ou citra petita. 
 
23 
 
Sendo assim vejamos com relação a Sentença “extra petita”, que de 
forma simples e objetiva será aquela em que o juiz ao decidir a ação fará de 
forma diferente da que foi proposta, ignorando a causa de pedir ou pedido, sendo 
um exemplo: “o autor pede indenização por danos materiais e a sentença 
condena o réu a pagar alimentos. ” (AUGUSTO, 2018. P.287). Segue a redação 
do art. 492: “É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, 
bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do 
que lhe foi demandado. Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que 
resolva relação jurídica condicional. “ (BRASIL, 2015). 
Observa-se que a redação do art. citado traz os casos em que é vedado 
ao juiz, limitando o seu poder na decisão a qual deve se referir apenas ao pedido 
postulado em juízo, GONÇALVES explica com relação a “extra petita”: 
 
O juiz só pode inovar em relação aos fundamentos jurídicos do pedido, 
já que ele os conhece (jura novit curia), mas não em relação aos 
fáticos, nem em relação aos pedidos. Se o fizer, a sentença será extra 
petita. Há grande discussão a respeito do tipo de vício que a acomete, 
se nulidade absoluta ou ineficácia. Para aqueles que admitem esta 
última, a diferença seria que o vício não se sana nem mesmo com o 
transcurso in albis do prazo da ação rescisória, ao passo que naquela, 
ultrapassado o prazo, o vício teria sido sanado. A questão é 
controvertida, embora prevaleça o entendimento de que haverá 
nulidade, sanável por ação rescisória, caso haja o trânsito em julgado. 
Há, no entanto, forte corrente doutrinária que sustenta a ineficácia de 
sentença, que padecerá de um vício insanável. Há casos, 
excepcionais, em que a lei autoriza o juiz a conceder algo que não 
corresponde exatamente àquilo que foi pedido, sem que sua sentença 
possa ser considerada extra petita. Nas ações possessórias, 
consideradas fungíveis pelo art. 554 do CPC, permite-se que o juiz 
defira um remédio possessório diferente daquele que foi postulado. O 
art. 497 do CPC também o autoriza a, se não for possível o 
cumprimento específico das obrigações de fazer ou não fazer, 
conceder providência que assegure o resultado prático equivalente ao 
do adimplemento. Mas essas hipóteses são excepcionais: a regra 
determina que ele se atenha à pretensão formulada. (GONÇALVES, 
2017. P. 680-681) 
 
Dando sequência, trataremos da sentença “ultra petita”: “É aquela em 
que o juiz julga a pretensão posta em juízo, mas condena o réu em quantidade 
superior à pedida. O art. 492 do CPC veda que ele o faça. O vício é menos grave 
que o anterior, porque o juiz proferiu sentença da natureza que foi pedida e 
concedeu o objeto postulado. Apenas o fez em quantidade superior. Por isso, se 
 
24 
 
houver recurso, não haverá necessidade de o tribunal declará-la nula, bastando-
lhe que reduza a condenação aos limites do que foi postulado. Se houver trânsito 
em julgado, caberá ação rescisória, cujo objeto será apenas desconstituir a 
sentença, naquilo que ela contenha de excessivo. “ (GONÇALVES, 2017. P. 681-
682) 
A sentença “citra petita” é quando o juiz deixa de apreciar um ou mais 
pedidos, ocorrendo assim em omissão, por fim vejamos o conceito da sentença: 
 
Por citra petita denominamos aquela em que o juiz deixa de apreciar 
uma das pretensões postas em juízo, não aprecia um dos pedidos, 
quando
houver cumulação. Cumpre ao juiz, ao proferir a sua sentença, 
examinar todas as pretensões formuladas pelo autor, na inicial, e pelo 
réu, em reconvenção ou na própria contestação, nas ações de 
natureza dúplice. Se não o fizer, quais serão as providências que o 
prejudicado deve tomar? São várias as possibilidades. A providência 
mais adequada será opor embargos de declaração, nos quais se pedirá 
ao juiz que supra a omissão e se pronuncie a respeito da pretensão, 
sanando o vício. Se o prejudicado não opuser embargos de 
declaração, mas apelação, invocando a omissão da sentença, o 
tribunal poderá: a) anulá-la, e determinar a restituição dos autos à 
instância de origem, para que profira outra, desta feita completa, se 
não puder desde logo examinar o pedido; b) julgar o pedido não 
apreciado, em vez de anular a sentença, desde que todos os 
elementos para tanto estejam nos autos (art. 1.013, III). Se não houver 
interposição de recurso, e a sentença transitar em julgado, surgirá um 
problema. Qual a providência adequada a ser tomada pelo interessado, 
que deseja que o pedido a respeito do qual a sentença foi omissa seja 
apreciado? Parece-nos, como já dito, que não será caso de ação 
rescisória, que serve para rescindir o que foi decidido, e não para que 
se decida o que não foi. Tampouco parece ser necessário ajuizar ação 
declaratória de ineficácia. O correto será o interessado ajuizar nova 
ação, reapresentando o pedido não apreciado. (GONÇALVES, 2017. 
P. 682) 
 
1.5. Fatos supervenientes 
 
O art. 493 permite a incidência de fatos novos constatados de ofício ou 
a requerimento da parte, ocorre que constatado de ofício deve ser determinada 
a oitiva das partes com relação ao fato, antes da decisão, vejamos sua redação: 
“Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo 
ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em 
consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a 
 
25 
 
decisão. Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as 
partes sobre ele antes de decidir. ” (BRASIL, 2015) 
A redação somente trata da necessidade de oitiva das partes com 
relação a decisão de ofício, segundo Bueno (2016): “Trata-se de mais uma 
aplicação concreta do contraditório e da vedação das “decisões-surpresa”, que, 
se não decorresse suficientemente do “modelo constitucional”, encontra 
fundamento legal bastante no art. 9º e no art. 10. Tanto assim que, a despeito 
do silêncio do dispositivo, não há por que duvidar que fato novo trazido ao 
processo por uma das partes deve ser submetido ao contraditório da outra para 
que, somente depois, possa ser apreciado pelo magistrado. “ 
AUGUSTO aponta uma ressalva importante, o fato superveniente será 
apurado na ação, mas não alterará a causa de pedir: 
 
Apesar do fenômeno da litiscontestação, que é imutável, a sentença 
deve refletir o estado de fato da lide no momento da decisão. Por essa 
razão é que o juiz deve tomar em consideração qualquer fato 
superveniente que venha ou possa influenciar no julgamento. Fato 
superveniente é o que ocorreu após o ajuizamento da ação e da 
resposta do réu, ou que, já existente, só foi apurado no decorrer do 
processo, desde que não altere a causa de pedir. (AUGUSTO, 2018 P. 
287) 
 
1.6. Publicação da sentença e alteração posterior 
 
Como regra geral o juiz não pode alterar a sentença já proferida, 
ressalvados os casos previstos no art. 494: “ Art. 494. Publicada a sentença, o 
juiz só poderá alterá-la: I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, 
inexatidões materiais ou erros de cálculo; II - por meio de embargos de 
declaração. ” (BRASIL, 2015) 
É importante enfatizar acerca da publicação referida no artigo em 
discussão. 
“A publicação a que se refere a lei não é aquela feita no Diário Oficial, 
para intimação das partes, mas em cartório, quando restitui os autos, com 
sentença. E, quando ela é proferida em audiência de instrução e julgamento, à 
medida que vai ditando ao escrevente; “ (GONÇALVES, 2017. P. 683). 
 
26 
 
Sendo assim sabendo quando é considerada publicada a sentença, ela 
não poderá ser alterada exceto nos casos de correção de ofício ou a 
requerimento da parte por inexatidões materiais ou erros de cálculo ou por meio 
de embargos de declaração, segue a explicação doutrinária acerca dos casos: 
 
a) houver necessidade de lhe corrigir, de ofício ou a requerimento da 
parte, inexatidões materiais, ou lhe retificar erros de cálculo. Há 
sentenças que contêm erros materiais evidentes — equívocos no nome 
das partes, inversão manifesta da condenação nas verbas de 
sucumbência, erro na indicação de um artigo de lei, equívocos 
datilográficos — ou erros de conta. Esses vícios podem ser corrigidos 
de ofício ou a requerimento das partes, e a qualquer tempo, 
independentemente da interposição de recurso. Podem ser sanados 
mesmo depois do trânsito em julgado, sem necessidade de ação 
rescisória ou qualquer outra medida. Essa forma de correção não 
suspende nem interrompe o prazo para interposição de outros 
recursos. Nada impede que esse tipo de erro seja objeto ainda de 
embargos de declaração, que, embora desnecessários, poderão ser 
utilizados. b) forem opostos embargos de declaração. É o recurso 
adequado quando a sentença padecer de erro material, omissão, 
contradição ou obscuridade. Ao saná-los, pode ocorrer que o juiz altere 
a sentença. Mas não se admite que eles sejam usados para modificar 
a sentença, sem que ela padeça dos vícios supramencionados, para 
que o juiz possa reapreciar a prova ou reavaliar as questões de mérito. 
Esses são os mecanismos para que a sentença possa ser corrigida ou 
alterada pelo próprio juiz que a prolatou. Há outros mecanismos que 
permitem que ela seja corrigida ou alterada por órgão distinto, como os 
recursos em geral e a ação rescisória. (GONÇALVES, 2017. P. 683) 
 
1.7. Hipoteca judiciária 
 
Está previsto no art. 495 do código de processo civil: “A decisão que 
condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em dinheiro e a que 
determinar a conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em 
prestação pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária. “ 
(BRASIL, 2015). 
Hipoteca é um efeito secundário e imediato da sentença, que será uma 
garantia a parte credora na fase de execução, conferindo a ela ainda o direito de 
preferência caso haja demais credores, bastando apenas apresentação da cópia 
da sentença ao cartório de registro de imóveis e comunicação da parte que fez 
o registro ao juízo no prazo de 15 dias para que a parte contrária tome ciência. 
 
27 
 
Seguimos assim com o ensinamento de Gonçalves (2017): “A hipoteca é um 
direito real de garantia, e tem por finalidade atribuir ao credor hipotecário direito 
de preferência sobre o produto da excussão do bem gravado. Normalmente, é 
fruto de convenção, mas pode ser também judicial ou legal. A prevista como 
efeito secundário das sentenças condenatórias é a judicial, que tem sido 
pouquíssimo usada. ” Dando continuidade aos ensinamentos do doutrinador são 
pressupostos da hipoteca judiciária: 
Que haja sentença ou decisão condenatória em dinheiro ou em 
obrigação que se converta em prestação pecuniária, ainda que a 
condenação seja genérica, esteja pendente recurso dotado de efeito 
suspensivo ou esteja pendente arresto de bens do devedor, ou ainda 
quando o credor possa promover o cumprimento provisório da decisão; 
a sentença de improcedência, em princípio, não gera direito à hipoteca 
judiciária, mas ela pode ser constituída para assegurar o pagamento 
da verba de sucumbência em que o autor vencido tenha sido 
condenado; 
Que haja o registro, na forma da Lei de Registros Públicos. A 
hipoteca é direito real, e, como recai sobre imóveis, só se considera 
constituída com o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Só assim 
ela adquire eficácia erga omnes. A hipoteca
judiciária será registrada 
no Oficial de Registro de Imóveis independentemente de ordem 
judicial, bastando que o interessado apresente ao Oficial cópia da 
sentença condenatória. Feito o registro, a parte comunicará o juízo no 
prazo de 15 dias, e este intimará a parte contrária, para que dele tome 
conhecimento. A hipoteca judiciária, depois de registrada, estabelece 
o direito de preferência do credor que a obteve sobre os demais 
credores. (GONÇALVES, grifo nosso. 2017. P. 691) 
 
1.8. Remessa necessária 
 
Sobre remessa necessária a doutrina aduz que: “Trata-se de benefício 
concedido à Fazenda Pública. As sentenças contra ela proferidas, em que haja 
sucumbência, não transitam em julgado, senão depois de reexaminadas pela 
instância superior. Mesmo que não haja recurso voluntário das partes, a eficácia 
da sentença depende de tal reexame. Esse privilégio se mantém no sistema, e 
não foi reconhecida a sua inconstitucionalidade. Argumenta-se que, como os 
bens da Fazenda são públicos, conviria que as sentenças que lhe impõem 
sucumbência fossem examinadas por juízes mais experientes, que compõem os 
tribunais. “ (GONÇALVES, 2017. P. 98) 
 
 
28 
 
1.8.1. Duplo grau obrigatório e exceções à regra 
 
Conforme conceituado no item 1.8 por GONÇALVES, as sentenças 
contra a fazenda pública que produza efeitos devem ser reexaminadas pelo 
tribunal, daí o nome remessa necessária, pois cabe um reexame da sentença 
pelo tribunal, independentemente da existência de recurso das partes pois é uma 
condição de eficácia da sentença. 
Façamos a leitura do art. 496 do CPC: 
 
 Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo 
efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: 
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os 
Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito 
público; 
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à 
execução fiscal. 
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no 
prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não 
o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á. 
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a 
remessa necessária. 
§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o 
proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior 
a: 
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas 
autarquias e fundações de direito público; 
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito 
Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os 
Municípios que constituam capitais dos Estados; 
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e 
respectivas autarquias e fundações de direito público. 
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença 
estiver fundada em: 
I - súmula de tribunal superior; 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior 
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas 
repetitivas ou de assunção de competência; 
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no 
âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em 
manifestação, parecer ou súmula administrativa. (BRASIL, 2015) 
 
Com a leitura, vemos que o duplo grau é obrigatório nas decisões 
proferidas contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas 
respectivas autarquias e fundações de direito público e nos embargos à 
execução que julgarem procedentes, no todo ou em parte, mas há exceções à 
 
29 
 
regra conforme vimos na redação do artigo 496, sendo assim vejamos a 
explicação a seguir com relação as exceções: 
 
Não haverá quando “a condenação ou o proveito econômico obtido na 
causa for de valor certo e líquido inferior a: I — 1.000 salários mínimos 
para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito 
público; II — 500 salários mínimos para os Estados, o Distrito Federal, 
as respectivas autarquias e fundações de direito público e os 
Municípios que constituam capitais dos Estados; III — 100 salários 
mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e 
fundações de direito público” (art. 496, § 3º). O dispositivo visa afastar 
a remessa nos casos em que a sucumbência da Fazenda for de 
pequena monta, conforme os limites acima mencionados. Se ela for ré, 
não haverá a remessa se a condenação, ou o proveito econômico 
obtido pelo autor, limitar-se a esse montante; se for autora, se a 
diferença entre o que foi pedido e o que for obtido não ultrapassar esse 
valor. A Súmula 490 do Superior Tribunal de Justiça, publicada em 1º 
de agosto de 2012, já afastava as dúvidas sobre a necessidade de o 
valor da condenação ou do proveito ser líquido. Essa exigência tornou-
se expressa no § 3º do art. 496. A razão é evidente: se não há liquidez, 
não é possível conhecer, de antemão, o quantum debeatur, para saber 
se o montante se limita ao estabelecido na lei. A inexigibilidade não 
constitui óbice a que a Fazenda, insatisfeita, valha-se do recurso 
voluntário. A outra hipótese de exclusão é a da sentença que “estiver 
fundada em: I — súmula de tribunal superior; II — acórdão proferido 
pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em 
julgamento de recursos repetitivos; III — entendimento firmado em 
incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de 
competência; IV — entendimento coincidente com orientação 
vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, 
consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa”. A 
exclusão, nesses casos, justifica-se, seja qual for o valor da 
sucumbência da Fazenda, uma vez que a remessa só serviria para 
retardar o desfecho do processo, sem resultado útil para a Fazenda, 
diante da existência de jurisprudência consolidada nos tribunais. 
Também não haverá remessa necessária das sentenças proferidas no 
Juizado Especial Federal, ainda que contra a Fazenda Pública, nos 
termos do art. 13 da Lei n. 10.259/2001; nem das sentenças proferidas 
nos Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, 
em conformidade com o disposto no art. 11 da Lei n. 12.153/2009. 
(GONÇALVES, 2017. P. 1112) 
 
1.9. Julgamento de ações de prestação de fazer e não fazer e de 
entregar coisa 
 
As figuras “do Julgamento das Ações Relativas às Prestações de Fazer, 
de Não Fazer e de Entregar Coisa”, estão previstas nos arts. 497 a 500, 
 
30 
 
progredimos para pontos importantes com relação a cada uma conforme os 
ensinamentos de BUENO, sendo a primeira Prestações de fazer ou não fazer: 
 
O primeiro dos dispositivos a ser evidenciado nesse contexto é o art. 
497, que preserva a segura diretriz do caput do art. 461 do CPC de 
1973 e a preferência pela “tutela específica” ou, quando menos, o 
“resultado prático equivalente” quando se tratar de obrigações – o CPC 
de 2015 prefere, certamente porque entende a palavra mais genérica, 
“prestações” – de fazer ou de não fazer. Por “tutela específica” deve 
ser compreendida a busca da satisfação do direito desejado pelo autor 
tal qual se daria na hipótese de adimplemento voluntário da prestação 
no plano material. O “resultado prático equivalente” é um minus em 
relação àquele desiderato, mas é um estágio anterior à conversão da 
obrigação em perdas e danos. Trata-se da obtenção da satisfação 
ainda que de maneira diversa da que decorreria do adimplemento 
voluntário da prestação. O consumidor, por exemplo, contratou festa 
infantil com o tema “princesas”. Dias antes da data marcada, recebe 
ligação do local onde a festa será realizada comunicando a 
impossibilidade de manter aquela temática. Diante disso, o consumidor 
postula perante o Estado-juiz a realização da festa, tal qual contratada. 
É esta a tutela específica. Na impossibilidade real de conservar o 
mesmo tema, a despeito das técnicas
judiciais empregadas para tanto, 
o resultado prático equivalente será a realização de festa infantil com 
outro tema, diverso do contratado, que possa satisfazer o consumidor. 
Caso contrário, a hipótese será de conversão em perdas e danos (art. 
499). O parágrafo único do art. 497 é novidade na perspectiva textual, 
espelhando a segura e correta orientação doutrinária capitaneada por 
Luiz Guilherme Marinoni. O dispositivo evidencia a irrelevância da 
ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo nos casos em 
que a tutela específica é dirigida a inibir a prática, a reiteração ou a 
continuação de ilícito, ou a sua remoção. As normas relativas ao 
cumprimento da decisão que tenha como conteúdo o disposto no art. 
497 são as dos arts. 536 a 537. (BUENO, 2016. P. 436-437) 
 
Agora sobre Prestações de entrega de coisa: “O art. 498, de seu turno, 
estabelece as regras a serem observadas quando se tratar de decisão que 
determine a entrega de coisa: “na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, 
o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da 
obrigação”. O parágrafo único ocupa-se com a disciplina de quem tem o direito 
de individuar a coisa. 
O autor precisará fazer a escolha na petição inicial. Se couber ao réu – 
e isto é questão que é resolvida na perspectiva do direito material e, se for o 
caso, de contrato existente entre as partes –, ele deverá entregá-la já individuada 
no prazo a ser fixado pelo magistrado para tanto. As normas relativas ao 
 
31 
 
cumprimento da decisão que tenha como conteúdo o disposto no art. 498 são as 
do art. 538. ” (BUENO, 2016. P. 437) 
 
1.9.1. Conversão em perdas e danos 
 
Evidenciado acerca das prestações de fazer, não fazer e da entrega da 
coisa, há a possibilidade de requerer perdas e danos conforme evidenciado no 
art. 499 do CPC: “A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o 
autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo 
resultado prático equivalente. ” (BRASIL, 2015) 
Conforme a leitura do artigo é correto afirmar que a obrigação de fazer, 
não fazer ou entregar coisa só caberá conversão em perdas e danos, se o autor 
requerer ou se for impossível a tutela específica ou a obtenção da tutela pelo 
resultado prático equivalente, ademais vejamos informações importantes acerca 
da conversão em perdas e danos: 
 
Questão interessante é saber em que momento o autor pode formular 
este pedido. Sem dúvida alguma, o pedido pode ser formulado desde 
logo na petição inicial, nem que seja em cumulação eventual, ou seja, 
o autor pedirá a tutela específica (o fazer, o não fazer ou a entrega de 
coisa, conforme o caso); caso não seja possível, pedirá o seu resultado 
prático equivalente (que, em rigor, depende das peculiaridades 
materiais de cada uma daquelas modalidades obrigacionais e, até 
mesmo, do que foi ajustado entre as partes). Por fim, poderá pedir o 
equivalente monetário daquelas obrigações na hipótese de nem a 
tutela específica nem o resultado prático equivalente mostrarem-se 
possíveis. A hipótese, assim examinada, é de mera cumulação de 
pedidos, a não oferecer maiores dificuldades. Pode, contudo, o autor 
formular o pedido de perdas e danos na efetivação de tutela provisória 
concedida em seu favor ou na etapa de cumprimento de sentença, 
justamente quando verifica que o que lhe foi reconhecido pela sentença 
(a tutela jurisdicional que lhe foi reconhecida) restou frustrado: que se 
mostrou impossível a obtenção da tutela específica e/ou o resultado 
prático equivalente. Dito de outro modo: considerando que o seu direito 
em forma específica ou pelo resultado prático equivalente não pode ser 
satisfeito, cabe ao autor pedir a sua conversão em perdas e danos. 
Ouvida a parte contrária, o juiz decidirá. Acolhido o pedido, a efetivação 
da tutela provisória ou a etapa de cumprimento de sentença será 
reiniciada após este incidente predominantemente cognitivo, em 
direção à satisfação do direito convertido em dinheiro. Se houver 
necessidade de apuração daquele valor, as regras relativas à 
liquidação deverão ser empregadas (arts. 509 a 512). Se o quantum 
debeatur não for além de mero cálculo aritmético, o autor o apresentará 
 
32 
 
ao requerer o início da etapa de cumprimento de sentença com 
observância do art. 524. A conversão em perdas e danos disciplinada 
pelo art. 499 não se confunde com a cobrança de eventuais multas 
impostas ao réu para compeli-lo ao cumprimento da obrigação na 
forma específica ou, quando menos, para obtenção do resultado 
prático equivalente. É esta a razão de ser do art. 500, que permite 
verdadeira “cumulação” de cobranças: a da indenização (o resultado 
da conversão da tutela específica ou do resultado prático equivalente 
pelos motivos apanhados pelo art. 499) e da multa fixada para compelir 
o réu à performance específica e que, justamente por força da 
conversão operada com fundamento naquele dispositivo, mostrou-se 
inócua. Sua inocuidade, contudo, não significa que seu valor não seja 
exigível, no que o art. 500 é claro. O art. 537 traz disciplina mais bem 
acabada que a do CPC de 1973 com relação à multa, enaltecendo seu 
caráter coercitivo, evidenciado pelo art. 500. (BUENO, 2016. P. 438) 
 
 
 
 
https://images.unsplash.com/photo 
 
 
 
33 
 
 
1.9.2. Sentença e emissão de declaração de vontade 
 
Sobre a redação do art. 501 do CPC, BUENO explica: “Sempre que o 
pedido de tutela jurisdicional for o de emissão de declaração de vontade, a 
sentença de procedência transitada em julgado produzirá todos os efeitos da 
declaração não emitida. Trata-se de hipótese em que o caráter de 
substitutividade da jurisdição é irrecusável. ” (BUENO, 2016. P. 439) 
 
2. COISA JULGADA 
 
Expressamente prevista na Constituição Federal de 88 como direito e 
garantia fundamental, mais precisamente no art. 5º inciso XXXVI: “a lei não 
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;” (BRASIL, 
1988). Acompanhemos também a redação do CPC em seu artigo 502 sobre a 
coisa julgada: “Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna 
imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. ” (BRASIL, 
2015). Certamente a coisa julgada é uma forma de efetivação da segurança 
jurídica, visto que as decisões não poderão mais ser modificadas após o trânsito 
em julgado da sentença. Gonçalves (2017) explica que “a coisa julgada é tratada 
na Constituição Federal como um dos direitos e garantias fundamentais. 
O art. 5º, XXXVI, estabelece que a lei não poderá retroagir, em prejuízo 
dela. Essa garantia advém da necessidade de não alteração das decisões 
judiciais, a partir de um determinado ponto. Caso as decisões pudessem ser 
alteradas a qualquer momento, a segurança jurídica poderia até mesmo ser 
extinta. Ao poder judiciário cabe a função de solucionar os conflitos de interesse, 
buscando a pacificação social. Ora, se a solução pudesse ser eternamente 
questionada e revisada, a paz ficaria definitivamente prejudicada. A função da 
coisa julgada é assegurar que os efeitos decorrentes das decisões judiciais não 
possam mais ser modificados, se tornem definitivos. É fenômeno diretamente 
 
34 
 
associado a segurança jurídica, quando o conflito ou a controvérsia é 
definitivamente solucionado. “ 
Ainda sobre coisa julgada, Bueno (2016) afirma que “a coisa julgada 
possui expressa garantia como direito fundamental conforme previsão 
constitucional do inciso XXXVI do art. 5º. Na ampla perspectiva do instituto, o 
referido dispositivo se trata concomitantemente do “direito adquirido” e do “ato 
jurídico perfeito”, de técnica adotada para garantir a estabilidade de 
determinadas manifestações do Estado-juiz, pondo-as a salvo inclusive dos 
efeitos de novas leis que queiram eliminar aquelas decisões ou, quando menos, 
seus efeitos. Neste sentido, a coisa julgada é uma, dentre tantas, forma de 
garantir maior segurança
jurídica aos jurisdicionados. Esta percepção, contudo, 
é insuficiente. ” O autor ainda aduz: 
 
A análise do direito infraconstitucional, da forma como o CPC de 2015 
disciplina a coisa julgada em seus arts. 502 a 508, é indispensável, até 
para colocar em evidência as novidades que, naquele plano, o 
infraconstitucional, foram trazidas (e em harmonia com o “modelo 
constitucional”) ao tema. (...) A imutabilidade refere-se à 
impossibilidade de a coisa julgada ser desfeita ou alterada. Ao menos 
é esta a regra considerando que a “ação rescisória” dos arts. 966 a 975 
é técnica conhecida pelo direito processual civil brasileiro para o 
desfazimento da coisa julgada. No contexto do art. 502, é o meio pelo 
qual o próprio ordenamento jurídico admite suplantar aquela 
imutabilidade. A indiscutibilidade relaciona-se com a impossibilidade 
de questionar o que já foi decidido e transitou materialmente em 
julgado. É o que a doutrina em geral chama de “função ou efeito 
negativo” da coisa julgada e que permite ao réu invocar a coisa julgada 
anterior em sua contestação (art. 337, VII). (...). A indiscutibilidade 
também significa a necessária observância do que já foi decidido por 
quem é alcançado pela coisa julgada (limites subjetivos) e pelo próprio 
Estado-juiz. Não há mal nenhum em querer nominar esta faceta do 
fenômeno como “função ou efeito positivo” da coisa julgada, iniciativa 
em geral feita pela doutrina. Há outra pertinente questão a ser 
enfrentada: quais decisões ficam sujeitas à coisa julgada? Parte da 
resposta está no próprio art. 502: as decisões de mérito, cujo 
referencial é, também para cá, o rol do art. 487. Note, prezado leitor, 
decisões e não apenas sentenças de mérito. O CPC de 2015 aceita 
expressamente que decisões interlocutórias sejam de mérito com 
aptidão para transitar em julgado e não é por razão diversa que o art. 
502 refere-se ao gênero e a nenhuma decisão em espécie, 
diferentemente do que fazia o CPC de 1973. É o que ocorre, por 
exemplo, com as decisões que julgam antecipada e parcialmente o 
mérito (art. 356, § 3º) ou as que rejeitam liminarmente a reconvenção 
nos casos de improcedência liminar do pedido (art. 332) ou com 
fundamento em algum dos incisos do art. 487. Mas não é só. Continuo 
a entender, como já fazia no volume 2, tomo I, do meu Curso 
 
35 
 
sistematizado, que somente decisões de mérito com cognição 
exauriente são aptas a transitarem em julgado. Não é, bem sei, 
prezado leitor, o que se lê no precitado art. 502. Parece ser, contudo, 
o que ainda decorre do sistema processual civil. Não fosse assim e 
certamente o legislador não teria explicitado a hipótese do § 6º do art. 
304 a respeito da estabilização da tutela provisória antecipada 
requerida em caráter antecedente. Por fim, resta saber quando a 
decisão transita em julgado. De acordo com o art. 502, está preservada 
a relação entre a ausência (não interposição) ou o esgotamento dos 
recursos cabíveis de decisões de mérito fundadas em cognição 
exauriente. (BUENO, 2016. P. 439-440) 
 
Gonçalves ressalta: 
 
A sentença produz numerosos efeitos. Pode condenar o réu, 
constituindo um título executivo; constituir ou desconstituir uma relação 
jurídica ou declarar algo, afastando uma incerteza que existia entre os 
litigantes. E, ainda, produzir efeitos secundários, já examinados. Ora, 
a coisa julgada não é um dos efeitos da sentença, mas uma qualidade 
deles: a sua imutabilidade e indiscutibilidade. Foi a partir dos estudos 
de Liebman que se delineou com maior clareza a distinção entre a 
eficácia da sentença e a imutabilidade de seus efeitos. O trânsito em 
julgado está associado à impossibilidade de novos recursos contra a 
decisão, o que faz com que ela se torne definitiva, não podendo mais 
ser modificada. Há casos em que ela já produz efeitos, pode ser 
executada, mas não há ainda o trânsito em julgado, pois eventuais 
recursos ainda pendentes não são dotados de eficácia suspensiva. A 
eficácia da decisão ou sentença não está necessariamente 
condicionada ao trânsito em julgado, mas à inexistência de recursos 
dotados de efeito suspensivo. (GONÇALVES, 2017. P.692) 
 
2.1. Coisa julgada formal e coisa julgada material 
 
A coisa julgada formal e a material são duas formas de manifestação do 
mesmo fenômeno, pois a coisa julgada é uma. Gonçalves introduz o tema da 
seguinte forma: ”é comum que se diga que há duas espécies de coisa julgada: a 
formal e a material. Mas isso não é tecnicamente exato, porque ela é um 
fenômeno único. A material e a formal não são propriamente dois tipos, espécies 
de coisa julgada, mas duas formas de manifestação do mesmo fenômeno. A 
formal é a imutabilidade dos efeitos da sentença no próprio processo em que foi 
proferida; e a material, a imutabilidade dos efeitos da decisão de mérito em 
qualquer outro processo. “ (GONÇALVES, 2017. P.692) 
 
 
36 
 
Especificamente sobre a coisa formal: 
 
É a manifestação da coisa julgada no próprio processo em que a 
sentença ou o acórdão foi proferido. É fenômeno interno ao processo 
a impossibilidade de modificar-se a sentença ou acórdão, quando já 
não caibam mais recursos, seja porque foram esgotadas as 
possibilidades recursais, seja porque o recurso adequado não foi 
interposto no prazo legal. Todas as sentenças e acórdãos, em 
determinado momento, tornar-se-ão imutáveis, pois é limitado o 
estoque de recursos no ordenamento jurídico. Chegará o momento em 
que eles se esgotarão: todo processo há de ter um fim. Quando isso 
ocorrer, e não couberem mais recursos, ou porque se esgotaram, ou 
porque transcorreu o prazo de interposição, haverá a coisa julgada 
formal. Ela guarda semelhança com a preclusão, tanto que alguns a 
denominam “preclusão máxima”. A preclusão também consiste na 
impossibilidade de modificação do ato judicial, contra o qual não 
caibam mais recursos. A diferença é que a coisa julgada pressupõe o 
encerramento do processo. Nenhuma outra modificação poderá ser 
feita, e o que ficou decidido não será mais discutido naquele processo, 
que já se encerrou. Mas o aspecto formal da coisa julgada não 
esclarece sobre a possibilidade de repropositura de idêntica ação, 
porquanto se restringe ao processo em que a sentença ou acórdão foi 
proferido. Todos os tipos de sentença, as que resolvem o mérito e as 
que extinguem o processo sem examiná-lo, ficam sujeitas à coisa 
julgada formal, seja no âmbito da jurisdição voluntária, seja no da 
contenciosa. (GONÇALVES, 2017. P.693) 
 
Agora, tratando-se de coisa julgada material: 
 
A coisa julgada pode ainda manifestar-se por um outro aspecto, que a 
doutrina denomina coisa julgada material. Consiste não mais na 
impossibilidade de modificação da decisão no processo em que foi 
proferida, mas na projeção externa dos seus efeitos, que impede que 
a mesma questão, já decidida em caráter definitivo, volte a ser 
discutida em outro processo. É, sobretudo, essa manifestação da coisa 
julgada que se presta a trazer segurança jurídica aos litigantes, aos 
quais não basta apenas que o processo se encerre, mas que a questão 
litigiosa seja definitivamente dirimida, não podendo mais ser discutida, 
em nenhum outro processo, assegurada a pacificação do conflito. De 
outro modo, a todo o momento os litigantes poderiam tornar à questão, 
e as decisões judiciais pouco valor teriam. A vedação a que se 
rediscuta o objeto litigioso exige que tenha havido decisão judicial a 
respeito da pretensão posta em juízo, pois, se o juiz extinguiu o 
processo sem resolução de mérito, a renovação da demanda não 
implicará rediscussão do que foi decidido, mas nova tentativa de obter 
do Judiciário um exame do pedido. A coisa julgada material pressupõe 
decisão de mérito, que aprecie a pretensão posta em juízo, favorável 
ou desfavoravelmente ao autor. O exame do mérito pode ser feito na 
sentença, mas também em decisão interlocutória, por meio da qual o 
juiz promova o julgamento antecipado parcial de mérito. Ambas terão 
força de coisa julgada material,

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