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Pronunciamentos judiciais: Os pronunciamentos 
judiciais são os atos através dos quais o juiz decide uma 
questão (chamados de decisões lato sensu) ou dá 
andamento ao processo, avançando nas fases do 
procedimento (chamados de despachos). Então, os 
pronunciamentos judiciais são gêneros, dos quais são 
espécies as decisões judiciais e os despachos. 
As decisões possuem conteúdo decisório, então as decisões 
latu sensu são pronunciamentos judiciais com conteúdo 
decisório, ao contrário dos despachos, que são 
pronunciamentos judiciais que não tem conteúdo decisório, 
mas sim tem como objetivo dar andamento ao processo. 
As decisões lato sensu, por sua vez, podem ser classificadas 
em duas espécies: decisões proferidas pelo juízo singular e 
decisões proferidas por um órgão colegiado. 
Os despachos não possuem conteúdo decisório e podem ser 
proferidos tanto pelo juízo singular quanto pelo órgão 
colegiado (art. 203, §3º, CPC). O conceito de despacho é 
dado por exclusão, ou seja, são os pronunciamentos judiciais 
que não se encaixam nem no conceito de sentença nem no 
conceito de decisão interlocutória. 
As decisões proferidas pelo juízo singular: 
O art. 203, CPC faz uma sistematização das decisões 
proferidas pelo juízo singular, as classificando em sentenças 
e decisões interlocutórias. 
Sentença: 
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em 
sentenças, decisões interlocutórias e despachos. 
§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos 
procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento 
por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 
e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento 
comum, bem como extingue a execução. 
Aqui temos a conceituação de sentença, que já pontua no 
início que deve-se observar as peculiaridades dos 
procedimentos especiais, se for o caso, porém esta se aplica 
plenamente ao procedimento comum. O art. 458 trata das 
hipóteses em que não haverá resolução de mérito, e o art. 
487 por sua vez, trata das hipóteses em que haverá 
resolução de mérito. 
Não é apenas a sentença que pode fundar-se nos arts. 485 e 
487 do CPC, acórdãos e decisões proferidas por relator 
também podem basear-se neles. Até mesmo as decisões 
interlocutórias podem. 
Assim, não importa o conteúdo da decisão para defini-la 
como sentença (pois se pode ter o mesmo conteúdo em um 
acórdão, decisão interlocutória etc...), mas sim se põe fim ou 
não ao procedimento em 1ª instância. 
Em verdade, nas palavras do prof. Fredie Didier Jr., sentença 
“é o pronunciamento do juízo singular que encerra uma fase 
do processo, seja ela cognitiva ou executiva. Haverá tantas 
sentenças quantas sejam as fases do procedimento que se 
encerram. ” 
Art. 316. A extinção do processo dar-se-á por sentença. 
O art. 316, CPC deve ser interpretado com cautela, já que 
nem todo processo se extingue por sentença (pode ser por 
meio de acórdão ou até por decisão monocrática do relator, 
por exemplo). De igual modo, nem toda sentença extingue 
o processo (basta pensar na interposição de recurso contra 
a mesma, por exemplo, visto que esse processo prosseguirá 
para o julgamento do recurso). 
Decisão interlocutória: 
Art. 203, § 2º Decisão interlocutória é todo 
pronunciamento judicial de natureza decisória que não 
se enquadre no § 1º. 
Então, chegamos ao conceito de decisão interlocutória por 
eliminação, visto que seria toda decisão proferida por um 
juízo singular que não seja uma sentença, visto que como 
dito nesse parágrafo, não deve se encaixar no §1º, que 
justamente é onde se conceitua sentença. 
Em verdade, nas palavras do prof. Fredie Didier Jr, “é o 
pronunciamento judicial com conteúdo decisório que não 
põe fim à fase do procedimento em 1ª instância. ” 
A decisão interlocutória, então, pode ter o mesmo conteúdo 
da sentença, visto que ambas podem se basear nos arts. 485 
e 487. O que importa, a fim de distingui-las é se põe fim ou 
não à fase do procedimento em 1ª instância (cognitiva ou 
de execução). 
Decisões proferidas em órgão colegiado: 
As decisões proferidas em órgão colegiado podem ser 
acórdãos ou decisões unipessoais. 
• Acórdão é uma decisão judicial proferida por um órgão 
colegiado, ou seja, com mais de um juiz. 
Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido 
pelos tribunais. 
Há acórdão final (tem a aptidão para encerrar o 
procedimento perante o Tribunal, nas ações de competência 
originária do tribunal, e também no julgamento de recursos) 
e acórdão interlocutório (que não encerram o procedimento 
perante o Tribunal, como, por exemplo, o acórdão que 
examina o pedido de tutela provisória em ADI, porém o 
procedimento segue). 
• Decisão unipessoal, por sua vez, é aquela proferida por 
apenas um dos membros do órgão colegiado, nas hipóteses 
previstas em lei ou no Regimento Interno do Tribunal. 
A decisão unipessoal pode ser proferida pelo presidente ou 
vice-presidente do Tribunal ou pelo relator de um recurso, 
reexame necessário, incidente ou ação de competência 
originária do Tribunal. 
As decisões unipessoais proferidas pelo relator podem ser 
finais (quando tiver a aptidão de pôr fim ao procedimento 
naquela instância, se não houver recurso) ou interlocutórias 
(se não puser fim ao procedimento). 
Elementos da sentença: 
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: 
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a 
identificação do caso, com a suma do pedido e da 
contestação, e o registro das principais ocorrências 
havidas no andamento do processo; 
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões 
de fato e de direito; 
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões 
principais que as partes lhe submeterem. 
São, em verdade, elementos essenciais a qualquer decisão 
judicial e não apenas à sentença. 
Relatório: 
Constitui um relato dos fatos da causa, a fim de que o 
magistrado demonstre que conhece a história do processo 
em relação ao qual proferirá decisão devida e justa. 
Ele não é exigido apenas nas sentenças e acórdãos, mas em 
toda decisão judicial (decisões unipessoais, decisões 
interlocutórias etc..). 
A Lei 9.099/95 (lei dos juizados especiais cíveis), em seu art. 
38, dispensa o relatório nas sentenças proferidas perante os 
Juizados Especiais Cíveis, visto que, um dos princípios que 
regem esses juizados é o princípio da informalidade e 
também da oralidade, então, em exigência desses princípios, 
o legislador entendeu por bem retirar a exigência do 
relatório, porém, se o magistrado assim o desejar, poderá 
escrever o relatório, pois não está impedido de fazê-lo. 
Relatório per relationen: à época do CPC/73 admitia-se a 
validade das decisões em que o juiz se reportava ao relatório 
feito em outra decisão do processo, desde que isso não 
ocasionasse nenhum prejuízo às partes. Para o prof. Fredie 
Didier Jr., em um sistema que valoriza o precedente judicial 
(como faz o CPC/15), a importância do relatório deve ser 
revista, já que a identificação da causa é indispensável para 
que se possa decidir sobre a aplicação ou não do precedente. 
Então, alguns doutrinadores trabalham com a hipótese de 
não ser mais possível perante o CPC de 2015 a elaboração de 
um relatório per relationen, em que o juiz apenas faz menção 
a um outro relatório proferido em outra decisão judicial 
dentro do mesmo processo. Isso porque o CPC de 2015 
valoriza o sistema de precedentes, e o relatório se faz 
necessário para identificar a causa perante os 
jurisdicionados, e então, se houver qualquer situação que 
diferencie daquela que deu origem ao precedente, pode ser 
que naquele caso concreto, o precedente não se aplique. 
Fundamentação: 
A garantia de motivação das decisões judiciais possui 
natureza de direito fundamental (art. 93, IX, CF, que diz que 
toda decisão judicial deve ser fundamentada), sendo 
consectário da garantia do devido processo legal e 
manifestação do Estado de Direito. Então, a decisãosó se 
legitima por meio da fundamentação, por meio da 
motivação apresentada pelo magistrado, pois é ela que 
expõe os motivos daquela decisão do magistrado. 
A fundamentação possui duas funções: 
a) Função endoprocessual: a fundamentação 
possibilita que as partes controlem as decisões por 
meio dos recursos cabíveis, bem como permite que 
o órgão julgador do recurso tenha subsídio para 
manter/reformar a decisão. Aqui se fala da 
importância da fundamentação dentro do próprio 
processo. 
b) Função extraprocessual (ou exoprocessual): a 
fundamentação permite o controle da decisão 
judicial pela via difusa da democracia participativa, 
exercida pelo povo em cujo nome a sentença é 
proferida. Visto que, quando o juiz profere uma 
decisão, ele estará atuando em nome do Estado, 
afinal de contas, o monopólio da jurisdição 
pertence ao Estado, mas como o Estado é uma 
pessoa jurídica de direito público interno, ele não 
pode exercer por si a função jurisdicional, por isso 
ele entrega essa função aos agentes estatais, que 
são exatamente os juízes, o Estado por sua vez, 
recebe esse poder jurisdicional do povo, até por que 
a soberania é popular, mesmo que ela seja exercida 
indiretamente, então esse povo tem o direito 
constitucionalmente assegurado de controlar as 
decisões judiciais, fazendo isso através da 
fundamentação, visto que é essa que irá mostrar 
para a população em geral se o magistrado está ou 
não está atuando de maneira devida, de maneira a 
atender os anseios da sociedade. 
Compreendida essas funções, pode-se dizer que a 
fundamentação é um discurso para a solução do caso 
(dirigido às partes, para que essas compreendam se essa 
decisão é justa e devida ou não) e um discurso para a 
formação do precedente (visto que é indispensável que se 
análise a fundamentação do caso no momento da formação 
de um precedente, e é dirigido a coletividade, afinal de 
contas, a partir do momento em que o precedente se 
formou, ele passa a ser de observância obrigatória pelos 
juízes e tribunais em situações idênticas que se apresentam). 
Racionalidade e controlabilidade: 
A racionalidade da fundamentação se encontra na exigência 
de que a decisão parta de princípios racionais comumente 
aceitos e reconhecidos pela cultura média daquele tempo e 
lugar em que se atua. Ou seja, é uma forma de controlar a 
decisão do magistrado no momento de avaliar a prova, os 
fatos e os argumentos. 
A controlabilidade se torna viável se a motivação da decisão 
for compreensível, pública e acessível. Por tal razão, não 
deve ser elaborada numa linguagem estritamente técnico-
jurídica, a fim de permitir não apenas o controle interno, mas 
também o controle difuso e social das decisões judiciais, 
para que assim se garanta a função exoprocessual da 
fundamentação. 
Conteúdo da fundamentação: 
1. Fundamentação de admissibilidade e 
fundamentação de mérito: 
Primeiro deve o juiz apreciar as questões processuais 
suscitadas pelas partes ou cognoscíveis de ofício. 
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de 
jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual 
não se tenha dado às partes oportunidade de se 
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual 
deva decidir de ofício. 
Então, a decisão com base em fundamento a respeito de qual 
não se tenha dado as partes oportunidade de se manifestar 
é passível de invalidação. 
Se houver qualquer vício formal insanável, o juiz decretará a 
inadmissibilidade do procedimento, o que ensejará, como 
regra, a extinção do processo sem resolução de mérito. 
Temos a fundamentação de admissibilidade e a 
fundamentação de mérito, na fundamentação de 
admissibilidade diz respeito a presença ou não de questões 
de natureza processual (requisitos de admissibilidade para 
que o processo possa seguir de maneira válida e regular) 
faltando qualquer uma dessas, o juiz pode verificar se o vício 
é sanável ou não. Se estivermos diante de um vício 
processual sanável, o juiz irá mandar corrigi-lo, e uma vez 
sanado, o processo segue normalmente para a apreciação do 
mérito. Agora, se o juiz verificar a presença de um vício 
insanável, nessa situação normalmente teremos a solução 
do processo sem resolução de mérito, e aí teremos a 
fundamentação de admissibilidade, onde o juiz deverá 
fundamentar a sua decisão de extinção do processo sem 
resolução de mérito no fato de que está diante de um vício 
insanável, que impede o prosseguimento da demanda para 
a apreciação do mérito. Só se estivermos diante de um juízo 
de admissibilidade positivo é que o juiz poderá, em um 
segundo momento, apreciar o mérito. 
Deve prevalecer, porém, a decisão de mérito, sempre que 
possível. 
Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito 
sempre que a decisão for favorável à parte a quem 
aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do 
art. 485. 
O art. 485 trata de hipóteses em que não haverá resolução 
de mérito, em que o juiz não poderá apreciá-lo em virtude 
de vícios processuais existentes. O que o art. 488 nos traz é 
o chamado princípio da primazia de decisão de mérito, que 
vem previsto no CPC de 2015 e que deve ser observado pelo 
magistrado no momento de proferir a sua decisão. Sabemos 
que existe a fundamentação de admissibilidade e a 
fundamentação de mérito, e que se o juiz verificar a 
presença de um vício insanável ele deverá, via de regra geral, 
extinguir o processo sem a resolução de mérito, 
apresentando na sua fundamentação uma justificativa no 
sentido de que não foi possível admitir o prosseguimento do 
feito em virtude da ausência de alguma questão processual 
relevante para o desenvolvimento válido e regular da 
demanda, mas, apesar disso, o princípio da primazia da 
decisão de mérito deixa muito claro que o juiz, sempre que 
possível, deve priorizar a decisão de mérito em detrimento a 
uma decisão que extingue o processo sem a sua resolução 
em virtude de algum vício processual. 
O art. 488 nos diz que se o juiz fosse extinguir o processo sem 
resolução de mérito em virtude de um vício processual que 
venha a favorecer a parte a quem aproveitaria eventual 
pronunciamento de extinção do processo sem resolução de 
mérito, o juiz poderá proceder na resolução de mérito, 
podemos citar como exemplo uma situação em que não 
houve citação do réu, e sabemos que a citação válida é um 
pressuposto processual de validade que pode inclusive ser 
conhecido de ofício pelo magistrado, nesse caso a ausência 
de citação ou a citação inválida deveria gerar a invalidação 
de todos os atos processuais subsequentes, porém o juiz 
verifica que apesar da ausência de citação ou da citação 
inválida ele vai julgar improcedente o pedido do autor, então 
nesse caso o réu não sofreria prejuízo algum decorrente da 
ausência ou invalidade da sua citação, e nesse caso, o réu 
que seria o favorecido pela invalidação dos atos que se 
deram posteriormente a citação inválida ou ao fato de não 
ter havido citação, não vai se prejudicar, já que o juiz decidiu 
pela improcedência do pedido do autor. 
Art. 4º. As partes têm o direito de obter em prazo 
razoável a solução integral do mérito, incluída a 
atividade satisfativa. (Princípio da primazia da decisão 
de mérito). 
Não havendo questões processuais ou tendo apreciado e 
rejeitado as que se apresentaram, o juiz deve passar à análise 
do mérito. 
2. Fundamentação de fato e fundamentação de 
direito: 
Tanto nas questões de admissibilidade quanto nas de mérito, 
cabe ao juiz apreciar primeiro as questões de fato e, depois, 
as de direito. 
• As questões de fato a serem analisadas estão relacionadas, 
principalmente, com as provas realizadas no processo. 
Então, quando falamos em questões de fato, estas podem 
estar vinculadas tanto a admissibilidade (questões 
processuais) tanto ás questões de mérito. Quanto a 
fundamentação de admissibilidade, um bom exemplo é 
quando o juiz analisa se háou não tramitação simultânea de 
ações idênticas (para o juiz identificar que ações são 
idênticas deve-se analisar as partes, pedido e causa de pedir, 
sendo iguais, as ações são idênticas) então, para o juiz 
verificar se há essa situação de litispendência (duas ações 
idênticas tramitando ao mesmo tempo), deverá analisar os 
fatos, para analisar se os fatos tratados em uma demanda 
são exatamente iguais aos fatos tratados na outra (que são a 
chamada causa de pedir remota). Quanto á fundamentação 
de mérito, temos como exemplo o juiz verificar os elementos 
da responsabilidade civil (se for uma responsabilidade 
subjetiva o juiz deverá analisar o ato ilícito, o dano, o nexo 
de causalidade entre o ato ilícito e o dano e a culpa) então, 
são questões de fato que devem ser analisadas pelo 
magistrado e que estão ligadas ao mérito da demanda. 
Se ao final da instrução, o juiz verificar que um determinado 
fato não ficou provado (nem por atuação das partes e nem 
por atuação de ofício do juiz), deve-se aplicar as regras sobre 
ônus da prova, e ele vai aplicar o ônus á aquele que devia ter 
feito prova do fato e não o fez, por exemplo se disse respeito 
a um fato constitutivo do direito, caberia o ônus da prova ao 
autor, se fosse fato extintivo, modificativo ou impeditivo do 
fato, caberia a prova ao réu, então, se a parte que deveria 
fazer a prova do fato não o fez, o juiz irá aplicar o ônus em 
seu desfavor, se aquele fato for indispensável ao julgamento 
da causa. 
Depois de apreciadas as questões de fato, deve o juiz analisar 
as questões jurídicas ligadas à admissibilidade ou ao mérito 
e verificar: 
a) Qual a norma aplicável aquele caso concreto; 
b) Quais os efeitos podem ser extraídos da incidência dessa 
norma, visto que a partir do ponto em que o juiz pega a 
norma em abstrato e aplica ao caso concreto, haverá um 
esforço interpretativo para tal. 
c) Resolver possível questão de compatibilidade 
constitucional da norma jurídica apontada e eventual 
conflito normativo apontado. 
• Ao analisar as questões de direito, o juiz pode, por 
exemplo, dar à situação fática narrada e comprovada nos 
autos qualificação jurídica diversa da proposta pelo autor. 
Aqui falamos a respeito da causa de pedir, e quanto a essa 
vigora no ordenamento jurídico brasileiro a chamada teoria 
da substanciação, que pode ser explicada através do 
brocardo “dai-me os fatos que eu lhe darei o direito”, então, 
por essa teoria é plenamente possível que o juiz, ao analisar 
as questões jurídicas, ele confira aos fatos narrados pelas 
partes uma qualificação jurídica diferente daquela que foi 
trazida por estas. 
Enunciado 282 do Fórum Permanente dos Processualistas 
Civis: “Para julgar com base em enquadramento normativo 
diverso daquele invocado pelas partes, ao juiz cabe observar 
o dever de consulta, previsto no art. 10.” 
O art. 10 diz que mesmo nas hipóteses em que o juiz possa 
decidir de ofício, ele deve, necessariamente, dar as partes 
oportunidade de se manifestar antes de proferir a sua 
decisão, isso é uma garantia de contraditório e ampla defesa. 
Então, esse enunciado nos diz que se o juiz for aplicar a teoria 
da substanciação e conferir aos fatos narrados pela parte 
uma qualificação jurídica diferente daquela que a parte deu 
aos fatos, o juiz deve, antes de proferir essa decisão, dar as 
partes a oportunidade de se manifestar sobre ela. Esses 
enunciados não têm força normativa, mas é uma 
interpretação que os processualistas estão dando a esse 
dispositivo. 
Decisão sem fundamentação: 
A ausência de fundamentação invalida a decisão (art. 93, IX, 
CF, que traz a exigência da motivação das decisões judiciais). 
Da mesma forma, a decisão com fundamentação deficiente 
(aquela que não é capaz de justificar racionalmente a 
decisão) e a ausência de correlação entre a fundamentação 
e decisão, são atos viciados, que podem gerar a invalidação 
da decisão. 
Enunciado 10 do ENFAM (Escola Nacional de Formação e 
Aperfeiçoamento de Magistrados) - A fundamentação 
sucinta não se confunde com a ausência de fundamentação 
e não acarreta a nulidade da decisão se forem enfrentadas 
todas as questões cuja resolução, em tese, influencie a 
decisão da causa. 
O art. 489, §1º, CPC traz um rol exemplificativo de decisões 
não fundamentadas, já que tem por objetivo concretizar o 
direito fundamental à motivação das decisões judiciais (art. 
93, IX, CF). 
Exemplos de decisão não-fundamentada: 
Art. 489, § 1º Não se considera fundamentada qualquer 
decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou 
acórdão, que: 
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de 
ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou 
a questão decidida; 
É essencial que o juiz explique o motivo da escolha da norma, 
não bastando a indicação da lei ou do enunciado que 
fundamenta o julgado. Ele precisará fazer uma correlação, 
mostrando para as partes por que aquela norma prevista em 
abstrato no ordenamento jurídico foi aplicada a aquele caso 
concreto. 
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem 
explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; 
Os conceitos vagos podem abranger diversas situações 
concretas. Por isso, a necessidade de que o juiz explique o 
motivo da incidência do conceito no caso concreto, evitando 
arbitrariedades em sua decisão. 
III - invocar motivos que se prestariam a justificar 
qualquer outra decisão; 
O juiz deve justificar o seu posicionamento, não podendo 
apenas proferir uma decisão padrão. Deve justificar a sua 
decisão de maneira clara e precisa, mostrando que conhece 
bem o caso concreto e baseou a sua decisão nos fatos que ali 
se apresentaram. Do contrário, a mesma se mostraria inútil. 
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no 
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão 
adotada pelo julgador; 
O juiz tem o dever de apreciar as alegações das partes e 
confrontá-las com o caso concreto e com a lei, 
principalmente aquelas que levariam a uma conclusão 
diferente, então, todos os argumentos que o juiz decidir 
contra, deverão ser refutados individualmente e 
justificadamente. Não se admite a fundamentação 
incompleta. 
“Nula é a sentença que, julgando improcedente a ação, 
abstém-se de examinar um dos fundamentos, apresentado 
como causa de pedir.” (STJ, 3ª Turma, Resp 14.825/PR, DJU 
02/12/1991). 
Enunciado 12, ENFAM - Não ofende a norma extraível do 
inciso IV do § 1º do art. 489 do CPC/2015 a decisão que 
deixar de apreciar questões cujo exame tenha ficado 
prejudicado em razão da análise anterior de questão 
subordinante. 
Esse enunciado quer dizer que se a fundamentação do 
magistrado, em seu conjunto, já automaticamente rechaçar 
aquela causa de pedir específica ou aquele fundamento de 
defesa específico, não haverá necessidade de que o juiz 
fundamente a sua decisão especificamente em relação á 
aquela causa de pedir ou fundamento de defesa, visto que 
aquela questão já foi rebatida pelo magistrado considerando 
a sua fundamentação em seu conjunto, ou seja, quando ele 
analisou as outras questões, automaticamente passou por 
aquela. 
Enunciado 13, ENFAM - O art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015 não 
obriga o juiz a enfrentar os fundamentos jurídicos invocados 
pela parte, quando já tenham sido enfrentados na formação 
dos precedentes obrigatórios. 
Então, se estivermos diante de um caso concreto em que a 
situação exija a aplicação de um precedente obrigatório, e 
aqueles fundamentos trazidos pela parte já foram 
enfrentados no momento de se constituir o próprio 
precedente, não haverá necessidade, segundo esse 
enunciado, de que o juiz os aprecie novamente, basta que se 
busque o inteiro teor da decisão que deu origem a aquele 
precedente para que se veja que aquelas questões trazidas 
pelas partes já foram examinadas e discutidas na decisão 
judicial que deu origem ao precedente. 
V - se limitar a invocarprecedente ou enunciado de 
súmula, sem identificar seus fundamentos 
determinantes nem demonstrar que o caso sob 
julgamento se ajusta àqueles fundamentos; 
O juiz deve demonstrar a semelhança do caso concreto com 
o precedente ou com o quadro fático que ensejou a 
elaboração da súmula, para justificar sua utilização. 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, 
jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem 
demonstrar a existência de distinção no caso em 
julgamento ou a superação do entendimento. 
O juiz não pode ignorar precedentes e súmulas, devendo 
demonstrar que o caso apresenta peculiaridades em relação 
àquele do precedente ou que a tese tratada anteriormente 
já se encontra superada. Ou seja, se a parte, no momento de 
elaborar a sua petição inicial, ou no momento de contestar, 
trouxe um enunciado de súmula ou um precedente 
obrigatório para justificar a decisão do magistrado, caso o 
magistrado vá decidir em sentido contrário a aquela sumula 
ou precedente, ele não poderá pura e simplesmente decidir 
ao contrário, ele deverá mostrar para as partes, na sua 
fundamentação, o motivo pelo qual ele não está as aplicando 
ao caso concreto (distinguishing), seja por não haver 
semelhança entre a súmula ou precedente e o caso concreto 
ou por estes já terem sido superados pelo STF ou STJ 
(overruling). 
Da conjugação dos incisos V e VI do §1º do art. 489, CPC, 
tem-se o seguinte: 
a) Ao invocar um precedente como argumento ou 
como norma jurídica aplicável ao caso concreto, 
deve o juiz demonstrar, por meio do distinguishing 
(método de contraposição), que a ratio decidendi se 
aplica a esse caso (art. 489, §1º, V). Então, o juiz terá 
que demonstrar por meio desse método de 
contraposição que a razão de decidir se aplica ao 
caso, e para isso ele deve mostrar que aquele caso 
concreto possui peculiaridades e distinções que 
fazem com que ali não se aplique determinado 
precedente ou enunciado de súmula que tenha sido 
invocado pela parte. 
b) Se algum sujeito processual invocar um precedente 
como norma jurídica, a sua não aplicação ao caso 
concreto dependerá da realização de distinguishing 
(resultado), ou seja, da demonstração de que não 
há semelhança contextual entre o paradigma e o 
caso posto, ou da demonstração de overruling ou 
overriding (superação) (art. 489, §1º, VI). 
Enunciado 09, ENFAM - É ônus da parte, para os fins do 
disposto no art. 489, § 1º, V e VI, do CPC/2015, identificar os 
fundamentos determinantes ou demonstrar a existência de 
distinção no caso em julgamento ou a superação do 
entendimento, sempre que invocar jurisprudência, 
precedente ou enunciado de súmula. 
O que esse enunciado faz é atribuir ás próprias partes o 
dever de indicar o overrruling ou o distinguishing do 
precedente, então se a parte invocou o precedente que for, 
cabe à parte contrária demonstrar para o juiz a existência da 
distinção entre o caso que deu origem ao precedente e o 
caso concreto, ou a superação do precedente. 
Enunciado 11, ENFAM - Os precedentes a que se referem os 
incisos V e VI do § 1º do art. 489 do CPC/2015 são apenas os 
mencionados no art. 927 e no inciso IV do art. 332. 
O art. 927 elenca quais são as decisões judiciais que são 
passíveis de formação de precedentes: 
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: 
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle 
concentrado de constitucionalidade; 
II - os enunciados de súmula vinculante; 
III - os acórdãos em incidente de assunção de 
competência ou de resolução de demandas repetitivas e 
em julgamento de recursos extraordinário e especial 
repetitivos; 
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal 
Federal em matéria constitucional e do Superior 
Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; 
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos 
quais estiverem vinculados. 
§ 1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto 
no art. 10 e no art. 489, § 1º , quando decidirem com 
fundamento neste artigo. 
§ 2º A alteração de tese jurídica adotada em enunciado 
de súmula ou em julgamento de casos repetitivos 
poderá ser precedida de audiências públicas e da 
participação de pessoas, órgãos ou entidades que 
possam contribuir para a rediscussão da tese. 
§ 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência 
dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais 
superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos 
repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da 
alteração no interesse social e no da segurança jurídica. 
§ 4º A modificação de enunciado de súmula, de 
jurisprudência pacificada ou de tese adotada em 
julgamento de casos repetitivos observará a 
necessidade de fundamentação adequada e específica, 
considerando os princípios da segurança jurídica, da 
proteção da confiança e da isonomia. 
§ 5º Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, 
organizando-os por questão jurídica decidida e 
divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de 
computadores. 
Já o art. 332, IV fala das hipóteses de improcedência liminar 
do pedido, e ao falar sobre elas, coloca que uma das 
hipóteses seria quando um pedido contraria um precedente 
obrigatório, e os elenca da seguinte maneira: 
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o 
juiz, independentemente da citação do réu, julgará 
liminarmente improcedente o pedido que contrariar: 
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou 
do Superior Tribunal de Justiça; 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou 
pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de 
recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de 
demandas repetitivas ou de assunção de competência; 
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre 
direito local. 
Outros exemplos de decisão não-fundamentada: 
a) Quando o juiz não expõe um juízo de valor sobre as 
provas produzidas pela parte vencida. No momento 
em que o juiz vai proferir a sua decisão, ao 
fundamentá-la, ele deve mostrar por que, naquele 
caso concreto, ele não valorou as provas produzidas 
pela parte vencida, ou que a prova apresentada por 
aquela parte não foi o suficiente para demonstrar a 
verdade das suas alegações. O juiz não pode 
proferir uma decisão contra a parte sem mostrar 
para ela o motivo pelo qual ele afastou as provas 
por ela produzidas, caso contrário essa decisão 
seria considerada não fundamentada e poderia ser 
invalidada. 
b) Quando não esclarece a ponderação feita em caso 
de conflito normativo. Se no caso concreto houver 
conflito entre normas, o juiz na hora de decidir terá 
de fazer uma ponderação dessas normas, aplicando 
os princípios da razoabilidade e da 
proporcionalidade fazendo uma ponderação, e 
assim mostrar para a parte o porquê de ter aplicado 
uma norma em detrimento da outra, em casos onde 
as normas entram em conflito. Se ao realizar a 
fundamentação o magistrado não faz essa 
ponderação nos casos em que há normas 
conflitantes regendo a situação em concreto, essa 
decisão também é deficiente ou ausente de 
fundamentação e ela pode ser invalidade nos 
termos do art. 93, IX da CF. Temos como exemplo o 
caso em que um indivíduo se recusa a receber 
transfusão sanguínea devido a sua religiosidade, 
nesse caso o magistrado terá que ponderar entre 
dois direitos fundamentais que são o direito à vida 
e a liberdade de culto, assim, na sua decisão deverá 
fundamentar por que um direito preponderou 
sobre o outro. 
Art. 489, §2º. No caso de colisão entre 
normas, o juiz deve justificar o objeto e os 
critérios gerais da ponderação efetuada, 
enunciando as razões que autorizam a 
interferência na norma afastada e as 
premissas fáticas que fundamentam a 
conclusão. 
 
c) Quando não explica a incompatibilidade entre a 
norma constitucional e a norma infraconstitucional. 
Então se termos uma incompatibilidade entre 
norma constitucional e norma infraconstitucionalo 
juiz deverá demonstrar essa incompatibilidade, sob 
pena de proferir uma decisão não fundamentada. 
d) Quando altera orientação jurisprudencial sem 
fundamentação adequada e específica, conforme 
exigido pelo art. 927, §4º, CPC, que fala sobre a 
observância obrigatória pelos juízes e tribunais ao 
sistema de precedentes. Então, se o juiz vai alterar 
uma orientação jurisprudencial, ele deverá 
apresentar uma fundamentação adequada e 
específica, demonstrando que ele altera naquele 
caso concreto aquela determinada orientação 
jurisprudencial, caso contrário a decisão pode vir a 
ser invalidada. 
O ordenamento brasileiro não admite a substituição tácita 
da tese jurídica (implied overruling), impondo um esforço 
argumentativo no sentido de se contrapor aos fundamentos 
que lastreavam a tese jurídica até então consolidada, sob 
pena de se caracterizar ausência de fundamentação, nos 
termos do art. 927, §4º e 489, §1º, ambos do CPC. Nesse 
sentido, quando o juiz altera uma orientação jurisprudencial, 
o ordenamento jurídico brasileiro não aceita uma 
substituição tácita da tese jurídica, para que o juiz faça a 
substituição de uma tese jurídica por outra ele deve 
fundamentar expressamente essa alteração. 
e) Na hipótese de fundamentação per relationem, 
quando não se atenta para circunstâncias 
específicas. A motivação per relationem ocorre 
quando o juiz se reporta, em seus fundamentos, a 
outro ato do processo (outra decisão ou parecer, p. 
ex.). Então, a fundamentação ou motivação per 
relationem é aquela em que o juiz, no momento de 
fundamentar ou de motivar a sua decisão, ele na 
verdade, se reporta a outra decisão já proferida 
naquele processo ou até mesmo de um parecer do 
Ministério Público por exemplo, e ele fundamenta a 
sua decisão com base naquela fundamentação ou 
motivação já exposta em outra decisão proferida 
pelo próprio magistrado ou parecer do MP. 
A propósito da motivação per relationem, há divergência 
entre o STF e o STJ: 
- Para o STF, foi preenchida a exigência 
constitucional de motivação das decisões judiciais 
e, portanto, não há nulidade quando o acórdão 
adota, p. ex., um parecer do MP como razão de 
decidir. 
“Reveste-se de plena legitimidade jurídico-
constitucional a utilização, pelo Poder Judiciário, da 
técnica da motivação per relationem, que se mostra 
compatível com o que dispõe o rt. 93, IX, da 
Constituição da República.” (STF, 2ª Turma, AI 
825.520 AgR-ED/SP, Dje 09/09/2011). 
- Para o STJ, considera-se nulo o acórdão, por 
ausência de fundamentação, a motivação per 
relationem mediante simples e vaga remissão a 
alguma decisão ou parecer constante do processo, 
pode se basear nesta, porém precisa de 
fundamentação completa. 
“Na hipótese dos autos, o acórdão proferido é nulo 
por ausência de fundamentação, uma vez que se 
limita a fazer referência à sentença, em formato 
genérico de resposta judicial, sem a reprodução de 
nenhum trecho do julgado e sem apresentar 
motivação própria. Essa situação possibilita, 
inclusive, a fácil multiplicação de seu conteúdo em 
diversas outras ocasiões, com a alteração de parcas 
informações.” (STJ, 5ª Turma. AgRg no Resp 
1.223.861/RJ, Dje 06/03/2013). 
Dispositivo: 
Dispositivo é o fecho da sentença, que contém a decisão da 
causa. 
É a conclusão do silogismo judicial, em que se examina se a 
pretensão formulada pelo autor na petição inicial pode ou 
não ser apreciada, e em caso positivo, se pode ou não ser 
acolhida. 
É preciso que haja coerência entre a fundamentação e o 
dispositivo. 
Somente o dispositivo da sentença de mérito se revestirá de 
autoridade de coisa julgada material. 
No dispositivo o juiz poderá invalidar o processo (falta de 
pressuposto processual), declarar sua extinção, julgar o 
pedido procedente ou improcedente. 
O dispositivo pode ser: 
• Direto: quando especifica a prestação imposta ao vencido. 
Então quando o dispositivo além de julgar procedente ou 
improcedente o pedido, ele especifica a prestação imposta 
ao vencido, ele será direto. 
• Indireto: quando o juiz apenas se reporta ao pedido do 
autor para julgá-lo procedente ou improcedente. 
Teoria dos capítulos de sentença: 
A decisão judicial, embora formalmente única, em algumas 
situações admite uma cisão material, que serão os diversos 
capítulos que formam a sentença: 
a) Quando a decisão contém o julgamento de mais de 
uma pretensão. Como por exemplo um autor que 
requereu em sua petição inicial indenização por 
danos materiais e também por danos morais, nesse 
caso, essas duas pretensões darão origem a dois 
capítulos de sentença, um referente ao dano moral 
e um referente ao dano material. 
b) Quando a pretensão, embora única, seja 
decomponível, como nos casos de contagem, 
medição, pesagem, ou qualquer ordem de 
quantificação. Como por exemplo no caso de o 
autor requerer 10 mil reais a título de indenização e 
o juiz deferir apenas 6 mil reais, implicitamente 
teríamos o capítulo que defere os 6 mil reais e o 
capítulo que indefere os 4 mil reais restantes, essa 
separação em capítulos é importante para a 
interposição de recurso, pois o réu pode recorrer do 
capítulo que deferiu o pagamento dos 6 mil reais e 
o autor recorrer do capítulo que indeferiu os 4 mil 
reais. 
c) Quando o juiz, independente da quantidade de 
pretensões, analisa questões processuais e as 
repele, passando a analisar o objeto litigioso. No 
momento em que o juiz rejeita uma preliminar de 
mérito, uma questão processual que tenha sido 
levantada pela parte e passa a apreciação do 
mérito, teremos dois capítulos de sentença, aquele 
que decidiu acerca da questão processual e aquele 
que decidiu acerca da questão de mérito. Se for 
feita uma análise mais atenciosa, percebemos que 
em todas as vezes que o juiz analisou o mérito, a 
bem da verdade ele admitiu aquela demanda, do 
ponto de vista processual, afinal, o juiz só pode 
passar para a apreciação do mérito se ele verificar 
antes que não existem vícios processuais que sejam 
capazes de impedir o julgamento da causa, então 
nesse caso, se for implícita a admissibilidade do 
procedimento, não iremos falar em dois capítulos 
de sentença, visto que no processo civil brasileiro 
não se admite decisão implícita, tendo em vista a 
exigência de motivação das decisões judiciais, 
então, nesses casos só teremos dois capítulos de 
sentença se o juiz explicitamente decidiu acerca de 
uma questão processual, rejeitou essa questão 
processual arguida pela parte e passou a apreciação 
do mérito. 
De acordo com Fredie Didier Jr., “capítulo de sentença é toda 
unidade decisória autônoma contida na parte dispositiva de 
uma decisão judicial. ” 
A decisão é homogênea quando contém apenas os capítulos 
puramente processuais ou capítulos de mérito. 
É, por sua vez, heterogênea, quando contém tanto capítulos 
processuais como capítulos de mérito, como no caso em que 
o juiz repele a questão processual e analisa o mérito, seja 
para acolher ou negar os pedidos formulados pelo autor. 
 
É possível falar ainda em uma cisão jurídica do dispositivo, 
quando, por exemplo, o pedido imediato (provimento 
jurisdicional a ser requerido) pode ser dividido em duas 
partes: um capítulo que reconhece o direito do autor e outro 
que lhe nega, num primeiro momento, o direito de exigi-lo, 
porque não vencido, como por exemplo, quando a parte 
busca o reconhecimento de uma dívida, que, entretanto, 
ainda não venceu, o juiz em um primeiro momento irá 
reconhecer o direito da parte de pleitear aquela quantia, 
mas que apenas poderá ser cobrada em juízo quando a 
mesma vencer e se tornar exigível. 
A categoria dos capítulos de sentença foi expressamente 
incorporada pelo CPC/15 (ver arts. 966, §3º, 1013, §1º e 
1034, parágrafo único). 
Alguns exemplos de aplicação prática da teoria dos capítulos 
de sentença: 
a) Se a decisão for ultra petita (juiz defere mais do quefoi pedido), basta que se retire o capítulo em 
excesso, mantendo o outro que obedeceu aos 
limites da demanda, uma vez que o pedido limita a 
atuação do órgão julgador. Temos como exemplo 
uma ação em que foi pleiteado 25 mil reais a título 
de indenização e o juiz deferiu 30 mil reais, o 
capítulo que defere os 5 mil reais excedentes deve 
ser invalidado. 
b) Possibilidade de resolução antecipada parcial do 
mérito (art. 356, CPC). Essa pretensão que foi 
resolvida antecipadamente dá origem a um capítulo 
de sentença, este que pode ser objeto, em tese, de 
recurso, ou também de execução imediata. 
c) Na teoria dos recursos, a interposição de recurso 
parcial faz com que, em regra, haja preclusão 
quanto à discussão sobre os capítulos não 
impugnados. 
d) A ação rescisória pode ter por objeto apenas um ou 
alguns dos capítulos da decisão (art. 966, §3º, CPC). 
A ação rescisória tem por objetivo desconstituir 
uma sentença já transitada em julgado, que é 
permitida apenas nas hipóteses previstas em lei. 
Essa ação pode dizer respeito a apenas um ou 
alguns dos capítulos de sentença, sendo assim, 
proposta apenas em face destes. 
e) Quando há sucumbência recíproca, responderá o 
autor pelas despesas e honorários relativos ao 
capítulo em que foi sucumbente, cabendo ao réu 
arcar com as despesas quanto ao capítulo em que 
se viu vencido. 
f) Mesmo havendo sucumbência total, é possível que 
somente o capítulo quanto às despesas e 
honorários seja objeto de recurso pelo vencido. 
g) Na execução, o capítulo que impõe a obrigação de 
pagar quantia deverá sujeitar-se à execução nos 
termos do art. 523 e ss., CPC, enquanto o que impõe 
obrigação de fazer ou dar coisa seguirá o art. 536, 
CPC. 
h) Havendo um capítulo líquido e outro ilíquido, é 
possível ao credor promover a liquidação deste e a 
execução daquele (art. 509, §1º, CPC). 
Condições formais da sentença: 
A decisão judicial deve ser clara e precisa, do contrário, 
admite-se a interposição de embargos de declaração, para 
sanar obscuridade ou contradição (art. 1022, CPC). Então, 
apesar de não termos um dispositivo no CPC de 2015 que 
traga a exigência de que a decisão seja clara e precisa, isso 
decorre, além da própria lógica sistemática das decisões 
judiciais, da própria ideia de possibilidade de interposição 
dos embargos de declaração, o art. 1.022 do CPC diz que se 
pode interpor embargo de declaração para sanar omissão, 
obscuridade, contradição ou erro material em qualquer 
decisão judicial, mas aqui, mais especificamente quando se 
cobra que a decisão judicial seja clara e precisa, os embargos 
de declaração irão atuar principalmente nos casos em que 
houver obscuridade ou contradição. 
1) Clareza: é clara a sentença que se apresenta 
inteligível, compreensível, evitando interpretações 
ambíguas ou incertezas. Esse fator é muito 
importante para que se possa haver a 
controlabilidade das decisões judiciais, tanto 
interno quanto externo. 
2) Precisão: refere-se à certeza da decisão. A sentença 
é incompatível com a dúvida. Decisão incerta, torna 
a sentença inexequível. 
Art. 492, parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda 
que resolva relação jurídica condicional. 
Ademais, para a sentença ser precisa, deve estar dentro dos 
limites do que foi pedido. Não pode dar o que não foi pedido, 
nem mais do que se pediu, e nem tampouco deixar de decidir 
sobre parte do pedido. Sendo assim, é vedada a prolação de 
sentença extra, ultra ou citra petita. Então, quando falamos 
que a sentença deve ser precisa, se quer dizer que ela deve 
ser proferida nos exatos limites do que foi pedido, isso está 
ligado ao chamado princípio da congruência (também 
chamado de princípio da adstrição) que diz que o pedido 
formulado pela parte limita a atuação do órgão julgador. 
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza 
diversa da pedida, bem como condenar a parte em 
quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi 
demandado. 
O CPC/73 trazia regra que impedia o juiz de proferir sentença 
ilíquida, quando o autor formulava pedido certo (art. 459, 
parágrafo único). Como o CPC/15 não reproduziu essa regra, 
há quem entenda (como Humberto Theodoro Jr., p. ex.), que 
o juiz pode acolher genericamente o pedido certo, quando 
não encontre elementos na prova para quantificar a 
condenação em termos exatos. 
Em contrapartida, mesmo diante de pedido genérico do 
autor (nos casos em que a lei permite, no art. 324, §1º) o juiz 
deve proferir condenação líquida, desde que haja no 
processo elementos que definam o montante da obrigação. 
A precisão da sentença no caso de obrigação de 
pagar quantia certa: 
Art. 491 Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, 
ainda que formulado pedido genérico, a decisão definirá 
desde logo a extensão da obrigação, o índice de 
correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de 
ambos e a periodicidade da capitalização dos juros, se 
for o caso. 
Da leitura do art. 491, caput, do CPC, pode-se deduzir que a 
condenação relacionada com obrigação por quantia certa 
deverá ser líquida, não importando se o pedido foi líquido ou 
genérico. Então, se tivermos uma obrigação por quantia 
certa, regra geral, essa sentença deve ser sempre que 
possível líquida, ainda que o autor tenha formulado pedido 
ilíquido ou pedido genérico. 
Ademais, ainda que a condenação seja genérica, a sentença 
deverá conter os elementos necessários à determinação da 
extensão da obrigação, no que se refere ao principal e 
acessórios. 
Art. 491, § 2º O disposto no caput também se aplica 
quando o acórdão alterar a sentença. 
Esse parágrafo nos traz a informação de que essas mesmas 
regras que se aplicam a sentença também se aplicam ao 
acórdão. 
A condenação relacionada com obrigação de pagar quantia 
certa somente poderá ser ilíquida ou genérica em duas 
situações previstas no art. 491, CPC, quais sejam: 
Art. 491. Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, 
ainda que formulado pedido genérico, a decisão definirá 
desde logo a extensão da obrigação, o índice de 
correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de 
ambos e a periodicidade da capitalização dos juros, se 
for o caso, salvo quando: 
I - não for possível determinar, de modo definitivo, o 
montante devido; 
Regra geral, o juiz deve proferir sentença líquida, mesmo que 
o autor tenha formulado pedido genérico, sempre que 
possível, se o juiz puder quantificar com base nas provas 
produzidas nos autos o valor da condenação. Porém há 
hipóteses que tanto o autor formulando pedido certo quanto 
genérico não será possível para o juiz proferir sentença 
líquida, pois, não é possível determinar, de modo definitivo, 
o montante devido, mas, mesmo proferindo sentença 
ilíquida, mas os parâmetros mínimos já devem estar 
determinados na sentença judicial. 
II - a apuração do valor devido depender da produção 
de prova de realização demorada ou excessivamente 
dispendiosa, assim reconhecida na sentença. 
Nessa segunda hipótese se faz necessária a produção de uma 
prova ou muito dispendiosa ou demorada, e que em virtude 
disso o juiz prefere deixar para que ela seja produzida em um 
outro momento, chamado de fase de liquidação de 
sentença, em que será produzida para que o juiz chegue ao 
montante que deverá ser pago. 
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a 
apuração do valor devido por liquidação. 
Ou seja, mesmo genérica, sentença ilíquida deve ser precisa, 
tanto quanto possível, acerca da extensão da prestação 
imposta à parte, ainda que seu montante não tenha sido 
definido. Não se admite, p. ex., sentença que vagamente 
condenam a perdas e danos, sem esclarecer a sua extensão. 
Sentença condenatória ilíquida: 
No CPC/15 há sentenças líquidas (o valor é determinado) ou 
ilíquidas (o valor será posteriormente apurado). 
Para que se possa proceder ao cumprimento de sentença 
faz-se necessário antes aapuração do quantum debeatur, já 
que a execução reclama sempre título de obrigação líquida, 
certa e exigível (art. 783, CPC). Então, se o juiz profere uma 
sentença ilíquida, uma sentença na qual se sabe que o direito 
foi reconhecido, mas não se sabe qual o valor da 
condenação, necessariamente, antes de se iniciar a execução 
dessa sentença, se deve passar pela fase ou incidente de 
liquidação de sentença, visto que, para se promover uma 
execução se faz necessário que a obrigação que está sendo 
exigida seja líquida, certa e exigível. 
A certeza está ligada aos elementos da obrigação, então, 
todos os parâmetros da decisão judicial devem estar ali 
presentes para que a obrigação seja certa, a exigibilidade se 
dá no sentido de que a obrigação já deve estar vencida, se 
ela estiver sujeita a termo ou condição, a parte terá que 
provar que o termo ou a condição já se implementaram, para 
que assim possa executar a obrigação e por fim a liquidez, 
que determina qual é o valor da condenação (nos casos de 
obrigação de pagar quantia certa). 
Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento 
de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a 
requerimento do credor ou do devedor. 
A liquidação da sentença poderá ser requerida independente 
do trânsito em julgado, na pendência de recurso. Nós temos 
a chamada liquidação de sentença definitiva e a liquidação 
de sentença provisória. 
Liquidação de sentença definitiva: Quando a liquidação de 
sentença é feita para apurar o valor devido em uma sentença 
já transitada em julgado. Então, se tivermos uma decisão 
judicial já transitada em julgada que reconhece o direito do 
autor a receber determinada quantia, mas não diz qual o 
valor devido, teremos a liquidação de sentença definitiva. 
Liquidação de sentença provisória: É a liquidação de 
sentença que ocorre na pendência de recurso não dotado de 
efeito suspensivo. 
A liquidação de sentença é realizada através de um simples 
incidente complementar do processo em que se profere 
condenação genérica, sendo a decisão nela proferida 
passível de agravo de instrumento (art. 1015, parágrafo 
único, CPC). Isso tudo dentro do chamado processo 
sincrético, que é dividido em fase de conhecimento e fase de 
execução, mas, se o juiz, na fase de conhecimento profere 
uma sentença ilíquida, antes de se iniciar a fase de execução, 
haverá necessidade de que se proceda na chamada fase de 
liquidação de sentença. 
A precisão da sentença que tenha por objeto 
obrigação de fazer ou não fazer: 
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de 
fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, 
concederá a tutela específica ou determinará 
providências que assegurem a obtenção de tutela pelo 
resultado prático equivalente. 
Esse artigo determina de maneira clara que, nas obrigações 
de fazer ou de não fazer, o que se busca é o cumprimento da 
obrigação in natura, ou seja, o que se busca é a tutela 
específica, ou não sendo possível a tutela específica, a tutela 
pelo resultado prático equivalente (que um terceiro cumpra 
a obrigação do devedor ás suas custas) e somente em último 
caso que a parte terá que converter essa obrigação de fazer 
em perdas e danos, visto que, a ideia do legislador é buscar 
que tais sejam cumpridas através do cumprimento da tutela 
específica, de forma a impedir o simples pagamento de 
multas contratuais ou de perdas e danos, estes que seriam 
apenas execuções paliativas, pois se, o que se busca é a 
efetividade do processo e essa efetividade se traduz em “dar 
a cada um o que é seu de direito no menor espaço de tempo 
possível”, o processo será tanto mais efetivo quanto se 
aproximar da tutela específica. 
O tratamento processual dispensado a tais obrigações é o da 
garantia da tutela específica, de modo a impedir, num 
primeiro momento, o simples pagamento de multas 
contratuais ou perdas e danos. 
Ademais, sobre a concessão de tutela inibitória, determina o 
parágrafo único do art. 497: 
Art. 497, p. único: Para a concessão da tutela específica 
destinada a inibir a prática, a reiteração ou a 
continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é 
irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou 
da existência de culpa ou dolo. 
A ideia da tutela inibitória é proibir ou inibir a prática de um 
ato ilícito ou a continuação da prática daquele ato ilícito. No 
momento em que o magistrado defere uma tutela específica, 
buscando inibir uma conduta ilícita, impedir a sua 
continuação ou praticar a remoção do ilícito já realizado, não 
importará se a parte que tenha cometido o ilícito tenha agido 
com culpa ou dolo, também não é necessário demonstrar 
que a parte que pleiteia a tutela específica já tenha sofrido 
algum tipo de dano, independentemente disso a tutela 
inibitória deve ser deferida pelo magistrado, pois o que se 
busca alcançar é a tutela específica, que é o cumprimento de 
uma obrigação de fazer ou de não fazer. 
art. 499. A obrigação somente será convertida em 
perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a 
tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado 
prático equivalente. 
Ou seja, é somente em um segundo momento que se pode 
buscar a conversão em perdas e danos, primeiro se busca a 
tutela específica e depois a prestação equivalente ás custas 
de quem deveria cumprir com a obrigação. 
Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem 
prejuízo da multa fixada periodicamente para compelir o réu 
ao cumprimento específico da obrigação. 
Como visto, a conversão em perdas e danos se dará em duas 
situações, ou a requerimento do credor ou por que a 
execução da obrigação se tornou impossível, de todo modo, 
enquanto foi requerida a tutela específica, é possível que a 
parte requeira ou o próprio juiz fixe de ofício uma multa 
diária, também chamada de astreintes, esta que tem por 
objetivo forçar o cumprimento da obrigação. Se a parte 
requerer a conversão em perdas e danos, essa indenização 
será dada sem que se prejudique a multa fixada para forçar 
o cumprimento da obrigação, isso por que a astreinte tem 
natureza coercitiva e as perdas e danos tem caráter 
reparador, então, como elas tem naturezas jurídicas 
distintas, uma não prejudicará a outra. 
Admite-se também, antes da sentença definitiva, a tutela 
provisória de urgência, sob a forma de liminar, desde que 
presentes o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora” (art. 
300, CPC). 
A medida liminar e a sentença podem ser reforçadas com a 
imposição de astreintes ao réu. 
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte 
e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em 
tutela provisória ou na sentença, ou na fase de 
execução, desde que seja suficiente e compatível com a 
obrigação e que se determine prazo razoável para 
cumprimento do preceito. 
Para a aplicação da astreinte não necessariamente deve 
haver requerimento da parte, podendo essa ser fixada de 
ofício pelo magistrado, se esse entender que essa multa é 
necessária para forçar o cumprimento da obrigação 
específica ou a tutela pelo resultado prático equivalente. 
Porém isso não impede que o credor requeira ao magistrado 
a fixação dessa multa, se ele entender que é necessária ou 
que ela pode facilitar a obtenção da obrigação in natura. A 
fixação dessa multa contribui para a efetividade do processo, 
que é dar a cada um o que é seu de direito no exato limite 
do que cada um tem direito a receber e no menor espaço de 
tempo possível. Esse artigo ainda nos coloca que as 
astreintes podem ser fixadas tanto no processo de 
conhecimento quanto no de execução, na fase de 
conhecimento elas podem ser fixadas na tutela provisória ou 
também na sentença, já na fase de execução também é 
possível que o juiz as fixe, se entender que isso se faz 
necessário para forçar o cumprimento da obrigação. 
Também nos é trazido que antes do juiz fixar o termo inicial 
para o cumprimento das astreintes,deve conceder um prazo 
razoável para que a parte devedora possa cumprir 
espontaneamente com a sua obrigação. 
§ 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, 
modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda 
ou excluí-la, caso verifique que: 
Esse parágrafo confere ao juiz a possibilidade de, de ofício ou 
a requerimento da parte interessada, modificar o valor ou a 
periodicidade da multa vincenda, ou até mesmo excluí-la. O 
juiz poderá fazer isso nas seguintes situações: 
I - se tornou insuficiente ou excessiva; 
Como por exemplo, nos casos em que a multa estipulada tem 
um valor muito baixo e a parte que sofre com ela não se 
sente efetivamente forçada a cumprir com a sua obrigação, 
nesse caso a multa é insuficiente. O contrário também é 
verdade, se o juiz verificar que, para o credor o recebimento 
da multa passa a ser mais interessante que insistir no 
cumprimento da obrigação de fazer, verificará o juiz que a 
multa se tornou excessiva e o credor passa a ter um 
enriquecimento injustificado ao contrário do devedor que 
passa a ter um empobrecimento injustificado, nesse caso o 
juiz também poderá alterar o valor da multa, sendo no seu 
valor ou na sua periodicidade, em ambos os casos. Além 
disso, o magistrado analisando o caso concreto também 
poderá excluir a multa, se ele verificar que ela é excessiva, 
que está gerando enriquecimento ou empobrecimento 
indevido etc... 
II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial 
superveniente da obrigação ou justa causa para o 
descumprimento. 
Pode ocorrer que o devedor, após o prazo fixado pelo 
magistrado, tenha cumprido ainda que parcialmente a 
obrigação, então, o juiz poderá verificar que diante do 
cumprimento parcial daquela obrigação, aquela multa se 
tornou excessiva, e que vai acabar gerando um 
empobrecimento sem causa por parte do devedor (e via de 
consequência um enriquecimento sem causa do credor), isso 
também poderá se dar quando o devedor apresenta uma 
justa causa para o descumprimento daquela obrigação, 
podendo o juiz até mesmo excluir a multa que foi fixada. 
§ 2º O valor da multa será devido ao exequente. 
A astreinte, uma vez fixada e executada será revertido em 
proveito do credor, isso porque é ele o maior prejudicado 
com o descumprimento da obrigação dentro do prazo fixado 
pelo magistrado. 
§ 3º A decisão que fixa a multa é passível de 
cumprimento provisório, devendo ser depositada em 
juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito 
em julgado da sentença favorável à parte. 
É possível a execução provisória da multa diária. Isso 
significa que a decisão ainda não transitou em julgado, por 
ter sido fixada, por exemplo, em uma tutela provisória ou 
ainda em uma sentença alvo de recurso sem efeito 
suspensivo, em uma situação como essas, o credor poderá 
promover imediatamente a execução das astreintes. Essa 
execução é chamada de provisória pois é ainda passível de 
sofrer reforma. Se a execução se der provisoriamente, o 
devedor deverá depositar o valor em juízo, sem que esse 
dinheiro seja entregue automaticamente ao credor, o que só 
irá acontecer se, transitada em julgado a decisão que a fixou, 
essa decisão for favorável ao credor. 
§ 4º A multa será devida desde o dia em que se 
configurar o descumprimento da decisão e incidirá 
enquanto não for cumprida a decisão que a tiver 
cominado. 
Aqui temos o termo inicial e o termo final de cobrança da 
multa. O termo inicial será determinado pelo juiz, que dará 
um prazo razoável para o cumprimento da obrigação e findo 
aquele prazo para o cumprimento espontâneo, a multa 
começa a vigorar, e uma vez que essa multa passa a vigorar, 
ela só deixará de fazê-lo se for cumprida a obrigação (porém 
o próprio artigo 537 permite que se fixe uma periodicidade 
para que a multa surta os seus efeitos, podendo ser limitado, 
por exemplo, em 20 dias-multa). Não há objeção para que a 
multa supere o valor da obrigação. 
O juiz pode, ainda, determinar de ofício ou a requerimento 
da parte medidas de apoio (medidas que tem por objetivo 
permitir o exercício do direito do credor reconhecido pelo 
magistrado): 
Art. 536, § 1º Para atender ao disposto no caput, 
o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a 
imposição de multa, a busca e apreensão, a 
remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de 
obras e o impedimento de atividade nociva, 
podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de 
força policial. 
Esse é um rol exemplificativo de medidas de apoio que 
podem ser fixadas pelo magistrado além das astreintes. Se 
necessário o juiz pode inclusive pedir o auxílio de força 
policial para tanto. 
Extensão das regras de tutela às obrigações de 
fazer e não fazer aos deveres de natureza não 
obrigacional: 
Art. 536, § 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que 
couber, ao cumprimento de sentença que reconheça 
deveres de fazer e de não fazer de natureza não 
obrigacional. 
Sempre que a parte puder exigir da outra determinada 
conduta positiva ou negativa, ainda que derivem 
diretamente de mandamentos legais, a sentença que a 
imponha será executada dentro dos procedimentos 
aplicáveis às obrigações negociais. 
Regras especiais de tutela às obrigações de 
entrega de coisa: 
Para apreciação e julgamento das ações reipersecutórias, o 
art. 538, §3º, CPC, estendeu às obrigações de entrega de 
coisa as regras previstas em lei para as obrigações de fazer e 
não fazer. 
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de 
coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o 
prazo para o cumprimento da obrigação. 
O juiz, ao proferir uma decisão judicial onde fixa uma 
obrigação de entrega de coisa, dará um prazo razoável para 
o cumprimento da obrigação sob a pena de fixação de multa, 
conversão em perdas e danos etc... 
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa 
determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor 
individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a 
escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a entregará 
individualizada, no prazo fixado pelo juiz. 
Aqui refere-se a entrega de coisa incerta (pois é determinada 
apenas pelo gênero e quantidade), sendo que a sua 
qualidade deve ser determinada pela parte a quem couber a 
escolha da coisa. Quanto a quem cabe a escolha, será 
determinado pelo contrato, porém, o que a lei nos diz é que 
essa escolha não estiver prevista no contrato, a escolha 
caberá ao devedor. Se a escolha couber ao credor, este 
deverá individualiza-la já na petição inicial, já se a escolha 
couber ao devedor, esse deverá entregá-la já individualizada 
no prazo a ser fixado pelo magistrado. 
Art. 499. A obrigação somente será convertida em 
perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a 
tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado 
prático equivalente. 
Aqui é trazido para a obrigação de entrega de coisa a mesma 
regra que é aplicada na obrigação de fazer e de não fazer. Se 
não for possível a obtenção da tutela específica ou a tutela 
pelo resultado prático equivalente, aí sim poderá requerer o 
credor a conversão em perdas e danos. 
As astreintes também são aplicáveis às obrigações de 
entrega de coisa (arts. 536, §1º e 538, §3º, CPC). 
Ocorrendo a inviabilização da entrega de coisa, sua 
conversão em indenização pelas perdas e danos se dará sem 
prejuízo da multa prevista (art. 500, CPC), visto que o caráter 
da multa e das perdas e danos são diferentes, a primeira tem 
caráter coercitivo e a segunda reparador. Mesma regra que 
se aplica as obrigações de fazer e não fazer. 
 Não deve ser imposta a multa (astreinte), se a entrega da 
coisa se inviabilizou antes da condenação ou se, de 
antemão, o credor já optou pelo equivalente econômico. 
Nessas duas situações a obrigação não será cumprida in 
natura, que é o objetivo da fixação da multa. 
É possível a tutela provisória (art. 300, CPC), com base em 
prova documental pré-constituída, ou mediantejustificação 
prévia, com a citação do réu. Então, o deferimento de tutela 
provisória que preveja o cumprimento de uma obrigação de 
entrega de coisa é plenamente possível, importante é que o 
credor, para obter essa tutela provisória, demonstre os 
requisitos necessários para a sua obtenção, que são a 
plausibilidade do direito existir e o risco de lesão grave ou de 
difícil reparação, provados esses requisitos o juiz poderá 
deferi-la, podendo basear em documentos pré-constituídos 
capazes de demonstrar esses elementos ou também com a 
designação pelo magistrado de uma audiência de justificação 
prévia, para colher provas desses elementos, com a 
participação do réu, para que aí sim defira ou não a tutela 
antecipada. 
A fixação de multa por atraso na entrega da coisa poderá ser 
usada tanto na sentença quanto na concessão da tutela 
provisória, e sempre será vinculada a um prazo razoável para 
o cumprimento do preceito (art. 537, CPC). 
O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, empregar 
medidas de apoio ou pressão, como multa, apreensão de 
pessoas ou coisas etc, inclusive com requisição de força 
policial (art. 537, §1º e 538). 
Regra especial de tutela específica às 
obrigações de declaração de vontade: 
Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de 
declaração de vontade, a sentença que julgar 
procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, 
produzirá todos os efeitos da declaração não emitida. 
O art. 501, CPC se refere a qualquer promessa de contratar 
(embora a mais comum seja o compromisso de compra e 
venda), salvo aquelas que admitirem a possibilidade de 
arrependimento. 
Uma vez proferida a sentença que condenou o devedor a 
emitir a prometida declaração de vontade, o atendimento da 
pretensão do credor não mais depende do devedor, pois a 
sentença supre essa declaração. 
A sentença transitada em julgado substituirá a declaração 
não emitida, produzindo os efeitos jurídicos a que esta se 
destinava. 
O registro da sentença, que deve ser feito mediante 
mandado do juiz da causa, não é propriamente uma forma 
de execução, tendo apenas a função própria dos atos de 
registro público, quais sejam, eficácia erga omnes, 
transferência dominial, criação de direito real etc. 
Publicação, interpretação e correção da 
sentença: 
Publicação e intimação da sentença: 
A sentença pode ser proferida na AIJ ou nos 30 dias após a 
audiência, conforme art. 366, CPC: “Encerrado o debate ou 
oferecidas as razões finais, o juiz proferirá sentença em 
audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias”. Então, caso o 
magistrado tenha designado audiência de instrução ou 
julgamento para produção de prova oral, ele poderá, ao fim 
da AIJ, proferir sentença imediatamente, dentro da própria 
audiência. 
Importante ressaltar que nem sempre o processo entrará na 
fase instrutória, podendo ser alvo de uma das hipóteses de 
julgamento antecipado do mérito. Ademais, se o julgamento 
se der independente de audiência, nos 30 dias seguintes à 
conclusão (quando os autos são remetidos ao gabinete do 
magistrado para que possa proferir decisão), em documento 
redigido pelo juiz (art. 354 c/c 226, III, CPC). 
A sentença é ato público (art. 189, CPC) e, enquanto não 
publicada, não produzirá qualquer efeito. 
Com a publicação da sentença, o juiz já não pode mais 
alterar o seu decisório, ou seja, o seu conteúdo (art. 494, 
CPC). 
Quando proferida em audiência, a publicação consiste na 
leitura da sentença, que produz o mesmo efeito daquela 
feita pela imprensa (órgão oficial), com ou sem a presença 
das partes, desde que elas tenham sido intimadas a 
comparecer a aquela audiência. Somente haverá 
necessidade de intimação pela forma usual, se o advogado 
não tiver sido intimado para a audiência. 
Regra geral, publicação e intimação são atos distintos, salvo 
quando a sentença é proferida em audiência, em que ambas 
ocorrem simultaneamente. 
Assim, primeiro o escrivão publica a decisão, fazendo-a 
integrar o processo por meio de termo de juntada lavrado 
nos autos e, em seguida, ocorre a intimação das partes, 
através dos diversos meios de comunicação autorizados por 
lei (imprensa, oficial de justiça, correio etc). 
Uma vez realizada a publicação, nos termos da lei, alguns 
efeitos se manifestam, quais sejam: 
a) Torna-se pública a prestação jurisdicional: Uma vez que a 
sentença foi publicada, torna-se público o conteúdo daquela 
decisão judicial e torna-se pública a prestação jurisdicional, 
que se dá com a entrega da decisão feita pelo magistrado. 
b) Fixa-se o teor da sentença, que se torna irretratável para 
o seu prolator: O próprio juiz que proferiu aquela decisão 
não poderá altera-la, salvo nas hipóteses em que a própria 
lei a interposição de embargos de declaração para que o 
magistrado sane alguma omissão, obscuridade, contradição 
ou erro material. Ao publicar a sentença de mérito, portanto, 
o juiz cumpre o seu ofício jurisdicional. Isso não quer dizer, 
contudo, que o juiz não possa praticar nenhum outro ato no 
processo, podendo, por exemplo, julgar os embargos de 
declaração contra a própria decisão, praticar atos executivos 
etc. 
Correção e integração da sentença: 
A lei abre duas exceções ao princípio da irretratabilidade ou 
imutabilidade da sentença de mérito pelo próprio julgador: 
Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-
la: 
I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da 
parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo; 
Então, uma vez publicada a sentença o juiz entrega a sua 
prestação jurisdicional e em regra não pode mais alterar a 
sua decisão, salvo nesse caso, onde o juiz irá corrigir 
inexatidões materiais ou erros de cálculo. Esse inciso permite 
que o juiz reveja essas questões de ofício ou também a 
requerimento das partes. 
II - por meio de embargos de declaração. 
Os embargos de declaração podem ser interpostos contra 
qualquer decisão judicial e o seu objetivo é sanar alguma 
omissão, obscuridade, contradição ou erro material na 
decisão do magistrado. Então se a parte verificar a existência 
de qualquer um desses vícios ela pode, por meio dos 
recursos de embargo de declaração, que será interposto em 
um prazo de cinco dias, requerer ao magistrado que sane o 
vício constante em sua sentença, e o juiz terá um prazo de 
cinco dias para julgar os embargos de declaração e corrigir 
aquele vício apontado, se ele verificar que de fato esse 
exista. 
Outra exceção que ocorre na prática é aquela ocasionada 
pelo acolhimento do recurso pelo Tribunal, quando se cassa 
a sentença terminativa (sem decisão de mérito) ou se anula 
a decisão da lide a fim de que outra sentença seja proferida 
pelo juízo “a quo” (de primeira instancia). Então aqui, o 
Tribunal julga o recursa e opta por devolver o processo ao 
juiz de primeira instancia para que profira outra sentença. 
Princípio da demanda e princípio da congruência: 
O princípio da demanda, que se inspira na exigência de 
imparcialidade, determina que o juiz não pode prestar a 
tutela jurisdicional senão quando requerida pela parte, essa 
é a regra geral. 
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se 
desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções 
previstas em lei. 
Esse artigo perfeitamente elenca o princípio da demanda, 
quando fala que o processo, regra geral, se inicia por 
iniciativa da parte, porém possui algumas exceções, como 
por exemplo, a ação de inventário que em alguns casos pode 
se iniciar de ofício pelo magistrado. Mas uma vez iniciado o 
processo por iniciativa da parte, o processo se desenvolve 
por impulso oficial, o que significa dizer que é o juiz que vai 
tocar o processo, fase por fase, até que se chegue na 
prestação jurisdicional a ser entregue aos jurisdicionados. 
O andamento do processo feito pelo magistrado se dá 
através dos chamados despachos de mero expediente, que 
são atos judiciais que não tem conteúdo decisórioe que tem 
por objetivo exatamente dar andamento ao processo, 
através do impulso oficial. 
O princípio da congruência (ou adstrição) entre o pedido e a 
sentença determina que a sentença não pode versar senão 
sobre o que pleiteia o demandante, ou seja, o pedido é o 
limite da jurisdição. Então, o juízo não só é inerte como 
também deve atuar nos exatos limites daquilo que foi 
requerido pela parte, não extrapolando aquilo que foi objeto 
do pedido. Então podemos dizer que esse princípio limita a 
atuação do órgão julgador. 
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos 
pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões 
não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da 
parte. 
Como colocado nesse artigo, se o juiz atua nos exatos limites 
do pedido, ele não poderá exceder o objeto do pedido (ultra 
petita), não podendo apreciar algo que não foi requerido 
pela parte, ressalvando as hipóteses em que a lei permite a 
iniciativa do juiz de ofício. 
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza 
diversa da pedida, bem como condenar a parte em 
quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi 
demandado. 
O princípio da congruência, que impede o julgamento fora 
(extra petita) ou além do pedido (ultra petita), é uma 
garantia de contraditório e ampla defesa, já que o processo 
deve ficar bem claro e preciso para que sobre ele possa 
manifestar-se a defesa do réu. Isso se dá por que quando as 
partes sabem que o juiz irá se manifestar exatamente dentro 
dos limites daquilo que foi pedido, elas terão maior 
segurança no momento de se manifestar, no momento de 
produzir provas etc... 
O mesmo se diz sobre o princípio da demanda, porque sua 
inobservância comprometeria a imparcialidade do julgador. 
O juiz está vinculado não apenas ao pedido, mas também à 
causa de pedir, não podendo solucionar o litígio com 
motivos diversos daqueles formulados pelas partes. 
Com base no princípio da congruência, Chiovenda chega as 
seguintes conclusões: 
- Ao juiz é impossível decidir a respeito de pessoas que não 
sejam sujeitos do processo, então, no momento em que o 
juiz profere decisão, aquela decisão, via de regra geral, 
atingirá apenas as partes do processo, ou seja, autor e réu, 
não beneficiando nem prejudicando terceiros. Mas como 
sabemos há hipóteses em que essa decisão judicial poderá 
afetar terceiros, hipóteses essas que o terceiro poderá 
inclusive intervir no feito. 
- É-lhe vedado conferir ou denegar coisa distinta da 
solicitada, isso claramente decorre do princípio da 
congruência, então se o juiz está limitado a aquilo que foi 
objeto do pedido, ele não poderá conferir nem negar a parte 
algo diferente do que ela solicitou, nesse caso estaríamos 
diante de uma sentença extra petita. 
- Não lhe é possível alterar a causa de pedir eleita pela parte, 
ou seja, não cabe ao juiz fazer a alteração da causa de pedir, 
em verdade, só quem pode alterar a causa de pedir é a 
própria parte, e isso só pode ser feito segundo as limitações 
já vistas. 
O pedido é a condição e o limite da prestação jurisdicional. 
Quando dizemos que o pedido é o limite da prestação 
jurisdicional, significa dizer que o juiz irá prestar a tutela 
jurisdicional, ou seja, irá conferir as partes a tutela que o 
Estado dá a aquele conflito de interesses, porém apenas 
sobre aquilo que foi limitado pela parte, mas além de ser o 
limite da prestação jurisdicional, é também a condição, já 
que pelo princípio da demanda, o juiz só age quando 
provocado então é condição para que ele preste a tutela 
jurisdicional que a parte formule requerimento destinado a 
solução de determinado conflito de interesses. Dessa forma, 
a sentença, como resposta ao pedido, não pode ficar aquém 
das questões por ele suscitadas (decisão citra petita), nem se 
situar fora delas (decisão extra petita) e tampouco ir além 
delas (decisão ultra petita). 
Referido limite alcança tanto os aspectos objetivos (pedido 
e causa de pedir) como os subjetivos (partes do processo). 
Nulidade da sentença ultra petita, citra petita e 
extra petita: 
Extra Petita 
A sentença extra petita incide em nulidade porque soluciona 
causa diversa daquela que foi proposta pelo pedido, e 
sabemos que o juiz só poderá dar o que foi pedido, negar o 
que foi pedido ou dar em parte o que foi pedido, casos em 
que falamos de procedência, improcedência ou parcial 
procedência do pedido. Então, se for pedido uma coisa e o 
juiz conceder outra, completamente distinta da que foi 
pedida, a decisão judicial será nula, por desrespeitar o 
princípio da congruência, fugindo dos limites da demanda. 
Há julgamento fora do pedido quando o juiz defere uma 
prestação diversa da que lhe foi postulada ou quando defere 
a prestação pedida, mas com base em fundamento jurídico 
não invocado como causa de pedir na propositura da ação. 
Também é extra petita a sentença que acolhe, contra o 
pedido, exceção não constante da defesa do réu, salvo se a 
matéria puder ser conhecida de ofício pelo julgador (como 
matérias de ordem pública, via de regra geral). 
Ultra Petita 
O vício da sentença ultra petita está no fato de o juiz ir além 
do que foi pedido, dando ao autor mais do que fora 
pleiteado. 
Nesse caso, a nulidade é parcial, não indo além do excesso 
praticado, de forma que ao julgar o recurso, o Tribunal não 
anulará todo o decisório, mas apenas decotará aquilo que 
ultrapassou o pedido. 
É entendimento que vem ganhando força na jurisprudência 
(porém ainda não pacífico) de que nos casos de indenização 
por dano moral não há que se falar em sentença ultra petita, 
visto que o valor requerido pelo autor na petição inicial seria 
uma simples sugestão e que na verdade, é o magistrado, com 
base nas suas máximas de experiência e na sua vivencia 
diária de situações semelhantes é que deve, ao seu prudente 
arbítrio, definir qual o valor a ser fixado a título de dano 
moral. 
Citra Petita 
A sentença citra petita, por sua vez, ocorre quando o juiz não 
examina todas as questões propostas pelas partes. 
O exame incompleto ou imperfeito de uma questão não 
induz, necessariamente, nulidade da sentença, já que o 
Tribunal pode, no julgamento da apelação, completar tal 
exame, em virtude do efeito devolutivo (art. 1013, §1º, CPC), 
este que permite ao tribunal, quando dada a apreciação do 
recurso de apelação analisar todas as questões que foram 
suscitadas e discutidas ao longo do processo ainda que elas 
não tenham sido objeto de decisão pelo magistrado, e é 
exatamente o que ocorre no caso de sentença citra petita, a 
questão foi suscitada e discutida ao longo do processo mas 
não chegou a ser apreciada pelo juiz no momento de proferir 
a sua sentença, mas com base nesse efeito devolutivo em 
profundidade, o tribunal poderia, em apelação, apreciar e 
examinar essa questão que não foi apreciada pelo juiz de 1º 
instância, e nesse caso o tribunal completaria essa sentença 
citra petita. 
Para tanto, faz-se necessário que a causa esteja madura, ou 
seja, para que o tribunal possa passar imediatamente a 
análise da questão que não foi decidida pelo juiz de primeira 
instância, a causa deve estar em imediatas condições de 
julgamento, não havendo necessidade de produção de 
outras provas além das que já foram produzidas no processo 
(art. 1013, §3º, CPC). Se a instrução já se encontra completa 
e encerrada, o Tribunal não deverá anular a sentença citra 
petita, podendo a completar. Do contrário, se a questão 
reclama instrução probatória ainda não realizada, o 
Tribunal terá que anular a sentença para ensejar a coleta de 
provas e a prolação de novo julgamento pelo juiz de primeiro 
grau. 
Se a parte vencedora não se interessou em impugnar a 
sentença citra petita, no que se refere à omissão, que só a 
ela interessava, não seria razoável anular de ofício um 
julgamento que lhe fora favorável. 
A lacuna no julgamento, de forma

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