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Prévia do material em texto

Doenças Ocupacionais
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.a Dr.a Solange de Fátima Azevedo Dias
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco 
Histórico das Doenças Ocupacionais
• Introdução;
• Breve Histórico das Leis Trabalhistas;
• Classificação Conforme Legislação Previdenciária – Histórico.
 · Apresentar o histórico das doenças do trabalho na Inglaterra e os 
tipos de doenças ocupacionais existentes no Brasil, até os dias atuais.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Histórico das Doenças Ocupacionais
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Histórico das Doenças Ocupacionais
Introdução
O problema dos acidentes e das doenças ocupacionais não é recente; pelo 
contrário, tem acompanhado o desenvolvimento das atividades do homem através 
dos séculos.
O homem primitivo teve a sua integridade física ameaçada e sua capacidade 
produtiva diminuída pelos acidentes próprios da caça, da pesca e da guerra, ativi-
dades que eram as mais importantes de sua época.
Mais tarde, o caçador que habitava as cavernas transformou-se em artesão e 
passou a trabalhar em minas e com os metais, gerando as primeiras doenças do tra-
balho, provocadas pelos próprios materiais que utilizava em suas atividades laborais.
As primeiras referências escritas relacionadas aos problemas de doenças do 
trabalho encontram-se em um papiro egípcio que data de 2360 a.C. Nos séculos 
seguintes, vários estudiosos observaram e anotaram as doenças provocadas pelas 
condições de trabalho.
A partir do século XVIII, profundas alterações tecnológicas foram iniciadas com 
o advento da Revolução Industrial. A organização das primeiras indústrias foi uma 
tragédia para as classes trabalhadoras, dadas as condições sub-humanas nas quais 
se desenvolviam as atividades fabris. Os acidentes de trabalho e as doenças provo-
cadas pelas substâncias e ambientes hostis geravam grande número de doentes e 
mutilados. Estábulos eram transformados em fábricas sem a menor preocupação 
com a higiene do ambiente, exposição a espaços com elevadas temperaturas e com 
a presença de agentes químicos e poeiras, condições que eram muito frequentes.
Os acidentes de trabalho eram numerosos, provocados por máquinas sem quais-
quer tipos de proteções, movidas por correias expostas e engrenagens; enquanto 
as mortes, principalmente de crianças, eram muito frequentes.
As atividades profissionais eram executadas em ambientes fechados, onde a 
ventilação era precaríssima. Não é, pois, de se estranhar que doenças de toda or-
dem, principalmente as infectocontagiosas, como o tifo europeu, existissem entre 
os trabalhadores. Crianças especiais também eram utilizadas para manusear má-
quinas; outra atividade muito comum era o emprego de mão de obra infantil para a 
limpeza interna das chaminés das fábricas. A Figura 1 ilustra a presença de crianças 
e mulheres no trato do algodão, em condições muito perigosas e insalubres:
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Figura 1 – A dramática situação dos trabalhadores
Fonte: Wikimedia Commons
As condições extremas as quais as pessoas ficavam expostas provocaram a 
criação, no Parlamento Britânico, de uma comissão de inquérito que, em 1802, 
aprovou a primeira legislação de proteção aos trabalhadores: a Lei de saúde e 
moral dos aprendizes, que estabelecia o limite de doze horas de trabalho por dia 
– anteriormente chegava a dezesseis horas diárias –, além de proibir o trabalho 
noturno, obrigar os empregadores a lavarem as paredes das fábricas duas vezes por 
ano e tornar obrigatória a ventilação dos ambientes.
Nas fábricas, as condições não eram as melhores. Geralmente eram lugares 
úmidos, quentes e sem qualquer ventilação. A alimentação era péssima e insuficiente.
Apesar dos diversos documentos legais, as condições de trabalho continuavam 
péssimas. Em 1831, uma comissão parlamentar de inquérito elaborou um cuidadoso 
relatório, o qual provocou tremendo impacto na opinião pública; assim, em 1833, 
foi baixado o Factory Act, que deve ser considerada como a primeira legislação 
realmente eficiente no campo da proteção ao trabalhador. Aplicava-se a todas as 
empresas têxteis onde se utilizasse força hidráulica ou a vapor; proibia o trabalho no-
turno aos menores de dezoito anos de idade e restringia as horas de trabalho desses 
funcionários a doze por dia e 69 por semana; ademais, as fábricas precisavam ter 
escolas, que deveriam ser frequentadas por todos os trabalhadores menores de treze 
anos; a idade mínima para o trabalho era de nove anos e um médico deveria atestar 
que o desenvolvimento físico da criança correspondia à sua idade cronológica.
9
UNIDADE Histórico das Doenças Ocupacionais
Tal situação perdurou até a Primeira Guerra Mundial, com alguns intentos isola-
dos para controlar os acidentes e as doenças ocupacionais; a conflagração marcou 
o início dos primeiros intentos científicos de proteção ao trabalhador, estudando-se 
as doenças dos funcionários, as condições ambientais, a distribuição e o desenho 
das máquinas e equipamentos, as proteções necessárias para evitar acidentes e 
incapacidades etc.
O movimento prevencionista conseguiu a sua maturidade durante a Segunda 
Guerra Mundial, quando os países em luta compreenderam que o vencedor seria 
aquele que tivesse melhor capacidade industrial e, para isto, precisaria manter um 
maior número de trabalhadores em produção ativa.
O prevencionismo evoluiu lentamente através dos tempos, caracterizando-se, 
inicialmente, por ações eminentemente médicas. Mesmo quando as primeiras 
leis de amparo foram decretadas, seus objetivos se restringiram à reparação dos 
danos causados pelo trabalho, de modo que surgiu toda uma legislação social de 
reparação de danos – lesões. Dessa forma, o seguro social – previdência social – 
realizava ações assegurando o risco de acidentes ou de lesões.
Foi Bernardino Ramazzini, “pai da Medicina do Trabalho”, quem, ao final do 
século XVII, escreveu o livro em latim De morbis artificium diatriba – As doenças 
dos trabalhadores – que, mesmo após trezentos anos, continua sendo lido e usado 
para encontrar respostas sobre a Medicina do Trabalho e a saúde dos trabalhadores 
(BRASIL, 2000). Pioneiro para a época, Ramazzini registrou em seu livro várias 
doenças acometidas portrabalhadores de diferentes funções, tais como mineiros; 
douradores; químicos; coveiros; farmacêuticos; pedreiros; cervejeiros; lavandeiras; 
atletas; militares; ladrilheiros; tecelões, entre outras profissões.
Com a Revolução Industrial, em meados do século XIX, na Inglaterra, a força 
do trabalho humano começou a ser substituída pelo trabalho de máquinas, pois 
as cidades cresceram de forma assustadora e as pessoas passaram a necessitar de 
bens de consumo. O trabalhador braçal começou, então, a ter dificuldades para 
arranjar ocupação, passando a ser necessária sua profissionalização.
Com a expansão do comércio a partir do século XVII, ocorreu também a 
melhoria da qualidade de vida, aumentando a quantidade de dinheiro no mercado, 
de modo que a burguesia da Europa conseguia investir na produção automatizada 
nas indústrias.
Entenda melhor o que estava acontecendo na Inglaterra e no mundo:
https://youtu.be/84g_asWHfIMEx
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Nesse momento histórico, a burguesia começou a empregar dinheiro em máqui-
nas e equipamentos para aumentar seus lucros. As máquinas começaram, então, a 
substituir a mão de obra braçal. Dessa forma, ocorreu um grande avanço tecnoló-
gico e uma enorme mudança na economia, política e sociedade.
O grande avanço industrial começou em 1780 com o aperfeiçoamento da má-
quina a vapor, por James Watt. Operacionalmente, o homem, até então figurando 
como a grande força braçal, ficou sem emprego na Inglaterra, dado que foi substi-
tuído pela máquina; razão pela qual os desempregados se viram obrigados a buscar 
escolarização para voltarem a fazer parte do grupo valorizado, do ponto de vista 
operacional, utilidade na movimentação e elaboração da produção.
Frise-se que a máquina substituiu o trabalhador que manejava uma única ferra-
menta, por oferecer um mecanismo que operava várias ferramentas de uma só vez, 
de forma mecanizada (MAX, 2014, p. 449). Dito de outra forma, essa máquina 
produzia, de forma veloz e perfeita, um trabalho que, se executado por força bra-
çal, levaria muito mais tempo, de modo contínuo e uniforme.
O trabalhador, artesão doméstico de fabricação de lã de ovelha, por exemplo, 
percebeu que o seu trabalho manual não tinha mais valor, pois era lento e não 
uniforme e que, com isso, perderia a competição desleal com tal máquina. Assim, 
com a produção fabril, o desenvolvimento da lã – não apenas de ovelhas – passou a 
ocorrer com base na fiação e tecelagem mecânica de algodão que, então, era muito 
mais rápida e apresentava melhor qualidade, variedade e menor preço, sendo um 
processo mais atrativo e competitivo. Dessa forma, o artesão se voltou à escolari-
zação técnica para obter condições de retornar ao mercado de trabalho.
Para o desenvolvimento da fiação mecanizada foi necessária a criação da indus-
trialização mecânico-química, pois a mudança na fabricação de diferentes modelos 
e cores de matéria-prima precisava de produtos que fizessem o branqueamento, a 
estampagem e o tingimento dos fios.
Não apenas ocorreu revolução na produção de bens de consumo, como também 
em outras áreas, tais como as de meios de transporte e de comunicação, afinal, 
sem estes últimos fatores não haveria condições de fluxo da produção e pessoas 
para comprar, além das conexões com mercados internos e externos (MAX, 2014, 
p. 456-457).
Para entender melhor a Revolução industrial: https://youtu.be/meSQG6bNvOM
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UNIDADE Histórico das Doenças Ocupacionais
Breve Histórico das Leis Trabalhistas
Os cursos técnicos surgiram da necessidade de formar trabalhadores domésticos 
e construtores de ferramentas, por meio dos quais se firmou a crescente produção 
de máquinas no século XIX. De modo que o trabalhador, até então mero operador 
de máquina, passou a manejar as ferramentas que o próprio ou outros produ-
ziam. Com essa nova situação, os acidentes de trabalho começaram a acontecer 
de forma acentuada, pois as máquinas eram desprovidas de quaisquer dispositivos 
de proteção. Sem proteções e as devidas instruções de manuseio, as mutilações e 
mortes entre trabalhadores menores e maiores de idade passaram a ser frequentes.
Não havia o cuidado com o ambiente de trabalho, excesso de ruído e calor, locais 
sem preparação para tais atividades, sendo úmidos e abafados, além de causadores 
da difusão de doenças infectocontagiosas – epidemias e endemias, problemas de 
higiene pessoal, de saneamento básico etc. Ademais, ocorriam também problemas 
com moradias para os trabalhadores e as suas famílias, pois não havia como pagar 
aluguel, fazendo surgir as vilas operárias e favelas.
A mão de obra nas indústrias era, em sua maioria, composta de mulheres e 
crianças, com jornadas de trabalho de doze a dezesseis horas por dia. Aos homens 
cabiam, por uma questão de força física, as usinas de carvão, com jornadas exaus-
tivas de trabalho, passando de dezesseis horas diárias.
Figura 2 – Trabalhadores em minas de carvão
Fonte: delawareandlehigh.org
Mesmo com a criação de Leis, a melhoria da qualidade de saúde e vida dos 
trabalhadores não mudou significativamente (Figura 3), pois as empresas descum-
priam tais determinações e os funcionários continuavam com diversos problemas 
de saúde e correndo riscos de acidentes físicos.
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Figura 3 – A sociedade operária e as péssimas condições de vida
Fonte: iStock/Getty Images
A maior indústria no momento era a têxtil e com esta começou a aplicação da 
Lei que mudava alguns itens, favorecendo especialmente as crianças:
• Jornada de doze horas diurnas para maiores e menores de dezoito anos de idade;
• Horário de uma hora para almoço aos menores de idade;
• Trabalho noturno somente aos maiores de dezoito anos de idade;
• Apenas maiores de treze anos de idade poderiam trabalhar;
• Instalação de escolas para os funcionários menores de treze anos de idade;
• Desenvolvimento físico da criança correspondente à idade cronológica – 
condição atestada por um médico;
• Os problemas de saúde do jovem ou adulto trabalhador passaram a ser respon-
sabilidades da indústria.
Os Movimentos Operários
Foi em 1811 que se teve registro das primeiras batalhas de trabalhadores contra 
a implantação das máquinas nas indústrias inglesas. Até então, os operários não 
conseguiam se unir a ponto de organizarem movimentos contra a classe burguesa, 
dona das fábricas. Contudo, a revolta desse ano deflagrou a guerra contra o maqui-
nário utilizado para substituir a mão de obra dos operários e causar mais pobreza 
à sociedade trabalhadora.
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UNIDADE Histórico das Doenças Ocupacionais
Tais revoltas eram tão violentas que seus agentes foram conhecidos como os “que-
bradores de máquinas”, afinal, os operários invadiam as fábricas e destruíam tudo; 
causavam prejuízos aos donos das fábricas e a si, pois não havendo máquinas, não 
conseguiam trabalhar nessa condição. 
Com isso, percebeu-se que o inimigo 
deveria ser outro, a burguesia. Tratava-
-se, portanto, de uma fase muito difícil, 
pois sem dinheiro, os operários se en-
tregavam à bebida, de modo que pro-
blemas psicológicos surgiam com mais 
intensidade; ao passo que as mulheres 
passavam a viver na promiscuidade.
Melhoria nas condições de tra-
balho – Movimentos trabalhistas
• Luddismo: Estourou na Inglaterra 
em 1811;
• Eram quebradores de máquinas.
Foi somente a partir de 1836 que os operários conseguiram se organizar melhor. 
Fundaram, então, a primeira Associação de Operários que, de forma oficial, passou 
a reivindicar os direitos trabalhistas, quanto à jornada de trabalho e da condição de 
cidadão operário – entre outros fatores, com direito a voto. Foi com a Associação 
que foi escrita, ao Parlamento, um conjunto de reformas trabalhistas, porém, 
recusadas. Assim, reivindicações, lutas e revoltas diminuíram, mas o espírito dos 
trabalhadores, na defesa de seus direitos, não morreu.
Os operários decidiram então criar os trade-unions, associações que reivindi-
cassem seus direitos e melhorias nas condições fabris. Dessa forma surgiram os 
sindicatos, que originalmenteeram sistemas de organização em busca de garantir 
os direitos dos trabalhadores das indústrias. Por sua vez, como a burguesia se sentia 
enfraquecida, buscava a interrupção dos trabalhos sindicais, agindo com violência 
e minando os encontros dos líderes desse movimento. Foram tempos de greves e 
grandes protestos por parte dos trabalhadores.
Os proprietários, com as suas fábricas paradas, perdiam poder econômico e 
financeiro, enquanto os operários sofriam mais ainda com a falta de salários, isso 
enquanto a violência crescia. Diante do quadro de guerra civil das lutas operárias e 
da queda nos lucros, em 1824, a Inglaterra acabou aprovando a primeira Lei que 
permitiu a organização dos sindicatos de operários, os quais foram se fortalecendo 
e, em 1866, conquistaram o direito de realizar o primeiro Congresso Internacio-
nal das Organizações de Trabalhadores de vários países, concebendo a fundação 
da Associação Internacional dos Trabalhadores e com esta as primeiras fases dos 
direitos do trabalhador.
Compreenda melhor os movimentos operários: https://youtu.be/I7-khp9QAaQ
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Figura 4
Fonte: Wikimedia Commons
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Fases dos Direitos do Trabalhador
• Formação: de 1802 a 1848, com a edição da Lei de Peel, na Inglaterra, houve 
a adoção de normas que tentaram proteger os menores do início primário às 
atividades trabalhistas e as mulheres de superexploração de mão de obra;
• Intensificação: ocorrida entre 1848 e 1890, promoveu o Manifesto co-
munista de 1848 e, na França, deu-se pelos resultados da Revolução de 
1848, com a instauração da liberdade de associações e da criação do Minis-
tério do Trabalho;
• Consolidação: estendeu-se de 1890 a 1919, com a Conferência de Berlim, 
no ano de 1890, e a Encíclica Católica Rerum Novarum, de 1891, publi-
cada pelo Papa Leão XIII, quem, sensibilizado pela intensa exploração do 
homem, então “escravo da máquina”, tentou estabelecer regras mínimas para 
o trabalho. Com o término da Primeira Guerra Mundial, surgiu o chamado 
constitucionalismo social, significando a inclusão de dispositivos pertinentes 
à defesa de interesses sociais, garantindo, inclusive, direitos trabalhistas nas 
constituições envolvidas;
• Autonomia do direito do trabalho: iniciou-se em 1919 e se estendeu até o 
fim do século XX, com a criação da Organização Internacional do Trabalho 
(OIT), em 1919.
Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, os pequenos avanços ocorridos 
na Inglaterra com respeito à união de trabalhadores por melhores condições de 
atuação, ficou estagnado; porém, ocorreram avanços científicos de proteção ao 
trabalhador, assim como os adventos tecnológicos para a melhoria das máquinas 
e dos equipamentos, tal qual dos ambientes de trabalho, os quais começaram a 
mudar com o intuito de evitar acidentes, mutilações e mortes.
Nota-se, então, que na primeira fase da Revolução Industrial houve maior de-
senvolvimento de técnicas relacionadas diretamente ao trabalho, enquanto que na 
segunda etapa desse processo, o desenvolvimento passou a fazer parte de estudos 
científicos/tecnológicos para a melhoria da qualidade do trabalho.
Nesse sentido, em 1938 foi criada a American Conference of Governamental 
Industrial Hygienists (ACGIH), tendo por intuito desenvolver pesquisas e impor 
limites de exposição ocupacional aos agentes físicos, químicos, biológicos e aos 
índices biológicos de exposição.
No Brasil, em 1966 foi criada a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança 
e Medicina do Trabalho (Fundacentro), objetivando o estudo e a pesquisa dos 
problemas relativos à segurança, higiene e Medicina do Trabalho. No período 
pós-guerras mundiais, a evolução de prevenção de acidentes e cuidados com 
a saúde do trabalhador caminhou a passos lentos. Nesse sentido, o Quadro 1 
apresenta a evolução da criação de instituições que desenvolveram – e continuam 
a fazê-lo – programas, ações e critérios para a prevenção e/ou o controle de 
acidentes do trabalho:
15
UNIDADE Histórico das Doenças Ocupacionais
Quadro 1 – Criação de instituições voltadas à prevenção de acidentes
Data Instituição Função Ação
1914
Criação do National 
Institute of 
Occupational Safety 
and Health (Niosh).
Órgão de pesquisa em segurança 
e saúde no trabalho. Atualmente, 
praticamente todos os países 
utilizam a metodologia de 
avaliação da exposição 
ocupacional estabelecida 
por esse órgão.
É um instituto de pesquisas focado na saúde e 
segurança do trabalhador, desenvolvendo estudos 
para tornar o local de trabalho seguro. Compõe 
o Center for Disease Control and Prevention (CDC). 
Possui mais de 1.300 colaboradores nos mais diversos 
ramos da saúde, incluindo as áreas epidemiológica, 
medicinal, psicológica, química, estatística, 
econômica e várias outras da Engenharia.
1919 Criação da OIT. OIT
É um centro mundial de informações, estatísticas, 
pesquisas e estudos sobre o trabalho. Os resultados 
de suas reuniões servem de referência nacional e 
internacional.
É o organismo responsável pelo controle e pela 
emissão de normas referentes ao trabalho no âmbito 
internacional, com o objetivo de regulamentar as 
relações trabalhistas por meio de suas convenções, 
recomendações e resoluções, visando proteger as 
relações entre empregados e empregadores no 
alcance mundial. Vale aqui ressaltar as suas ações:
• Políticas – buscando assegurar bases sólidas para 
a paz mundial;
• Econômicas – objetivando garantir a concorrência 
internacional;
• Humanitárias – denunciando as irregularidades 
e os abusos relativos às condições de trabalho, 
sempre no intuito de diminuir as injustiças.
1938 Criação da ACGIH.
É uma associação dos higienistas 
do governo norte-americano e 
que desenvolve pesquisas sobre os 
limites de exposição ocupacional 
para os agentes físicos, químicos, 
biológicos e índices biológicos 
de exposição.
Estabelece os critérios técnico-legais quanto aos 
limites de exposição ocupacional para agentes:
• Físicos;
• Químicos; e
• Biológicos.
1966
Criação da 
Fundacentro, 
voltada ao estudo 
e à pesquisa dos 
problemas relativos 
à segurança, 
higiene e Medicina 
do Trabalho.
Foi criada como Fundação Centro 
Nacional de Segurança, Higiene e 
Medicina do Trabalho, como um 
compromisso do Brasil perante 
a OIT, no investimento em 
segurança e Medicina do Trabalho. 
Em 1974, passou a ser vinculada 
ao Ministério do Trabalho.
Ações que envolvem desde os trabalhos na área de 
Educação, até o desenvolvimento de projetos de 
sistemas de gestão ambiental.
Fonte: Garg, Putz-Anderson e Waters (1994)
Classificação Conforme Legislação 
Previdenciária – Histórico
Desde os tempos mais remotos, os problemas com a saúde humana sempre 
corresponderam a uma preocupação da sociedade. A saúde de uma população 
qualquer, seja doméstica ou trabalhadora, é um entrave para todos os líderes de ci-
dades, Estados e países. Assim, já na Revolução Industrial, um dos maiores empeci-
lhos a serem superados pelos empregadores correspondia à saúde dos funcionários 
que se ausentavam, causando prejuízos.
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17
A apreensão era constante, mas a “arte de evitar doenças não era para qualquer 
artista”. Na saúde pública, impedir doenças, ou tratar as que surgiam na sociedade 
não era um papel de fácil aplicação, afinal, faltavam registros dos casos, detalhes 
dos sintomas, como e quando surgiam, em qual região a doença aparecia, os tipos 
de pessoas mais suscetíveis, entre outros dados. Assim, era necessário conhecer 
tais fatores para conseguir prevenir as doenças da época e evitar os problemas de 
saúde pública.
Foi então que o inglês John Graunt registrou o estudo estatístico de mortalida-
de, em 1662, publicado no periódico Natural and Political Observation Made 
Upon the Bile of Mortality, em que analisou a mortalidade de Londres, utilizan-
do registros das paróquias dessa cidade. Nesse levantamento só apareciam as 
doenças causadoras de mortes, de modo que tal investigação precisou de anos 
para ser elaborada.
Com o passar do tempo, os dados de Graunt se mostravam insuficientese, a 
partir da segunda metade do século XIX, uma classificação foi proposta por William 
Farr, a qual se reconhece como a base estrutural da atual classificação internacional 
de doenças. A partir de 1853, em um congresso na cidade de Bruxelas, Bélgica, 
foi solicitado a Farr e Marc d’Espine a preparação de uma nomenclatura única de 
causas de morte que pudesse ser utilizada por todos os países. 
Assim, no segundo Congresso Internacional de Estatística, em 1855, Farr e 
d’Espine apresentaram uma classificação de doenças divididas por grupos que in-
dicavam os tipos de enfermidades, os estágios em que se encontravam e os locais 
onde comumente apareciam. Classificaram também se eram causadoras de morte 
e a gravidade correspondente – como mostra a Figura 4. Propuseram ainda a or-
dem dessas doenças, elencando-as pelos sistemas, tais como respiratório, digestivo 
e assim por diante.
A classificação completa não foi muito bem aceita pela classe médica que, por 
anos, utilizou apenas a ordem dos sistemas de mudanças. Contudo, a cada congres-
so subsequente, revisaram a proposta original, promovendo uma mudança significa-
tiva apenas em 1891, quando foi criado o Instituto Internacional de Estatística, em 
Viena, Áustria, onde foi formada uma comissão para preparar a nova classificação.
Endêmicas, epidêmicas 
e contagiosas
Constitucionais ou
localizadas
Doenças ou mortes 
violentas
Do desenvolvimento
Cla
ss
es
 de
 do
en
ça
s
Figura 5 – Classes de doenças
17
UNIDADE Histórico das Doenças Ocupacionais
Entre 1852 a 1922, dirigida pelo francês Jacques Bertillon (1852-1922), tal 
comissão preparou um arranjo de causas de morte que ficou conhecido como 
Classificação das causas de morte de Bertillon.
A classificação de Bertillon foi adotada em 1893 e é considerada a primeira 
ordenação internacional de causas de morte, que passou a ser utilizada por vários 
países e era revisada a cada dez anos. As revisões ocorreram desde 1900 até a 
décima atualização, em 1989, chamada de CID-10.
Ademais, um acordo internacional criado em 1893 elaborou um código que 
definia os tipos de causas de morte. A criação ocorreu na Inglaterra e recebeu o 
nome de Código Internacional de Doenças (CID). A partir daí todos os países 
passaram a usá-lo; no entanto, novas enfermidades surgiam e isso dificultava a 
classificação já existente. Devido ao surgimento de novas doenças, decidiram que 
a cada dez anos haveria uma revisão do CID, atualizando-o com as doenças que 
surgissem a cada período e que causavam morte.
Até 1938 – em sua quinta revisão – somente estavam incluídas as doenças 
que eram causas de falecimento. Assim, com a sexta revisão é que a classificação 
passou por uma reformulação radical, pois foram incluídas todas as doenças – 
não apenas as que levavam ao óbito, mas qualquer tipo de enfermidade, lesão e 
sintoma –, passando a compor o CID.
Nessa revisão também foram acrescentados os motivos das consultas realizadas 
por pacientes em hospitais e que, às vezes, não se configuram em doenças em si, 
mas em mera queixa. Desse modo, o CID começou a demonstrar dados estatísticos 
mais precisos de problemas de saúde da população. Foi nesse período que a 
Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a ser a responsável pela chamada 
classificação internacional de doenças e também de suas sucessivas revisões.
Atualmente, a OMS possui duas classificações de referência para a descrição dos 
estados de saúde da população:
• O CID-10, que classifica estados de saúde, doenças, distúrbios, lesões e demais 
enfermidades funcionais e epidemias, fornecendo dados estatísticos oficiais 
para todos os países-membros, estes que o adotam com a finalidade de de-
monstrar as causas de morte ou de doenças que levam a internações hospita-
lares ou atendimentos ambulatoriais;
• A segunda é a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e 
Saúde (CIF), desenvolvida pela OMS em 2001, com a finalidade de comple-
mentar a CID.
O CID fornece um modelo basicamente etiológico – causador – de diferentes 
doenças, o clínico e epidemiológico – como ocorre, onde e suas complicações 
– para serem utilizados em diversos problemas de saúde; já a funcionalidade e 
incapacidade estão associadas aos estados de saúde da pessoa e são classificadas 
na CIF, esta que é uma classificação empregada para retratar os aspectos de 
funcionalidade, incapacidade e saúde das pessoas. Dessa forma, complementa os 
dados fornecidos pelo CID, pois são mais completos e abrangentes.
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O estado de saúde dos pacientes fica mais detalhado, dando, ao profissional da 
área médica, condições de obter, dentro de um contexto, as causas e os efeitos do 
estado de saúde do paciente. Com esse relato detalhado das condições do enfermo, 
há melhora na comunicação entre as diferentes áreas médicas.
Com a criação da CIF, ampliou-se as informações relacionadas aos estados de 
saúde das pessoas, pois essa fornece uniformidade na linguagem internacional, 
facilitando o diálogo entre diferentes profissionais. Ademais, complementa as 
informações funcionais da pessoa, classifica e faz o registro da enfermidade. Com 
isso, os diferentes profissionais melhoram a avaliação, confrontando distintas 
ferramentas da situação de saúde de cada paciente.
A CIF/2001 passou a designar-se Classificação Internacional de Funciona-
lidade, substituindo o termo incapacidade, deficiência e invalidez. Com a nova 
designação, ocorreu a valorização da pessoa portadora de alguma deficiência física 
e/ou sensorial, esta que poderia se sentir discriminada com a antiga definição.
A CIF mede a capacidade da pessoa portadora de deficiência em superar algum 
tipo de dificuldade, seja limitação física, mental e/ou emocional. No entanto, 
não avalia o impacto da doença no indivíduo e também não pode ser usada para 
descrever a restrição funcional causada por tal doença. Na verdade, foi elaborada 
como forma de registro transitório ou definitivo de funcionalidade decorrente da 
enfermidade e de como essa pessoa se relaciona com o meio em que vive, com a 
sociedade e consigo. Com isso, o seu uso ultrapassa a área da saúde, pois elenca a 
condição de vida, o âmbito social e político do indivíduo.
Por fim, no Quadro 2 há um resumo do histórico do CID e de suas funções, 
possibilitando uma visualização das mudanças ocorridas até os dias atuais:
Quadro 2 – Histórico do CID
Data Ação Denominação
Metade do século XVIII Necessidade de dados estatísticos de 
causas de morte
1893 
Acordo internacional: Classificação de 
causas de morte com revisões a cada 
dez anos
Classificação de Bertillon
1900 – primeira revisão Somente classificação de causa
de morte
1938 – quinta revisão Classificação de causas de morte
1948 – sexta revisão –; OMS
Acrescentados: nascido vivo, perda 
fetal, período e mortalidade infantil, 
neonatal, perinatal, condição materna
Classificação estatística internacional 
de doenças e problemas relacionados 
à saúde
Atualmente 
Continua padronizando a codificação 
de doenças e problemas relacionados à 
saúde – tais como sintomas, aspectos 
anormais e todos os tipos de queixas
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UNIDADE Histórico das Doenças Ocupacionais
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Doenças Profissionais ou do Trabalho
BELLUSCI, S.M. – Doenças Profissionais ou do Trabalho. São Paulo, 2013. 12ª 
edição- Editora Senac,2013.
 Vídeos
Exploração de Trabalhadores na Época da Revolução Industrial
https://youtu.be/XRwft6_EvqM
Revolução Industrial na Inglaterra
https://youtu.be/jt-o3EBQPMU
 Leitura
A Segurança do Trabalho no Período da Revolução Industrial | DDS
https://goo.gl/23mKDv
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Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de 
procedimentos para os serviços de saúde. Brasília, DF, 2001.
BRASIL. Ministério do Trabalho; FUNDACENTRO. Norma Regulamentadora 
(NR) 7. Brasília, DF. 
BRASIL. Ministério do Trabalho. Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança 
e Medicina do Trabalho.Norma Regulamentadora (NR) 9. Brasília, DF, 2000. 
DURAND, M. Doença ocupacional: Psicanálise e relações de trabalho. São Paulo: 
Escuta, 2000.
GARG, A.; PUTZ-ANDERSON, V.; WATERS, T. US Department of Health 
and Human Services – applications manual for the revised Niosh lifting equation. 
Cincinnati, Ohio, USA: Centers for Disease Control, 1994. 
MARQUES, C. A proteção ao trabalho penoso. São Paulo: LTR, 2007.
MICHEL, O. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. [S.l.: 
s.n.], 2001.
MARX, Karl. O Capital. Vol. 2. 3ª edição, São Paulo, Nova Cultural, 1988.
MORAES, M. V. G. Doenças ocupacionais: agentes físicos, químicos, biológicos, 
ergonômicos. São Paulo: Érica, 2010.
RENÉ, M. Patologia do trabalho. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2007.
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