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LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB “A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Missão da Faculdade Católica Paulista Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 3 SUMÁRIO AULA 01 AULA 02 AULA 03 AULA 04 AULA 05 AULA 06 AULA 07 AULA 08 AULA 09 AULA 10 AULA 11 AULA 12 AULA 13 AULA 14 AULA 15 05 18 27 38 48 60 69 76 84 92 101 110 120 128 137 LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA COMUNICAÇÃO E SEUS ELEMENTOS FUNÇÕES DA LINGUAGEM TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS COESÃO COERÊNCIA CONCORDÂNCIA NOMINAL CONCORDÂNCIA VERBAL REGÊNCIA VERBAL PONTUAÇÃO ESCLARECENDO ALGUMAS DÚVIDAS DESVENDANDO OS MISTÉRIOS DA CRASE PARA EU OU PARA MIM? – ENTENDENDO OS PRONOMES PESSOAIS CONSTRUINDO IMAGENS COM AS PALAVRAS – COMPARAÇÃO, METÁFORA E METONÍMIA LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS: DICAS E ESTRATÉGIAS LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 4 INTRODUÇÃO Você alguma vez já tentou se expressar, por meio da escrita ou da fala, e não conseguiu? Tinha excelentes ideias, mas, na hora de expô-las não foi capaz de fazer com que as pessoas reconhecessem o quão incríveis elas eram? Pois é! Essas coisas acontecem quando não sabemos como nos comunicar de maneira eficiente, quando não sabemos utilizar a língua a nosso favor. Muitos estudantes questionam o fato de terem que aprender língua portuguesa. É comum ouvirmos por aí: “Mas pra que eu vou usar isso?”. Então, quero dizer a você o porquê. A comunicação é importante em qualquer profissão. Não importa se você quer ser um engenheiro, um biólogo ou um advogado. Saber comunicar-se de maneira efetiva é essencial em qualquer trabalho. Agora você pode estar se perguntando: “Mas o que comunicação tem a ver com leitura e produção textual?” E eu respondo de maneira bem simples: TUDO! É isso mesmo. Você verá, ao longo deste curso, que, quando queremos nos comunicar, produzimos textos, sejam eles verbais ou não verbais. Também precisamos saber interpretá-los, para que consigamos compreender corretamente a mensagem que nos está sendo transmitida. Não se trata apenas de ler e escrever, mas de comunicar-se de modo geral. E, é claro, precisamos saber escrever e interpretar textos escritos. Isso é essencial em nossa vida. Para resolvermos um problema matemático, precisamos, primeiramente, interpretá-lo, não é mesmo? Imagine que você vai escrever um e-mail para seu chefe ou para um cliente. É necessário que você saiba escrever corretamente, pois um mau uso da língua pode fazer com que você perca toda sua credibilidade. Nosso objetivo neste curso é fazer com que você faça uma viagem pelo mundo da língua portuguesa, aprendendo o que é necessário para que a comunicação seja eficiente e, também, aprendendo coisas essenciais para a produção e interpretação de textos (escritos ou falados) em nosso idioma. Espero que as informações e o conhecimento que você irá adquirir durante este curso o ajude a se tornar um profissional ainda mais incrível. Desejo a você ótimos estudos! LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5 AULA 01 LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA Nesta aula, veremos os conceitos de linguagem, língua e fala, além de conhecer os diferentes tipos de linguagem e as variações da língua. 1.1. O que é linguagem? Linguagem é qualquer sistema cujo uso nos permita estabelecer comunicação. É muito comum pensarmos que linguagem tem a ver apenas com nosso idioma, nossa língua, mas não! Quando queremos nos comunicar, na maior parte das vezes, fazemos uso de palavras (por meio da oralidade ou da escrita). No entanto, existem outras linguagens, outros meios por meio dos quais podemos nos comunicar. Podemos fazer isso por meio de gestos, cores, imagens, sons, cheiros, ou seja, existem diversos tipos de linguagem além dos idiomas. Fonte: https://nossaciencia.com.br/colunas/ciencia-e-linguagem/ https://nossaciencia.com.br/colunas/ciencia-e-linguagem/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6 Existem, portanto, três tipos de linguagem, e essa divisão se baseia, justamente, no uso ou não de palavras, ou seja, de um idioma, para que haja comunicação. Os três tipos de linguagem são: • Linguagem verbal • Linguagem não verbal • Linguagem mista 1.1.1. Linguagem verbal A linguagem verbal se caracteriza pelo uso de palavras. Trata-se do uso de um idioma para nos comunicarmos. No Brasil, nosso idioma oficial é a língua portuguesa. Portanto, quando utilizamos nosso idioma para nos comunicarmos, seja por meio da fala ou da escrita, estamos fazendo uso da linguagem verbal. Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/voce-pisa-na-ou-grama.htm Como podemos observar, na figura acima, temos uma placa em que a indicação é de que não se pise na grama, e isso é feito por meio do uso de palavras escritas. Temos, portanto, uma placa em que foi utilizada a linguagem verbal. https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/voce-pisa-na-ou-grama.htm LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7 Vejamos, agora, outro exemplo: Fonte: https://www.vix.com/pt/ciencia/537528/mensagens-de-whatsapp-com-ponto-final-sao-indicio-de-pessoas-mentirosas Na figura acima, temos o print de uma tela de Whatsapp. Percebam que, nesse print, notamos uma conversa em que foram utilizadas apenas palavras. Trata-se, portanto, de mais um exemplo do uso de linguagem verbal. Agora, imaginem a seguinte situação: em vez de escrever, a pessoa decide mandar um áudio. Nesse caso, temos também linguagem verbal. A diferença é que, no áudio, a linguagem verbal está em sua forma falada e, nas mensagens acima, ela está em sua forma escrita. 1.1.2. Linguagem não verbal A linguagem não verbal é aquela que se utiliza de outros meios para comunicar ideias. Em vez de palavras são utilizadas figuras, imagens, gestos, cores, sons, cheiros etc. Pensando, ainda, nas conversas de Whatsapp, um meio de comunicação tão utilizado por nós em nosso cotidiano, não podemos nos esquecer dos emojis, das figurinhas, dos gifs... Esses recursos do aplicativo utilizam imagens. Trata-se, portanto, de linguagem não verbal. Os emojis servem para que expressemos nossas ideias, nossos sentimentos, nossas reações sem que precisemos utilizar palavras, e a não utilização delas caracteriza a linguagem não verbal. https://www.vix.com/pt/ciencia/537528/mensagens-de-whatsapp-com-ponto-final-sao-indicio-de-pessoas-mentirosas LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8 Fonte: https://vittavivace.com.br/como-usar-emojis-de-forma-inclusiva-%F0%9F%A4%93%F0%9F%98%8D/ Agora, vamos pensar naquela placa de “Não pise na grama” que eu utilizei como exemplo de linguagem verbal. Temos, abaixo, uma outra placa com a mesma mensagem. No entanto, o tipo de linguagem utilizado é diferente. Na placa a seguir, temos apenas uma imagem, ou seja, a linguagem utilizada neste caso é a linguagem não verbal. Fonte: https://www.cogumeloshop.com.br/placa-decorativa-20x20-sonic-nao-pise-na-grama https://vittavivace.com.br/como-usar-emojis-de-forma-inclusiva-%F0%9F%A4%93%F0%9F%98%8D/ https://www.cogumeloshop.com.br/placa-decorativa-20x20-sonic-nao-pise-na-gramaLEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9 1.1.3. Linguagem mista Por fim, temos a linguagem mista que, como o próprio nome sugere, é uma junção dos outros dois tipos de linguagem. Quando nos comunicamos, não é necessário escolher apenas uma linguagem ou um tipo de linguagem. Podemos utilizar palavras (orais ou escritas) e, ao mesmo tempo, fazermos uso de um gesto, de uma imagem, de um som, de qualquer outra linguagem que não se utilize de palavras. Quando isso acontece, estamos utilizando uma linguagem mista. Vejamos alguns exemplos: Fonte: https://pocosdecaldas.mg.gov.br/cartazcovid/ O cartaz acima traz medidas de prevenção ao coronavírus e, para isso, foram utilizadas palavras (linguagem verbal) e imagens (linguagem não verbal). Temos, portanto, a linguagem mista. Outro exemplo de linguagem mista é esta placa de “Não pise na grama”. Assim como as outras mostradas anteriormente neste material, a mensagem que ela transmite https://pocosdecaldas.mg.gov.br/cartazcovid/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10 é de que não é permitido que as pessoas pisem na grama. No entanto, aqui, neste caso, foram utilizadas palavras e imagens. Trata-se, pois, de uma placa em que se fez uso da linguagem mista. Fonte: https://www.extra.com.br/placa-sinalizacao-condominio-nao-pise-na-grama/p/1510329650 1.2. Língua Fonte: https://lanpeconomiacomportamental.home.blog/2019/12/15/a-lingua-que-voce-fala-muda-a-maneira-como-voce-se-comporta/ https://www.extra.com.br/placa-sinalizacao-condominio-nao-pise-na-grama/p/1510329650 https://lanpeconomiacomportamental.home.blog/2019/12/15/a-lingua-que-voce-fala-muda-a-maneira-como-voce-se-comporta/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11 A língua é o idioma. Nosso idioma oficial no Brasil é a língua portuguesa. Cada país tem seu idioma oficial. Alguns têm mais de um, como é o caso do Canadá, onde uma parte do país fala francês e a outra, inglês. Cada língua tem suas regras, seu vocabulário, suas características. Alguns idiomas, por terem origem a partir de uma mesma língua, apresentam diversas semelhanças. É o que acontece, por exemplo, com o francês, o português, o espanhol e o italiano. Por terem sua origem a partir do latim, essas línguas apresentam várias coisas em comum. A gramática possui semelhanças, muitas palavras se parecem. Por isso, para nós, falantes de uma língua latina, o português, é mais fácil aprender outro idioma que também tenha sua origem a partir do latim. Quando começamos um curso de espanhol, por exemplo, é normal sentirmos mais facilidade em aprender a língua do que quando iniciamos um curso de inglês. O inglês é uma língua germânica. Sua origem é outra. Isso faz com que sua gramática, sua pronúncia, seu vocabulário sejam muito diferentes do português, o que acaba “dificultando” nosso aprendizado. 1.3 Variações linguísticas Uma língua pode variar devido a vários fatores. Imagine um país como nosso, com uma grande extensão territorial. É claro que haverá mudanças na maneira de falar de uma região para outra. E não é só a questão geográfica que implica variações em uma língua. Um idioma pode sofrer variações ao longo do tempo, pode variar de acordo com o grupo social que o utiliza, de acordo com o contexto em que é utilizado. Enfim, diversos fatores podem fazer com que haja variação linguística. Veremos, portanto, quais são eles. 1.3.1. Variações diatópicas: Regionalismos As chamadas variações diatópicas são as variações geográficas, ou seja, as diferenças que encontramos entre uma região e outra falantes do mesmo idioma. Um exemplo disso fica claro na figura a seguir. Fonte: http://www.lopessupermercados.com.br/portalrevista/receita-de-gratinado-de-mandioca-e-bolo-cremoso-de-mandioca-sem-lactose-e-sem-gluten/ http://www.lopessupermercados.com.br/portalrevista/receita-de-gratinado-de-mandioca-e-bolo-cremoso-de-mandioca-sem-lactose-e-sem-gluten/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12 No Brasil, os três nomes presentes na imagem acima são utilizados para designar o mesmo tubérculo. Dependendo da região do país, a nossa tradicional mandioca (estado de São Paulo), é chamada de “aipim” ou “macaxeira” A mesma coisa ocorre com a nossa tradicional mexerica (estado de São Paulo), que em outras regiões pode ser chamada de “bergamota” ou “tangerina”. Fonte: https://www.tudosaladeaula.com/2021/07/atividade-portugues-variacao-linguistica-4ano-5ano.html Importante ressaltar que, além das diferenças com relação ao vocabulário, encontramos ainda diversos sotaques. Essas variações ocorrem no plano fonológico, ou seja, no plano dos sons da língua. Uma pessoa que mora em São Paulo (capital) fala a palavra “porta” de um jeito diferente daquele falado por pessoas que moram no interior do estado (SP). Existem ainda outras pronúncias diferentes. É só pensarmos, por exemplo, em um carioca falando “porta” e em um baiano falando essa mesma palavra. 1.3.2. Variações diastráticas: Gírias e Jargões As variações diastráticas ocorrem em decorrência da diferença entre grupos sociais. Já perceberam que determinadas comunidades utilizam palavras que nós, muitas vezes não conhecemos? É o que acontece, por exemplo, com skatistas. Eles possuem, em seu vocabulário algumas palavras e expressões que não são compreendidas por pessoas que não fazem parte do mundo do skate. Essas são as GÍRIAS: palavras e expressões utilizadas por uma determinada comunidade. Na figura a seguir, veremos algumas gírias cariocas, ou seja, gírias faladas no estado do Rio de Janeiro. Pessoas https://www.tudosaladeaula.com/2021/07/atividade-portugues-variacao-linguistica-4ano-5ano.html LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13 que moram em outros estados podem, muitas vezes, não entender o que essas palavras ou expressões significam. Fonte: https://rederiohoteis.com/conheca-as-girias-cariocas/ Esse tipo de variação de uma comunidade para outra ocorre também com relação a comunidades de diferentes profissionais. Alguma vez vocês já foram a um médico e, ao dar o diagnóstico, ele utilizou palavras tão difíceis, que você não fazia ideia do que se tratava? Pois é, às vezes os termos são tão estranhos para nós que não somos médicos que chegamos a pensar que se trata de algo grave, quando, muitas vezes, é algo bem simples. Isso ocorre quando os médicos utilizam JARGÕES, ou seja, palavras específicas de sua profissão, que, muitas vezes, não são conhecidas por pessoas que não são profissionais dessa área. Fonte: http://www.geocities.ws/luisacortesao/linguagem.html https://rederiohoteis.com/conheca-as-girias-cariocas/ http://www.geocities.ws/luisacortesao/linguagem.html LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14 1.3.3. Variações diafásicas: Estilística As variações diafásicas têm a ver com o contexto em que a comunicação acontece. É muito simples! Vamos pensar em nossa vida e em nosso uso da língua para comunicação. Quando estamos em uma situação que requer maior formalidade, geralmente prestamos mais atenção àquilo que falamos ou escrevemos, tentando não cometer erros gramaticais, evitando utilizar gírias e expressões coloquiais. Situações mais descontraídas, que exigem um menor grau de formalidade, nos deixam mais à vontade para falar ou escrever de um modo mais “relaxado”. O contexto comunicativo, portanto, faz com que utilizemos diferentes níveis de linguagem. 1.3.3.1. Nível formal ou culto Imagine que você terá uma reunião com seu chefe, uma entrevista de emprego, fará uma apresentação de um projeto em uma grande empresa, precisa falar com o diretor da faculdade. Todas essas situações são exemplos de momentos e contextos em que precisamos utilizar a língua em sua forma “mais correta”. Trata-se, portanto, do nível FORMAL ouCULTO da língua. Esse nível é a língua utilizada de acordo com a gramática normativa, ou seja, utilizamos, para falar ou escrever, o nosso idioma, seguindo todas as regras gramaticais, evitando utilizar gírias e expressões coloquiais Fonte: https://mundotexto.wordpress.com/2014/02/18/linguagem-coloquial-e-linguagem-culta-no-ensino-de-portugues-brasileiro/ https://mundotexto.wordpress.com/2014/02/18/linguagem-coloquial-e-linguagem-culta-no-ensino-de-portugues-brasileiro/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15 É necessário que saibamos utilizar a língua de maneira adequada ao contexto. Como podemos ver na figura anterior, o uso da língua em seu nível culto não se adequa à situação (assim como a roupa utilizada pela personagem). A variação da língua de acordo com o contexto serve, justamente, para evitar esse “deslocamento” das pessoas dentro do ambiente ou da situação em que se encontra. 1.3.3.2. Nível coloquial Fonte: https://sites.google.com/site/profaldavariacoeslinguisticas/ Imaginemos, agora que você está em um churrasco com seus amigos, conversando com seu irmão pelo whatsapp, falando com seus colegas de sala na hora do intervalo entre uma aula e outra. Essas situações não requerem formalidade. Nesses casos, podemos, portanto, utilizar a língua sem nos atentarmos a regras gramaticais, sem nos preocuparmos em pronunciar as palavras perfeitamente. Podemos também utilizar gírias e expressões coloquiais que sejam de conhecimento das pessoas com quem estamos nos comunicando. Esse nível da língua é o que chamamos de INFORMAL ou COLOQUIAL. Podemos dizer que é uma forma mais “livre” de utilizar a língua, menos engessada. 1.3.3.3. Nível técnico ou profissional Existe, ainda, o nível TÉCNICO ou PROFISSIONAL, que é a linguagem específica de cada profissão. Assim como os outros níveis, deve ser utilizado em contextos adequados. Um profissional de diretor, por exemplo, ao falar com alguém que não seja https://sites.google.com/site/profaldavariacoeslinguisticas/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16 de sua área, deve evitar os jargões, pois, sendo leiga, a pessoa com que esse profissional está falando pode não conhecer os termos e a comunicação não será efetiva, pois para que haja comunicação, é necessário que todos que fazem parte daquele contexto comunicativo entenda a língua ou a linguagem que está sendo utilizada. 1.3.4. Variações diacrônicas: Históricas Fonte: http://fronteiraslinguisticas.blogspot.com/2011/04/exemplo-de-variacao-historica.html Por fim, existem as variações diacrônicas que são as variações históricas, ou seja, as variações que a língua sofre com o passar do tempo. A língua é viva, falada por um grande número de pessoas, e isso faz com que ela seja passível de mudanças. Palavras novas podem surgir, outras podem cair em desuso, algumas podem sofrer mudanças. Como exemplo, podemos citar a mudança no pronome de tratamento Vossa Mercê. Esse pronome passou por transformações ao longo dos anos, resultando no que temos hoje: você. Além disso, temos, ainda, as variações “cê” e “ocê”. 1.4. Fala A fala é a realização oral da língua. Ela depende de cada falante que, de acordo com seu conhecimento do idioma, se utiliza dele para se comunicar de forma oral. Cada falante pode adequar sua fala ao nível de formalidade do contexto em que se encontra. http://fronteiraslinguisticas.blogspot.com/2011/04/exemplo-de-variacao-historica.html LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17 Fonte: https://serpalestrante.com.br/falar-e-escrever/falar-e-escrever-3/ Concluímos, portanto, nesta aula, que: • Existem diferentes tipos de linguagem. • A língua é a linguagem verbal, ou seja, aquela que utiliza palavras. • A língua varia de acordo com contexto, grupo social, região etc. • A fala é a realização oral da língua; é individual. ISTO ESTÁ NA REDE Por que em algumas regiões do Brasil se fala mais “tu” do que “você”? Com que pronome eu vou? As origens de “tu” e “você” no jeitinho de falar brasileiro https://super.abril.com.br/cultura/por-que-em-algumas-regioes-do-brasil-se-fala-mais-tu-do-que-voce/#:~:text=%E2%80%9CVoc%C3%AA%E2%80%9D%20 %C3%A9%20um%20pronome%20evolu%C3%ADdo,ser%20chamadas%20por%20%E2%80%9Ctu%E2%80%9D. https://serpalestrante.com.br/falar-e-escrever/falar-e-escrever-3/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18 AULA 02 COMUNICAÇÃO E SEUS ELEMENTOS Se pararmos para pensar, estamos o tempo todo nos comunicando. Em casa, com nossa família, no trabalho, com nossos colegas e professores, em momentos de lazer. Nossa relação com o outro implica a comunicação. Precisamos nos comunicar para pedir algo, para explicar, para perguntar, para expressar nossos sentimentos, para dar informações. Já pararam para pensar que seria impossível vivermos se não houvesse comunicação? Pois é, a comunicação é essencial para nossa vida. E, pensando em situações comunicativas, o linguista Roman Jakobson criou um esquema que representa o processo de comunicação, com todos os elementos que são necessários para que ela aconteça. Esse esquema pode ser visto na figura abaixo: Fonte: elaborado pela autora LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19 Como podemos ver, para que haja comunicação, são necessários 6 elementos: • Emissor • Receptor • Referente • Código • Mensagem • Canal. Veremos, a partir de agora, cada um desses elementos em diferentes situações de comunicação para que possamos entender como isso funciona. 2.1. Emissor Em um processo de comunicação, uma pessoa sempre será responsável por emitir a mensagem. É ela que vai se comunicar com uma ou mais pessoas. A pessoa que se comunica, que produz uma mensagem é chamada de EMISSOR. Importante ter em mente, que esse papel, assim como o papel de RECEPTOR, que veremos a seguir, pode variar durante uma situação de comunicação. Mas como assim? É simples! Pensem em um diálogo entre duas pessoas. Vamos dar nomes para que fique mais fácil o entendimento: João e José estão conversando. Existem momentos em que João fala e José escuta. Nesses momentos, João é o emissor. Mas José pode falar também, certo? Então, quando José fala, ele se torna o emissor. Esse papel, portanto, varia, passa de uma pessoa a outra enquanto elas se comunicam. Vamos então identificar o emissor na situação a seguir: Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/melhores-tirinhas-da-mafalda Nessa tirinha, Mafalda é a EMISSORA no primeiro, no terceiro e no quarto quadrinho, pois é ela quem está falando. Já no segundo quadrinho, a EMISSORA não é Mafalda, https://www.zinecultural.com/blog/melhores-tirinhas-da-mafalda LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20 mas sua mãe, que é a autora da fala. O papel de emissor pode, portanto, como vimos anteriormente, mudar de uma pessoa para outra. 2.2. Receptor O conceito de RECEPTOR também é bem simples de entender. Se existe um emissor, ou seja, uma pessoa que está se comunicando, existe também uma pessoa com quem ela quer estabelecer comunicação. Sempre que falamos, falamos com alguém. Se escrevemos uma mensagem, ela é escrita para alguém. Essa pessoa, ou pessoas, a quem a comunicação é destinada, é chamada de RECEPTOR. Assim como o papel de emissor, o papel de receptor também pode mudar de uma pessoa para outra enquanto elas se comunicam. Vejamos, agora, uma situação de comunicação para que possamos visualizar o receptor. Fonte: https://vejasp.abril.com.br/blog/arte-ao-redor/15-tirinhas-mafalda-quino/ Nessa tirinha, temos Mafalda como emissora e o receptor é seu ursinho de pelúcia. Usei esse exemplo propositalmente, pois se trata de uma comunicação não efetiva, ou seja, ela não é eficiente. Mas por quê? Isso é simples! É só pensarmos que um ursinho de pelúcia não é capazde ouvir ou entender o que Mafalda está dizendo. Devido a isso, também é impossível, nesse caso, que haja variação dos papéis de emissor e receptor. O ursinho não pode ser o emissor. Esse papel então é exclusivo de Mafalda, ficando seu brinquedo apenas com o papel de receptor. Vamos ver outro exemplo: Fonte: http://roquebastosprofessor.blogspot.com/2018/05/pratica-de-leitura-de-tirinhas-e.html https://vejasp.abril.com.br/blog/arte-ao-redor/15-tirinhas-mafalda-quino/ http://roquebastosprofessor.blogspot.com/2018/05/pratica-de-leitura-de-tirinhas-e.html LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21 Aqui, já temos emissor e receptor “trocando” os papéis. Quando Mafalda fala, ela é a emissora e Suzanita, a receptora. Quando Suzanita fala, os papéis se invertem. No momento, estamos nos comunicando. Eu, Joagda, sou a emissora, pois fui eu quem escreveu este livro para vocês. E cada um de vocês alunos, ao ler este livro, é um receptor neste processo de comunicação, pois é a vocês que se destina o meu livro. 2.3. Referente Quando vamos nos comunicar, temos que falar, escrever, gesticular acerca de algo, ou seja, é preciso haver um assunto. Esse é o REFERENTE, aquilo sobre o que se quer transmitir uma mensagem, seja ela escrita, falada, verbal ou não verbal. Vejamos exemplos de referentes em um processo de comunicação: Fonte: https://diamantina.mg.gov.br/comunicado/ https://diamantina.mg.gov.br/comunicado/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22 Nesse exemplo que acabamos de ver, temos um emissor (a prefeitura de Diamantina), temos os receptores (os moradores da cidade) e temos o REFERENTE, ou seja, o assunto desse comunicado, que é a implantação de sinalização vertical na cidade. A prefeitura quer comunicar aos habitantes de Diamantina que esse tipo de sinalização será implantado no município. Voltando às tirinhas da Mafalda, vejamos este outro exemplo: Fonte: https://pri59.wordpress.com/2010/10/13/tirinha-de-domingo/tirinha-mafalda-escola/ Nessa tirinha, o assunto é “aprender a escrever”. É esse, portanto, o referente da comunicação entre as duas personagens. Mafalda quer saber se o colega já aprendeu a escrever, e ele, por sua vez, conta a Mafalda tudo o que é necessário fazer na escola antes disso e que esse aprendizado leva meses. 2.4. Código O CÓDIGO é a linguagem utilizada para a comunicação. Quando um emissor quer se comunicar com um receptor, ele precisa utilizar um código, ou seja, uma linguagem que possibilite que ele se comunique. É importante ressaltar que esse código pode ser uma linguagem verbal ou não verbal, ou seja, não é preciso utilizar palavras. Se o emissor utilizar, por exemplo, um gesto que o receptor consiga entender, essa comunicação ocorrerá de forma eficiente sem que seja necessário utilizar palavras. Outra coisa de extrema importância, que precisamos ter em mente é que, para que haja comunicação efetiva, é preciso que utilizemos um código que seja compreendido pelo nosso receptor. Por exemplo, não posso falar francês com uma pessoa que não conhece esse idioma. Não posso querer utilizar cores para me comunicar com uma pessoa daltônica. Se nosso receptor não compreende o código que estamos utilizando, ele não conseguirá nos entender e, portanto, a comunicação não ocorrerá de forma eficiente. Fonte:%20https://pri59.wordpress.com/2010/10/13/tirinha-de-domingo/tirinha-mafalda-escola/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23 Vejamos exemplos de códigos em situações de comunicação: Fonte: https://www.recadosface.com/img-11675.html Nessa conversa de WhatsApp, o código utilizado foi a língua portuguesa em sua forma escrita. Temos, portanto, linguagem verbal. Percebam que os papéis de emissor e receptor variam entre as duas pessoas que estão conversando e que ambas conhecem o código, o que faz com que a comunicação seja efetiva. Vamos ver outro exemplo: Fonte: https://incrivel.club/inspiracao-relacionamento/15-mensagens-de-pais-que-comecaram-a-usar-o-whatsapp-359610/ Nesse exemplo, temos dois códigos: a língua portuguesa em sua forma escrita (linguagem verbal) e os emojis (linguagem não verbal). Percebam que a mãe não conhece direito os emojis e os utilizou de maneira “incorreta”, ou seja, ela queria dizer uma coisa, mas utilizou emojis que representam outra. Nesse caso, a comunicação https://www.recadosface.com/img-11675.html https://incrivel.club/inspiracao-relacionamento/15-mensagens-de-pais-que-comecaram-a-usar-o-whatsapp-359610/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24 com os emojis não foi efetiva. Para que houvesse entendimento, para que a mensagem que a mãe queria passar para a filha fosse corretamente compreendida, foi necessário que ela utilizasse outro código (a língua portuguesa). 2.5. Mensagem Quando mandamos uma mensagem de WhatsApp para alguém, escrevemos ou gravamos em áudio aquilo que queremos transmitir. É fácil, portanto, compreender o conceito de mensagem. Em uma situação de comunicação, tudo aquilo que é transmitido do emissor para o receptor é a mensagem. Lembrando que essa mensagem deve ter um referente (assunto). Vejamos exemplos: Fonte: https://catracalivre.com.br/criatividade/muitas-tirinhas-da-turma-da-monica-para-se-esbaldar/ https://catracalivre.com.br/criatividade/muitas-tirinhas-da-turma-da-monica-para-se-esbaldar/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25 Nesse exemplo, Mônica é a emissora e a mensagem que ela produz para se comunicar com seus amigos é tudo o que ela diz (“Atenção!”; “Sorriam!” e “Olha o passarinho!”) Devemos lembrar sempre que uma mensagem não precisa estar escrita ou ser falada. Um emoji pode ser uma mensagem... Fonte: https://emojis.wiki/pt/cara-congelada/ Se você mandar esse emoji para alguém, a pessoa receberá a mensagem de que você está com frio. Um cartão amarelo ou vermelho que o juiz mostra também pode ser uma mensagem, pois ao receber um cartão amarelo, o jogador sabe que foi advertido e, ao receber um vermelho, sabe que deve deixar o campo. Fonte: https://www.lideresportes.com/cartao-vermelho/ 2.6. Canal Por fim, temos o CANAL, que é o meio pelo qual a mensagem é transmitida do emissor para o receptor. Se estamos em uma conversa de WhatsApp, o canal é o https://emojis.wiki/pt/cara-congelada/ https://www.lideresportes.com/cartao-vermelho/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26 aplicativo e, também, o celular e a internet, que permitem que a mensagem seja recebida de forma eficiente. Em uma conversa sua com um amigo em um bar, o canal é a voz, juntamente com o ar, que permite que as ondas sonoras sejam propagadas. Agora, se em algum momento, você recebe um papel com um número de telefone, o canal foi o papel, que permitiu que a mensagem fosse transmitida para você. Esses são, portanto, os elementos que constituem o processo de comunicação. Lembrando que existem algumas coisas muito importantes que devemos ter em mente quando formos nos comunicar: • O código deve ser conhecido tato pelo emissor quanto pelo receptor, para que a comunicação ocorra de maneira eficiente. • Em uma situação de comunicação, emissor e receptor podem “revezar” esses papéis. • O canal que transmite a mensagem precisa funcionar. Não adianta nada enviarmos uma mensagem de WhatsApp se não houver internet, por exemplo. ISTO ESTÁ NA REDE Afinal, qual a importância de uma boa comunicação na engenharia? https://engenharia360.com/afinal-qual-a-importancia-de-uma-boa-comunicacao-na-engenharia/ https://engenharia360.com/afinal-qual-a-importancia-de-uma-boa-comunicacao-na-engenharia/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27 AULA 03 FUNÇÕES DA LINGUAGEM Quando nos comunicamos, nós o fazemos com diferentesfunções. Como assim, professora? Talvez você nunca tenha parado para pensar a esse respeito, já que a comunicação é algo tão natural para nós, mas não o fazemos sempre com o mesmo intuito. Nosso objetivo varia. Podemos nos comunicar para dar uma informação, fazer um pedido, dar uma ordem, expressar nossos sentimentos, opiniões etc. Isso tudo tem a ver com a FUNÇÃO DA LINGUAGEM, ou seja, para que estamos utilizando a linguagem, com que finalidade nós estamos nos comunicando com alguém? Nesta aula, iremos falar sobre as diferentes funções que a linguagem pode ter e, para começar, preciso que vocês se lembrem do esquema de comunicação que vimos na aula anterior. Mas por quê? Vocês viram que o esquema de comunicação é composto por seis elementos (emissor, receptor, referente, código, mensagem e canal), e cada função da linguagem tem como foco um desses elementos. Vamos, então, ver isso mais detalhadamente. Quando eu digo que cada função tem como foco um dos elementos da comunicação, talvez isso pareça um pouco confuso. Mas não é. É bem simples! Imaginemos uma situação em que a linguagem utilizada seja a língua portuguesa em sua forma oral. Se eu for, então, falar com alguém para dizer minha opinião sobre algo, o foco está em mim, concordam? Pois a principal intenção é dizer aquilo que eu penso. Se eu for tentar convencer alguém de algo, então o foco está nessa pessoa com que eu estou falando, porque eu busco convencê-la. Se eu vou passar uma informação, o foco é o assunto do qual essa informação trata, e assim sucessivamente. Como cada função da linguagem tem como foco um dos elementos da comunicação, temos um total de seis funções da linguagem, que são as seguintes: • Função emotiva; • Função conativa; • Função referencial; • Função metalinguística; • Função poética; • Função fática. LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28 Vamos, a partir de agora, estudar com detalhes cada uma delas. 3.1 Função emotiva A FUNÇÃO EMOTIVA é aquela em que queremos expressar nossos sentimentos e emoções, sejam eles bons ou ruins, nossos pensamentos, nossas ideias, nossas opiniões. O foco dela é, portanto, o EMISSOR. Vejamos alguns exemplos: Soneto do Amor Total Vinicius de Moraes Amo-te tanto, meu amor... não cante O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade Amo-te afim, de um calmo amor prestante, E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente, De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim muito e amiúde, É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude. Disponível em: https://www.vagalume.com.br/vinicius-de-moraes/soneto-do-amor- total.html https://www.vagalume.com.br/vinicius-de-moraes/soneto-do-amor-total.html https://www.vagalume.com.br/vinicius-de-moraes/soneto-do-amor-total.html LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29 No soneto de Vinícius, o “eu-lírico”, ou seja, a pessoa que fala nesse soneto, está declarando seu amor. Temos, portanto, a função emotiva da linguagem, pois ela está sendo utilizada para que o emissor expresse seus sentimentos. Importante dizer que, em uma mesma situação de comunicação, é muito comum que haja mais de uma função da linguagem. Uma função sempre será a predominante, mas, na maioria das vezes, vem acompanhada de outras. Vejamos mais exemplos de função emotiva. Fonte: https://tirasarmandinho.tumblr.com/ Na tirinha, a fala do pai de Armandinho, no primeiro quadrinho, apresenta a função emotiva da linguagem, pois ele expressa sua tristeza por estar desempregado. Fonte: https://www.apple.com/br/newsroom/2018/07/apple-celebrates-world-emoji-day/ Quando utilizamos emojis que expressam o modo como nos sentimos com relação a algo, estamos utilizando a função emotiva da linguagem. Lembrem-se sempre: a linguagem tem função emotiva quando o emissor tem como objetivo expressar o que sente ou pensa. Vamos, então, à próxima função. https://tirasarmandinho.tumblr.com/ https://www.apple.com/br/newsroom/2018/07/apple-celebrates-world-emoji-day/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30 3.2. Função conativa Muitas vezes, nos comunicamos com o intuito de convencer ou persuadir alguém. Mas, professora, qual é a diferença entre convencer e persuadir? Não é tudo a mesma coisa. E eu respondo pra vocês: Não! Não é tudo a mesma coisa. Convencer está no plano das ideias, ou seja, quando tentamos convencer alguém de algo, queremos que essa pessoa pense como nós, que ela tenha a mesma opinião. Persuadir está no campo das ações. Ao tentar persuadir alguém, estamos tentando fazer com que essa pessoa aja da forma como nós queremos, ou seja, que ela faça aquilo que desejamos que ela faça. Vamos ver um exemplo para que isso fique mais claro. Eu posso convencer alguém de que fumar faz mal à saúde. Após falar com a pessoa sobre todos os malefícios que podem ser causados pelo cigarro à nossa saúde, um fumante pode se convencer disso, acreditar que realmente o cigarro pode fazer muito mal a ele. Mas ele pode, mesmo assim, continuar a fumar. Conseguimos, portanto, convencê-lo, mas não houve persuasão. Agora, se a pessoa deixar de fumar, aí sim, conseguimos persuadir esse fumante, pois fizemos com que ele mudasse seu modo de agir de acordo com o que queríamos. Voltemos, então, à função conativa. Além de convencimento e persuasão, a função conativa também é aquela em que utilizamos a linguagem para pedir um favor, para dar uma ordem, etc. Seu foco é no RECEPTOR, pois é nele que se concentra o intuito da minha comunicação. Vejamos alguns exemplos. Fonte: https://tirasarmandinho.tumblr.com/ Nessa tirinha, Armandinho utiliza a função conativa da linguagem no terceiro quadrinho, quando pede a seu pai que passe o alicate para ele. https://tirasarmandinho.tumblr.com/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31 Agora, vamos ver esse anúncio publicitário: Fonte: https://www.mmsbeneficios.com.br/doe-sangue-doe-vida/ O intuito desse anúncio é convencer as pessoas de que doar sangue pode salvar vidar e persuadi-las a fazer isso. Temos, portanto, função conativa. ANOTE ISTO A função conativa é a principal função dos anúncios publicitários, pois a função desses anúncios é, justamente, nos convencer de algo e nos persuadir a comprar um determinado produto ou a agir de uma determinada maneira. Fonte: https://www.maracai.sp.gov.br/portal/noticias/0/3/74521/uso-de-mascaras-e-obrigatorio-agora-em-maracai- https://www.mmsbeneficios.com.br/doe-sangue-doe-vida/ https://www.maracai.sp.gov.br/portal/noticias/0/3/74521/uso-de-mascaras-e-obrigatorio-agora-em-maracai- LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32 Fonte: https://acontecendoaqui.com.br/propaganda/snickers-relanca-campanha-como-voce-fica-quando-esta-com-fome 3.3. Função referencial A FUNÇÃO REFERENCIAL tem como foco o REFERENTE, ou seja, o assunto da comunicação. É a função em que a linguagem é utilizada com o intuito de transmitir informação, de ensinar algo a alguém. Essa é a principal função dos textos jornalísticos, pois esses textos têm como objetivo informar o leitor/ espectador. Vamos ver um exemplo Fonte: https://www.noticiasaominuto.com/pais/1734779/hoje-e-noticia-universidades-travam-regresso-nova-doenca-pos-covid https://acontecendoaqui.com.br/propaganda/snickers-relanca-campanha-como-voce-fica-quando-esta-com-fome https://www.noticiasaominuto.com/pais/1734779/hoje-e-noticia-universidades-travam-regresso-nova-doenca-pos-covid LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33 ANOTE ISTO A função referencial é a função dos gráficos. Sabemos que os gráficos sãoutilizados para nos passar informações e estatísticas. Eles têm a informação como foco e, portanto, sua função é referencial. Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2020/04/01/o-avanco-da-pandemia-de-covid-19-no-mundo-e-no-brasil-no-mes-de-marco-artigo-jose-eustaquio- diniz-alves/ 3.4. Função metalinguística Já pararam para pensar que, às vezes, a linguagem é utilizada para falarmos da própria linguagem? Pensem nos dicionários, por exemplo. Eles utilizam a língua, em sua forma escrita, para falar sobre a própria língua. felicidade Significado de Felicidade substantivo feminino Sensação real de satisfação plena; estado de contentamento, de satisfação. Condição da pessoa feliz, satisfeita, alegre, contente. Estado de quem tem boa sorte: para sua felicidade, o chefe ainda não chegou. Circunstância ou situação em que há sucesso: felicidade na realização do projeto. Disponível em: https://www.dicio.com.br/felicidade/ https://www.ecodebate.com.br/2020/04/01/o-avanco-da-pandemia-de-covid-19-no-mundo-e-no-brasil-no-mes-de-marco-artigo-jose-eustaquio-diniz-alves/ https://www.ecodebate.com.br/2020/04/01/o-avanco-da-pandemia-de-covid-19-no-mundo-e-no-brasil-no-mes-de-marco-artigo-jose-eustaquio-diniz-alves/ https://www.dicio.com.br/felicidade/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34 Trata-se, portanto, de FUNÇÃO METALINGUÍSTICA. Essa função tem como foco o CÓDIGO. Metalinguagem é a linguagem sendo utilizada para falar dela mesma. Então, se temos um filme que fala sobre a produção de um filme, temos metalinguagem. Se temos um poema que fala sobre a construção de um poema, temos metalinguagem... Vejamos mais um exemplo Fonte: https://twitter.com/dukechargista/status/1144638363783356418 Perceba que na charge temos a própria charge. Isso é metalinguagem. Isso é FUNÇÃO METALINGUÍTICA, pois a charge é utilizada para falar dela mesma. Observem este poema de Drummond: Poesia Gastei uma hora pensando um verso que a pena não quer escrever. No entanto ele está cá dentro inquieto, vivo. Ele está cá dentro e não quer sair. Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira. Carlos Drummond de Andrade Disponível em: https://www.preparaenem.com/portugues/metalinguagem-na-poesia.htm https://twitter.com/dukechargista/status/1144638363783356418 https://www.preparaenem.com/portugues/metalinguagem-na-poesia.htm LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35 Nesse poema, temos função metalinguística, pois trata-se de um poema que fala sobre o processo de escrita de um poema, ou seja, a linguagem utilizada para falar dela mesma. 3.5. Função poética Vamos, agora, falar da FUNÇÃO POÉTICA. Essa função tem como foco a MENSAGEM. O que isso quer dizer? Muitas vezes, o emissor, ao comunicar-se, tem uma preocupação maior com a mensagem em si, ou seja, com a forma daquilo que escreve, fala, desenha etc. Quando a preocupação é com a mensagem, temos a função poética da linguagem. É o que acontece, por exemplo, em músicas e poemas. Nesses textos, os autores têm um cuidado com a escolha das palavras para que haja rima, ritmo... Se pensarmos, por exemplo, no soneto que vimos como exemplo da função emotiva, o Soneto do Amor Total, de Vinícius de Moraes, podemos perceber que temos, além da função emotiva, a função poética. Vamos dar uma olhada... Soneto do Amor Total Vinicius de Moraes Amo-te tanto, meu amor... não cante O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade Amo-te afim, de um calmo amor prestante, E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente, De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim muito e amiúde, É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude. Disponível em: https://www.vagalume.com.br/vinicius-de-moraes/soneto-do-amor- total.html https://www.vagalume.com.br/vinicius-de-moraes/soneto-do-amor-total.html https://www.vagalume.com.br/vinicius-de-moraes/soneto-do-amor-total.html LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36 Como podemos ver, existem rimas. Houve, portanto, preocupação por parte do autor com a escolha das palavras. Além disso, temos um soneto, que é um poema formado, pois dois quartetos (estrofes de quatro versos) e dois tercetos (estrofes de três versos). Essa preocupação com a forma caracteriza a função poética. Vamos a mais um exemplo. Você é a razão da minha felicidade Não vá dizer que eu não sou, sua cara-metade Meu amor, por favor, vem viver comigo O seu colo é o meu abrigo Disponível em: https://www.vagalume.com.br/melim/meu-abrigo.html Nesse trecho da música Meu Abrigo, da banda Melim, podemos notar a presença de função poética (que está presente, na verdade, na música toda), pois houve preocupação com a mensagem em si, pois, para que a música tenha ritmo e rimas, é necessário preocupar-se com sua forma. E, além da função poética, temos também a função emotiva e a função conativa. Percebam que no primeiro verso “Você é a razão da minha felicidade”, o emissor expressa seu sentimento (função emotiva) e, nos outros três versos, ele faz um pedido à pessoa amada (função conativa). 3.6. Função fática Por fim, temos a FUNÇÃO FÁTICA, cujo foco é o CANAL. Se o foco dessa função é o canal, isso significa que a linguagem é utilizada para garantir que haja comunicação, que a comunicação esteja sendo eficiente, pois o canal é o elemento responsável por fazer que a mensagem do emissor chegue ao receptor. Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/funcao-fatica.htm https://www.vagalume.com.br/melim/meu-abrigo.html https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/funcao-fatica.htm LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37 Nesse exemplo podemos perceber que não há preocupação em expressar sentimentos, ideias, em dar uma informação, em pedir algo a alguém. A comunicação nessa tirinha serve apenas para manter a comunicação. Isso é função fática. Quando estamos, por exemplo, em um ponto de ônibus e queremos puxar papo com alguém que está ao nosso lado, costumamos falar do clima: “Nossa, parece que vai chover, né?!”. Quantas vezes nós já fizemos isso, apenas com o intuito de estabelecer comunicação. Isso também é um exemplo de função fática da linguagem. http://guiaavare.com/noticia/memes-calor A função fática visa, portanto, à eficiência da comunicação. Agora que você já conhece todas as funções da linguagem, vamos, em nossa próxima aula, falar de textos, seus tipos e gêneros. http://guiaavare.com/noticia/memes-calor LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38 AULA 04 TEXTO, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS Nesta aula, veremos o que é um texto, quais os tipos de texto, de acordo com sua função e, também, os gêneros textuais. 4.1 Texto Texto é tudo aquilo que alguém diz ou escreve. Trata-se de uma proposta de construção de sentido. Mas por que “uma proposta de construção de sentido?” Quando produzimos um texto, nós o destinamos a um ou mais receptores. Portanto, a interpretação desse texto, a construção do sentido desse texto depende daquele que o recebe (lendo, ouvindo etc.). Isso acontece porque cada pessoa tem um conhecimento de mundo. Nós, seres humanos, adquirimos conhecimentos e experiências ao longo de nossa vida, e isso é individual. Cada um de nós, ao ler um texto, por exemplo, atribuirá a ele um sentido, com base em nossas vivências passadas. Essa atribuição de sentido ao texto recebe o nome de DISCURSO. O discurso é individual, pois, como já vimos, as pessoas possuem, individualmente, suas experiências de vida. Quando pensamos em um texto, precisamos também ter em mente o conceito de ENUNCIAÇÃO. A enunciação é a intenção do emissor ao produzir seu texto. Há sempreum propósito, um objetivo, uma intenção. Por exemplo, se uma mulher chega para sua secretária do lar e diz: “O chão está sujo” ela, na verdade, não quer informar sua secretária de que há sujeira no chão. Sua intenção é pedir que o chão seja limpo. Essa é, portanto, a enunciação nesse texto. A definição de texto que vimos até agora foi relacionada aos textos verbais. Mas textos podem ser também não verbais. Se o texto é uma proposta de construção de sentido, podemos utilizar uma linguagem não verbal para sua criação. Se a linguagem utilizada for não verbal, temos um texto não verbal. Uma imagem que transmite uma mensagem é um texto. Um som que apresenta uma proposta de construção de sentido também é um texto. Por exemplo, LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39 ao ouvir o sinal tocar na escola, os alunos, com base em seu conhecimento de mundo, constroem, a partir da emissão desse som, o sentido de que a aula vai começar ou que está terminando. Trata-se, portanto, de um texto não verbal, pois não utiliza palavras. Agora que já sabemos o que é um texto, veremos quais são os tipos textuais. 4.2 Tipologia textual A tipologia textual está ligada à função de cada texto. Diferentes tipos de texto apresentam diferentes funções. Importante ressaltar que um texto pode conter diferentes tipos. Os tipos textuais são: • Narração • Descrição • Dissertação • Injunção Veremos, a partir de agora, cada um deles. 4.2.1 Narração O texto narrativo conta uma história e é composto pelos seguintes elementos: • Personagens; • Enredo (a história contada); • Tempo; • Espaço (o lugar onde se passa essa história); • Foco narrativo (que pode ser em primeira pessoa (quando o narrador faz parte da história) ou em terceira pessoa (quando o narrador conta o que aconteceu, sem ter feito parte da história). LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40 Vejamos um exemplo de texto narrativo: https://www.passeidireto.com/arquivo/91370510/fabula-a-raposa-e-as-uvas-infantil Com relação à sua estrutura, a narrativa apresenta a seguinte composição: Introdução (ou Apresentação) – parte em que são apresentados o espaço, o tempo e as personagens. Desenvolvimento – parte em que a história é contada até o seu “clímax”. Clímax – momento de maior importância para a história. É possível que no clímax haja uma complicação. Desfecho – é o fim da história. Nesse momento, as ações são concluídas e as complicações, quando existem, são solucionadas. O desfecho pode ser chamado também de conclusão. 4.2.2 Descrição A função do texto descritivo é, como o próprio nome sugere, descrever, ou seja, falar detalhadamente sobre algo. Essa tipologia costuma ocorrer junto com outra. Em uma narrativa, por exemplo, é comum os personagens serem apresentados por meio de uma descrição. https://www.passeidireto.com/arquivo/91370510/fabula-a-raposa-e-as-uvas-infantil LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41 Na segunda-feira depois da luta, Colin saiu de seu apartamento ao ver o detetive Pete Margolis. O policial havia parado na rua bem à frente e estava encostado no capô de seu sedan, segurando um copo de café para viagem e com um palito de dente na boca. Diferentemente da maioria dos policiais com quem Colin havia lidado, Margolis passava quase tanto tempo malhando na academia quanto ele. Suas mangas estavam enroladas, o tecido se esticando na altura dos bíceps. Tinha quase 40 anos, cabelo escuro penteado para trás e grudado com Deus sabe o quê. Uma, talvez duas vezes por mês, ele aparecia sem se anunciar para verificar a situação de Colin, como parte do acordo com a justiça. Margolis gostava do poder que exercia sobre o sujeito (SPARKS, 2016, p.46). Como podemos ver, no trecho acima, retirado do romance No seu olhar, de Nicholas Sparks, temos a descrição da personagem Pete Margolis, para que o leitor, saiba, com detalhes, como estava o policial em determinado momento da história. Temos também a descrição física de Margolis. Trata-se, portanto, de um exemplo da tipologia descritiva dentro da tipologia narrativa, pois o livro é um romance, ou seja, um texto pertencente à tipologia narração. 4.2.3 Dissertação ou Argumentação Um texto dissertativo pode ser expositivo ou argumentativo. 4.2.3.1 Texto dissertativo expositivo No texto DISSERTATIVO EXPOSITIVO, temos a apresentação de um assunto ao leitor. Não existe, por parte do autor, intenção de defender um ponto de vista ou convencer seu leitor de algo. Fonte: https://brainly.com.br/tarefa/38155696 https://brainly.com.br/tarefa/38155696 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42 4.2.3.2 Texto dissertativo argumentativo Um texto DISSERTATIVO ARGUMENTATIVO busca convencer e persuadir o leitor. O autor defende seu ponto de vista, apresentando argumentos que o sustentem. Fonte: https://www.secult.ce.gov.br/2021/02/26/artigo-de-opiniao-secretario-fabiano-piuba-o-virus-somos-nos/ Abaixo, a transcrição do texto: O VÍRUS SOMOS NÓS Não estamos entendendo nada. O vírus não é apenas a Covid-19 ou novos que estão por vir. O vírus somos nós. Sugiro uma suspensão. Um exercício de afastamento do Planeta Terra, como se fôssemos um astronauta ou mesmo a Estrela Dalva. Vista de longe, na “Hipótese de Gaia” pensada em 1969 pelo químico James Lovelock, a Terra é um organismo vivo que respira e se autorregula. O yanomami Davi Kopenawa, lá do fundo da mata, vai além num alerta para a humanidade: “Acho que vocês deveriam sonhar a Terra, pois ela tem coração e respira. (…) A floresta respira, mas os brancos não percebem. Não acham que ela esteja viva”. A Terra precisa respirar. O livro “A queda do Céu” soa como um recado. Por que estou fazendo essa associação entre as palavras de Kopenawa e o contexto da pandemia? Porque não deixa de ser amargo que a Covid-19 venha nos matando sem fôlego, nos deixando sem respirar. Seria um recado da Mãe Terra diante da devastação do mundo causada pelo vírus humano? Essa conexão não deixa de ser instigante. Repensamos nossa relação com https://www.secult.ce.gov.br/2021/02/26/artigo-de-opiniao-secretario-fabiano-piuba-o-virus-somos-nos/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 43 as outras espécies e com a natureza ou nos afundamos nessa catástrofe planetária em que estamos metidos. Desenvolvemos o espírito solidário no compartilhamento das culturas e das economias geradas ou estamos fadados ao fracasso físico e espiritual como seres humanos. Nós, que ameaçamos tantas espécies, seremos extintos. Estamos em meio a uma pandemia, mas parece que continuamos celebrando o “Ano Novo”, desdenhando da ciência e desfilando sobre mais de dois milhões de pessoas no mundo, que não respiram mais conosco o ar que a Terra ainda nos oferece. Ainda, porque o ser humano – esse vírus devastador – tem sufocado a Terra e a si mesmo. O que nos resta de ar e de esperança é de que o antivírus somos nós mesmos. Davi Kopenawa, por exemplo, é um antivírus. Só nós podemos fortalecer o sistema imune de nossa natureza humana, espiritual e amorosa, produzindo anticorpos contra esse ciclo devastador humano que tem infectado sua própria Mãe Terra. Que sobreviveria sem nós, mais verde e mais azul. Porém, Ela nos ama tanto, que não desiste de seus filhos. Seja uma árvore, um pássaro, um felino, um inseto, um peixe ou uma menina. Fabiano dos Santos Piúba Gestor cultural, poeta, historiador, doutor em Educação e secretário da Cultura do Estado do Ceará Disponível em: https://www.secult.ce.gov.br/2021/02/26/artigo-de-opiniao- secretario-fabiano-piuba-o-virus-somos-nos/ Os artigos de opinião são exemplos de textos dissertativos argumentativos, pois neles os autores defendem seu ponto de vista, expressam sua opinião e buscam convencer o leitor. As partes que compõem um texto dissertativo são:INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO. Introdução: apresentação do assunto e da tese que será defendida. De acordo com Abreu (2002), a tese é a melhor hipótese que encontramos para a resolução de um problema. Segundo o autor (2002), diante de um determinado tema, surgem questionamentos, que são chamados de problemas. Devemos, portanto, escolher um deles e elegê-lo com o problema a ser discutido em nosso texto. Após fazer isso, surgem as hipóteses, que são as possíveis soluções. A melhor delas será, então, a que escolheremos como nossa tese. Desenvolvimento: nessa parte do texto são apresentados os argumentos que defendem o posicionamento do leitor. É no desenvolvimento que são apresentadas https://www.secult.ce.gov.br/2021/02/26/artigo-de-opiniao-secretario-fabiano-piuba-o-virus-somos-nos/ https://www.secult.ce.gov.br/2021/02/26/artigo-de-opiniao-secretario-fabiano-piuba-o-virus-somos-nos/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 44 as hipóteses, de modo que o autor possa defender aquelas que servem à sua intenção e refutar aquelas que vão contra aquilo que ele quer defender. Conclusão: é o fechamento do texto. Pode apresentar síntese de tudo que foi dito anteriormente ou apresentar uma proposta de solução para o problema apresentado na introdução. ANOTE ISTO Ao escrever um texto argumentativo, apesar de estarmos defendendo nossa opinião sobre um determinado assunto, não podemos nunca dizer “Eu penso”, “Eu acho”, “Eu acredito”, “Na minha opinião”. 4.2.4 Injunção Um texto INJUNTIVO tem a função de instruir o leitor sobre a maneira como fazer algo. Como exemplos, podemos citar as receitas culinárias, as bulas de remédio, as receitas médicas, os manuais de instrução etc. Fonte: https://www.aefpapeldeparede.com.br/manual-de-instrucoes-para-web https://www.aefpapeldeparede.com.br/manual-de-instrucoes-para-web LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 45 Fonte: https://www.oliveirao.com.br/bolo-de-cenoura-com-cobertura-de-chocolate/ 4.3 Gêneros textuais Gênero é o tipo de interação social em que um texto é produzido. Alguns exemplos de gêneros: • Conversa informal • Narrativa de ficção • Artigo de opinião • Tese de doutorado • Propaganda Os gêneros textuais configuram um inventário aberto. Alguns gêneros desaparecem, como o telex. Outros apareceram recentemente, como o tweet, por exemplo. Cada gênero possui uma estrutura e se encaixa dentro de algum tipo textual. Vamos ver, agora, alguns exemplos de gêneros dentro de cada uma das tipologias. https://www.aefpapeldeparede.com.br/manual-de-instrucoes-para-web https://www.oliveirao.com.br/bolo-de-cenoura-com-cobertura-de-chocolate/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 46 Gêneros dentro da tipologia INJUNÇÃO: receitas culinárias, bulas de remédio, manuais de instruções, receitas e prescrições médicas etc. Gêneros pertencentes à tipologia NARRAÇÃO: fábulas, contos, romances, crônicas entre outros. Na tipologia DISSERTAÇÃO temos: artigo de opinião, resenha crítica, carta ao leitor etc. Gêneros na tipologia DESCRIÇÃO: verbetes de dicionários, classificados, atas de reunião etc. ANOTE ISTO Um mesmo texto, dentro de seu gênero, pode conter vários tipos textuais. Por exemplo, a descrição de personagens e espaço dentro de um conto faz com que exista, em um mesmo gênero (o conto), duas tipologias (a narração e a descrição). 4.4 Textualidade Agora que já sabemos o que é um texto e conhecemos os diferentes tipos e gêneros textuais, vamos falar um pouco sobre TEXTUALIDADE. A textualidade são as qualidades necessárias a um texto, pois se tivermos apenas um monte de sentenças colocadas lado a lado, sem que elas tenham conexão, sem que façam sentido juntas, isso não é um texto. Qualidades de um bom texto: • Coesão • Clareza • Concisão • Coerência • Criatividade Algumas dessas qualidades (coesão, coerência e criatividade) serão estudadas em nossas próximas aulas. A clareza tem muito a ver com coesão. Quando produzimos um texto, é necessário que expressemos nossas ideias de maneira clara, de modo que o leitor possa compreendê- las. LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 47 A concisão está estreitamente ligada à clareza. Depende de escolher vocabulário adequado e trabalhar com parágrafos curtos. Já ouviram aquela expressão “encher linguiça”? Pois é, um texto precisa ser conciso para que não haja encheção de linguiça. De modo bem simples, é isso. ANOTE ISTO Um texto: • Surge a partir de uma intenção de quem o produz; • É uma proposta de construção de sentido; • Pertence a um gênero; • Pode conter diferentes tipos textuais. LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 48 AULA 05 COESÃO Coesão é, basicamente, o processo pelo qual retomamos um elemento já mencionado anteriormente em nosso texto. Costumo dizer que a coesão é uma “costura”. Temos nossas ideias e as colocamos em frases, que ligamos de modo a criar parágrafos, e esses parágrafos, por sua vez, devem ser conectados. Essa costura de ideias, de palavras, de frases e de parágrafos é a coesão textual. Não podemos deixar as coisas jogadas, ou nosso texto parecerá um Fankenstein. De acordo com Abreu, Um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças, mas pelo encadeamento semântico delas, criando, assim, uma trama semântica a que damos o nome de textualidade. O encadeamento semântico que produz a textualidade se chama coesão. Podemos definir, mais especificamente, a coesão, dizendo que se trata de uma maneira de recuperar, em uma sentença B, um termo presente em uma sentença A. (ABREU, 2002, p.12) Portanto, para uma ligação lógica das ideias, uma conexão com sentido e, também, para evitar repetição excessiva de uma mesma palavra, devemos lançar mão dos mecanismos de coesão. Veremos, nesta aula, os cinco tipos de coesão textual, que se diferenciam pelos mecanismos utilizados. São eles: • Coesão referencial; • Coesão por elipse; • Coesão léxica; • Coesão por substituição; • Coesão sequencial. LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 49 5.1 Coesão Referencial De acordo com Abreu (2002), a coesão referencial é feita por meio do uso de pronomes pessoais (eu, ele, ela, nós, etc.), pronomes possessivos (meu, teu, dele, dela, nosso, seu, etc.), pronomes demonstrativos (este, essa, aquela, etc.), advérbios de lugar, ou seja, palavras que indicam localidade (lá, aqui, ali) e artigos definidos (o, a, os, as). Vamos, agora, ver alguns exemplos de COESÃO REFERENCIAL. Eduardo e Mônica eram nada parecidos Ela era de leão e ele tinha 16 Ela fazia medicina e falava alemão E ele ainda nas aulinhas de inglês Nesse trecho da música Eduardo e Mônica, podemos notar a coesão referencial feita pelo pronome pessoal “ela”, que retoma Mônica e o pronome pessoal “ele”, que retoma Eduardo. Na música, Geni e O Zepelim, de Chico Buarque, também temos a coesão referencial presente no uso do pronome pessoas “ela”, utilizado para fazer referência a Geni Joga pedra na Geni Joga pedra na Geni Ela é feita pra apanhar Ela é boa de cuspir Ela dá pra qualquer um Maldita Geni Observem, agora, a frase abaixo: Eu e meu irmão compramos carros novos. O meu é branco e o dele é preto. Nesse exemplo, foram utilizados pronomes pessoais (“meu” e “dele”) e o artigo definido “o”, para fazer referência aos carros, evitando, assim, a repetição dessa palavra. Vejam como ficaria estranho se abusássemos da repetição: (*) Eu e meu irmão compramos carros novos. O meu carro é branco e o carro dele é preto. Por fim, vamos ver um exemplo com advérbios de lugar. LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 50 https://acessaber.com.br/atividades/atividade-de-portugues-adverbios-de-lugar-7o-ano/ Percebam que, para evitara repetição da palavra “loja, foi utilizado o advérbio de lugar “lá”. Trata-se, portanto, de coesão referencial. 5.2 Coesão por elipse A COESÃO POR ELIPSE consiste na omissão de uma palavra que foi mencionada anteriormente e que não precisa ser repetida para que saibamos que se trata dela. Um dia surgiu, brilhante Entre as nuvens, flutuante Um enorme zepelim ØPairou sobre os edifícios ØAbriu dois mil orifícios Com dois mil canhões assim Como podemos ver, não foi necessário repetir a palavra “zepelim” para sabe que foi ele que “pairou sobre os edifícios” e que “abriu dois mil orifícios”. 5.3 Coesão Léxica A COESÃO LÉXICA é feita por meio do uso de sinônimos e hiperônimos. Mas vocês sabem o que é isso? Sinônimos são palavras que têm o mesmo sentido, como: Feliz – alegre Gostoso – saboroso Andar - caminhar https://acessaber.com.br/atividades/atividade-de-portugues-adverbios-de-lugar-7o-ano/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 51 Hiperônimos, também chamados de sinônimos superordenados, são palavras que são como uma categoria que engloba vários itens, por exemplo: Flor é hiperônimo de margarida, rosa, orquídea, violeta, lírio, etc. Talher é hiperônimo de garfo, faca, colher, concha, etc. Móvel é hiperônimo de sofá, cama, mesa, cadeira, etc. Vamos ver alguns exemplos. “Acontece que a donzela E isso era segredo dela Também tinha seus caprichos” Nesse trecho da música Geni e o Zepelim, a palavra donzela foi utilizada como hiperônimo de Geni. É claro que a palavra foi usada de maneira irônica, mas, mesmo assim, é um hiperônimo, pois existem donzelas e Geni é uma dentro dessa categoria. 5.3.1 Coesão Léxica e avaliação A coesão léxica nos permite fazer avaliações, ou seja, dar nossa opinião sobre aquilo que está sendo retomado. Vejam o exemplo a seguir: Ivete Sangalo fez um show ontem. Essa excelente cantora cantou seus maiores sucessos, levando o público à loucura. Nesse exemplo, podemos notar uma avaliação positiva da cantora Ivete Sangalo. Importante ressaltar que as avaliações podem também ser negativas. Alguém que não goste de Ivete Sangalo poderia dizer, por exemplo: Ivete Sangalo fez um show ontem. Essa cantora pouco talentosa cantou seus maiores sucessos. 5.4 Coesão por substituição De acordo com Abreu, a coesão por substituição “consiste em abreviar sentenças inteiras, utilizando predicados prontos como fazer isso [...] (ABREU, 2002, p. 15) Precisamos reformar a casa, mas não podemos fazer isso por falta de dinheiro. LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 52 5.5 Coesão sequencial A COESÃO SEQUENCIAL é feita por meio do uso de conectivos (advérbios e conjunções) e, também, por meio das flexões de modo e tempo dos verbos. Vamos ver, agora, alguns exemplos. Quando eu digo que deixei de te amar É porque eu te amo Quando eu digo que não quero mais você É porque eu te quero Eu tenho medo de te dar meu coração E confessar que eu estou em tuas mãos Mas não posso imaginar o que vai ser de mim Se eu te perder um dia Nesse trecho da música Evidências, temos a coesão sequencial estabelecida por meio do uso dos seguintes conectivos: • Quando – tempo • Porque – explicação • E – adição • Mas – oposição • Se – condição Na música Eduardo e Mônica também encontramos coesão sequencial feita por meio do uso de tempos verbais no passado (pretérito perfeito e pretérito imperfeito) e, também, de conectivos (depois; mas; de repente). Eduardo e Mônica trocaram telefone Depois telefonaram e decidiram se encontrar O Eduardo sugeriu uma lanchonete Mas a Mônica queria ver o filme do Godard [...] E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente Uma vontade de se ver LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 53 Como vimos, as conjunções e os advérbios são os conectivos, palavras que utilizamos para conectar ideias e que são mecanismos responsáveis pela realização da coesão sequencial. As conjunções causam muita confusão com relação à ideia que elas trazem, o sentido que elas têm. Por isso, veremos, de maneira breve, quais são os tipos de conjunção e a ideia expressa por elas. 5.6 As conjunções Conjunções são palavras que ligam orações. De acordo com Abreu, “a função básica da conjunção é a de introduzir e relacionar orações. Dependendo das orações que introduzem, as conjunções se classificam em duas subclasses: conjunções coordenativas e conjunções subordinativas.” (ABREU, 2018, p. 402) 5.6.1 Conjunções Coordenativas As CONJUNÇÕES COORDENATIVAS podem ser: • Aditivas; • Adversativas; • Alternativas; • Conclusivas; • Explicativas. 5.6.1.1 Aditivas São utilizadas para expressar ideia de adição/soma entre orações. São elas: • E • Nem. No fim de semana, fomos ao shopping e visitamos nossa avó. Ontem, não limpei a casa nem fiz almoço. No segundo exemplo, temos a conjunção NEM. Essa conjunção é utilizada para dizer que as duas coisas não aconteceram: a pessoa não limpou a casa e não fez almoço. LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 54 Existem também algumas expressões que indicam adição: • Tanto...quanto • Tanto...como • Não só...mas também • Não só...mas ainda Ontem não só perdi a hora, mas também tive problemas com o carro, o que me fez chegar muito atrasada no trabalho. 5.6.1.2 Adversativas Essas conjunções expressam a ideia de oposição. • Mas • Porém • Contudo • Todavia • No entanto • Entretanto • Não obstante Queria viajar nas férias, mas não tenho dinheiro. Ele era um ótimo profissional, porém não se relacionava bem com os colegas. 5.6.1.3 Alternativas As conjunções alternativas indicam alternância. • Ou...ou • Ora...ora • Seja...seja • Quer...quer Ou você melhora sua conduta, ou será demitido. LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 55 Essas conjunções aparecem duas vezes na frase, como vimos nos exemplos acima. A única que pode ocorrer apenas uma vez é a conjunção “ou” Você precisa melhorar sua conduta, ou será demitido. 5.6.1.4 Conclusivas Expressam ideia de conclusão a partir do que está sendo dito na outra oração. • Logo • Pois • Portanto • Então • Assim • Por conseguinte • Por isso Acordei muito mal, por isso não fui trabalhar. Preciso trocar meu carro, portanto preciso guardar dinheiro Ele tomou três advertências, logo foi demitido. 5.6.1.5 Explicativas As conjunções explicativas trazem uma explicação para algo dito na oração anterior. • Pois • Porque • Que • Porquanto Precisamos de chuva, pois o ar está muito seco. Ele deve ter dormido tarde, porque está extremamente abatido e cansado. 5.6.2 Conjunções Subordinativas Existem nove tipos de conjunções SUBORDINATIVAS ADVERBIAIS. Veremos, a partir de agora, quais são eles. LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 56 5.6.2.1 Concessivas Essas conjunções c iniciam orações que trazem um fato que seria contrário à realização daquilo que é dito na oração principal, mas que não impede que aquilo aconteça. • Embora • Ainda que • Posto que • Se bem que • Conquanto • Apesar de que • Mesmo que • Por mais que Embora estivesse cansada, fiz questão de ir à festa. Precisei demitir alguns funcionários, apesar de não querer fazer isso. 5.6.2.2 Condicionais Essas conjunções expressam uma condição para que aconteça aquilo que é dito na oração principal. • Se • Caso • Uma vez que • Desde que • Dado que • Sem que • Contanto que Desde que você termine o trabalho, pode sair mais cedo. Se não terminarmos o relatório, teremos que trabalhar no fim de semana. LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 57 5.6.2.3 Consecutivas As conjunções consecutivas trazem uma consequência daquilo que está sendo dito na oração principal. As orações consecutivas começam com a palavra “que” e, antes dela, aparece alguma palavra como “tal, tanto, tamanho”.Tal que Tanto que Tão que Tamanho que Trabalhei tanto no fim de semana que não consegui sair de casa. Ele estava tão cansado que parecia estar doente. 5.6.2.4 Finais Expressam ideia de finalidade, ou seja, são utilizadas em orações que mostram com que objetivo foi realizada a ação expressa na outra oração. • Que • Para que • A fim de que Estamos fazendo hora extra durante a semana, a fim que de que não precisemos trabalhar no sábado. Você precisa terminar o projeto, para que o cliente possa aprová-lo. 5.6.2.5 Temporais Expressam ideia de tempo. • Antes que • Primeiro que • Quando • Enquanto • Todas as vezes que • (de) cada vez que • Sempre que • Depois que LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 58 • Logo que • Assim que • Desde que • Apenas • Mal • Eis que • Senão quando • Após o que Assim que vocês puderem, faremos uma reunião. Logo que terminei o projeto, enviei-o ao cliente. Quando ele chegou, a reunião já havia começado. 5.6.2.6 Causais São utilizadas para introduzir a causa daquilo que é dito em outra oração. • Porque • Como • Pois • Porquanto • Já que • Uma vez que • Desde que Ele não veio trabalhar porque está com Covid. Uma vez que precisei sair mais cedo, ficarei até mais tarde amanhã. Como preciso guardar dinheiro, não sairei no fim de semana. 5.6.2.7 Proporcionais As conjunções proporcionais expressam ideia de proporcionalidade. • À medida que • À proporção que • Ao passo que • Quanto mais • Quanto menos LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 59 À medida que adquirimos novos clientes, ganhamos credibilidade no mercado. Quanto mais estudamos, mais vemos que precisamos estudar. 5.6.2.8 Conformativas Para expressar ideia de conformidade, devemos utilizar as conjunções conformativas. • Conforme • Como • Segundo • Consoante Vocês devem fazer o projeto e enviá-lo até amanhã, conforme combinamos. O trabalho deverá ser feito até amanhã, como foi acordado em reunião. 5.6.2.9 Comparativas Essas conjunções introduzem a ideia de comparação. Essa comparação pode ser de: • IGUALDADE: Tão como, Tão quanto, Tanto como, Tanto quanto • SUPERIORIDADE: Mais do que • INFERIORIDADE: Menos do que Você trabalha mais do que qualquer outro funcionário desta empresa. Ele fala tão bem quanto escreve. ISTO ESTÁ NA REDE Conjunção Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/conjuncao.htm Como vimos nesta aula, a coesão é uma qualidade indispensável a um bom texto. Devemos, portanto, utilizar os mecanismos de coesão que aprendemos sempre que formos escrever um texto, garantindo que ele tenha uma conexão de sentido, que não seja repetitivo e que não seja apenas um monte de frases colocadas lado a lado sem que se estabeleça uma relação entre elas. https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/conjuncao.htm LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 60 AULA 06 COERÊNCIA Nesta aula, falaremos sobre COERÊNCIA textual, uma qualidade indispensável para um bom texto. Temos que ser coerentes na vida, não é mesmo? As coisas que fazemos precisam fazer sentido. Não podemos falar uma coisa e fazer outra. Se dizemos que maltratar os animais é errado e abandonamos um cachorrinho doente, não estamos sendo coerentes, certo? Pois é! Quando produzimos um texto, também não podemos falar uma coisa e, logo em seguida, dizer outra que vá contra o que dissemos anteriormente. É necessário haver coerência. Mas coerência não é só isso! O sentido deve manter uma continuidade, caso contrário, o texto é incompreensível. Esta continuidade de sentido forma a coerência do texto e se expressa em conceitos e relações. A coerência se estabelece no âmbito de um universo textual que abrange toda a constelação de produção e recepção, de modo que o texto contém mais do que a soma de expressões linguísticas que o compõem, incorporando os conhecimentos e a experiência do dia a dia. (MARCUSCHI, 2012, p. 75-76) Veremos, portanto, quatro metarregras de coerência que foram propostas por Michel Charollles. Essas metarregras, se respeitadas, garantem que o texto seja coerente. As metarregras são: Estudaremos, a partir de agora, cada uma delas. LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 61 6.1 Não contradição A metarregra da NÃO CONTRADIÇÃO consiste em não dizer algo que contradiga o que foi dito anteriormente. Aquilo que é dito no texto precisa fazer sentido, logo, se dizemos, por exemplo, que o dia está chuvoso e, em seguida, afirmamos que vamos tomar sol, tem algo errado, não é mesmo?! Precisamos, portanto, prestar atenção àquilo que colocamos em nosso texto, para garantir que não haja contradição. Vejamos alguns exemplos de textos que não seguiram a metarregra da não contradição e, por isso, apresentam problemas de coerência. http://humorgramaticos.blogspot.com/2011/02/incoerencia-textual.html Aqui, temos, claramente, um texto contraditório. Se o local é aberto todos os dias, deveria estar aberto também às terças-feiras. https://ideiafix.wordpress.com/2011/11/29/como-descobri-que-o-telespectador-e-incoerente/ http://humorgramaticos.blogspot.com/2011/02/incoerencia-textual.html https://ideiafix.wordpress.com/2011/11/29/como-descobri-que-o-telespectador-e-incoerente/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 62 Nesse exemplo, a metarregra da não contradição não foi seguida, pois foi anunciado em um outdoor (que é um meio utilizado para fazer propagandas) que não devemos acreditar em propagandas. Isso é completamente contraditório. 6.2 Progressão A metarregra da PROGRESSÃO é relacionada ao fato de que um texto precisa sempre trazer novas informações. Não podemos, ao produzir um texto, ficar o tempo todo repetindo a mesma coisa. Isso é “chover no molhado”. Precisamos de progressão de sentido, de novas ideias, novas informações sendo adicionadas ao texto, ou ficaremos “andando em círculo”. Vamos ver alguns exemplos. https://projetocoe.wordpress.com/2014/05/19/a-propaganda-e-a-alma-do-negocio-ou-nao/ Primeiramente, preciso falar que há um erro nessa placa. A forma correta é “em domicílio”, pois domicílio é o local (a casa da pessoa), e quando falamos em localidade, a preposição que utilizamos é “em”. Por exemplo: Moro em uma rua deserta”. A rua é o local onde eu moro, por isso utilizei a preposição “em”. Entregas em domicílio são entregas feitas na casa da pessoa, por isso, nunca se esqueçam que “em domicílio” é o correto. Feitas essas considerações, voltemos à questão da coerência. Nesse texto, não há progressão de sentido, porque a mesma coisa é dita duas vezes. Se as pessoas pintam casas, é óbvio que elas precisam estar na casa para pintá-la. Por isso, dizer que isso é feito em domicílio é absolutamente desnecessário e vai contra a metarregra da progressão. https://projetocoe.wordpress.com/2014/05/19/a-propaganda-e-a-alma-do-negocio-ou-nao/ LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 63 https://www.haikudeck.com/placas-sem-coerncia--uncategorized-presentation-veEfulYyHM Esse é um outro exemplo de não seguimento da metarregra da progressão, pois se o local é uma peixaria, é óbvio que eles vendem peixe. Isso não precisava ser dito. https://br.ifunny.co/picture/o-bar-do-fritz-joinville-no-momento-nao-esta-aberto-F8kPlX0b5 Se um estabelecimento não está aberto, ele tem que estar fechado, não é mesmo?! Isso é mais uma coisa óbvia. https://www.haikudeck.com/placas-sem-coerncia--uncategorized-presentation-veEfulYyHM https://www.haikudeck.com/placas-sem-coerncia--uncategorized-presentation-veEfulYyHM https://br.ifunny.co/picture/o-bar-do-fritz-joinville-no-momento-nao-esta-aberto-F8kPlX0b5 https://www.haikudeck.com/placas-sem-coerncia--uncategorized-presentation-veEfulYyHM LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROF.a JOAGDA REZENDE ABIB FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 64 Mais uma