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1 CAPITULO 1 1 Midiatização das práticas educativas no contexto da Educação a Distância Arnaldo Oliveira Souza Junior2 Introdução O presente texto tem como finalidade apresentar discussões acerca do fenômeno da Midiatização no contexto da Educação a Distância-EaD, especificamente como a midiatização tem afetado as práticas educativas no contexto da EaD. Desta forma, procuramos fazer um exercício de reflexão, de modo breve, a partir de autores como Fausto Neto (2006) Veron (2010) Braga (2012) que abordam temas relacionados à midiatização, circulação midiática; Não obstante, discutiremos a luz de Moran (2000,2014), Castells (2003) o papel da Internet e seus dispositivos no âmbito da EaD; Relação entre Prática educativa e mobilização de saberes a partir dos autores como Libâneo, Tardif (2002) visando assinalar a relação entre midiatização, práticas educativas e EaD. 1. Aproximações conceituais sobre midiatização Há um novo momento em que mídia e sociedade estão em processo relacional e transversal, propiciando entrecruzamento de campos sociais que têm permitido transformações das práticas no tecido social. Esse novo quadro teve no desenvolvimento de novos aparatos tecnológicos importância profícua, pois, graças ao desenvolvimento das tecnologias, os processos midiáticos ancorados em relações de natureza sociotécnica assumem a ampliação de novas perspectivas de comunicação, congregando discussões sobre midiatização que se edifica e transita da sociedade dos meios – onde a 1 Texto do Livro SOUZA JUNIOR, Arnaldo O; LACERDA, Naziozenio A; OLIVEIRA, Sandra Suely. Eduação a Distância: Midiatização, Formação e Saberes. Curitiba: Editora CRV, 2016. 2 Prof. Dr. do Centro de Educação Aberta e a Distância. Coordenador do Núcleo de Estudos e Pequisas em Educação a Distância – NEPEAD/UFPI. Ministra Disciplina Educação a Distância . E-mail: arnaldo@ufpi.edu.br 2 técnica e tecnologia assumem postura protagonista - para a sociedade em vias de midiatização – na qual a formação de uma nova ambiência comunicacional a partir de formas novas de inteligibilidade, relações sociotecnicas, como bem aponta Fausto Neto (2006). Nessa perspectiva, o fenômeno da midiatização tem proporcionado mudanças nas práticas cotidianas sociais das instituições e dos atores em diversos âmbitos (familiar, entretenimento, pedagógico, serviços etc.) devido aos novos modos e operações no uso de dispositivos tecnológicos no contexto da sociedade. A midiatização, enquanto novo modo de organização social, é objeto de discussão de vários autores . Fausto Neto (2006) compreende a midiatização enquanto prática social, como prática de sentido nos quais atores sociais, por operações de discurso, através de práticas sociotecnicas fazem funcionar processos de midiatização. Sodré (2013) assinala que estamos diante de um “bios midiático”, ou seja, uma nova ambiência no qual pessoas em processos de midiatização, interação através de aparatos tecnológicos transformam o seu cotidiano, o seu modo de “ser”, como bem aponta Gomes (2006) ao tratar do tema midiatização. Na realidade, os autores acima de uma forma ou de outra assinalam que, a midiatização é um fenômeno que está na sociedade: no cotidiano das pessoas, das organizações, instituições sociais, mídias. A midiatização se constitui pelo poder das práticas sociais engendradas por relações de natureza sociotecnica; ou seja, por sistemas que contemplam pessoas, conhecimentos e sistemas técnicos. De fato, as relações sociotecnicas são facilmente percebidas junto às pessoas que utilizam uso tecnologias de forma intensa (constante) em suas ações diárias, práticas cotidianas, educativas e rotinas de trabalho e etc.. Temos assistido pessoas em práticas de midiatização - com seus smartphones em jogos, shows e outros eventos - produzirem e, pondo em circulação fotos, vídeos, textos, hipertextos em redes sociais, em aplicativos, a exemplo do What‟s app, e outros protocolos de comunicação. Além disso, Instituições que são vistas como conservadoras, a exemplo de Igrejas, têm criado portais, sites e comunidades digitais, e com efeito, usufruírem de todo contexto das Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC, em especial a 3 Internet com intuito de possibilitar uma maior integração e interação com os fiéis. Entretanto, ressaltamos que a midiatização não se constituiu única e exclusivamente a partir de novos aparatos tecnológicos, ou seja, um fenômeno recente, manifestado nos novos dispositivos digitais, por exemplo. Na realidade, a midiatização começou com a espécie humana, há cerca de 200 mil anos, como afirma Verón (2012, p.18), por entender a midiatização como “ [...] exteriorização de processos cognitivos” no qual sua manifestação ou materialização implicou e implica na constituição e afetação de materiais, de signos, de símbolos e ferramentas tais como instrumentos de pedra lascada, pedra polida e metais que vão se desenvolvendo, a partir de processualidades de práticas sociais. No entanto, o referido autor assinala que nem toda a produção de signo produzida pela espécie humana é de natureza midiática. Algumas sim outras não; ou seja, na semiose da espécie humana nem tudo que é produzido é midiático. Entretanto, a materialização ou manifestação desses processos cognitivos tendem a ser mais perceptíveis no contexto atual a partir dos novos protocolos de comunicação, a exemplo da Internet (plataformas e redes sociais) e os novos dispositivos de comunicação tais aplicativos utilizados pelos celulares (smartphones) 2. A Internet e práticas de midiatização - em direção ao campo educacional. Desde a sua construção em 1969, a internet se formou a partir da interação entre ciência, pesquisa universitária fundamental, programas de pesquisa militar3 e a contracultura radical libertária. Em 1994, a partir da world wide web (www), teve em suas aplicações grande processo de desenvolvimento. Ela cresceu de uma forma importante e atua em diversas áreas, em campos midiáticos, enfim, da vida humana. Aliás, nas palavras de Castells (2003, p. 255), “internet é o tecido de nossas vidas neste momento. 3 Segundo Castells, é um mito pensar que a internet – que nasce de um programa militar – teve aplicações militares. Houve financiamento militar nas pesquisas dos cientistas para fazer seus estudos informáticos. 4 Não é futuro. É presente. Internet é um meio para tudo, que interage com o conjunto da sociedade e, de fato, apesar de tão recente em sua forma societária”. Essa afirmação proposta por Castells, se instaura em um contexto da internet, cujas aplicações transcendiam à versão mais básica - chamada web 1.0 durante o período de sua formação (1994), para a versão mais participativa e colaborativa conhecida como web 2.04 em que foram desenvolvidas ferramentas a partir do crescimento das linguagens – clientes/servidor5 - e aplicações na web. A Internet sai de uma fase em que o usuário se satisfaz com o conteúdo que lhe é ofertado, nas primeiras páginas estáticas, pouco atrativas e com poucas ferramentas (web 1.0), para uma web 2.0 das possibilidades da integração de tecnologias e convergência (tecnologias e conteúdos). Essas aplicações na internet possibilitaram: incremento à comunicação por completo a partir de diferentes protocolos de comunicação e convergência entre eles; potencialização das práticas de midiatização, relações sociotécnicas dos participantes; complexidade de interações entre atores sociais; e comunicação de forma direta e sob diferentes tecnologias, inclusive em tempo real. De fato, a internet e suas aplicações web permitiram um maior “embaralhamento” no funcionamento de setores econômicos, sociais, culturais, bem comonas formas de relacionamento entre ações à medida que permitiu maior acesso e encurtamento das distâncias entre as ações presenciais e online, graças ao seu alto potencial de interação. Na web 2.0, ocorreram processos de convergência midiática do ponto de vista das tecnologias: integração de diversas mídias em um tipo de arquitetura e/ou protocolo (imagem, vídeo, áudio, texto e hipertexto em seus diferentes formatos e configurações), sendo manejado tanto por produtores, quanto por receptores. 4 O termo foi criado por Tim O Reilly – da O Reilly Media – junto com Dale Dougherty durante o período de 2004 e 2005 em São Francisco (Estados Unidos), com a finalidade de nominar uma nova fase da web que permitisse mais liberdade ao usuário, que deixa de ser passivo e passa também até o papel de produzir, “mixar” e classificar o conteúdo. 5 Linguagem como Active Server Pages – ASP (páginas ativas de servidor) e Hypertext Preprocessor – PHP (criação de páginas dinâmicas), aplicações dinâmicas como Javascript e ActionScript, aplicações em Flash contribuíram, junto com outras linguagens, para o desenvolvimento de aplicações web. 5 Do ponto de vista do conteúdo, esta convergência teve nas interações a oportunidade de circular conteúdos (informações e conhecimentos) para diversas páginas da Web (sites, blogs, redes sociais, aplicativos e etc.), através de diversos mecanismos de interação (links) e de novos dispositivos assíncronos (fora do tempo real), como nos fóruns, blogs, listas de discussão etc., e síncronos (em tempo real), como nos chats, webconferência e aplicativos em tempo real. Este cenário de aplicações e de possibilidades de interação na internet permitiu uma nova realidade social e cultural, denominada por estudiosos como ciberespaço, constituído de espaços de interação, trocas informações, conhecimentos e manifestações através de diferentes aplicações web convertidas em meio de comunicação. Ressalta-se que muitos campos sociais6, se apropriaram deste cenário e passaram a explorar suas potencialidades, a exemplo de jornalismo, Instituições religiosas, campo político, Jurídico, publicitário, educacional e etc. No caso específico do campo educacional, temos assistido um processo de incremento de infraestrutura tecnológica nas escolas fruto de programas que são criadas pelo governo com diversas finalidades, dentre elas a inclusão digital de alunos e professores. Projetos como UCA, “Um Computador por Aluno”, mídias na educação, “tablet‟s na escola e outros desta natureza. Além disso, há professores que tem inserido em suas práticas educativas aplicativos de celulares como what‟s App, redes sociais, blogs como espaço de conversação (interação), como espaço de aprendizagem junto a alunos e comunidade em geral. De fato, as práticas de midiatização estão acontecendo na sociedade, na escola, na universidade, em todo lugar. No campo da Educação a Distância não está sendo diferente. O Programa da Universidade Aberta do Brasil – que ampara a Educação a Distância em Instituições publicas no Brasil, bem como outros programas que utilizam a EaD, seja publica ou privada, tem se apropriado de plataformas, ferramentas digitais, aplicativos em seu processo 6 Uma das primeiras noções de campo é atribuída a Bourdieu (2004) como “espaço estruturado e estruturante” caracterizado por disputas por se constituir em campo de luta para transformar ou conservar, de desigualdade, de relações constantes e permanentes, enfim, um campo de forças. Em fim, os campos sociais tem se apropriado de mídias, tecnologias e recursos da Internet em suas práticas cotidianas com objetivo de funcionar enquanto espaço de conversão. 6 didático, haja vista que paralelo ao uso de plataformas digitais, alunos e professores tem explorado as tecnologias da informação e comunicação, recursos da Internet, aplicativos e etc. 3. Midiatização das práticas educativas no contexto da Educação a Distância A prática educativa, na visão de Libâneo (1999), é um fenômeno social e universal, considerado uma atividade humana importante para a existência e funcionamento de qualquer sociedade, pois sua ação educativa cria as possibilidades para que pessoas possam descobrir ou redescobri conhecimentos, mobilizar experiências culturais e formas de aprendizagem, permitindo-os a inserção no meio social. Convém ressaltar que a prática educativa não ocorre apenas em espaços formais de aprendizagem como a escola e outras instituições mas, também se manifestam em atividades sociais, valores, na cultura, na economia religião dos costumes e das formas de convivência humana, como bem aponta Libâneo (1999). Pensando nisso, a midiatização visto como um fenômeno que tem ocorrido na sociedade transformando as rotinas das pessoas (individual e coletivamente) e em campos sociais, tem caminhado na direção de práticas educativas e atividade docente. Quantas pessoas, nesse momento, estão com seus celulares utilizando aplicativos, redes sociais no desenvolvimento de atividades profissionais, familiares ou escolares? É possível que alunos estejam reunidos em grupo do what‟s app discutindo algum assunto relacionado a História do Brasil, religião, matemática ou alguma outra temática. Podemos supor que algum professor esteja elaborando um projeto pedagógico com uso de redes sociais para desenvolver atividades de estudo sobre Escolas Literárias. Essas suposições são levantadas, a rigor, para refletir o quão a sociedade tem sido afetada pelas tecnologias; E, como as relações de natureza sociotecnicas tem sido amplamente gestado e movimentado na sociedade. É importante frisar que o cenário das práticas educativas encontra-se em 7 processualidade transitando do contexto de uma educação mais tradicional, centrada nos meios, para uma educação progressista midiatizada. Esta transição das práticas na transição do cenário dos meios à midiatização pode ser mais bem aclarada, analisando o Quadro 1 - Processualidades dos cenários das praticas educativas: dos meios à midiatização. Quadro 1 - - Processualidades dos cenários das praticas educativas: dos meios à midiatização Processualidades dos cenários das praticas educativas Cenário dos meios Cenário da midiatização Educação tradicional centrada nos meios Educação progressista midiatizada Ambiência - limitado ao espaço físico escolar Ambiência: além do espaço escolar Professor: transmissor Professor: orientador, provocador Aluno: receptor passivo Aluno: autônomo, reflexivo e produtor Tecnologias: protagonista Tecnologias como dispositivo sociotecnico Avaliação: preso a tradição Avaliação mediadora Fazendo uma analise, mesmo que preliminarmente, observamos que em um cenário dos meios a educação tradicional é centrada nos meios, cuja ambiência restringe-se ao espaço físico escolar. Neste âmbito, a figura do professor é definido como aquele que amealha conhecimentos e os transmite por meio da didática diretiva aos alunos que por sua vez reproduzem os conhecimentos de maneira passiva. As tecnologias utilizadas tornam-se protagonista, uma vez que, apresentam-se como um suporte central para condução da atividade pedagógica. Para efeito de exemplificação, temos a utilização de filmes (vídeos), fontes e outros recursos como componentes de transmissão de conteúdos, sem ao menos, contextualiza-los ou acioná-los pedagogicamente. Ou seja, o filme é exibido para que os alunos possam assistir e se entreter no decorrer da atividade pedagógica. Além disso, no cenário dos meios, a avaliação é tomada como produto, como atividade avaliativa classificatória e medidora do conhecimento. Entretanto, no contexto do cenário da midiatização, a educação tende a uma perspectiva mais progressistamidiatizada, cujo funcionamento ocorre numa ambiência que vai além do espaço escolar, especificamente por 8 processos comunicacionais e educativos; cujo funcionamento ocorre a partir de práticas educativas com uso de tecnologias. No contexto da midiatização, a ambiência onde acontece processos educativos não se limita ao espaço escolar, mas qualquer lugar de produção de conhecimento, ou seja, aprende-se não somente na escola, mas em casa, no trabalho ou qualquer local, basta dispor de ferramentas necessárias para acessar informações, fazer pesquisas, trocar informações e dentre outras ações que possamos fazer com uso da Internet, novos dispositivos digitais, repositórios, ambientes digitais, bibliotecas digitais e dentre outros. Um aspecto a considerar dentro do cenário da midiatização é a possibilidade uso e apropriações da cultura digital. Isso implica em conhecer e explorar as potencialidades dos recursos tecnológicos digitais, moveis e aplicativos; permitindo assim, trabalho em rede, trabalho cooperativo que permita aprendizagem sob uma abordagem em que Valente (1999) denomina de “estar junto virtual”. “O estar junto virtual” Este tipo de abordagem na EaD envolve o acompanhamento e assessoramento das ações do grupo de alunos em ambientes digitais, plataformas e atividades desenvolvidas em rede. O papel de professores nesta abordagem é orientar, fazer intervenções e colaborar o desenvolvimento e transformação dos alunos no processo de interação. Não obstante, A importância dessa cultura digital deve ser articulada a educação , como bem assinala Pretto e Assis (2008) A articulação entre a cultura digital e a educação se concretiza a partir das possibilidades de organização em rede, com apropriação criativa dos meios tecnológicos de produção de informação, acompanhado de um forte repensar dos valores, práticas e modos de ser, pensar e agir da sociedade, o que implica na efetiva possibilidade de transformação social. (PRETTO, ASSIS, 2008 p 82) Esta articulação entre a cultura digital e a educação para o trabalho em rede tem sido o desafio no contexto da midiatização a medida que permite a reconfiguração do aluno, cuja nova vocação, torna-se um sujeito, autônomo, 9 reflexivo e produtor de conhecimentos. Ressaltamos que muitos desses alunos usam e se apropriam de tecnologias, e fazem uso de atividades em redes; especificamente através da cultura de jogos em redes. Dito isso, o papel das práticas educativas ensejam, também, tanto o uso de tecnologias como dispositivo de interação - criando espaços de comunicação entre os integrantes de uma rede, como também de espaço critico de mídia, pois as ações dos alunos são publicizadas em blogs, paginas de redes sociais, e outros espaços de conversação com forma de protestos, contribuições, intervenções, reflexões acerca de temáticas, situações, tanto do âmbito pedagógico como de outros campos. A midiatização no processo de práticas educativas em cursos de Educação a Distância tem funcionado, não somente, a partir do uso pedagógico de plataformas digitais ou nas atividades em salas presenciais. As práticas educativas tem ensejado a formação de comunidades digitais em redes sociais e em outros grupos criados em aplicativos de celulares. Convém afirmar que a midiatização afeta as práticas educativas à medida que enseja mudanças no cotidiano das aulas, da atividade docente, nas práticas dos alunos. Exemplo ilustrativo seria as estratégias que grupos de alunos usariam para se organizarem (planejarem) para apresentação de um seminário mesmo estando geograficamente distante uns dos outros, mas, mediados por um dispositivo de interação – uma página nas redes sociais ou algum outro protocolo de comunicação. Entretanto, as comunidades discutem assuntos não somente a saberes pedagógico e/ou conteúdos de disciplinas, mas de natureza de outros saberes que são mobilizados por docentes a partir de suas experiências ou vivências, conteúdos lúdicos, imagens, vídeos, textos, hipertextos e etc.. Do ponto de vista dos saberes docentes, Tardif (2002), assinala que o professor, em suas práticas, “mobiliza saberes” que são resultados de toda sua formação plural, não somente o cognitivo, mas de outros saberes, a exemplo do social. Não obstante, as comunidades digitais são mediadas, também, pelos alunos que se manifestam a partir do cognitivo, dos conteúdos das disciplinas, diálogo lúdico, do self (auto retrato) de momentos cotidianos, do uso de musicas, dos jogos, das brincadeiras e piadas. Isso mostra que as práticas educativas elas não se limitam ao cenário pedagógico das disciplinas, mas 10 outros cenários – que podem ser definidos, também, de pedagógicos, se considerarmos que há uma pedagogia intrínseca junto aos demais saberes. É nesse processo de mobilização de saberes que ocorre um fenômeno fruto das práticas de midiatização que é a circulação midiática. A circulação de conteúdos midiáticos, enquanto “fluxo contínuo e adiante”7 (Braga, 2012) de conteúdos para outros circuitos. Isso ocorre a medida que um aluno pode discutir assuntos em sala de aula, postar comentários sobre o resultado das discussões, fotografar as pessoas ou gravá-las, e em seguida postar no grupo da sala em uma rede social ou o contrário, discutir nas redes sociais e circular os seus discursos, imagens, vídeos para a plataforma digital ou para aplicativo de celular ou para a sala de aula presencial. A midiatização nas práticas educativas em cursos EaD tem sido manifestadas pela potencialidades das ações dos atores educativos (professores e alunos) que exploram as possibilidades comunicacionais e educacionais da Internet, bem como de seus dispositivos de interação seja na plataforma ou em sala de aula presencial. Cremos que as transformações provocadas pela midiatização nas práticas educacionais poderão contribuir para uma maior integração entre os cursos presencial e EaD, a medida que professores e alunos em constante uso de tecnologias possam contribuir para o aumento do uso de tecnologias nas práticas educativas que tendem a ocorrerem mais em cursos EaD do que presenciais. Muitos autores defendem a convergência entre a educação presencial e a distância. Moran (2003) é um deles, e defende convergência entre o ensino presencial e a EaD através da integração de campos e áreas, plataformas digitais; produção digital de conteúdo integrada e etc. Cremos que o efeito da midiatização sobre o campo educacional é um caminho sem volta, pois estamos caminhando para uma sociedade midiatizada. 7 Braga (2012), no âmbito da comunicação, especificamente em seu texto „A política dos internautas é produzir circuitos‟, chama a atenção que há um segundo movimento pós- recepção, em que a circulação toma forma de fluxos contínuos e adiante que faz circular para outros circuitos, produzindo mensagens, objetos, informação e que necessariamente não se limita apenas como operação de circulação produtor-receptor, mas percorrem outros canais e circuitos por meio de fluxos, podendo, inclusive, produzir contrafluxos. 11 Considerações finais Portanto, o fenômeno da midiatização em cursos EaD tem afetado as praticas educativas e as rotinas do fazer educação, e seus efeitos produziram novas possibilidades de comunicação e interação contribuindo para a melhoria acesso, produção e circulação de informações e conhecimentos. Professores e alunos transcenderam as plataformas digitais e salas de aula explorando as potencialidades que a Internet trouxe: novas formas de acesso ao conhecimento, formas de entretenimento, mobilizaram outros saberes além do pedagógico, criaram novas formas de inteligibilidade, comunidades digitais, interações múltiplas e etc. Tudo isso pelo poder das práticas de midiatização.Possivelmente os efeitos da midiatização nas práticas educativas poderão contribuir para um melhor incremento e complexidade nas atividades pedagógicas através de novos dispositivos e aplicativos da Internet e celulares, bem como de uma maior integração e convergência entre sistemas de ensino presencial e a distância. Referências BOURDIEU, Pierre. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 2004. BRAGA, José Luiz. Las políticas de los internautas es producir circuitos. In: CARLON, Mário; FAUSTO NETO, Antonio. Las politicas de los internautas: nuevas formas de participación. Buenos Aires: La crujia, 2012. 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