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Serão abordados na disciplina: A teoria geral da empresa; Modelos de sociedade; propriedade industrial; contratos empresariais; falências e recuperação judicial; Teorias do Direito Empresarial TEORIA SUBJETIVA: SUJEITO A teoria subjetiva surge na Idade Média, quando a Europa estava fragmentada. Tratava-se de um direito essencialmente de classe, especificamente das corporações de ofício, e cuidava especialmente da mercancia. O direito comercial dessa fase era criado por essas corporações de ofício, as quais, por terem uma estrutura corporativa e classista, tiveram força política e econômica necessárias ao estabelecimento de regras próprias para os comerciantes. Recapitulando a teoria: • Nasce na idade média; • O sujeito de Direito era o burguês inscrito em uma corporação de ofício. • Inicialmente a inscrição seria na condição de aprendiz e na corporação o empresário iria subir de nível até atingir a burguesia. • O direito mercantil tinha a finalidade de dar proteção à classe burguesa e garantir o oligopólio no exercício da profissão; TEORIA OBJETIVO: ATIVIDADE Os fatos históricos que marcaram essa teoria foram a Revolução Francesa e o período do império napoleônico. Os ideais da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade) não se compatibilizavam com um ramo do direito que se preocupasse exclusivamente com a garantia de privilégios classistas aos matriculados nas corporações de ofício. O direito comercial então vigente, que visava proteger os matriculados nas corporações de ofício dos riscos da atividade econômica, revelava-se demasiadamente classista, opondo-se ao ideal de igualdade da Revolução Francesa. Em resposta ao contexto histórico, apareceu o primeiro Código Comercial, promulgado por Napoleão em 15 de setembro de 1807, que retirou o foco de proteção do direito comercial de uma classe (dos matriculados nas corporações de ofício) e o transferiu aos atos de natureza comercial, enumerados pela lei. Assim, tornou-se objetivo o direito comercial, ou seja, transformou-se em um ramo do direito aplicável a determinados atos, não a determinadas pessoas. Recapitulando a teoria objetiva: • Nasce na França pós-revolução francesa com Napoleão Bonaparte e a teoria dos atos do comércio; • Na teoria dos atos de comércio qualquer pessoa que praticar qualquer ato comercial seria considerada comerciante e teria a proteção da lei. • Assim, há extinção da nomenclatura de burguês e surge uma proteção a atividade. • A teoria dos atos de comércio será adotada pelo Brasil no código de 1850, a qual era dividido em 3 partes, sendo elas a do comércio geral, do comércio marítimo e das falências. TEORIA SUBJETIVA MODERNA: SUJEITO A teoria surge em 1942, na Itália, com a edição do codice civile, pelo qual a proteção do direito comercial deixa de recair sobre os atos de comércio e passa a recair sobre a empresa. Eis o surgimento da teoria da empresa. Essa teoria, cujo maior expoente é o italiano Asquini, propõe a superação da vinculação entre sujeito e objeto do direito comercial, pois é possível que o objeto (empresa) sobreviva independentemente do destino do sujeito (empresário). Assim, a proteção do direito comercial deve recair mormente sobre a empresa, que significa atividade empresarial, com fim lucrativo, organizada para a produção ou circulação de bens e serviços. Nesse passo, o que deve ser preservado, como importante instrumento de desenvolvimento de um Estado, é a empresa. Por sua vez, essa fase possui conteúdo subjetivo, pois a legislação regula a atividade (a empresa), mas incide sobre o sujeito (empresário). Essa fase retoma a proteção do direito comercial sobre os empresários, antigos comerciantes, pois superado o ideal francês de que o direito não pode privilegiar certas classes. Tanto que, hodiernamente, abarcando um gênero de pessoas comuns, têm-se os direitos do consumidor, do trabalhador etc. Embora tenha reavivado o papel do direito comercial, como garante dos direitos dos empresários, infirmou o oligopólio, próprio da fase subjetiva, mas incisivamente combatido pelo Estado moderno. Recapitulando a teoria subjetiva moderna: • Surge na Itália; • O objeto é a atividade empresarial incidindo na pessoa do empresário; • Retomada da proteção aos empresários; • Código civil de 2002 que adotou a Teoria da empresa em que o sujeito de direito é o empresário. Diante do exposto, nota-se que cada teoria expressa o seguinte: Empresário De forma sucinta e doutrinariamente, o empresário pode ser entendido como o agente econômico capaz de gerenciar a produção e a circulação de bens e serviços (art. 966, do CC). Assim, para que haja a configuração de empresário será necessária a soma de alguns atributos: Nesse sentido podemos notar que se considera empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Devendo ser esclarecido abaixo quais elementos englobam cada requisito necessário para a configuração de um empresário: Profissionalismo: Poderá ser uma pessoa física e uma pessoa jurídica, conforme pode ser notado no art. 966 do CC de 2002. Obs: a única pessoa jurídica de direito privado que poderá ser empresária será a sociedade, mas nem toda sociedade será empresária. A atividade empresária deve ser exercida com profissionalidade, ou seja, de forma habitual e com intento lucrativo, de molde que o empresário assuma em nome próprio os riscos de sua empresa, organizando-a, técnica e economicamente. No entanto, a habitualidade não deve ser tomada em sentido absoluto. Um estabelecimento hoteleiro pode ficar fechado boa parte do ano, abrindo apenas na temporada própria. Nesse caso, o que caracteriza a habitualidade é o fato de que a atividade ali exercida ocorra em períodos regulares de tempo, dentro dos quais ocorra um suficiente grau de estabilidade. Ademais, deve-se esclarecer que existem pessoas físicas que não poderão ser empresárias, um exemplo é o do funcionário público e do militar. Tal fato ocorre em virtude da classe se encontrar no rol das pessoas impedidas de serem empresárias. Profissionalismo Atividade econômica organização Produção ou Circulação de bens ou serviços Servidor público; Membros do MP; Magistrados; Militares na ativa; Profissionais que exercem atividades: Intelectuais, artísticas, científicas e literárias. Pessoas físicas que não poderão ser empresárias: Obs: O empresário pessoa natural é chamado empresário individual. Atividade econômica: À atividade exercida pelo empresário dá-se o nome de empresa, que constitui o objeto do direito empresarial. No entanto, essa atividade deve ser exercida de maneira reiterada, constante, marcada pela realização ao longo do tempo de uma série de atos concatenados e voltados para uma finalidade empresarial. Pois, caso se trate da realização de negócio eventual, como uma compra e venda ocasional, tal ato isolado não caracterizará o exercício da atividade empresarial. Nesse sentido, deve-se esclarecer que o termo atividade econômico traduz-se em finalidade de obtenção de lucro, ainda que, em vez de lucro, haja prejuízo. Porquanto, o que integra substancialmente o conceito de empresário é o animus lucrandi, o aspecto subjetivo do lucro, não o aspecto objetivo. O termo econômico traduz uma atividade criadora de riqueza (como objetivo principal) e, pois, hábil a incentivar e a compensar a produção de bens e a prestação de serviços, que não se confunde com outras atividades previstas no Código Civil, como a intelectual, a científica, a literária ou a artística, atividades associativas, fundacionais de fins religiosos, morais, culturais, de assistência, de proteção ao meio ambienteetc., ainda que, indiretamente, em tais atividades se prospectem e almejem-se resultados econômicos positivos. Nessa panorâmica, deve-se expor que existem alguns critérios para se analisar e consagrar um ser humano como empresário de uma sociedade empresária e são eles: Tais critérios somados com os requisitos expostos no código civil diferencia uma sociedade empresário de uma sociedade simples, a qual não recebe a mesma proteção do direito empresarial. CRITÉRIOS SOCIEDADE EMPRESÁRIA SOCIEDADE SIMPLES Objeto/atividade Resto → a atividade própria de empresário. Em outras palavras, aquela que não é intelectual. Art. 966, parágrafo único, CC. Trabalho intelectual de natureza científica, literária ou artística. Tipo societário Qualquer objeto/atividade, consideram-se empresárias as sociedades por ações. Qualquer objeto/atividade, considera-se simples a cooperativa. Registro Na junta Sem registro Organização Observa-se que não é suficiente o exercício de uma atividade econômica para a caracterização do empresário, pois imprescindível a organização da atividade, ou seja, organização dinâmica dos fatores de produção, quais sejam: 1) capital; 2) trabalho; 3) natureza; e, modernamente, 4) a tecnologia. A organização pode ser, em conjunto, de trabalho alheio, de bens e de recursos materiais e humanos. Normalmente, a organização não significa a presença de habilidades técnicas ligadas à atividade-fim, mas sim uma qualidade de iniciativa, de decisão, capacidade de escolha de homens e bens, de intuição, entre outros dados. Produção ou circulação de bens ou serviços: Por fim, de se ressaltar que a atividade deverá voltar-se à produção ou à circulação de bens ou serviços fornecidos ao mercado, ainda que dirigidos a um único tomador. A produção e a troca não devem, entretanto, estar destinadas necessariamente ao mercado em geral; pode ser suficiente sua destinação a um âmbito restrito (sempre que não seja familiar) ou só a uma pessoa determinada (como para uma atividade consistente em produtos reservados exclusivamente a um só adquirente) ou a um mercado predeterminado, como sucede para uma cooperativa de consumo (expressamente definida como sociedade no Código) que se dedique exclusivamente à aquisição de gêneros para os cooperados. Obs: O Código Civil, após conceituar empresário, exclui da abrangência do conceito certas atividades, tais sejam: a) atividade intelectual; b) cooperativa; e c) ruralista (que pode optar pela sujeição ao regime empresarial, como já visto, bastando registrar-se em uma Junta Comercial).