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Módulo Incidência e Crédito Tributário
SEMINÁRIO V - ISS
Leitura básica
· BARRETO, Aires Fernandino. ISS na Constituição e na Lei. Atualizado conforme a Lei Complementar 157/2016 por Paulo Ayres Barreto. São Paulo: Noeses, Capítulos 3, 7 e 13.
· CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. São Paulo: Noeses, Capítulo 3, item 3.3.7 (Imposto sobre prestação de serviço de qualquer natureza) da segunda parte.
· CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito tributário. Vol. II. 2 Ed. São Paulo: Noeses, 2017, Tema XXII (Imposto sobre serviços de qualquer natureza: delimitação dos serviços tributáveis pelos municípios).
Vídeo básico
•	LINS, Robson Maia; PAULINO, Maria Angela Lopes; ANDERLE, Ricardo. Canal IBET. Perspectivas e reflexos da decisão do STF sobre a tributação de software. Disponível em: https://www.youtube.com/live/oobzihkwvVo?si=FCxNgXofuieQAG6z – acesso em 01/04/2024.
Leitura complementar
•	ALVES, Francielli Honorato. Divergências do STJ sobre a definição do local de incidência do Imposto sobre Serviços. In: CARVALHO, Paulo de Barros (coord); SOUZA, Priscila de (org.) Construtivismo lógico-semântico e os diálogos entre teoria e prática. São Paulo: Noeses, 2019, p. 443-471.
•	ALVES, Francielli Honorato. Os arts. 3º e 4º da Lei Complementar nº 116/2003 e a segurança jurídica na definição do local de incidência do ISS. In: SOUZA, Pedro Guilherme G. de, Dantas, Rodrigo N. Dubourcq. (Org.). Obrigação Tributária e Segurança Jurídica. São Paulo: Quartier Latin, 2016. p. 227-247.
•	BARRETO, Aires Fernandino. ISS, IOF e instituições financeiras. São Paulo: Noeses. Parte II, item 15.8.
•	BARRETO, Simone Costa. Diferentes critérios de definição de estabelecimento prestador nas decisões do STJ. In: XIII Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET. São Paulo: Noeses.
•	BARRETO, Simone Costa. ISS – a LC 116/03 e a incidência na importação. São Paulo: Quartier Latin.
•	CHIESA, Clélio. O imposto sobre serviços de qualquer natureza e aspectos relevantes da Lei Complementar n. 116/2003. In: ROCHA, Valdir de Oliveira (Coord.). O ISS e a LC n. 116. São Paulo: Dialética, 2003.
•	GAMA, Tácio Lacerda; BRAZ, Jacqueline Mayer da Costa Ude. A incidência de ISS e o conceito de serviço na mineração (proof-of-work) de criptomoedas e a problemática relacionada ao caráter sinalagmático do imposto municipal. In: Criptoativos, Tokenização, Blockchain e Metaverso: aspectos filosóficos, tecnológicos, jurídicos e econômicos. GOMES, Daniel de Paiva; GOMES, Eduardo de Paiva; CONRADO, Paulo Cesar, coord. São Paulo: Thomson Reuters, 2022, p. 1379-1392.
•	GOMES, Eduardo de Paiva. Tributação da Impressão 3D: blueprint, software e impressora 3D. São Paulo: Revista dos Tribunais. 
•	GOMES, Daniel de Paiva; GOMES, Eduardo de Paiva. Tributação indireta de NFTS: o conflito de competência entre ISS e ICMS. In: Criptoativos, Tokenização, Blockchain e Metaverso: aspectos filosóficos, tecnológicos, jurídicos e econômicos. GOMES, Daniel de Paiva; GOMES, Eduardo de Paiva; CONRADO, Paulo Cesar, coord. São Paulo: Thomson Reuters, 2022, p. 1447-1463.
•	GOMES, Eduardo de Paiva; GOMES, Daniel de Paiva. Tributação e intangibilidade de Bens e Serviços: metaverso e o critério espacial da regra-matriz de incidência tributária do ICMS e do ISS. In: XX Congresso Nacional de Estudos Tributários: direito tributário fundamentos jurídicos da incidência. CARVALHO, Paulo de Barros, coord.; SOUZA, Priscila de, org., 1ª edição, 2023, p. 409-438.
•	GRUPENMACHER, Betina Treiger. A regra-matriz de incidência do imposto sobre serviços. In: CARVALHO, Paulo de Barros (Coord.). Direito Tributário entre a forma e o conteúdo. São Paulo: Noeses.
•	MACEDO, Alberto. O critério espacial do ISS nas prestações de serviço intermunicipais. São Paulo: MP editora.
•	PAULA JUNIOR, Aldo de. O conceito de serviço para fins de ISS. Da locação de bens móveis ao leasing financeiro: o STF mudou de entendimento? In: Direito tributário e os conceitos de direito privado. São Paulo: Noeses, 2010.
•	SCHOUERI, Luís Eduardo. ISS sobre a importação de serviços do exterior. Revista Dialética de Direito Tributário, São Paulo, n. 100, p. 39-51.
•	Udre, Dayana de Carvalho. Tributação de “NFT” em ambiente metaverso: algumas breves reflexões à luz do sistema brasileiro de tributação indireta. GOMES, Daniel de Paiva; GOMES, Eduardo de Paiva; CONRADO, Paulo Cesar, coord. São Paulo: Thomson Reuters, 2022, p. 1421-1446.
Questões
1. Há um conceito constitucional de “prestação de serviço tributável por meio do Imposto sobre Serviços”? Para fins de definição da materialidade tributável por meio do ISS, é possível afirmar que o Constituinte originário adotou os conceitos de “contrato de prestação de serviço” e de “obrigação de fazer” do Direito Civil (em oposição ao conceito de “obrigação de dar”)? Ou seria necessário afirmar que essa dicotomia está superada e o que deve ser adotado para a definição dessa materialidade é o chamado “conceito econômico de serviço”? Considere, na sua resposta, o teor da Súmula Vinculante nº 31[footnoteRef:1] do STF e do acórdão proferido no recurso extraordinário 651.703/PR. (Vide anexo I) [1: É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) sobre operações de locação de bens móveis, dissociada da prestação de serviços.] 
RESPOSTA: Há um conceito de prestação de serviço tributável através do ISS que está relacionado ao conceito de materialidade tributável bem como à competência tributária municipal sobre a prestação de serviços. Ou seja, se o contribuinte originário adotou os conceitos de contrato de prestação de serviço e obrigação de fazer do direito civil é importante que ele adote também o conceito de serviço.
A Súmula Vinculante nº 31 do STF diz que "é inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) sobre operações de locação de bens móveis".
Esta súmula reforça a distinção entre "obrigação de fazer" (serviço) e "obrigação de dar" (locação), demonstrando que a competência tributária sobre o ISS está vinculada à prestação de serviços e não à locação de bens, que seria uma "obrigação de dar".
Dessa forma, o contribuinte ao definir a competência dos municípios para a tributação sobre serviços, estabeleceu um conceito que pode ser interpretado tanto à luz do Direito Civil quanto do conceito econômico. No entanto, a jurisprudência do STF, especialmente com base na Súmula Vinculante nº 31 e no RE 651.703/PR, tende a adotar uma perspectiva que busca compreender a função econômica da atividade prestada.
O STF, é razoável afirmar que, para a definição da materialidade tributável pelo ISS, é necessário adotar uma abordagem que considere o conceito econômico de serviço, sem desprezar totalmente os conceitos do Direito Civil. No entanto, a dicotomia entre "obrigação de fazer" e "obrigação de dar" está em grande parte superada, e a tendência é utilizar um conceito mais funcional e econômico de serviço.
Logo, a materialidade tributável pelo ISS deve ser fundamentada no entendimento econômico da prestação de serviços, conforme indicado pela jurisprudência e pelos princípios constitucionais que regem a tributação municipal.
2. Com relação à lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/03, pergunta-se:
	a) Qual é o seu papel na definição da materialidade tributável por meio do ISS? Essa lista é taxativa ou exemplificativa? Ela admite interpretação extensiva? (Vide anexo II)
RESPOSTA: A lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/03 especifica quais serviços são passíveis de tributação pelo ISS. Ela serve como parâmetro para determinar quais atividades econômicas podem ser tributadas pelos municípios.
Tanto o STF como o STJ têm se posicionada sobre a natureza dessa lista que é taxativa. Posição Majoritária do STF e STJ: A lista de serviços é taxativa, o que significa que somente os serviços expressamente mencionados na lista podem ser tributados pelo ISS.
Somente os serviços descritos explicitamente na lista podem ser objeto de incidência do ISS, nãopermitindo a inclusão de serviços não listados.
Logo, a lista de serviços anexa a LC 116/03 é considerada taxativa, determinando claramente quais serviços podem ser tributados pelo ISS. No entanto, essa lista admite uma interpretação extensiva, permitindo que atividades economicamente similares às listadas possam ser tributadas, desde que essa similaridade esteja bem fundamentada. 
Portanto, essa abordagem tem por fundamento equilibrar a necessidade de clareza e segurança jurídica com a flexibilidade necessária para acompanhar a evolução das atividades econômicas.
	b) Lei Municipal pode prever a cobrança de ISS sobre prestação de serviço que não conste nessa lista?
RESPOSTA: Por se tratar de uma natureza taxativa desta lista, que limita a competência dos municípios para a cobrança do ISS apenas para serviços contidos na lista, então a resposta é negativa, ou seja a lei municipal não pode prever cobrança de ISS sobre prestação de serviços que não constem na lista.
Portanto, qualquer tentativa de ampliar a base de incidência do ISS além do que está previsto nessa lista seria inconstitucional e violaria os princípios da legalidade tributária e da competência legislativa.
c) As Leis Complementares 157/2016, 175/2020 e 183/2021 ampliaram a competência tributária dos Municípios ao incluir novas atividades na lista? É constitucional a inclusão de novas atividades? Os Municípios são obrigados a alterar suas leis municipais para poder tributar essas novas atividades ou é possível iniciar essa tributação com fundamento direto na nova lista da LC nº 116/2003? Justifique suas respostas.
RESPOSTA: As Leis Complementares 157/2016, 175/2020 e 183/2021 ampliaram a competência tributária dos municípios ao incluir novas atividades na lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/2003. Vejamos como ficou com as novas inclusões:
Lei Complementar 157/2016: Introduziu alterações significativas na lista de serviços tributáveis pelo ISS, incluindo novas atividades como streaming de conteúdo, serviços de armazenamento de dados, entre outros.
Lei Complementar 175/2020: Focou principalmente na tributação dos serviços de planos de saúde e fundos de investimento, alterando a forma de recolhimento do ISS para estes setores.
Lei Complementar 183/2021: Trouxe ajustes técnicos e algumas inclusões na lista de serviços, visando maior clareza e abrangência na tributação.
A inclusão de novas atividades na lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/2003 pelas Leis Complementares 157/2016, 175/2020 e 183/2021 é constitucional. A Constituição Federal, em seu artigo 156, inciso III, confere aos municípios a competência para instituir impostos sobre serviços de qualquer natureza, exceto os expressamente excluídos pela própria Constituição. A Lei Complementar 116/2003, com suas atualizações, define e especifica quais serviços são tributáveis, respeitando os limites constitucionais.
De acordo com o art. 150, inciso I, da Constituição Federal, é necessário que haja uma lei municipal específica que disponha sobre a tributação das novas atividades incluídas na lista de serviços. Os municípios precisam atualizar suas legislações para incorporar as novas atividades, permitindo a aplicação efetiva da tributação local.
Embora a Lei Complementar 116/2003 e suas alterações estabeleçam a base legal para a tributação das novas atividades, exige que cada município ajuste sua legislação tributária local. Isso inclui a definição de alíquotas, prazos de recolhimento e procedimentos administrativos específicos.
Isto posto, pode-se dizer que a tributação de novas atividades pode encontrar entraves jurídicos com base no princípio da legalidade. Uma vez que a existência das atividades na lista federal não é suficiente para a exigência de ISS pelos municípios sem a correspondente previsão na legislação local.
Logo, para a aplicação correta e legal da tributação sobre as novas atividades incluídas na lista da Lei Complementar nº 116/2003, é importante que os municípios atualizem suas legislações.
3.	Analise os fatos jurídicos seguintes, comentando se podem ser considerados serviços tributáveis por meio do ISS. Em caso afirmativo indique o fundamento normativo para a sua cobrança e, em caso negativo, justifique sua resposta: 
(i) serviços notariais; 
Tributáveis: Sim.
Fundamento Normativo: Item 21 da lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/2003, alterada pela Lei Complementar nº 157/2016, que inclui "Serviços de registros públicos, cartorários e notariais".
Justificativa: Os serviços notariais são expressamente previstos na lista de serviços tributáveis.
	(ii) disponibilização de quarto ou apartamento próprio para aluguel por temporada em site especializado em turismo; 
Não Tributáveis: Não.
Justificativa: O aluguel de imóveis, mesmo que por temporada, caracteriza-se como "obrigação de dar" e não "obrigação de fazer". Este tipo de atividade não está listado na Lei Complementar nº 116/2003 e, conforme jurisprudência, como a Súmula Vinculante nº 31 do STF, a locação de bens móveis e imóveis não está sujeita ao ISS.
(iii) franquia ou franchising; 
Tributáveis: Sim.
Fundamento Normativo: Item 17.08 da lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/2003, alterada pela Lei Complementar nº 157/2016, que inclui "Franquia (franchising)".
Justificativa: A atividade de franchising está expressamente prevista na lista de serviços tributáveis.
	
	(iv) locação de bem móvel com operador; 
Tributáveis: Sim.
Fundamento Normativo: Item 3.02 da lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/2003, que inclui "Cessão de andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas de uso temporário".
Justificativa: Quando a locação de bens móveis é acompanhada de serviços prestados por operador, caracteriza-se como uma "obrigação de fazer" e pode ser tributada pelo ISS.
	(v) participação em programa de fidelidade que oferece descontos na aquisição de ingressos para shows; 
Não Tributáveis: Não.
Justificativa: Participar de um programa de fidelidade que oferece descontos não constitui uma "obrigação de fazer" nem um serviço em si, mas um benefício ou promoção oferecida. Este tipo de atividade não está listado na Lei Complementar nº 116/2003 como serviço tributável.
	(vi) carga e descarga realizada diretamente pelo transportador em caso de transporte interestadual e intermunicipal; 
Tributáveis: Não.
Justificativa: A atividade de carga e descarga realizada pelo próprio transportador em operações interestaduais e intermunicipais é considerada acessória ao serviço de transporte e está fora do campo de incidência do ISS, sendo regulada pelo ICMS.
	(vii) disponibilização, sem cessão definitiva, de conteúdo de áudio, vídeo, imagem e texto por meio da internet (tais como Netflix e Spotify); 
Tributáveis: Sim.
Fundamento Normativo: Item 1.09 da lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/2003, alterada pela Lei Complementar nº 157/2016, que inclui "Disponibilização, sem cessão definitiva, de conteúdos de áudio, vídeo, imagem e texto por meio da internet".
Justificativa: A atividade de streaming está expressamente prevista na lista de serviços tributáveis.
	(viii) cessão de andaimes, palcos, coberturas e estruturas de uso temporário;
Tributáveis: Sim.
Fundamento Normativo: Item 3.02 da lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/2003, que inclui "Cessão de andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas de uso temporário".
Justificativa: A atividade de cessão de estruturas de uso temporário está expressamente prevista na lista de serviços tributáveis.
(ix) impressão em três dimensões (3D) não doméstica[footnoteRef:2]. [2: “Imprimir 3D” compreende a utilização de equipamento por meio do qual com a inserção de dados “embutidos” em arquivo digital com especificações, de modelo, cor, tamanho, produto etc., matérias-primas, como plástico, cerâmica ou metal, é produzido (impresso) um bem tridimensional físico, sem a atuação humana ao menos no produto corpóreo materializado pela impressão. Verifica-se a presença humana no momento deelaboração do arquivo digital e do software.] 
Tributáveis: Sim.
Fundamento Normativo: Item 13.05 da lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/2003, que inclui "Impressão, composição, encadernação, fotocomposição, clicheria, zincografia, litografia e fotolitografia".
Justificativa: A impressão 3D pode ser enquadrada como um serviço de impressão, que está expressamente previsto na lista de serviços tributáveis.
4.	Uma empresa que preste um serviço que resulte na entrega de um produto está sujeita ao pagamento de ISS, de ICMS ou de ambos os impostos? Caso seja possível a incidência de ambos, como deve ser apurada a base de cálculo de cada um? Responda considerando os seguintes exemplos (Vide anexos III, IV e V):
RESPOSTA: A questão da incidência do ISS e do ICMS sobre serviços que resultam na entrega de produtos envolve a análise da natureza da atividade e a aplicação dos princípios constitucionais e legais. Por isso iremos analisar cada um dos itens:
(i) remédio produzido por uma farmácia de manipulação;
Incidência: ISS
Fundamento: A atividade de manipulação de medicamentos é considerada prestação de serviço, conforme item 4.07 da lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/2003 ("Manipulação de produtos farmacêuticos").
Base de Cálculo: A base de cálculo do ISS é o preço do serviço, que inclui o valor da manipulação e dos insumos utilizados. Não há incidência de ICMS, pois o foco é na prestação do serviço de manipulação, não na venda de mercadoria.
(ii) conserto de um veículo com a troca de uma peça do freio;
Incidência: ISS e ICMS
Fundamento:
ISS: Incide sobre a mão de obra do serviço de conserto, conforme item 14.01 da lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/2003 ("Reparação, conservação e reforma de veículos automotores").
ICMS: Incide sobre o valor das peças substituídas, pois há circulação de mercadorias.
Base de Cálculo:
ISS: A base de cálculo é o valor cobrado pelo serviço de conserto (mão de obra).
ICMS: A base de cálculo é o valor das peças fornecidas e substituídas.
(iii) prato feito por um chef renomado em um restaurante de luxo;
Incidência: ISS
Fundamento: A atividade de preparação e fornecimento de alimentos em restaurantes é considerada prestação de serviço, conforme item 4.11 da lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116/2003 ("Fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias em restaurantes, bares e estabelecimentos similares").
Base de Cálculo: A base de cálculo do ISS é o preço total cobrado pelo serviço de preparação e fornecimento da refeição. Não há incidência de ICMS, pois o fornecimento de alimentos em estabelecimentos de serviços de alimentação é considerado prestação de serviços.
	(iv) calendário personalizado confeccionado por uma gráfica.
Incidência: ICMS
Fundamento: A atividade de confecção de material gráfico, como calendários personalizados, é considerada circulação de mercadoria, sujeita ao ICMS.
Base de Cálculo: A base de cálculo do ICMS é o valor total cobrado pelo calendário personalizado. Embora haja um serviço envolvido na personalização, a operação principal é a venda de um produto.
Dessa forma entende-se que:
Farmácia de Manipulação: ISS sobre o serviço de manipulação.
Conserto de Veículo: ISS sobre a mão de obra e ICMS sobre as peças substituídas.
Restaurante: ISS sobre o serviço de preparação e fornecimento de alimentos.
Gráfica: ICMS sobre a venda do material gráfico personalizado.
A apuração da base de cálculo deve considerar a separação dos valores referentes ao serviço (ISS) e à mercadoria (ICMS) quando ambos os impostos são aplicáveis.
5. 	Considerando os enunciados dos artigos 3º e 4º da Lei Complementar nº 116/03, pergunta-se:
	a) Qual é o critério espacial da regra-matriz de incidência tributária do ISS? (Vide anexos VI e VII)
RESPOSTA: O critério espacial da regra-matriz de incidência tributária do ISS é definido principalmente pelos artigos 3º e 4º da Lei Complementar nº 116/03. Este critério determina qual município tem competência para exigir o ISS sobre a prestação de serviços.
Artigo 3º da Lei Complementar nº 116/03
O artigo 3º estabelece a regra geral sobre o local de incidência do ISS:
Art. 3º: "O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXV do art. 3º."
A regra geral é que o ISS é devido no local onde está situado o estabelecimento prestador do serviço. Caso não exista um estabelecimento fixo, o imposto é devido no local do domicílio do prestador.
Artigo 4º da Lei Complementar nº 116/03
O artigo 4º complementa o artigo 3º, esclarecendo o conceito de estabelecimento prestador:
Art. 4º: "Considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, independentemente da denominação de sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato ou qualquer outro que o valha."
O critério espacial da regra-matriz de incidência tributária do ISS, conforme definido pela Lei Complementar nº 116/03, é:
Regra Geral: O ISS é devido no local do estabelecimento prestador do serviço. Na ausência de estabelecimento, o imposto é devido no local do domicílio do prestador.
Exceções: Existem diversas exceções especificadas nos incisos I a XXV do artigo 3º, onde o ISS é devido no local onde o serviço é efetivamente prestado.
Dessa forma, a legislação busca assegurar que o município onde o serviço é prestado ou onde o prestador está estabelecido possa exercer sua competência tributária sobre o ISS.
	b) Qual critério deve ser utilizado para dirimir conflito de competência entre Municípios quando o prestador de um serviço está estabelecido em um Município, o tomador desse serviço está domiciliado em outro Município e o serviço é executado em um terceiro Município?
RESPOSTA: Para dirimir conflitos de competência entre municípios na cobrança do ISS, o critério principal é o local do estabelecimento prestador do serviço, conforme a regra geral do artigo 3º. Se o serviço estiver entre as exceções listadas nos incisos I a XXV do artigo 3º, o ISS será devido no local onde o serviço é efetivamente prestado. Na ausência de um estabelecimento fixo, o domicílio do prestador será considerado. Essas orientações ajudam a garantir uma aplicação uniforme e justa do ISS entre os municípios.
	c) O que caracteriza estabelecimento para fins de incidência do ISS? Se uma empresa prestadora de serviços que está estabelecida no Município Santarém, Pará, desloca cinco funcionários para um espaço alugado no Município de Uruçuí, Piauí, para atender mais rapidamente alguns clientes pelo período de um mês, esse Município Uruçuí pode considerar que há estabelecimento prestador no seu território e cobrar ISS daquela empresa? E se, a partir do mês seguinte, eses mesmos funcionários forem deslocados para uma sala dentro do estabelecimento de um cliente específico, localizado no Município de Porto Velho, estado de Rondônia, e lá permanecerem por um ano executando as atividades da empresa, o Município de Porto Velho poderia considerar que ali há estabelecimento prestador para fins de cobrança do ISS? Justifique e fundamente sua resposta. (Vide anexo VIII)
RESPOSTA: Deslocamento Temporário para Município de Uruçuí, Piauí
Situação 1: A empresa prestadora de serviços de Santarém, Pará, desloca cinco funcionários para um espaço alugado em Uruçuí, Piauí, por um mês para atender clientes mais rapidamente.
O deslocamento dos funcionários por apenas um mês caracteriza uma atividade temporária.
Embora a atividade seja temporária, se o espaço alugado for utilizado de maneira a configurar uma unidade econômica ou profissional, pode-se considerar a existência de um estabelecimento prestador.
É improvável que o Município de Uruçuí possa considerar que há um estabelecimento prestador no seu território parafins de cobrança do ISS, dado o caráter temporário e breve da presença dos funcionários.
Deslocamento por um Ano para Porto Velho, Rondônia
Situação 2 : A mesma empresa desloca os funcionários para uma sala dentro do estabelecimento de um cliente em Porto Velho, Rondônia, onde permanecerão por um ano executando atividades.
Caráter Permanente: Um período de um ano indica uma atividade mais permanente e regular.
O Município de Porto Velho pode considerar que há um estabelecimento prestador em seu território para fins de cobrança do ISS, dada a permanência e a regularidade das atividades desenvolvidas no local por um período de um ano.
Na primeira situação, o caráter temporário impede que haja a caracterização como estabelecimento prestador, diferentemente ocorre na segunda situação onte há uma natureza contínua das atividades justificando assim a caracterização de cobrança de ISS pelo Município de Porto Velho. 
Sugestão para pesquisa suplementar
•	MELO, José Eduardo Soares de. ISS – aspectos teóricos e práticos. São Paulo: Dialética. Capítulos I e II.
•	Artigo: “ISS e PIS-Cofins-Importação – Critérios espacial e pessoal na prestação internacional de serviços”, de Alberto Macedo. Revista Dialética de Direito Tributário, São Paulo, n. 187, p. 9-28, 2010.
•	Artigo: “O ISS e a territorialidade”, de Simone Costa Barreto, in VII Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET. São Paulo: Noeses.
•	Artigo:. A competência municipal para a criação do cadastro de prestadores de outros municípios como norma antievasiva. De Francielli Honorato Alves in Revista Dialética de Direito Tributário, v. 225
•	Artigo: “Imposto sobre Serviços (ISS) e cooperativas de trabalho”, de Lisandra Christian de Abreu, Revista Interesse Público – IP n. 69. 
•	Artigo: “ISS na Constituição – pressupostos positivos – arquétipo do ISS”, de Geraldo Ataliba e Aires F. Barreto, Revista de Direito Tributário n. 37.
•	Artigo: “Da incidência (ou não) do ISS e do ICMS sobre o software no regime tributário brasileiro”, de Jacqueline Mayer da Costa, publicado na Revista do CAAP n. 1/2009. 
•	ANDERLE, Ricardo. Conflitos de competência tributária entre o ISS, ICMS e IPI. São Paulo: Noeses. Capítulo 3, itens 3.2 e 3.4.
•	MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Revogação em matéria tributária. São Paulo: Noeses. Capítulo 5, item 5.3.
•	MORAES, Bernardo Ribeiro. Doutrina e prática do imposto sobre serviços. São Paulo: Ed. RT.
•	OLIVEIRA, Júlio Maria. Internet e competência tributária. São Paulo: Dialética.
•	PIVA, Sílvia Helena Gomes. Dissertação de mestrado Aspecto espacial do imposto sobre serviço de qualquer natureza. Capítulos 6 e 7.
•	DÁCOMO, Natália de Nardi. Hipótese de incidência do ISS. São Paulo: Noeses. Capítulos II e III.
•	Artigo: “A natureza jurídica do ISS – Aplicação prática – Incidência nos casos de promoções de bailes por agremiações esportivas”, de Paulo de Barros Carvalho, Revista de Direito Tributário n. 23/24.
•	Artigo: “ISS – diversões públicas”, de Paulo de Barros Carvalho, Revista de Direito Tributário n. 17/18.
•	Artigo: “ISS – Locação e leasing”, de Geraldo Ataliba e Aires F. Barreto, Revista de Direito Tributário n. 51.
•	Artigo: “ICMS e ISS – estremação da incidência”, de Aires F. Barreto, Revista Dialética de Direito Tributário n. 71.
•	Artigo: “ISS (Impostos sobre serviços) na Constituição”, de José Souto Maior Borges, Revista de Direito Tributário n. 3.
•	Artigo: “ISS – Construção Civil – Subempreitadas – Base de Cálculo”, de Clélio Chiesa, Grandes questões atuais de direito tributário.
•	Artigo: “Natureza não cumulativa do ISS”, de Elisabeth Nazar Carrazza, Revista de Direito Tributário n. 19/20.
•	Artigo: “Inconstitucionalidades da Lei Complementar n.º 175/2020 na operacionalização da cobrança do ISS no local do domicílio do tomador de serviços”, de Francielli Honorato Alves. In: CARVALHO, Paulo de Barros (cood.); SOUZA, Priscila de (org.). Texto e contexto no direito tributário. São Paulo: Noeses, IBET, 2020, p. 403-428.
Anexo I
RE 651.703 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ISSQN. ART. 156, III, CRFB/88. CONCEITO CONSTITUCIONAL DE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA. ARTIGOS 109 E 110 DO CTN. AS OPERADORAS DE PLANOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE (PLANO DE SAÚDE E SEGURO-SAÚDE) REALIZAM PRESTAÇÃO DE SERVIÇO SUJEITA AO IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA-ISSQN, PREVISTO NO ART. 156, III, DA CRFB/88. 
1. O ISSQN incide nas atividades realizadas pelas Operadoras de Planos Privados de Assistência à Saúde (Plano de Saúde e Seguro-Saúde). 
2. A coexistência de conceitos jurídicos e extrajurídicos passíveis de recondução a um mesmo termo ou expressão, onde se requer a definição de qual conceito prevalece, se o jurídico ou o extrajurídico, impõe não deva ser excluída, a priori, a possibilidade de o Direito Tributário ter conceitos implícitos próprios ou mesmo fazer remissão, de forma tácita, a conceitos diversos daqueles constantes na legislação infraconstitucional, mormente quando se trata de interpretação do texto constitucional. 
3. O Direito Constitucional Tributário adota conceitos próprios, razão pela qual não há um primado do Direito Privado. 
4. O art. 110, do CTN, não veicula norma de interpretação constitucional, posto inadmissível interpretação autêntica da Constituição encartada com exclusividade pelo legislador infraconstitucional. 
5. O conceito de prestação de “serviços de qualquer natureza” e seu alcance no texto constitucional não é condicionado de forma imutável pela legislação ordinária, tanto mais que, de outra forma, seria necessário concluir pela possibilidade de estabilização com força constitucional da legislação infraconstitucional, de modo a gerar confusão entre os planos normativos. 
6. O texto constitucional ao empregar o signo “serviço”, que, a priori, conota um conceito específico na legislação infraconstitucional, não inibe a exegese constitucional que conjura o conceito de Direito Privado. 
7. A exegese da Constituição configura a limitação hermenêutica dos arts. 109 e 110 do Código Tributário Nacional, por isso que, ainda que a contraposição entre obrigações de dar e de fazer, para fins de dirimir o conflito de competência entre o ISS e o ICMS, seja utilizada no âmbito do Direito Tributário, à luz do que dispõem os artigos 109 e 110, do CTN, novos critérios de interpretação têm progressivamente ampliado o seu espaço, permitindo uma releitura do papel conferido aos supracitados dispositivos. 
8. A doutrina do tema, ao analisar os artigos 109 e 110, aponta que o CTN, que tem status de lei complementar, não pode estabelecer normas sobre a interpretação da Constituição, sob pena de restar vulnerado o princípio da sua supremacia constitucional. 
9. A Constituição posto carente de conceitos verdadeiramente constitucionais, admite a fórmula diversa da interpretação da Constituição conforme a lei, o que significa que os conceitos constitucionais não são necessariamente aqueles assimilados na lei ordinária. 
10. A Constituição Tributária deve ser interpretada de acordo com o pluralismo metodológico, abrindo-se para a interpretação segundo variados métodos, que vão desde o literal até o sistemático e teleológico, sendo certo que os conceitos constitucionais tributários não são fechados e unívocos, devendo-se recorrer também aos aportes de ciências afins para a sua interpretação, como a Ciência das Finanças, Economia e Contabilidade. 
11. A interpretação isolada do art. 110, do CTN, conduz à prevalência do método literal, dando aos conceitos de Direito Privado a primazia hermenêutica na ordem jurídica, o que resta inconcebível. Consequentemente, deve-se promover a interpretação conjugada dos artigos 109 e 110, do CTN, avultando o método sistemático quando estiverem em jogo institutos e conceitos utilizados pela Constituição, e, de outro, o método teleológico quando não haja a constitucionalização dos conceitos. 
12. A unidade do ordenamento jurídico é conferida pela própria Constituição, por interpretação sistemática e axiológica, entre outros valores e princípios relevantes do ordenamentojurídico. 
13. Os tributos sobre o consumo, ou tributos sobre o valor agregado, de que são exemplos o ISSQN e o ICMS, assimilam considerações econômicas, porquanto baseados em conceitos elaborados pelo próprio Direito Tributário ou em conceitos tecnológicos, caracterizados por grande fluidez e mutação quanto à sua natureza jurídica. 
14. O critério econômico não se confunde com a vetusta teoria da interpretação econômica do fato gerador, consagrada no Código Tributário Alemão de 1919, rechaçada pela doutrina e jurisprudência, mas antes em reconhecimento da interação entre o Direito e a Economia, em substituição ao formalismo jurídico, a permitir a incidência do Princípio da Capacidade Contributiva. 
15. A classificação das obrigações em “obrigação de dar”, de “fazer” e “não fazer”, tem cunho eminentemente civilista, como se observa das disposições no Título “Das Modalidades das Obrigações”, no Código Civil de 2002 (que seguiu a classificação do Código Civil de 1916), em: (i) obrigação de dar (coisa certa ou incerta) (arts. 233 a 246, CC); (ii) obrigação de fazer (arts. 247 a 249, CC); e (iii) obrigação de não fazer (arts. 250 e 251, CC), não é a mais apropriada para o enquadramento dos produtos e serviços resultantes da atividade econômica, pelo que deve ser apreciada cum grano salis. 
16. A Suprema Corte, ao permitir a incidência do ISSQN nas operações de leasing financeiro e leaseback (RREE 547.245 e 592.205), admitiu uma interpretação mais ampla do texto constitucional quanto ao conceito de “serviços” desvinculado do conceito de “obrigação de fazer” (RE 116.121), verbis: “EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO. ISS. ARRENDAMENTO MERCANTIL. OPERAÇÃO DE LEASING FINANCEIRO. ARTIGO 156, III, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O arrendamento mercantil compreende três modalidades, [i] o leasing operacional, [ii] o leasing financeiro e [iii] o chamado leaseback. No primeiro caso há locação, nos outros dois, serviço. A lei complementar não define o que é serviço, apenas o declara, para os fins do inciso III do artigo 156 da Constituição. Não o inventa, simplesmente descobre o que é serviço para os efeitos do inciso III do artigo 156 da Constituição. No arrendamento mercantil (leasing financeiro), contrato autônomo que não é misto, o núcleo é o financiamento, não uma prestação de dar. E financiamento é serviço, sobre o qual o ISS pode incidir, resultando irrelevante a existência de uma compra nas hipóteses do leasing financeiro e do leaseback. Recurso extraordinário a que se nega provimento.” (grifo nosso)(RE 592905, Relator Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 02/12/2009). 
17. A lei complementar a que se refere o art. 156, III, da CRFB/88, ao definir os serviços de qualquer natureza a serem tributados pelo ISS a) arrola serviços por natureza; b) inclui serviços que, não exprimindo a natureza de outro tipo de atividade, passam à categoria de serviços, para fim de incidência do tributo, por força de lei, visto que, se assim não considerados, restariam incólumes a qualquer tributo; e c) em caso de operações mistas, afirma a prevalência do serviço, para fim de tributação pelo ISS. 
18. O artigo 156, III, da CRFB/88, ao referir-se a serviços de qualquer natureza não os adstringiu às típicas obrigações de fazer, já que raciocínio adverso conduziria à afirmação de que haveria serviço apenas nas prestações de fazer, nos termos do que define o Direito Privado, o que contrasta com a maior amplitude semântica do termo adotado pela constituição, a qual inevitavelmente leva à ampliação da competência tributária na incidência do ISSQN. 
19. A regra do art. 146, III, “a”, combinado com o art. 146, I, CRFB/88, remete à lei complementar a função de definir o conceito “de serviços de qualquer natureza”, o que é efetuado pela LC nº 116/2003. 
20. A classificação (obrigação de dar e obrigação de fazer) escapa à ratio que o legislador constitucional pretendeu alcançar, ao elencar os serviços no texto constitucional tributáveis pelos impostos (v.g., serviços de comunicação – tributáveis pelo ICMS, art. 155, II, CRFB/88; serviços financeiros e securitários – tributáveis pelo IOF, art. 153, V, CRFB/88; e, residualmente, os demais serviços de qualquer natureza – tributáveis pelo ISSQN, art. 156. III, CRFB/88), qual seja, a de captar todas as atividades empresariais cujos produtos fossem serviços sujeitos a remuneração no mercado. 
21. Sob este ângulo, o conceito de prestação de serviços não tem por premissa a configuração dada pelo Direito Civil, mas relacionado ao oferecimento de uma utilidade para outrem, a partir de um conjunto de atividades materiais ou imateriais, prestadas com habitualidade e intuito de lucro, podendo estar conjugada ou não com a entrega de bens ao tomador. 
22. A LC nº 116/2003 imbricada ao thema decidendum traz consigo lista anexa que estabelece os serviços tributáveis pelo ISSQN, dentre eles, o objeto da presente ação, que se encontra nos itens 4.22 e 4.23, verbis: “Art. 1º O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador. (…) 4.22 – Planos de medicina de grupo ou individual e convênios para prestação de assistência médica, hospitalar, odontológica e congêneres. 4.23 – Outros planos de saúde que se cumpram através de serviços de terceiros contratados, credenciados, cooperados ou apenas pagos pelo operador do plano mediante indicação do beneficiário.” 
23. A exegese histórica revela que a legislação pretérita (Decreto-Lei nº 406/68) que estabelecia as normas gerais aplicáveis aos impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre serviços de qualquer natureza já trazia regulamentação sobre o tema, com o escopo de alcançar estas atividades. 
24. A LC nº 116/2003 teve por objetivo ampliar o campo de incidência do ISSQN, principalmente no sentido de adaptar a sua anexa lista de serviços à realidade atual, relacionando numerosas atividades que não constavam dos atos legais antecedentes. 
25. A base de cálculo do ISSQN incidente tão somente sobre a comissão, vale dizer: a receita auferida sobre a diferença entre o valor recebido pelo contratante e o que é repassado para os terceiros prestadores dos serviços, conforme assentado em sede jurisprudencial.
27. Ex positis, em sede de Repercussão Geral a tese jurídica assentada é: “As operadoras de planos de saúde e de seguro-saúde realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN, previsto no art. 156, III, da CRFB/88”.
28. Recurso extraordinário DESPROVIDO.
(STF, RE 651703, Relator(a): LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 29/09/2016, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-086, DIVULG 25-04-2017, PUBLIC 26-04-2017)
Anexo II
RE 784.439
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA - ISS. ART. 156, III, DA CARTA POLÍTICA. OPÇÃO CONSTITUCIONAL PELA LIMITAÇÃO DA CAPACIDADE TRIBUTÁRIA DOS MUNICÍPIOS POR MEIO DA ATRIBUIÇÃO À LEI COMPLEMENTAR DA FUNÇÃO DE DEFINIR OS SERVIÇOS TRIBUTÁVEIS PELO ISS. LISTAS DE SERVIÇOS ANEXAS AO DECRETO-LEI 406/1968 E LEI COMPLEMENTAR 116/2003. CARÁTER TAXATIVO COMPATÍVEL COM A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 
1. Recursos extraordinários interpostos contra acórdãos do Tribunal de Justiça de Alagoas e do Superior Tribunal de Justiça relativos à exigência do ISS sobre determinadas atividades realizadas por instituição financeira. Processo selecionado, em caráter substitutivo, para dirimir a controvérsia constitucional definida no Tema 296 da repercussão geral. 
2. O recurso extraordinário interposto contra o acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça é inadmissível, porquanto as alegadas violações da Constituição Federal não se referem ao decidido neste acórdão, mas sim no julgamento efetuado pelo Tribunal de Justiça de Alagoas. 
3. O argumento de suposta afronta ao art. 5º, LV, da Constituição Federal,ou seja, a pretensão de reconhecimento da violação dos direitos fundamentais processuais ao contraditório e à ampla defesa por não ter sido realizada prova pericial requerida não tem pertinência jurídica no caso. O acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Alagoas decidiu que os documentos juntados foram suficientes para a valoração adequado dos fatos arguidos, bastante, portanto, para a formação do convencimento judicial. Entendimento contrário ao certificado no acórdão do Tribunal de Justiça local demandaria reexame da prova dos autos. Aplicação da Súmula 279/STF que afirma o não cabimento de recurso extraordinário quando necessária nova valoração das provas.
4. O acórdão recorrido excluiu parte da autuação fiscal por dizer respeito à atividades já tributadas pelo IOF. Fê-lo com exame apenas de dispositivos do Decreto 6.306/2007, não tendo havido exame do tratamento constitucional deste imposto da União. Ausente o prequestionamento do art. 153, III, da Constituição Federal, o recurso não pode ser conhecido quanto ao ponto. 
5. Ao determinar que compete à lei complementar definir os serviços tributáveis pelo ISS, a Constituição fez escolha pragmática para evitar que, a todo momento, houvesse dúvida se determinada operação econômica seria tributada como prestação de serviços ou de circulação de mercadorias, especialmente tendo em conta o caráter economicamente misto de muitas operações. 
6. Os precedentes judiciais formados por este Supremo Tribunal definiram interpretação jurídica no sentido do caráter taxativo das listas de serviços. Nesse sentido: RE 361.829, Rel. Ministro Carlos Velloso, Segunda Turma, DJ de 24.2.2006; RE 464.844 AgR, Rel. Ministro Eros Grau, Segunda Turma, DJe de 09.5.2008; RE 450.342 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Segunda Turma, DJ 03.8.2007. 
7. As listas de serviços preveem ser irrelevante a nomenclatura dada ao serviço e trazem expressões para permitir a interpretação extensiva de alguns de seus itens, notadamente se socorrendo da fórmula “e congêneres”. Não existe obstáculo constitucional contra esta sistemática legislativa. Excessos interpretativos que venham a ocorrer serão dirimíveis pelo Poder Judiciário. 
8. Embora a lei complementar não tenha plena liberdade de qualificar como serviços tudo aquilo que queira, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não exige que ela inclua apenas aquelas atividades que o Direito Privado qualificaria como tais. Precedentes nesse sentido julgados em regime de repercussão geral, a saber: RE 592.905, Rel. Ministro Eros Grau, e RE 651.703, Rel. Ministro Luiz Fux, em que examinadas as incidências do ISS, respectivamente, sobre as operações de arrendamento mercantil e sobre aquelas das empresas de planos privados de assistência à saúde. 
9. O enquadramento feito pelo Tribunal local de determinadas atividades em itens da lista anexa ao DL 406/1968 não pode ser revisto pelo Supremo Tribunal Federal. Eventual violação da Constituição Federal apresenta-se como ofensa reflexa e a análise do recurso extraordinário demanda a revaloração das provas produzidas no processo.
10. Recurso extraordinário interposto contra o acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça não conhecido. Recurso extraordinário contra o acórdão do Tribunal de Justiça de Alagoas parcialmente conhecido e, no mérito, não provido. 
11. Tese de repercussão geral: “É taxativa a lista de serviços sujeitos ao ISS a que se refere o art. 156, III, da Constituição Federal, admitindo-se, contudo, a incidência do tributo sobre as atividades inerentes aos serviços elencados em lei em razão da interpretação extensiva”.
(STF, RE 784439, Relator(a): ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 29/06/2020, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-228, DIVULG 14-09-2020, PUBLIC 15-09-2020)
Anexo III
REsp 1.092.206/SP
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. DELIMITAÇÃO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA ENTRE ESTADOS E MUNICÍPIOS. ICMS E ISSQN. CRITÉRIOS. SERVIÇOS DE COMPOSIÇÃO GRÁFICA. SÚMULA 156 DO STJ.
1. Segundo decorre do sistema normativo específico (art. 155, II, § 2º, IX, b e 156, III da CF, art. 2º, IV, da LC 87/96 e art. 1º, § 2º, da LC 116/03), a delimitação dos campos de competência tributária entre Estados e Municípios, relativamente à incidência de ICMS e de ISSQN, está submetida aos seguintes critérios: (a) sobre operações de circulação de mercadoria e sobre serviços de transporte interestadual e internacional e de comunicações incide ICMS; (b) sobre operações de prestação de serviços compreendidos na lista de que trata a LC 116/03 (que sucedeu ao DL 406/68), incide ISSQN; e (c) sobre operações mistas, assim entendidas as que agregam mercadorias e serviços, incide o ISSQN sempre que o serviço agregado estiver compreendido na lista de que trata a LC 116/03 e incide ICMS sempre que o serviço agregado não estiver previsto na referida lista.
2. As operações de composição gráfica, como no caso de impressos personalizados e sob encomenda, são de natureza mista, sendo que os serviços a elas agregados estão incluídos na Lista Anexa ao Decreto-Lei 406/68 (item 77) e à LC 116/03 (item 13.05).
Consequentemente, tais operações estão sujeitas à incidência de ISSQN (e não de ICMS), Confirma-se o entendimento da Súmula 156/STJ:
"A prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita, apenas, ao ISS."
Precedentes de ambas as Turmas da 1ª Seção.
3. Recurso especial provido. Recurso sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/08.
(STJ, REsp n. 1.092.206/SP, relator Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, julgado em 11/3/2009, DJe de 23/3/2009.)
Anexo IV
ADI 3.142
Ação direta de inconstitucionalidade. Direito Tributário. ISS. Relações mistas ou complexas. Orientação da Corte sobre o tema. Subitem 3.04 da lista anexa à LC nº 116/03. Locação, sublocação, arrendamento, direito de passagem ou permissão de uso, compartilhado ou não, de ferrovia, rodovia, postes, cabos, dutos e condutos de qualquer natureza. Interpretação conforme. Necessidade de as situações descritas integrarem operação mista ou complexa. Local da ocorrência do fato gerador. Ausência de violação dos princípios da razoabilidade ou da proporcionalidade. 1. Nas relações mistas ou complexas em que não seja possível claramente segmentar as obrigações de dar e de fazer – “seja no que diz com o seu objeto, seja no que concerne ao valor específico da contrapartida financeira” (Rcl nº 14.290/DF-AgR, Tribunal Pleno, Rel. Min. Rosa Weber) –, estando a atividade definida em lei complementar como serviço de qualquer natureza, nos termos do art. 156, III, da Constituição Federal, será cabível, a priori, a cobrança do imposto municipal. Aplicação do entendimento ao subitem 3.04 da lista anexa à LC nº 116/03. 2. O art. 3º, § 1º, da LC nº 116/03 não viola os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Ele estabelece que se considera ocorrido o fato gerador e devido o imposto em cada município em cujo território haja extensão de ferrovia, rodovia, postes, cabos, dutos e condutos de qualquer natureza, objetos de locação, sublocação, arrendamento, direito de passagem ou permissão de uso, compartilhado ou não. Existência de unidade econômica, para fins de tributação, em cada uma dessas urbes, ainda que o sujeito passivo não tenha nelas instalado unidade de gerenciamento de atividades, filial ou mesmo infraestrutura operacional para calcular ou pagar o imposto. 3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente, conferindo-se interpretação conforme à Constituição Federal ao subitem 3.04 da lista anexa à LC nº 116/03, a fim de se admitir a cobrança do ISS nos casos em que as situações nele descritas integrem relação mista ou complexa em que não seja possível claramente segmentá-las de uma obrigação de fazer, seja no que diz com o seu objeto, seja no que concerne ao valor específico da contrapartida financeira.
(ADI 3142, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 05/08/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-243 DIVULG05-10-2020 PUBLIC 06-10-2020 REPUBLICAÇÃO: DJe-246 DIVULG 08-10-2020 PUBLIC 09-10-2020)
Anexo V
RE 603.136
Recurso extraordinário com repercussão geral. Tema 300. 2. Tributário. Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza. 3. Incidência sobre contrato de franquia. Possibilidade. Natureza híbrida do contrato de franquia. Reafirmação de jurisprudência. 4. Recurso extraordinário improvido. (RE 603136, Relator(a): GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 29/05/2020, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-149 DIVULG 15-06-2020 PUBLIC 16-06-2020)
Anexo VI
REsp 1.117.121/SP
TRIBUTÁRIO - ISS - PRESTAÇÃO DE SERVIÇO - CONSTRUÇÃO CIVIL - PROJETO, ASSESSORAMENTO NA LICITAÇÃO E GERENCIAMENTO DA OBRA CONTRATADA - COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO ONDE SE REALIZOU O SERVIÇO DE CONSTRUÇÃO - CONTRATO ÚNICO SEM DIVISÃO DOS SERVIÇOS PRESTADOS.
1. A competência para cobrança do ISS, sob a égide do DL 406/68 era o do local da prestação do serviço (art. 12), o que foi alterado pela LC 116/2003, quando passou a competência para o local da sede do prestador do serviço (art. 3º).
2. Em se tratando de construção civil, diferentemente, antes ou depois da lei complementar, o imposto é devido no local da construção (art.12, letra "b" do DL 406/68 e art.3º, da LC 116/2003).
3. Mesmo estabeleça o contrato diversas etapas da obra de construção, muitas das quais realizadas fora da obra e em município diverso, onde esteja a sede da prestadora, considera-se a obra como uma universalidade, sem divisão das etapas de execução para efeito de recolhimento do ISS.
4. Discussão de honorários advocatícios prejudicada em razão da inversão dos ônus da sucumbência.
5. Recurso Especial conhecido e provido.
6. Recurso especial decidido sob o rito do art. 543-C do CPC. Adoção das providências previstas no § 7º do art. 543-C do CPC e nos arts.
5º, II e 6º da Resolução STJ nº 8/2008.
(STJ, REsp n. 1.117.121/SP, relatora Ministra Eliana Calmon, Primeira Seção, julgado em 14/10/2009, DJe de 29/10/2009.)
Anexo VII
REsp 1.060.210/SC
RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. INCIDÊNCIA DE ISS SOBRE ARRENDAMENTO MERCANTIL FINANCEIRO. QUESTÃO PACIFICADA PELO STF POR OCASIÃO DO JULGAMENTO DO RE 592.905/SC, REL. MIN. EROS GRAU, DJE 05.03.2010. SUJEITO ATIVO DA RELAÇÃO TRIBUTÁRIA NA VIGÊNCIA DO DL 406/68: MUNICÍPIO DA SEDE DO ESTABELECIMENTO PRESTADOR. APÓS A LEI 116/03: LUGAR DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. LEASING. CONTRATO COMPLEXO. A CONCESSÃO DO FINANCIAMENTO É O NÚCLEO DO SERVIÇO NA OPERAÇÃO DE LEASING FINANCEIRO, À LUZ DO ENTENDIMENTO DO STF. O SERVIÇO OCORRE NO LOCAL ONDE SE TOMA A DECISÃO ACERCA DA APROVAÇÃO DO FINANCIAMENTO, ONDE SE CONCENTRA O PODER DECISÓRIO, ONDE SE SITUA A DIREÇÃO GERAL DA INSTITUIÇÃO. O FATO GERADOR NÃO SE CONFUNDE COM A VENDA DO BEM OBJETO DO LEASING FINANCEIRO, JÁ QUE O NÚCLEO DO SERVIÇO PRESTADO É O FINANCIAMENTO. IRRELEVANTE O LOCAL DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO, DA ENTREGA DO BEM OU DE OUTRAS ATIVIDADES PREPARATÓRIAS E AUXILIARES À PERFECTIBILIZAÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA, A QUAL SÓ OCORRE EFETIVAMENTE COM A APROVAÇÃO DA PROPOSTA PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. BASE DE CÁLCULO. PREJUDICADA A ANÁLISE DA ALEGADA VIOLAÇÃO DO ART. 148 DO CTN E 9 DO DL 406/68. RECURSO ESPECIAL DE POTENZA LEASING S/A ARRENDAMENTO MERCANTIL PARCIALMENTE PROVIDO PARA JULGAR PROCEDENTES OS EMBARGOS À EXECUÇÃO E RECONHECER A ILEGITIMIDADE ATIVA DO MUNICÍPIO DE TUBARÃO/SC PARA EXIGIR O IMPOSTO. INVERSÃO DOS ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA. ACÓRDÃO SUBMETIDO AO PROCEDIMENTO DO ART. 543-C DO CPC E DA RESOLUÇÃO 8/STJ.
1. O colendo STF já afirmou (RE 592. 905/SC) que ocorre o fato gerador da cobrança do ISS em contrato de arrendamento mercantil. O eminente Ministro EROS GRAU, relator daquele recurso, deixou claro que o fato gerador não se confunde com a venda do bem objeto do leasing financeiro, já que o núcleo do serviço prestado é o financiamento.
2. No contrato de arrendamento mercantil financeiro (Lei 6.099/74 e Resolução 2.309/96 do BACEN), uma empresa especialmente dedicada a essa atividade adquire um bem, segundo especificações do usuário/consumidor, que passa a ter a sua utilização imediata, com o pagamento de contraprestações previamente acertadas, e opção de, ao final, adquiri-lo por um valor residual também contratualmente estipulado. Essa modalidade de negócio dinamiza a fruição de bens e não implica em imobilização contábil do capital por parte do arrendatário: os bens assim adquiridos entram na contabilidade como custo operacional (art. 11 e 13 da Lei 6.099/74). Trata-se de contrato complexo, de modo que o enfrentamento da matéria obriga a identificação do local onde se perfectibiliza o financiamento, núcleo da prestação do serviços nas operações de leasing financeiro, à luz do entendimento que restou sedimentado no Supremo Tribunal Federal.
3. O art. 12 do DL 406/68, com eficácia reconhecida de lei complementar, posteriormente revogado pela LC 116/2003, estipulou que, à exceção dos casos de construção civil e de exploração de rodovias, o local da prestação do serviço é o do estabelecimento prestador.
4. A opção legislativa representa um potente duto de esvaziamento das finanças dos Municípios periféricos do sistema bancário, ou seja, através dessa modalidade contratual se instala um mecanismo altamente perverso de sua descapitalização em favor dos grandes centros financeiros do País.
5. A interpretação do mandamento legal leva a conclusão de ter sido privilegiada a segurança jurídica do sujeito passivo da obrigação tributária, para evitar dúvidas e cobranças de impostos em duplicata, sendo certo que eventuais fraudes (como a manutenção de sedes fictícias) devem ser combatidas por meio da fiscalização e não do afastamento da norma legal, o que traduziria verdadeira quebra do princípio da legalidade tributária.
6. Após a vigência da LC 116/2003 é que se pode afirmar que, existindo unidade econômica ou profissional do estabelecimento prestador no Município onde o serviço é perfectibilizado, ou seja, onde ocorrido o fato gerador tributário, ali deverá ser recolhido o tributo.
7. O contrato de leasing financeiro é um contrato complexo no qual predomina o aspecto financeiro, tal qual assentado pelo STF quando do julgamento do RE 592.905/SC, Assim, há se concluir que, tanto na vigência do DL 406/68 quanto na vigência da LC 116//203, o núcleo da operação de arrendamento mercantil, o serviço em si, que completa a relação jurídica, é a decisão sobre a concessão, a efetiva aprovação do financiamento.
8. As grandes empresas de crédito do País estão sediadas ordinariamente em grandes centros financeiros de notável dinamismo, onde centralizam os poderes decisórios e estipulam as cláusulas contratuais e operacionais para todas suas agências e dependências.
Fazem a análise do crédito e elaboram o contrato, além de providenciarem a aprovação do financiamento e a consequente liberação do valor financeiro para a aquisição do objeto arrendado, núcleo da operação. Pode-se afirmar que é no local onde se toma essa decisão que se realiza, se completa, que se perfectibiliza o negócio. Após a vigência da LC 116.2003, assim, é neste local que ocorre a efetiva prestação do serviço para fins de delimitação do sujeito ativo apto a exigir ISS sobre operações de arrendamento mercantil.
9. O tomador do serviço ao dirigir-se à concessionária de veículos não vai comprar o carro, mas apenas indicar à arrendadora o bem a ser adquirido e posteriormente a ele disponibilizado. Assim, a entrega de documentos, a formalização da proposta e mesmo a entrega do bem são procedimentos acessórios, preliminares, auxiliares ou consectários do serviço cujo núcleo - fato gerador do tributo - é a decisão sobre a concessão, aprovação e liberação do financiamento.
10. Ficam prejudicadas as alegações de afronta ao art. 148 do CTN e ao art. 9o. do Decreto-Lei 406/68, que fundamente a sua tese relativa à ilegalidade da base de cálculo do tributo.
11. No caso dos autos, o fato gerador originário da ação executiva refere-se a período em que vigente a DL 406/68. A própria sentença afirmou quea ora recorrente possui sede na cidade de Osasco/SP e não se discutiu a existência de qualquer fraude relacionada a esse estabelecimento; assim, o Município de Tubarão não é competente para a cobrança do ISS incidente sobre as operações realizadas pela empresa Potenza Leasing S.A. Arrendamento Mercantil, devendo ser dado provimento aos Embargos do Devedor, com a inversão dos ônus sucumbenciais.
12. Recurso Especial parcialmente provido para definir que: (a) incide ISSQN sobre operações de arrendamento mercantil financeiro; (b) o sujeito ativo da relação tributária, na vigência do DL 406/68, é o Município da sede do estabelecimento prestador (art. 12); (c) a partir da LC 116/03, é aquele onde o serviço é efetivamente prestado, onde a relação é perfectibilizada, assim entendido o local onde se comprove haver unidade econômica ou profissional da instituição financeira com poderes decisórios suficientes à concessão e aprovação do financiamento - núcleo da operação de leasing financeiro e fato gerador do tributo; (d) prejudicada a análise da alegada violação ao art. 148 do CTN; (e) no caso concreto, julgar procedentes os Embargos do Devedor, com a inversão dos ônus sucumbenciais, ante o reconhecimento da ilegitimidade ativa do Município de Tubarão/SC para a cobrança do ISS. Acórdão submetido ao procedimento do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.
(STJ, REsp n. 1.060.210/SC, relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Seção, julgado em 28/11/2012, DJe de 5/3/2013.)
Anexo VIII
AgRg no AREsp n. 299.489/MS
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ISS. SERVIÇOS DE INFORMÁTICA PRESTADOS NA VIGÊNCIA DA LC 116/2003, POR EMPRESA QUE NÃO POSSUI UNIDADE AUTÔNOMA (FILIAL, AGÊNCIA, SUCURSAL) FORA DO MUNICÍPIO EM QUE ESTABELECIDA A SUA SEDE. SUJEITO ATIVO.
1. O STJ definiu o sujeito ativo do ISS incidente sobre serviço prestado na vigência da LC 116/2003 nos seguintes termos: a) "como regra geral, o imposto é devido no local do estabelecimento prestador, compreendendo-se como tal o local onde a empresa que é o contribuinte desenvolve a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação, contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas; b) na falta de estabelecimento do prestador, no local do domicílio do prestador. Assim, o imposto somente será devido no domicílio do prestador se no local onde o serviço for prestado não houver estabelecimento do prestador (sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de representação); c) nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII, acima transcritos, mesmo que não haja local do estabelecimento prestador, ou local do domicílio do prestador, o imposto será devido nos locais indicados nas regras de exceção".
2. Orientação adotada no julgamento do RESP 1.117.121/SP, no regime do art. 543-C do CPC.
3. No caso dos autos, a empresa não possui unidade autônoma (filial, agência, sucursal, etc.) fora do Município de Campo Grande, onde instalada sua sede, razão pela qual a própria agravante esclarece que os serviços foram prestados mediante deslocamento de recursos humanos e materiais do seu estabelecimento para as outras praças.
Essa informação é corroborada pelas notas fiscais de prestação de serviços, onde consta que o prestador é o estabelecimento sediado no Município de Campo Grande (se houvesse unidade autônoma, a nota fiscal de prestação de serviços indicaria a respectiva inscrição no CNPJ e o endereço da filial ou sucursal).
4. Dessa forma, inexistindo estabelecimento/unidade autônoma nas diversas municipalidades em que os serviços de informática são prestados (mediante deslocamento de recursos humanos e materiais), o ISS é devido ao Município de Campo Grande.
5. Agravo Regimental não provido.
(STJ, AgRg no AREsp n. 299.489/MS, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 8/4/2014, DJe de 18/6/2014.)
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