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Corrosão em Materiais de Construção

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MATERIAIS 
DE CONSTRUÇÃO I 
Roberta Centofante 
Corrosão, agressividade e 
efeitos da água na obra
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Definir a importância do efeito corrosivo em materiais de construção.
 � Avaliar o impacto da agressividade das águas na obra.
 � Analisar o impacto da umidade e da acidez do solo na obra.
Introdução
Neste capítulo, você verá que a vida útil dos materiais é limitada por sua 
suscetibilidade aos agentes que estão ou serão expostos durante sua 
utilização. A extensão em que a vida útil é reduzida é, no entanto, difícil 
de estimar, visto que depende de vários fatores. Assim, o conhecimento 
dos processos e dos efeitos corrosivos aos quais esses materiais serão 
submetidos constitui uma base fundamental para saber a extensão da 
vida útil. Entre os fatores analisados, é importante conhecer o impacto 
da agressividade das águas e da umidade e da acidez do solo nas obras.
Efeito corrosivo em materiais de construção
A influência das variáveis atmosféricas compreende um fator determinante 
na durabilidade dos materiais de construção e, consequentemente, de suas 
obras. De acordo com Souza et al. (2017), em locais onde a amplitude térmica 
é elevada, os materiais são submetidos às variações dimensionais de origem 
térmica com maior intensidade, em que, em um mesmo dia, a temperatura 
pode atingir, por exemplo, um valor mínimo em torno de 10°C e um máximo 
superior a 20°C, alternância que impacta diretamente a durabilidade dos ma-
teriais. Locais com alternância de períodos ensolarados e com chuva resultam 
no mesmo cenário de variação volumétrica, além de fornecerem a lixiviação e 
a precipitação de sais em cerâmicas porosas. Há, ainda, situações peculiares 
associadas às variáveis atmosféricas, como nas regiões litorâneas, em que a 
elevada e constante umidade relativa do ar, aliada à grande concentração de 
sais, provoca a corrosão de alguns metais e a deterioração de materiais porosos. 
São inúmeras as possibilidades e condições de exposição dos materiais, o que 
torna as variáveis atmosféricas parâmetros de fundamental importância no 
estudo da durabilidade dos materiais e do projeto das construções.
Segundo Lunt et al. (2002), países industrializados, como os Estados 
Unidos, apresentam prejuízos da ordem de 300 bilhões de dólares anuais 
associados a problemas de corrosão, o que supera catástrofes como enchentes 
e queimadas. Já Rieder et al. (2009) mencionam que, no Brasil, apesar de 
não existirem estudos completos sobre os problemas causados pela corrosão, 
estimam-se prejuízos superiores a 30 bilhões de dólares anuais. 
Gentil (2011), em um aspecto muito difundido e aceito universalmente, 
define corrosão como a deterioração de um material, geralmente metálico, 
por ação química ou eletroquímica do meio ambiente associada ou não a 
esforços mecânicos. A deterioração causada pela interação físico-química 
entre o material e o seu meio operacional representa alterações prejudiciais 
indesejáveis, sofridas pelo material, como desgaste, variações químicas ou 
modificações estruturais, tornando-o inadequado para o uso. Já a deterioração 
de materiais não metálicos, como concreto, borracha, polímeros e madeira, 
pela ação química do meio ambiente pode ser também considerada corro-
são. Assim, tem-se que a deterioração do cimento Portland, empregado em 
concreto, por ação de sulfato compreende um caso de corrosão do concreto, 
a perda de elasticidade da borracha por oxidação por ozônio pode também ser 
considerada corrosão, e a madeira exposta à solução de ácidos e sais ácidos 
perde sua resistência em virtude da hidrólise da celulose, fato admitido como 
corrosão da madeira.
Em armaduras de estruturas de concreto armado, a corrosão se dá pela 
ação de cloretos, o que constitui um dos principais processos de deterioração 
das estruturas de concreto armado, o qual consiste no ingresso de íons de 
cloro, que levam à corrosão da armadura de aço e, ainda, a uma subsequente 
redução na estética, resistência e vida útil do material e obra. Além disso, pode 
resultar na necessidade de reparação ou substituição prematura da estrutura, 
de acordo com Souza et al. (2017), dependendo do processo de degradação 
sofrido (Figura 1).
Corrosão, agressividade e efeitos da água na obra2
Figura 1. Corrosão do concreto e de armaduras.
Fonte: Pramoonm/Shutterstock.com.
Se, em geral, a corrosão é um processo espontâneo (GENTIL, 2011), ela 
está́ constantemente transformando os materiais metálicos de modo que a 
durabilidade e o desempenho deles deixam de satisfazer os fins a que se 
destinam. Em sua totalidade, esse fenômeno assume uma grande importância 
na vida moderna, que não pode prescindir dos metais e de suas ligas. Algumas 
dessas ligas estão presentes em:
 � estruturas metálicas enterradas ou submersas, como minerodutos, 
oleodutos, gasodutos, adutoras, cabos de comunicação e de energia 
elétrica, píeres de atracação de embarcações, tanques de armazena-
mento de combustíveis (p. ex., gasolina, álcool e óleo diesel, emissários 
submarinos);
 � meios de transportes, como trens, navios, aviões, automóveis, cami-
nhões e ônibus;
 � estruturas metálicas sobre o solo ou as aéreas, como torres de linhas 
de transmissão de energia elétrica, postes de iluminação, linhas tele-
fônicas, tanques de armazenamento, instalações industriais, viadutos, 
passarelas, pontes;
3Corrosão, agressividade e efeitos da água na obra
 � equipamentos eletrônicos, torres de transmissão de estações de rádio, 
de TV, repetidoras, de radar, antenas, etc;
 � equipamentos como reatores, trocadores de calor e caldeiras.
Entre os ambientes corrosivos existentes — a atmosfera, as soluções aquo-
sas, os solos, os ácidos, as bases, os solventes inorgânicos, os sais fundidos, 
os metais líquidos e até mesmo o corpo humano —, de acordo com Souza et 
al. (2017), a umidade do ar, contendo oxigênio dissolvido, e a precipitação 
são os que mais atuam na durabilidade dos metais, e, em ambos, é a água 
que atua como fonte para a corrosão. Considerando o emprego de materiais 
de construção, e que estes resistam à ação do meio corrosivo, os processos 
de corrosão podem ser classificados em eletroquímicos (corrosão aquosa), 
corrosão química ou corrosão eletrolítica (oxidação). Além disso, é importante 
destacar que, em ambientes próximos ao oceano, em razão do teor de sais 
existentes na atmosfera, a corrosão se torna mais intensa. Esse processo ainda 
depende de fatores como a composição química do metal, o ambiente aquoso 
e a temperatura, e a intensidade de exposição ao meio, ou seja, a corrosão 
diminui a vida útil do material por redução de suas propriedades mecânicas. 
De acordo com Sade et al. (2019), no caso dos metais, o processo de corro-
são envolve, simultaneamente, reações de oxidação e redução, ocorrendo na 
superfície do material em contato com um agente oxidante. Ainda, pode se dar 
um mecanismo eletrolítico, como o caso de processos corrosivos espontâneos 
nas superfícies dos materiais metálicos, em que este funciona como agente 
redutor que sofre ação dos agentes oxidantes. Essa reação ocorre quando 
da transferência de cargas ou elétrons por uma interface metal-eletrólito, 
ocorrendo quando o material metálico está em contato com meio aquoso ou 
atmosférico, isto é, nesse tipo de corrosão, forma-se uma pilha eletrolítica 
com geração de corrente elétrica.
Ainda segundo Souza et al. (2017), os processos corrosivos de natureza 
eletroquímica apresentam mecanismos idênticos, pois sempre serão constitu-
ídos por áreas com ânions e cátions, entre as quais circulam uma corrente de 
elétrons e uma corrente de íons. A corrosão aquosa dos metais se dá quando 
átomos metálicos se dissolvem como íons em meio aquoso. Já a oxidação 
representa a reação química direta entre o metal e o oxigênio atmosférico. 
Corrosão, agressividade e efeitos da água na obra4
Dessa forma, as medidas de prevenção ou redução do processo de corrosãonos metais passam pela escolha dos materiais, a adequação/conhecimento do 
ambiente em que eles serão utilizados, o uso de inibidores sobre a superfície 
dos metais e, ainda, as verificações de projeto e da aplicação de proteção sobre 
as superfícies metálicas. Existem, ainda, formas recuperar essas estruturas 
metálicas, porém são onerosas e necessitam de constante manutenção.
Saiba mais sobre o assunto lendo a dissertação de mestrado “Efeito da corrosão na 
integridade estrutural da ponte metálica Marechal Hermes”, de autoria de Fabiana 
Malta Brink.
Já os materiais cerâmicos têm boa resistência mecânica, elevada dureza 
e altos pontos de fusão e ebulição, propriedades a partir das quais podem 
ser utilizados em ambientes corrosivos; e os materiais ferrosos apresentam 
como desvantagens a suscetibilidade à corrosão. A corrosão, a degradação 
dos componentes metálicos, resulta em prejuízos econômicos decorrentes 
da reposição de peças, interrupção de obras, etc. A chuva, assim como a 
umidade do ar, pode causar danos aos materiais da construção civil, como 
o processo da corrosão, efeitos que podem ser intensificados em locais onde 
ocorre chuva ácida.
Segundo Callister Junior (2008), os metais não apresentam a mesma es-
tabilidade química das cerâmicas, uma vez que a mobilidade dos elétrons 
livres facilita a ocorrência de reações químicas deletérias, as quais resultam 
em corrosão, um processo que não é observado nas cerâmicas, nas quais a 
ação de deterioração pelas variáveis atmosféricas causa nos metais uma perda 
efetiva de material ou gera uma camada de material não metálico sobre a peça 
em processo de deterioração.
Portanto, independentemente do tipo de processo corrosivo atuante, há 
um comprometimento da vida útil do material, o que torna evidente a impor-
tância da análise do local de utilização do material e de sua adequação aos 
condicionantes atmosféricos existentes.
5Corrosão, agressividade e efeitos da água na obra
Impacto da agressividade das águas na obra
Sabe-se que o nível de agressividade em uma obra está atrelado ao ambiente 
em que a estrutura está localizada — vibrações, calor, frio, umidade, entre 
outros fatores, são considerados agentes nocivos, que acarretam danos e 
prejudicam a durabilidade de determinados materiais em obras de construção 
civil, como concreto, aço, etc. 
Para Bauer (2019), vários constituintes químicos podem reagir com o 
cimento: quando ele está no estado endurecido, os mais comuns são sílica, 
alumina e óxido de ferro, fato capaz de diminuir a resistência do cimento 
endurecido ou, até mesmo, fazê-lo desaparecer. 
De acordo com Souza et al. (2017), quanto maior a temperatura do ar, 
maior será a sua capacidade em manter vapor d’água, ou seja, são grandezas 
diretamente proporcionais; assim, regiões mais quentes tendem a ser também 
mais úmidas. Outra maneira de expressar a umidade atmosférica se dá por 
meio da umidade relativa do ar, que representa a quantidade de vapor d’água 
necessária para que o ar atinja a saturação, ou seja, para estar com todo o 
conteúdo de vapor d’água. Portanto, áreas que apresentam uma atmosfera 
constantemente úmida podem sofrer com a proliferação de fungos, capazes 
de promover o apodrecimento de utensílios de madeira e processos químicos 
que podem corroer o aço.
Desse modo, o local onde a edificação será construída torna-se deter-
minante para o nível de agressividade que essa construção sofrerá, o que 
influenciará, diretamente, nas especificações e proteções necessárias para 
obter a durabilidade pretendida. De acordo com a norma ABNT NBR 6118, as 
estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas a fim de se submeter 
às condições ambientais previstas na época do projeto, conservando, quando 
utilizadas e conforme preconizado em projeto, sua segurança, estabilidade e 
aptidão em serviço durante o período correspondente à sua vida útil (ASSO-
CIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014). Ainda, segundo 
a norma, a agressividade do meio ambiente está relacionada às ações físicas e 
químicas que atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das 
ações mecânicas, das variações volumétricas de origem térmica, da retração 
hidráulica e outras previstas no dimensionamento das estruturas.
Corrosão, agressividade e efeitos da água na obra6
Nos projetos das estruturas correntes, devemos classificar a agressividade 
ambiental de acordo com o Quadro 1, avaliada, simplificadamente, segundo as 
condições de exposição da estrutura ou de suas partes. É importante lembrar 
que o responsável pelo projeto estrutural, tendo os dados relativos ao ambiente 
em que será construída a estrutura, pode ainda considerar uma classificação 
mais agressiva que a estabelecida pela norma.
Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014).
Classe de 
agressividade 
ambiental
Agressividade
Classificação 
geral do tipo de 
ambiente para 
efeito de projeto
Risco de 
deterioração 
da estrutura
I Fraca
Rural
Insignificante
Submersa
II Moderada Urbana1;2 Pequeno
III Forte
Marinha1
Grande
Industrial1;2
IV Muito forte
Industrial1;3
Elevado
Respingos de maré
1 Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) para 
ambientes internos secos (sala, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos 
residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura).
2 Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) em: obras em regiões 
de clima seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de 
chuva em ambientes predominantemente secos, ou regiões onde chove raramente.
3 Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em 
indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.
Quadro 1. Classes de agressividade ambiental (CAA)
7Corrosão, agressividade e efeitos da água na obra
Em concretos, por exemplo, de acordo com a ABNT NBR 6118, “a durabi-
lidade das estruturas é altamente dependente das características do concreto 
e da espessura e qualidade do concreto do cobrimento da armadura” (AS-
SOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 18). Assim, 
diante do tipo e da classe de agressividade previstos em projetos, os ensaios 
comprobatórios de desempenho da durabilidade da estrutura devem estabe-
lecer os parâmetros mínimos que precisam ser atendidos. Se não houver tais 
parâmetros, e pelo fato de existir uma forte correspondência entre a relação 
água/cimento e a resistência à compressão do concreto e sua durabilidade, 
permite-se a adoção dos requisitos mínimos expressos no Quadro 2.
Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014).
Concretoa Tipob,c
Classe de agressividade
I II III IV
Relação água/
cimento em massa
CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45
CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45
Classe de concreto 
(ABNT NBR 8953)
CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40
CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40
a O concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir com os requisitos estabelecidos 
na ABNT NBR 12655.
b CA corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto armado.
c CP corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto protendido.
Quadro 2. Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do concreto
O uso da cerâmica na construção civil é antigo, iniciado como alvenaria por 
meio do adobe (blocos de argila) e modernizado, depois, para tijolo cerâmico. 
Atualmente, o setor cerâmico é bastante amplo, utilizado desde a fabricação 
de telhas para coberturas até o uso de pisos cerâmicos e louças sanitárias. 
No caso das cerâmicas, sabe-se que, no Brasil, a ação da formação de gelo em 
materiais porosos não é crítica, uma vez que não há muitas regiões do país 
Corrosão, agressividade e efeitos da água na obra8
onde ocorre congelamento da água por baixas temperaturas. Na forma sólida 
(gelo), a água dilata-se em 9%, conforme Souzaet al. (2017), fato que promove 
tensões internas capazes de gerar fissurações nas cerâmicas, e o mesmo ocorre 
quando a água transporta, para o interior dos materiais cerâmicos, alguns tipos 
de sais solúveis. Ainda segundo Souza et al. (2017, p. 11): 
Em alguns casos, dependendo da composição do material cerâmico, estes sais 
podem fazer parte da composição do material, e se solubilizar com o ingresso 
de água limpa no interior dos poros. A dissolução propriamente dita dos sais 
não é fator deletério para as cerâmicas, entretanto, quando estes cristalizam 
durante um processo de secagem, os sais no estado sólido podem causar ex-
pansão e tensões internas capazes de ocasionar fissuras no material. Por esse 
motivo é que algumas cerâmicas não resistem à ação constante de molhagem 
e secagem, pois estes ciclos de solubilização e cristalização de sais ocorrem 
repetidas vezes, até desagregar o material.
Diferentemente dos materiais cerâmicos e metálicos, a água não costuma 
ser o agente agressivo preponderante em materiais poliméricos, ainda que, 
de acordo com Souza et al. (2017), as madeiras utilizadas na construção civil 
possam sofrer processos de degradação por incidência de radiação e, também, 
calor. Quando expostas a variáveis atmosféricas, como radiação solar, umidade 
do ar, precipitação, temperaturas altas e chuva ácida, as madeiras são afetadas 
e sofrem algum processo de degradação, normalmente limitada à superfície 
desse material — por exemplo, quando exposta a um ambiente sem nenhuma 
proteção, a madeira tende a escurecer. 
Os insetos são os responsáveis por grande parte da degradação da madeira, sobretudo 
os cupins, para os quais, em algumas espécies, a umidade elevada representa uma 
condição favorável de proliferação, e, para outras, as condições para proliferação 
apresentam níveis de umidade em torno de 10 a 13%, o nível usual de umidade de 
aplicação e uso da madeira. Saiba mais sobre o assunto lendo o artigo “Tratamentos 
preservantes naturais de madeiras de floresta plantada para a construção civil” (SOUZA; 
DEMENIGHI, 2017).
9Corrosão, agressividade e efeitos da água na obra
Impacto da umidade e da acidez do solo na obra
A caracterização do solo ocupado para a construção de uma obra tem papel 
essencial no desenvolvimento do seu projeto, visto que a interação solo-
-estrutura pode afetar a vida útil da construção. Toda estrutura da obra é 
sustentada pelo solo que está em sua base, motivo pelo qual, antes mesmo do 
início do dimensionamento do projeto, deve-se realizar o estudo geotécnico. 
Uma das mais importantes fases preliminares em qualquer tipo de construção 
consiste na investigação sobre as características do terreno.
A geotecnia é o campo da engenharia civil que estuda os solos e as rochas. 
O solo, suporte de qualquer obra, é considerado um material heterogêneo e 
com propriedades variáveis, que, além de utilizado em aterros compactados 
para os mais diversos fins, constitui a base de terrenos de fundação de obras 
de edifícios, casas, entre outras obras ligadas à construção civil. Assim, os 
diferentes solos e as suas propriedades podem afetar tanto o seu comporta-
mento quanto a estrutura a ser construída. Um solo argiloso, por exemplo, é 
altamente denso quando não há umidade ou presença de água e, ao umidificar-
-se, torna-se viscoso.
Sabe-se que o terreno é parte integrante de qualquer construção, pois é 
ele que dá sustentação ao peso da estrutura a ser construída e determina as 
características fundamentais do projeto em função de seu perfil e de carac-
terísticas físicas, como a drenagem. Por isso, torna-se necessário realizar 
sondagens nos solos para verificar o nível das camadas mais resistentes e de 
suas propriedades. Geralmente, a melhor camada para fundações é o leito 
rochoso ou logo acima dele, mas deve-se analisar esse fator separadamente 
em cada projeto.
De acordo com Prado Filho (2018, documento on-line), a caracterização do 
solo é imprescindível para obter conclusões sobre a qualidade do solo e a sua 
capacidade de suporte. Ao se ignorar essa etapa, provoca-se risco iminente de 
desastres, passíveis de prevenção com avaliações da resistência do solo, das 
variações de umidade e volume, e dos índices de acidez do solo. E, segundo 
Araújo et al. (2012), os indicadores químicos de um solo são, normalmente, 
agrupados em variáveis relacionadas ao teor de matéria orgânica do solo, ao 
conteúdo de nutrientes, às relações com a saturação e à acidez do solo.
Corrosão, agressividade e efeitos da água na obra10
O ataque de ácidos ao concreto pode se dar tanto ao concreto exposto ao 
ar quanto àquele em contato com o solo. Fundações de concreto podem apre-
sentar patologias sérias para a obra quando atacadas por ácidos, motivo pelo 
qual é importante verificar se o solo da obra não contém poluentes e agentes 
nocivos, casos que devem ser analisados com mais rigor em áreas industriais 
com focos ou histórico de contaminação do solo. O solo ainda pode ter uma 
acidez natural, que deve ser estudada — conforme Bauer (2019), a maioria 
dos ácidos ataca o cimento do concreto por formarem sais de cálcio facilmente 
solúveis, o que se dá de forma lenta, embora também possam ser inofensivos, 
visto que a insolubilidade desses sais, capazes de aumentar a impermeabilidade 
à água do concreto. A nocividade dos ácidos varia de acordo com a sua força: 
os ácidos minerais fortes, como o clorídrico, o sulfúrico e o nítrico, solubilizam 
os constituintes do cimento formando sais de cálcio, alumínio e ferro; e os 
ácidos fracos, como o carbônico, apenas formam sais com a cal. É importante 
lembrar que a cal dissolvida em ácido carbônico pode ser encontrada nas águas 
de fontes, que têm um papel importante no ataque ao concreto.
Podemos chamar a acidez de um solo de reação do solo ou, ainda, alcalini-
dade de um solo, correspondendo, segundo Ronquim (2010), ao grau de acidez 
dos solos, que influencia a estrutura das partículas desse solo, a atividade de 
microrganismos e a absorção de íons pelas plantas. Além disso, a acidificação 
dos solos consiste em um processo químico natural, visto que todos os solos 
sofrem intemperismo, envelhecimento do qual a acidez faz parte.
A acidez do solo pode surgir em decorrência do material de origem e da 
intensidade da ação de agentes de intemperismo, como clima e organismos, 
um parâmetro avaliado por meio de seu pH (NOVAIS et al., 2007). De acordo 
com Ronquim (2010), o pH fornece indícios das condições químicas gerais 
do solo, pois a composição dos solos com acidez alta (i. e., com pH baixo) 
geralmente apresenta cálcio e magnésio, sendo pobres em bases, ou seja, o pH 
do solo representa um indicador de uma situação biológico-físico-química. 
Além disso, para corrigir a acidez de um solo, deve-se utilizar um elemento 
que libere ânion e que forme um ácido fraco com o hidrogênio, processo no 
qual o calcário é uma das substâncias mais utilizadas. Para solos tropicais, 
podemos encontrar os materiais empregados na correção da acidez na natureza 
em forma de rochas (Figura 2), as quais são moídas e peneiradas para sua 
posterior aplicação ao solo. No Brasil, a quantidade necessária para neutralizar 
a acidez do solo é calculada, principalmente, pelo método de saturação de 
bases (DONAGEMA et al., 2011).
11Corrosão, agressividade e efeitos da água na obra
Figura 2. Pedras de calcário.
Fonte: Cyrustr/Shutterstock.com.
Segundo Bauer (2019), é possível reconhecer os solos agressivos, na maior 
parte das vezes, pela coloração que varia do castanho ao castanho-amarelo 
dos solos normais. São considerados suspeitos os solos de coloração negra 
até cinza, especialmente quando apresentam manchas de ferrugem vermelho-
-castanhas. As camadas de cor cinza-claro até branca, sob os solos vegetais 
castanho-escuros até negros, indicam um caráter ácido do solo de fundação. 
Ainda, devemos nos precaver em situações nas quais, por exemplo, na base 
dos mapas geológicos ou dos mapas de tipos de solo, o concreto seja capaz 
depenetrar nas camadas de solo que contenham gesso, anidrita ou sulfatos.
Em geral, a principal vantagem da análise do solo reside na relação de 
custo-benefício de uma obra, já que, se essa etapa não for contemplada, o 
nível de instabilidade da obra aumentará drasticamente e, por consequência, 
haverá uma possível perda de verba com a correção de algum problema, 
sem contar as chances de ruptura da obra. Portanto, fica claro que o papel 
de caracterizar o solo antes de uma construção é insubstituível e tem uma 
importância imensurável não somente para o futuro estabelecimento, mas 
também para os seus arredores.
Corrosão, agressividade e efeitos da água na obra12
ARAÚJO, E. A. et al. Qualidade do solo: conceitos, indicadores e avaliação. Revista 
Brasileira de Tecnologia Aplicada nas Ciências Agrárias, Guarapuava, v. 5, n. 1, p. 187–206, 
2012. Disponível em: https://revistas.unicentro.br/index.php/repaa/article/view/1658. 
Acesso em: 24 dez. 2019.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118: projeto de estruturas 
de concreto: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. 238 p.
BAUER, L. A. F. Materiais de construção. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019. v. 1. 568 p.
CALLISTER JUNIOR, W. D. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. Rio de 
Janeiro: LTC, 2008. 705 p.
DONAGEMA, G. K. et al. (org.). Manual de métodos de análise de solos. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Embrapa Solos, 2011. 230 p. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-
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em: 24 dez. 2019.
GENTIL, V. Corrosão. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. 376 p.
LUNT, T. T. et al. Spatial interactions among localized corrosion sites. Journal of The 
Electrochemical Society, Pennington, v. 149, n. 5, p. B163–B173, 2002.
NOVAIS, R. F. et al. (ed.). Fertilidade do solo. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do 
Solo, 2007. 1017 p.
PRADO FILHO, H. R. A geotecnia nos projetos de construção civil. Revista Digital 
AdNormas, São Paulo, 18 dez. 2018. Disponível em: https://revistaadnormas.com.
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Leitura recomendada
BRINCK, F. M. Efeito da corrosão na integridade estrutural da ponte metálica Marechal 
Hermes. Orientadores: Luiz Cláudio Cândido; Francisco de Assis das Neves. 2004. 227 f. 
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil, área de concentração Construção Me-
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Corrosão, agressividade e efeitos da água na obra14

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