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Recurso Especial Eleitoral Nº do Processo RE N° 0000082-89.2016.6.09.0139 RECORRENTE: VALDIRENE TAVARES DOS SANTOS VEREADORA ELEITA – LUZIÂNIA – GO Ilustríssimo Desembargador Presidente, Desembargador Relator e demais Desembargadores e autoridades. Senhores colegas advogados e serventuários da justiça. Hoje estou ocupando a Tribuna pela recorrente Valdirene Tavares dos Santos. Relevância: Vereadora reeleita em Luziânia é cassada por abuso de poder. Valdirene teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) após ser acusada de pedir votos em um evento na catedral da Assembleia de Deus da sua cidade. SUSTENTAÇÃO ORAL 1. FATOS A presente ação, tem como objetivo analisar tão somente a realização de um discurso de menos de 3 minutos, ainda que nas dependências de instituição religiosa, e configurar como abuso de poder político, capaz de afastar do cargo a candidata eleita e imputar-lhe a inelegibilidade por 8 (oito) anos. No presente caso, destaco especialmente a realização de uma pequena reunião fechada, sem acesso ao público ou aos frequentadores da instituição religiosa, mas tão somente a pessoas determinas. O polo ativo informou que há uma lista com nomes de fiéis, mas não foi protocolado nos autos e nem tampouco apresentada até o presente momento. Em resumo são os fatos. 2. DA PROVA TESTEMUNHAL De toda prova apresentada, importa destacar primordialmente a prova testemunhal, pois nela o direito da Sr. ª Valdirene ficou perfeitamente claro, em especial, o que se vislumbra através do seguinte trecho: “Ei gente, vamo parar que a Valdirene chegou. A Valdirene chegou. Para, para, a Valdirene chegou. Uma vez um deles, da oposição, uma vez chegou no microfone ao final da sessão e falou: Valdirene você não pode sair da Câmara, você não pode ser Secretária, porque você faz parte desse lugar.” NÃO HOUVE PEDIDO DE VOTOS pela recorrente quando fez uso da palavra naquela oportunidade. Aliás, não há nenhuma menção expressa às eleições ou à candidatura da recorrente. 3. PROVA DOCUMENTAL Com base na documentação apresentada foi possível concluir que NÃO HOUVE PEDIDO DE VOTOS e NÃO EXISTE LISTA COM NOMES DOS FIÉIS. 4. PROVA PERICIAL Com base na avaliação pericial apresentada foi possível concluir que NÃO HOUVE PEDIDO DE VOTOS, tornando inequívoca a conclusão pela procedência do feito. 4.1 JURISPRUDÊNCIA FAVORÁVEL NESTA TURMA: O tema já foi reiteradamente debatido por esta Turma: Em que pese esta Turma não tenha posicionado semelhante, importante destacar o STJ/STF já se pronunciou pelo abuso de poder político religioso. Nesse mesmo sentido, a 1º Turma do STF possui posicionamento: “[…] Configura abuso de autoridade a utilização, por parlamentar, para fins de campanha eleitoral, de correspondência postada, ainda que nos limites da quota autorizada por ato da Assembleia Legislativa, mas cujo conteúdo extrapola o exercício das prerrogativas parlamentares. 2. A prática de conduta incompatível com a Lei nº 9.504/97, art. 73, II, e com a Lei Complementar nº 64/90, enseja a declaração de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos três anos subsequentes àquela em que se verificou o fato. [...]” (Ac. de 25.4.2000 no REspe nº 16067, rel. Min. Maurício Corrêa) Já a 2º Turma desde mesmo tribunal comunga da tese aqui defendida, no sentido da não configuração de abuso de poder político religioso Abuso de poder de autoridade religiosa. Necessidade de entrelaçamento com formas típicas de abuso de poder. Ausência de conexão no caso concreto. [...] o presente caso é de ser examinado em consonância com a jurisprudência deste Tribunal Superior, firmada no sentido de que o abuso de poder de autoridade religiosa, porquanto falto de previsão expressa no ordenamento eleitoral, só pode ser reconhecido quando exsurgir associado a alguma forma tipificada de abuso de poder. 3. Os elementos constantes do acervo fático–probatório não permitem inferir a presença associada do abuso de poder econômico, tampouco do uso indevido dos meios de comunicação social. A moldura fática indica que o uso desvirtuado do fator religioso, conquanto inequívoco, ocorreu à margem do aporte de incentivos financeiros e sem a intervenção incisiva de veículo da indústria da informação. 4. Ausente o requisito do entrelaçamento, na linha da jurisprudência deste Tribunal Superior, revela–se impossível oreconhecimento do abuso de poder religioso como figura antijurídica autônoma. […] (Ac. de 9.9.2021 no AgR-AI nº 42531, rel. Min. Edson Fachin.) Portanto, rogo por uma análise mais aprofundada ao caso, pata equacionar este posicionamento em sintonia com a jurisprudência dominante das cortes superiores. 5. CASO DIFERENTE DOS DEMAIS. Em que pese esta turma não tenha posicionado semelhante à tese aqui defendida, importante destacar que o presente caso não se iguala aos demais. Pelo contrário neste caso NÃO HOUVE PEDIDO DE VOTOS por parte da recorrente. Desse modo, não merce se enquadrar nos demais precedentes desfavoráveis. 6. CONCLUINDO Senhores, destaco: a) Que o posicionamento desta turma não se enquadra aos fatos aqui defendidos, portanto merece especial atenção de Vossas Excelências b) Que os fatos se enquadram perfeitamente ao art. 5º, IV, da Constituição da República; c) Que as demais provas confirmam a tese aqui defendida, razão pela qual se requer a PROCEDÊNCIA do recurso. DORANY DE MARIA MIRANDA DE SOUSA XXXXXXXX SUSTENTAÇÃO ORAL 2. DA PROVA TESTEMUNHAL 3. PROVA DOCUMENTAL 4. PROVA PERICIAL 4.1 JURISPRUDÊNCIA FAVORÁVEL NESTA TURMA: 5. CASO DIFERENTE DOS DEMAIS.