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CRISE FEBRIL INTRODUÇÃO: Epilepsia x crise convulsiva febril · Epilepsia: duas crises epilépticas com intervalo > 24 horas entre cada crise não provocadas ou 1 crise epiléptica com > 60% de chance de ter a segunda crise não provocadas · Crise febril: tem que ser provocada. Definição: crises que ocorrem durante a doença febril, não resultante de doença aguda do SNC, em uma criança de 6-60m, sem déficits neurológicos prévios. Não precisa ter febre na hora da crise FISIOPATOLOGIA: · Infecção → provoca febre → cascata de citocinas e interleucinas (IL-1), ou seja, atividade pró-inflamatória → aumento da excitabilidade neuronal → crise febril · Nem sempre a febre é a causa, geralmente é pela cascata · Febre + genética + idade CAUSAS · Imaturidade do SNC, que gera um baixo limiar convulsivo · Imunizações (SCR/DTP) · Infecções: · HSV-6, influenza A, parainfluenza, adenovírus · Infecções bacterianas (Shigella sp) · IVAS · Faringite · Otite média, sinusite, amigdalites · Doenças exantemáticas CARACTERÍSTICAS: · Tem que ser entre os 6-60 meses (5 anos) · Precisa ser relacionada a febre, mas não precisa ter no momento da crise · Sem crises afebris prévias (se tiver, é epilepsia) · Sem anormalidade metabólica · Sem infecção do SNC EPIDEMIOLOGIA: · 2-5% da população · Maior incidência entre 12-18 meses de idade · Principal emergência neurológica na criança · Há contexto familiar importante APRESENTAÇÃO CLÍNICA: · Pode ocorrer antes mesmo da febre · Geralmente no 1° dia de febre (em outros dias, pode ser uma infecção do SNC, pensar em encefalite ou meningite) · Benigna · Curta duração (2 a 3 min) · Sem queda do estado geral após recuperação · Sem deixar sequelas TRATAMENTO DA CRISE: · MOV: via aérea, acesso venoso, monitorar (FC, FR, PA, SpO2) · O2 se necessário (SpO2 < 90%) · Se ainda tiver crise durante o atendimento: · Diazepam 0,5mg/kg ou Midazolam 0,3mg/kg até 3 doses, depois: · Fenitoína 15 mg/kg/ dose 1x, depois: · Fenobarbital 10mg/kg/dose 1x · Depois disso, precisa ir para UTI e investigar a causa CLASSIFICAÇÃO DA CRISE CONVULSIVA FEBRIL: Simples: · Precisa ser uma crise convulsiva clássica, de maneira tranquila · CCTG (tônico clônico generalizada): compromete ambos hemisférios cerebrais, com hipotonia dos 4 membros, com perda de consciência · < 15 min · Sem recorrência 24h · Não causada por infecção SNC · 6- 60m · Sem déficit neurológico · Sem crise afebril prévia · Sem lesão cerebral · Sem alterações do desenvolvimento neuropsicomotor Complexa: apenas um desses itens para ser considerada complexa: · Focal · Prolongada > 15 min · Recorrência em 24 horas · Focalidades pós ictais · Paralisia de Todd: associada à formação de área de penumbra → irresponsabilidade cerebral que acontece pós a crise · Alterações neurológicas prévias · Alteração do desenvolvimento neuropsicomotor · Necessidade de benzo? · EMEF: > 30 min ou crises seriadas sem recuperação nível consciência · Obs: geralmente tem algo “estranho” na história CRITÉRIOS PARA INTERNAMENTO e/ou OBSERVAÇÃO HOSPITALAR: · Primeiro episódio de crise febril em < 18 meses: tanto na simples e complexa · Crises convulsivas febris complexas INVESTIGAÇÃO COMPLEMENTAR · Para crise febril SIMPLES: · LCR: considerar na presença de sinais meníngeos, em pacientes em tratamento com antibióticos, em pacientes com < 18 meses · Exames laboratoriais se necessário para investigação da febre, se não encontrar o foco, não a crise · EEG e neuroimagem não recomendados · Para crise febril COMPLEXA: · Exames de sangue, EEG e neuroimagem são recomendados · LCR: considerar em todos os pacientes com suspeita de infecção com SNC RECORRÊNCIA DE NOVAS CRISES FEBRIS Risco geral de 30-40%, simples = complexa Fatores de risco para recorrência: · Primeira crise < 15 meses · Epilepsia em parente de 1° grau · Crise febril em parente de 1° grau · Doença febril frequente · Baixa temperatura no início da crise (<38°C) Cálculo do risco a partir dos fatores: · 10% em pacientes sem fator de risco · 25-50% 1-2 fatores de risco · 50-100% 3 ou + fatores de risco · Risco de epilepsia: CCFS 1-1,5 % / CCFC 4-15% PROFILAXIA: CC febril simples recorrente com pais confiáveis: · Não recomendado: efeitos colaterais dos fármacos anti crise superam os benefícios CC febris frequentes em curto período de tempo: · 3 ou + em 6 meses ou 4 ou mais em 1 ano · Crises > 15 min de tratamento · Intermitente: diazepam 0,4-0,5 mg/kg VR ou VO na febre, repetir após 8h · Continua: valproato de sódio (VPA) 20-30mg/kg/dia ou fenobarbital (Pb)3-5mg/kg/dia · Essas medicações não tratam a febre e nem a doença que está causando a febre, por isso, tratar a causa e dar antitérmico EDUCAÇÃO PARENTAL: · Falar sobre a incidência e idade dos eventos · Taxa de recorrência: 30-40% · Diferença para epilepsia: que a crise febril são provocadas pela febre · Risco de subsequente epilepsia: 5% na simples e complexa até 15% · Prognóstico de desenvolvimento comportamental bom, de evolução benigna · Controle da temperatura · Na hora da crise: · Permanecer calmo, sem pânico · Retirar a roupa, especialmente no pescoço · Se inconsciente: decúbito lateral · Não tentar abrir a boca · Cronometrar a crise · Não medicar ou dar fluidos pela boca · Diazepam VR se > 3 min · Contactar o pediatra da criança · Levar a emergência para intervenção médica: · CCF > 10min · Crises recorrentes · Crises focais · Focalidades após a crise · Sonolência prolongada CRISE CONVULSIVA FEBRIL PLUS E EPILEPSIA GENÉTICA COM CCF PLUS: · Crises febris que continuam além dos 5 anos · São frequentemente benignas, mas tipicamente resolvem na puberdade · Podem surgir crises afebris generalizadas ou focais · Ambos os sexos são afetados igualmente · Sem antecedentes patológicos relevantes · Exame neurológico normal · DNPM normal · Não é esperado comprometimento do DNPM · CCF plus e epilepsia genéticas com CCF plus são distinguidas pela presença de história familiar · Vários genes envolvidos: SCN1A, SCN1B, GABRG2, PCDH19 · Grande espectro: CCFs, CCF plus, epilepsia genética com CCF plus, síndrome de Dravet, epilepsia com crises mioclônicas-atônicas · EEG: AB normal. Interictal normal ou descargas espícula onda generalizadas · Neuroimagem normal · Tratamento: de acordo da presença de alteração genética confirmada · Na ausência de estudo genético é prudente evitar inibidores de canal de sódio PROVA: · Diferenciar simples de complexa · Diferença de epilepsia · Idade, recorrência