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Introdução ao Estudo do Direito - O que é o direito

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Introdução ao Estudo do Direito
“A justiça tem numa das mãos a balança em que pesa o direito, e na outra a espada de que se serve para o defender. 
A espada sem a balança, é a força brutal, a balança sem a espada é a impotência do direito”. Rudolf vön Ihering (1818-1892)
Objetivos: Compreender os fundamentos do Direito
Enxergar o desenvolvimento do Direito enquanto ciência autônoma e técnica de regulação social
Diferenciar Direito da Moral, Costumes e Religião.
O QUE É O DIREITO ?
A pergunta fundamental do jurista e do estudante é acerca da natureza do próprio direito. O que é o direito Praticamente todos aqueles que lidam com o fenômeno jurídico, acabam por lidar com instrumentos práticos, constituições, normas e afazeres cotidianos. Muitos passam a vida toda vivendo do direito, e a maior parte dessas pessoas quando confrontadas sobre o que é o direito não tem resposta para tanto Justamente pelo direito estar esparramado por todas as relações sociais, surge a dificuldade de determina-lo.Qual a sua natureza, por que ele é assim
O que é o direito? Como ele se estabelece historicamente? Como ele se dá socialmente? Como se pode pensar?
1. O QUE É O DIREITO?
Quando se vê uma mãe bater com violência em seu filho, diz-se que isso não é direito. 
Quando se surpreende um ladrão em pleno furto, fala-se que ele está agindo contra as leis. 
Quando se assalta um banco, também se diz que não se está agindo em conformidade com o direito.
Mas também, para muitos, a atividade bancária de emprestar a juros não é considerada correta, e, para alguns outros, fundar um banco é um ato de muito mais crime do que assaltar um banco.
Não é justo, para alguns, que um mendigo roube o pão. Mas não é justo, para muitos outros, que o mendigo não tenha um pão. 
Para alguns, o direito é inspirado em livros tidos como sagrados, como a Bíblia. Para outros, o direito é puramente técnico, e se restringiria a um conjunto de leis emanadas do Estado.
Perante tantas coisas que são denominadas ou não por direito, e perante tantas outras em relação às quais se atribui um caráter justo ou injusto, há uma grande dificuldade para identificar aquilo que se chama, especificamente, por direito.
POR QUE COMPRENDER O DIREITO ?
O direito é um dos fenômenos mais notáveis na vida humana. Compreendê-lo é compreender uma parte de nós mesmos. 
É saber em parte: 
Por que obedecemos
Por que mandamos 
Por que nos indignamos 
Por que aspiramos a mudar em nome de ideais
Por que em nome de ideais conservamos as coisas como estão.
Ser livre é estar no direito e, no entanto, o direito também nos oprime e tira-nos a liberdade.
Estudar o direito é, assim, uma atividade difícil, que exige não só acuidade, inteligência, preparo, mas também encantamento, intuição, espontaneidade.
Para compreendê-lo, é preciso, pois, saber e amar: 
Só o homem que sabe pode ter-lhe o domínio. 
Mas só quem o ama é capaz de dominá-lo, rendendo-se a ele.
1.1 O QUE É O DIREITO? (IN)DEFINIÇÕES
Embora pareça uma pergunta simples, é na verdade um dos mais complexos questionamentos do homem ao longo de todos os tempos. 
Inúmeros foram os pensadores que buscaram uma resposta desde que o próprio pensamento sobre a sociedade se instaurou.
Aqui, algo a ser refletido. 
Um homem só, solitário, gera ou possui direitos? É preciso supor um homem sozinho em uma ilha, existem direitos para este homem solitário? Existem deveres? Existem garantias? 
Não, porque um homem sozinho numa ilha, não tem conflitos sociais, pois está só. 
Claro que se pode pensar em conflitos internos, dele com ele mesmo, mas estes conflitos são de outra ordem que não a jurídica. 
Um homem sozinho numa ilha tem na verdade conflitos internos, morais, do campo da Filosofia, são os mesmos conflitos que nós temos – individualmente – quando estamos escolhendo a roupa que vamos colocar para uma festa, quando vemos qual o sapato combina com qual bolsa, ou quando se opta em fazer ou não a barba.
Perceba-se que o direito não trata destes conflitos.
1.2 O OBJETO DO DIREITO
Ao direito servem os conflitos sociais. Da ordem social, da sociedade. 
Logo, é o ser humano em sociedade o objeto de estudo do Direito.
NEM TODOS OS SOCIAIS SÃO JURÍDICOS
Estes conflitos sociais são os conflitos que interessam ao Direito. Mas nem todos os conflitos da sociedade são jurídicos.
O conflito social adentrou ao mundo jurídico. Ou o fato social tornou-se fenômeno jurídico. Ou finalmente, adentrou ao sistema jurídico.
1.3 O QUE É O SISTEMA JURÍDICO?
Podemos pensá-lo como uma figura: uma pirâmide. A Pirâmide Kelseniana – autor da “Teoria Pura do Direito”, de 1911 onde o autor explica o Sistema Jurídico e como ele se diferencia de todos os demais sistemas: o político, o econômico, o religioso, o biológico, o tecnológico, etc. 
O primeiro ensinamento sobre o Sistema Jurídico é no sentido de que ele é fechado, ou seja, só cabe ao Direito o que está dentro do Sistema Jurídico, mas o que está fora é importante. 
O que está dentro do sistema são as normas jurídica que compõem um ordenamento jurídico de leis e princípios que servem à resolver os conflitos sociais que entram no sistema jurídico. Mas o que está fora é muito importante, tanto que é chamado de Norma Hipotética Fundamental por Hans Kelsen.
Dentro do Sistema Jurídico, existe um sistema hierárquico, onde a lei mais importante é chamada de lei basilar, ou lei maior, ou Carta Magna, a conhecida Constituição Federal – um documento que determina como será a forma do Estado e como serão seus direitos, deveres e garantias individuais e coletivas para que a sociedade tenha o mínimo de conflitos possíveis. 
A Constituição Federal é uma norma supra, porque ela está no topo da pirâmide sendo que, abaixo dela, todas as demais leis devem respeitar o que estiver prescrito na Carta Magna.
CASO HIPOTÉTICO
Pensemos o exemplo das pessoas que andam de moto sem capacete no município de Itabaiana. Nós temos a Constituição Federal dizendo que a lei superior deve organizar a sociedade no sentido de que, todo mundo que andar de moto deve, obrigatoriamente, usar capacete, de acordo com a Lei n° 9.503 de setembro de 1997 que institui o Código de Trânsito Brasileiro. 
Só que em Itabaiana, os vereadores da cidade resolveram criar um projeto de lei municipal dizendo que naquela cidade, não se deve mais usar capacete. 
E as autoridades demonstraram que a violência em roubos e mortes diminuiu consideravelmente depois que as pessoas começaram a não usar mais o capacete. 
Essa lei é boa para a sociedade? 
Parece que não usar o item de segurança obrigatório, e talvez o único para quem ande de moto tem um efeito positivo na sociedade. 
Mas a lei é inconstitucional, porque a Constituição Federal indica que cabe à uma lei federal informar a sociedade se deve ou não usar o capacete, e não à uma lei municipal, isto é, que não vale pra todo o território. 
Essa lei federal é o Código de Trânsito Brasileiro, que diz que o capacete é obrigatório. Caso contrário, imagine-se o caos absoluto, ao passar por cada cidade o motociclista tiraria, colocaria, tiraria, colocaria, e assim por diante o capacete, já que em cada município estaria em vigor uma lei diferente. Portanto, a Constituição Federal é quem define todo o restante das normas jurídicas. Um Sistema Jurídico vale e será respeitado pelas pessoas quando ele mesmo respeitar a sua Constituição Federal.
1.4 QUAL SERIA O OBJETIVO DO DIREITO AO ESTUDAR O SER HUMANO EM SOCIEDADE?
Resolver os conflitos dos seres humanos em sociedade seria a intenção mais prudente considerando o fato de que a origem do Direito resta na complexidade dos homens e em sua incrível capacidade de se transformar em seres conflituosos. Como se o núcleo do ser humano fosse ser um conflito.
No entanto, é preciso refletir sobre o fato de que talvez, conflitos, não sejam passíveis de resolução.
CASO HIPOTÉTICO
A traição de um casal que se ama muito, e que casados e com um filho recém-nascido, se vê na condição de ter que se separar para não maisconviver com a traição que abala qualquer sentimento de fraternidade. 
Ao longo dos anos a convivência é forçada em razão do filho, mas talvez o conflito jamais seja resolvido. A dor da separação jamais será curada por qualquer decisão judicial.
 Em havendo a necessidade de se pleitear alimentos ou qualquer outra ação, seria possível no máximo uma aceitação das condições do julgamento. Um sentimento, uma sensação de que ali se tenha feito a Justiça. 
Esse seria o real objetivo do Direito: estabelecer a Justiça.
Mas definir a Justiça é talvez o maior dos problemas da Filosofia. 
Segundo o léxico, a expressão Justiça significa: 
“Derivado de justitia, de justus, quer o vocábulo exprimir, na linguagem jurídica, o que se faz conforme o Direito ou segundo as regras prescritas em lei. É, assim, a prática do justo ou a razão de ser do próprio Direito, pois que por ela se reconhece a legitimidade dos direitos e se estabelece o império da própria lei.”
1.5 ENTÃO O QUE É JUSTIÇA, AFINAL ?
A expressão “Justiça” retrata algo indecifrável, intangível, dificilmente materializável de forma objetiva, no qual é expressa de forma efetivamente complexa. 
Aqui duas questões se apresentam, (i)a primeira resta no fato de que a Justiça, em sendo um problema filosófico não é da natureza jurídica – isto é, o maior objetivo do Direito, não possui natureza jurídica
(ii) A segunda questão é relacionada a definição do que vem a ser a Justiça, e não é fácil, por ser algo especificamente individual – aquilo que é justo para uma pessoa não é, necessariamente, justa para outra. É difícil, mas preciso encontrar um critério entre a liberdade e a legalidade para atribuir a justeza.
No entanto, o objetivo do Direito é a Justiça, mas fato é que o Direito nos permite conviver em harmonia. Um nível mínimo de convivência harmônica que propicia e estabelece a possibilidade de vivermos em sociedade. Com conflitos, mas harmônicos.
O objetivo essencial da primeira lição é compreender que um novo mundo se apresenta, onde tudo que é conhecido passa a fazer sentido ou ser modificado do ponto de vista jurídico.
ANÁLISE DO MATRIMÔNIO
Um casamento, por exemplo, deixa de ser um ato de amor – privado entre um casal – e passa a ser encarado como um ato jurídico, da natureza dos negócios jurídico, em específico da forma contratual de cunho patrimonialista que se realiza não no ambiente religioso e sim num cartório de registro de títulos públicos para não ferir ao mais valoroso princípio da entidade familiar – não a fidelidade e sim a monogamia.
2. O DIREITO COMO FENÔMENO HISTÓRICO
A primeira dificuldade para delimitar o conceito de direito reside no fato de que, em geral, o jurista quer partir de suas próprias definições idealistas e de noções vagas para, apenas depois, encontrar uma realidade que se adapte às suas teorias. 
O procedimento deve ser justamente o contrário. É preciso investigar fenômenos concretos e, a partir deles, alcançar uma concepção teórica posterior.
Para entendermos o fenômeno jurídico, é preciso, acima de tudo, utilizar-se da ferramenta da história. Sem ela, as definições sobre o direito serão vagas e sem lastro concreto.
A ideia dessa aula é entendermos que o que nos acostumamos a chamar de direito não é um fenômeno que existiu em todo sempre na história.
Fenômeno de momentos específicos da história. Portanto, um fenômeno histórico. 
Além disso, ele tem uma especificidade na sociedade contemporânea quando ela se estrutura no modo de produção capitalista. 
Neste momento, neste tipo de arranjo social, todas as relações sociais e todas as relações políticas também se dão de acordo com uma manifestação que é jurídica.
2.1 DIREITO E RELIGIÃO
Durante muito tempo, chamou-se por direito aquilo que hoje chamaríamos por religião, ou mesmo por política.
Quem dirá que os Dez Mandamentos da Bíblia são um monumento jurídico? Mas quem poderá dizer que são um conjunto de normas só religiosas e não jurídicas? 
Na verdade, em sociedades do passado, como a hebreia, não há algo que especificamente seja chamado por direito e que seja totalmente distinto da religião, por exemplo.
2.1.2 DIREITO E A MORAL
Mas essa indistinção dos tempos passados não foi algo que aconteceu apenas com o direito. Entre a moral e a religião também se deu o mesmo. 
O Iluminismo, um movimento filosófico do século XVIII, demonstrou que seria possível compreender a moral independentemente da religião. Para os iluministas, poderia haver uma moral racional válida para todos os homens, universal e superior, independente da religião de cada qual. 
Mas para os povos do passado essa separação seria muito difícil. Moral e religião estavam misturadas. Só os tempos modernos, devido a certas condições e estruturas sociais, como a organização capitalista, deram especificidade à religião, à moral, à política, à economia e também ao direito.
https://www.conjur.com.br/2020-ago-29/braga-junior-direito-moral-religiao/
ESPECIFICIDADE DO DIREITO
Comparado ao passado, o direito ganha especificidade apenas no capitalismo, a partir da Idade Moderna. 
No passado o direito era inespecífico, misturado à moral e à religião; no presente ele se revela como algo distinto, um fenômeno singularizado. Mas, mesmo assim, a questão ainda permanece, posta agora em outro patamar, mais profundo. 
Se é somente nos tempos modernos que o direito passa a ser um fenômeno específico, então o que identifica em si o direito de nosso tempo, a fim de que seja distinguido de todos os demais fenômenos sociais?
Como isso se dá? Como isso se estabelece?
Em sociedade anteriores, ou seja Idade Antiga e Idade Média, nós temos formas de interação entre as pessoas que são de dominação/exploração direta.
No âmbito econômico o senhor de escravo mandava em seus escravos. Naquilo que era o seu lar ele não era um pai de família, como hoje entendemos essa ideia, mas como alguém que tinha total poder sobre sua mulher, filhos e agregados.
Da mesma forma a relação entre senhor feudal e seu servos é expressada pelo modo do seu querer. Eles mandam, os outros são vassalos.
Esse tipo de relação nós não devemos chamar de jurídica, é uma relação do campo da força direta e portanto bruta. 
Direito x capitalismo
Somente o capitalismo estrutura um tipo de organização social que está lastreado justamente naquele instrumento e naquela modalidade que são o contrato.
Portanto, quando enxergamos a relação de emprego (quando alguém trabalha para outro alguém), (i) além do fato inicial que é a distribuição distinta dos meios de produção (a apropriação do capital pelas mãos de alguns e não pela maioria). 
(ii) Além disso, nós temos na forma de sociabilidade moderna o fato de que as pessoas para poderem trabalhar elas vendem força de trabalho. 
O que decorre daí é que todos aqueles que vivem na sociabilidade atual passa a contratar, ele passa a se vincular. Seja contratando o trabalho de alguém, seja vendendo suas horas de trabalho para alguém e todos os instrumentais que daí resultam, são instrumentais jurídicos:
- Contrato, vínculo, declaração, obrigação, autonomia da vontade, sujeito de direito. Porque todas as pessoas de fato só interagem no nível relacional contratual. Pelo menos é o nível fundamental da vinculação das pessoas no capitalismo, além disso o sistema, faz com que tudo seja mercadoria.
CRIAÇÃO DE VINCULOS JURÍDICOS
Então, alguém que no passado adquiria a vinculação com a coisa ou as pessoas por meio da imposição de sua vontade, pela força bruta. 
Hoje esta forma de criação de vínculo torna-se incidental, minoritário. De tal sorte que no surgimento das sociedades comtemporanea temos uma nova dinâmica de apropriação das coisas do mundo que se dá diante da mercadoria.
Alguém tem, porque alguém comprou (transação, doação ou herança). E se tem, é seu ( sendo garantido e tutelado pelo Estado). 
Não é mais a força bruta que garante a vinculação. De tal modo o que nós temos na sociedade contemporânea, de ponta à ponta, é o vínculo jurídico. 
SUBJETIVIDADE JURÍDICA
Na sociedade moderna o direitotem uma vinculação estrutural entre as pessoas que estabelecem suas relações com base em contatos.
Portanto, o instrumento fundamental do direito é a subjetividade jurídica.
 Os seres humanos passam a ter coisa (ser proprietários). Isso que tem para si e depois vinculam mediante contratos. 
Toda mercadoria que se faz circular, se dá com a naturezas pessoas de serem sujeitos de direitos. Isso quer dizer que qualquer vínculo que se estabelece entre ser humanos se dá com uma troca de direitos, deveres, obrigações, responsabilidades. 
A subjetividade jurídica é o elemento qualitativo da sociedade contemporânea que distingue a relação jurídica de outras manifestações do passado que até poderiam ter o nome de direito (vinculado a noções morais e religiosas).
2.2 AS QUALIDADES E QUANTIDADES DE DIREITO
Propugnemos um entendimento do direito a partir da soma de duas perspectivas de identificação. 
É preciso compreender as coisas que são quantitativamente jurídicas e aquilo que qualitativamente as torna como tais. 
O direito cobre muitos assuntos – homicídio, roubo, compra e venda, tributos, proteção ao trabalhador. Mas, além de se referir a muitos temas, o direito lida de modo específico com esses próprios temas. 
2.3 A QUANTIDADE DO DIREITO
A identificação mais importante do direito moderno reside na sua qualidade, e não na sua quantidade. Para as técnicas jurídicas modernas, não é um certo assunto que faz o direito ser direito. É uma certa qualificação do assunto, ou seja, uma dada relação que se opera em torno de tal tema, a partir de formas sociais e jurídicas específicas.
Por isso, é a qualidade de direito o grande identificador do fenômeno jurídico moderno. 
Quando se diz que o manejo do solo e até as viagens espaciais podem ser temas jurídicos, isso não quer dizer que a agricultura e o espaço ressaltem necessariamente qualidades jurídicas. 
O direito, se também chega às questões agrícolas e espaciais, o faz por vias distintas daquelas que são as tradicionais de um agrônomo ou de um aeronauta.
COMO IDENTIFICAR O DIREITO
Como muitas coisas podem ser jurídicas – a propriedade, as relações de trabalho, a atividade mercantil, os costumes, a educação, a legislação aérea, a previdência social, o direito administrativo –, não é pelo assunto de que trata o direito que se o identifica. 
Se muitos assuntos podem ou não podem ser considerados jurídicos, o passo científico mais decisivo para compreender o direito não é, então, entender quais temas são jurídicos (a sua identificação quantitativa), mas, sim, quais mecanismos e estruturas dão especificidade ao direito perante qualquer assunto (a sua identificação qualitativa).
A QUALIDADE DO DIREITO
Aquilo que é a qualidade de direito é a forma de relacionamento entre as pessoas, e esta forma de relacionamento é baseada na subjetividade jurídica. 
Pessoas se relacionam umas com as outras mediante vínculos que são jurídicos.
Ponto Fundamental: Sociedades que alcançam esse ponto dão as pessoas subjetividade jurídica, e assim as pessoas começam a se comportar na sua prática material como sujeitos de direitos. 
A partir disso, temos essa qualidade como a forma de distinguir de outras manifestações do passado. 
Dentro dessa qualidade do direito que portam essa mercadoria, que transacionam até mesmo sua força de trabalho e suas mercadorias com os outros. 
A religião pode falar sobre tudo, disciplinar muitas condutas. O direito pode também legislar sobre as mesmas condutas. Mas o direito procede de um modo e a religião de outro.
Todos os assuntos podem ser jurídicos quando haja estruturas jurídicas que os qualifiquem.
A MERCANTILIZAÇÃO DAS RELAÇÕES TUTELADAS JURIDICAMENTE
Para que alguém compre e alguém venda, é preciso que exista, juridicamente, a liberdade de contratar. 
É preciso que os contratantes sejam sujeitos de direito. É preciso que os sujeitos de direito tenham direitos e deveres. É preciso que um terceiro, o Estado, execute os contratos não cumpridos e garanta a propriedade privada das partes.
Além disso, nós também temos muitas outras relações que ajudam a compreender o direito contemporâneo, o fundamental é entender essa qualidade formal, da qualidade do direito baseado em sua subjetividade jurídica.
DIVERSOS ARRANJOS DENTRO DA QUALIDADE
Temos uma quantidade infinda de relações que são estruturadas pelo direito. O direito dá subjetividade jurídica para as pessoas e assim essas pessoas podem transacionar com todas as coisas do mundo, tudo pode ser comprado e vendido. 
A possibilidade inclusive dá força de trabalho pode ser modulada no máximo ou no mínimo. 
Nós tivemos dentro da nossa própria sociedade, circunstâncias em que crianças podia vender sua força de trabalho e assim o faziam ganhando um salário miserável. E tivemos outras etapas com uma série de garantias que fazem com que o trabalho explorado mediante modalidades capitalistas tenham salário mínimo, 13° , direito as férias. 
Portanto existem arranjos quantitativo distintos dentro dessa qualidade. Ou seja, a possibilidade de alguém vincular-se a outro é a qualidade do direito. Quando a sociedade chega a esse nível em que a as pessoas não são mais exploradas pela força bruta ou escravidão pela servidão, mas são exploradas por mEcanismo de vinculação contratual esta é qualidade que resulta o direito que conhecemos hoje. 
Dentro dessa qualidade existem muitas quantidades de arranjos jurídicos que levando as relações progressistas ou conservadoras de maior ou menos exploração, esta quantidade de direitos (virtualmente sobre o que o direito fala) sobre mercadorias, sobre propriedade, sobre contratos é quantidade de direitos que está vinculada a qualidade de direitos. O que se que se quer dizer com isso é que as pessoas sendo sujeitos de direitos encontram modulações para os seus vínculos. (Algumas podem vender sua força de trabalho por certas modulação de salário ou tempo de serviço, outros podem comprar determinados bensas outros não podem ser vendidos)
A OMISSÃO JURÍDICA COMO UM ATO DISCIPLINADOR DO DIREITO
Onde quer que chegue o direito moderno, chegará por meio da mesma lógica jurídica que lhe é própria, espelho da lógica mercantil. 
O assombroso é que a mercantilização das coisas, chega a tudo e a tudo domina, e daí o direito a tudo isso chancela e opera, sob uma aura de universalidade. 
Vale lembrar, além disso, que o direito opera onde fala e onde não fala. A omissão do direito também é uma política jurídica. 
Se o direito nada fala sobre os direitos dos mendigos, essa é uma política jurídica de abandono. Operando a omissão do direito na estrutura das formas jurídicas, há algo juridicamente afirmado: a subjetividade jurídica do mendigo corresponde, na prática, ao estoque de riqueza que tem, ou seja, quase nada, não lhe sendo juridicamente possível então apossar-se de bens alheios. 
O quantum de direitos subjetivos do mendigo é também a ausência do direito subjetivo do mendigo a uma condição social melhor. Juristas muito tecnicistas e imediatistas, que só enxergam o direito nas normas jurídicas, ao não encontrarem normas sobre o assunto, diriam que os mendigos não são problema do direito. Mas a omissão do direito sobre o tema é uma afirmação jurídica, pois, no seio das próprias formas do direito, estão dadas as quantidades de presenças e ausências de direitos subjetivos aos sujeitos de direito. O direito se esparrama sobre tudo, até mesmo quando é negado e omitido.
2.4 FORMA JURÍDICA E ESTRUTURA SOCIAL
É preciso sempre partir do princípio da totalidade, contrário ao do reducionismo. Os fenômenos culturais e psicológicos, ainda que mais ou menos determinantes, estão também conexos estruturalmente com os fenômenos jurídicos. 
O juiz racista condena o réu negro por causas culturais da sociedade, e não só por causas legais. Aquele que disser que não há causas extralegais na atividade judicante simplificou perigosamente o fenômeno jurídico.
O DIREITO (NÃO É SÓ) NORMA
E, por conta disso, não é só com os olhos técnicos normativos que o jurista entenderá o direito nasociedade. 
O fenômeno jurídico não será jamais plenamente alcançado apenas pelas próprias vias imediatamente declaradas pelo direito, legais, normativas. 
Somente o estudo de normas jurídicas isoladas não é suficiente para isso. São outras ferramentas e conhecimentos em conjunto, como a história, a economia, a política, a psicologia, a filosofia, a sociologia, que levam o jurista a constatar a especificidade do direito na história e o modo de entrosamento dos demais fenômenos com o fenômeno jurídico.
E nesse sentido, é preciso estar habilitado a compreender que para desvendar o que é o Direito, é preciso ir além das respostas mais óbvias. 
É preciso aceitar as diferenças e o encarar o novo como o caminho para as transformações. O que é o Direito? É mais complexo e profundo do que pode parecer
Referências
FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação.11ª ed.. São Paulo: GEN | Atlas, 2019. MASCARO, Alysson Leandro. Introdução do Estudo do Direito. 6ª ed. rev. atual. ampliada. São Paulo: GEN | ATLAS, 2019. MOURA, Solange (org) HOGEMANN, Edna Raquel, MENDONÇA, Paulo Roberto e SHEAFFER,Fernanda. Introdução ao estudo do Direito. Rio de Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sá, 2013.
BRUNO, Flávio Marcelo Rodrigues. O que é o Direito? lições introdutórias sobre a ciência jurídica. North Charleston (USA): Book Amazon, 2015
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