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Até 1970, a gramaticalização era parte da linguística diacrônica, isto é, do estudo das mudanças das formas ao longo da história de uma língua. No paradigma Funcionalista, depois de 1970, a gramaticalização passa a ser vista como importante parâmetro para compreensão da linguística sincrônica, ou seja, para o entendimento de um determinado momento histórico de uma dada língua (sincronia). De acordo com Givón (2001), o somatório de estruturas que, em uma dada sincronia, podem codificar um mesmo domínio funcional é o somatório dos vários caminhos de gramaticalização percorridos a partir de domínios com funcionalidade semelhante. Assim, uma compreensão profunda dos princípios que regem a variação tipológica na gramática não pode ser alcançada sem o estudo do processo diacrônico da gramaticalização. Hopper & Traugott (1993) indicam duas perspectivas de estudo da gramaticalização: DIACRÔNICA Estuda a evolução das formas linguísticas e as mudanças típicas que as afetam. SINCRÔNICA Estuda a gramaticalização sob o ponto de vista de padrões fluidos do uso linguítico. A teoria funcionalista concebe a gramática como resultado de um processo dinâmico de evolução das línguas, que pode ser estudado tanto do ponto vista sincrônico, quanto do ponto de vista diacrônico. A gramaticalização pode ser descrita como um fenômeno pancrônico. Um fato observado é que, diacronicamente, todas as categorias menores (preposição, conjunção, pronomes etc) originaram-se de categorias maiores (substantivos e verbos). Givón (1979) chama a atenção para a emergência da sintaxe no discurso, afirmando que, no processo de gramaticalização, um modo mais pragmático dá lugar a um modo mais sintático, ou seja, frouxas estruturas discursivas paratáticas transformam-se em estruturas sintáticas fechadas. Givón (1979) acrescenta à sua célebre asserção: A morfologia de hoje é a sintaxe de ontem", uma outra afirmação que pode ser parafraseada, aproximadamente, como "A sintaxe de hoje é o discurso pragmático de ontem. 64