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A Poesia da Inquietação na Literatura Brasileira

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Literatura Brasileira IV 
Aula 01: A Poesia da Inquietação 
Tópico 01: Onde Está a Poesia?
Caro(a) Aluno(a),
Para que possamos finalizar bem esta nossa disciplina de Literatura IV, 
é necessário que você leia o romance Nove Noites, de Bernardo Carvalho, e 
redija um trabalho final, que consiste em ensaio com pelo menos 5 páginas, 
abordando qualquer ou quaisquer traços da literatura contemporânea 
estudados aqui. Fica, portanto, marcado desde já o trabalho que deverá ser 
entregue na penúltima semana da disciplina. O livro, em sua íntegra, pode ser 
baixado neste site [1] (Visite a aula online para realizar download deste 
arquivo.).
No tópico três da última aula de Literatura Brasileira III, chamado sintomaticamente "Uma inquietação 
prenuncia o Pós-Modernismo", vimos que a linguagem poética e, por extensão, a própria linguagem 
literária, começa a questionar sua insuficiência para acessar o real, para veicular uma compreensão 
incontestável de verdades, que começam a ser abaladas. Temos aí então o que chamamos estética da 
falta, da fratura, da impossibilidade. A disciplina de Literatura Brasileira III encerrou-se com dois poemas 
de Carlos Drummond de Andrade, que incorporavam essa inquietação. 
Vamos retomar essa linha de tensão da poesia de meados do século XX como ponto de partida para 
o estudo desse momento da literatura brasileira que começa aí e que podemos chamar de Modernismo 
tardio, ou Pós-modernismo.
No ano de 1945, Carlos Drummond de Andrade publicou um livro de poemas chamado A rosa do 
povo, que ficou conhecido por sua postura combativa, em que denuncia as mazelas do capitalismo, os 
horrores da guerra e a iniquidade das injustiças sociais. Entretanto, figura nesse livro que se poderia 
chamar engajado um poema, hoje canônico, que diverge do tom compromissado dos demais, e que faz 
uma reflexão importante sobre o fazer poético. O poema, que transcrevemos abaixo, é "Procura da 
poesia".
LIVRO 
A procura da poesia.
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
1
	impresso_parcial.pdf
	LiteraturaBrasileiraIV_aula_01.pdf

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